Qual a raça de cachorro que vive menos?



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O bulldog francês, o dogue alemão, o lébrel irlandês, o dogue-de-bordéus, o são-bernardo e o boiadeiro-bernês estão entre os cães que vivem menos anos em comparação com outras espécies caninas. Não por acaso, a maioria das raças caninas menos longevas também está entre as maiores do mundo. Isso ocorre porque os cães grandes e gigantes experimentam um crescimento muito acelerado e acabam envelhecendo mais rápido do que os de porte médio e pequeno.
No entanto, existem outros fatores que podem influenciar quantos anos os cães vivem, como a predisposição genética a doenças complexas. Para saber mais, continue lendo este artigo do PeritoAnimal e descubra quais são as raças de cães que vivem menos. Vamos lá!
- Bulldog francês
- Dogue alemão
- Lébrel irlandês
- Dogue-de-bordéus
- Pastor-do-cáucaso
- São-bernardo
- Boiadeiro-bernês
- Bulmastife
- Terra-nova
- Rottweiller
- Dogue canário
- Bulldog inglês
Bulldog francês
Os bulldog franceses não são conhecidos apenas por sua aparência fofinha e seu caráter extremamente amigável, mas também por sua baixa longevidade. Embora alguns indivíduos consigam ultrapassar os 8 anos de vida, a expectativa de vida média dessa raça gira em torno dos 5 anos.
Como muitos sabem, isso se deve à altíssima incidência de problemas de saúde geralmente relacionados à morfologia do bulldog francês. Os mais comuns derivam de sua condição braquicéfala, o que leva a vários distúrbios respiratórios e grande sensibilidade ao calor. No entanto, essa raça de cães franceses também pode ser comumente afetada por problemas nos olhos, pele e trato digestivo, além de vários tipos de alergias e complicações durante o parto.
Para aprofundar-se nesse tema, recomendamos a leitura do seguinte artigo sobre "Problemas da raça bulldog francês".

Dogue alemão
Como mencionamos, existe uma relação inversamente proporcional entre o tamanho das raças caninas e sua longevidade. De maneira geral, quanto maior o porte de um cão, mais curta é sua expectativa de vida.
Assim, não é surpresa que o dogue alemão, que ocupa o topo da lista das raças mais altas do mundo, também seja um dos cães que vivem menos. Sua expectativa de vida é de 6 a 8 anos, mas há casos emblemáticos como o de Zeus, um dogue alemão que conquistou o Recorde Guinness como o cão mais alto do mundo. Em sua idade adulta, Zeus chegou a medir 104,6 cm em pé sobre suas 4 patas, mas faleceu aos 4 anos devido a um sarcoma.
Quanto à relação entre tamanho e longevidade, ainda não existe um consenso entre os especialistas. No entanto, a maioria concorda que, a partir do terceiro ano de vida, o ritmo de envelhecimento de um cão varia radicalmente conforme o porte, sendo significativamente mais acelerado nas raças grandes e gigantes. Isso não só faz com que os cães maiores vivam menos, mas também pode predispô-los a certas doenças com alta taxa de mortalidade, como o câncer.
Segundo Cornelia Kraus, bióloga evolutiva da Universidade de Göttingen (Alemanha) e líder de uma pesquisa que avaliou a longevidade de quase 55.000 cães de mais de 110 raças distintas1, o rápido desenvolvimento das raças caninas grandes e gigantes também acelera a multiplicação celular, o que favoreceria crescimentos anômalos como os observados em casos de neoplasias.

Lébrel irlandês
Se alguma raça pode competir com o dogue alemão pelo título de cão mais alto do mundo, esta é o lébrel irlandês. Na idade adulta, um macho dessa raça pode atingir até 86 cm de altura na cernelha, com um peso corporal médio de 54 kg.
Como o nome indica, esses cães são originários da Irlanda, mas descendem dos primeiros galgos egípcios. Originalmente, eram usados na proteção de rebanhos contra ataques de predadores (lobos, principalmente) e, por muito tempo, foram uma das raças caninas mais apreciadas pelos monarcas europeus.
O lébrel irlandês se destaca por seu caráter muito pacífico e dócil, formando um vínculo muito especial com seus familiares, especialmente com as crianças, a quem protegerão e demonstrarão muita paciência. Infelizmente, esses "gigantes amigáveis" costumam viver de 6 a 8 anos, o que os coloca entre as 5 raças de cães que vivem menos anos.

Dogue-de-bordéus
Esta raça experimentou um grande aumento de popularidade depois que o astro do futebol Lionel Messi e sua família adotaram um desses cães molossos. Embora sua presença possa ser intimidadora para alguns, o dogue-de-bordéus revela um temperamento muito tranquilo e caseiro, formando um vínculo muito profundo com sua família, mas também valorizando seus momentos de solidão e independência.
Infelizmente, sua constituição corporal extremamente robusta e sua morfologia o predispõem a uma série de doenças que reduzem sua expectativa de vida, que tem uma média entre 5 e 7 anos. Da mesma forma, quando os criadores realizam os procedimentos necessários para prevenir a propagação de doenças hereditárias e os tutores oferecem todos os cuidados essenciais, alguns dogues-de-bordéus conseguem viver mais de 8 anos.
Nesse sentido, é essencial prestar atenção às seguintes condições de alta incidência nessa raça:
- Displasia de quadril e de cotovelo;
- Torção gástrica;
- Ectrópion;
- Estenose aórtica;
- Cardiomiopatia dilatada;
- Cardiomiopatia hipertrófica.

Pastor-do-cáucaso
O pastor-do-cáucaso, ou kavkazkaïa ovtcharka, em sua nomenclatura original, é uma raça de cães gigantes de tipo molosso. Como o nome indica, eles se desenvolveram na região do Cáucaso, situada entre a Europa e a Ásia, principalmente na Rússia. Acredita-se que seus ancestrais estejam presentes na região desde o século I a.C., onde foram utilizados para guardar rebanhos e proteger as casas de camponeses e pastores.
É enérgico, mas não hiperativo, e muito valente, com um forte instinto protetor. Infelizmente, esse grande companheiro está predisposto a problemas articulares, diabete, insuficiência cardíaca e torção do estômago. Segundo um levantamento feito pelo Dog's Trust e publicado na revista Nature2, entre as raças caninas avaliadas, esta foi a que registrou a menor média de expectativa de vida (cerca de 5,5 anos).

São-bernardo
Originário dos Alpes suíços, onde costumava ser treinado para busca e resgate na neve e em terrenos montanhosos, o são-bernardo também está entre as raças de cães de maior porte e menos longevas. Um macho adulto pode atingir até 90 cm de altura, com peso corporal de 60 a 80 kg.
Mas os famosos protagonistas de “Beethoven” superam dificilmente os 8 anos, devido ao rápido envelhecimento e à predisposição genética a doenças como:
- Torção gástrica;
- Displasia de quadril.
- Entrópion;
- Ectrópion;
- Patologias cardíacas, especialmente a cardiomiopatia dilatada;
- Síndrome de Wobbler.
Também é importante lembrar que esses cães gigantes têm tendência a apresentar um comportamento guloso, o que pode levar ao desenvolvimento de sintomas de sobrepeso ou obesidade com grande facilidade. Para que isso não reduza ainda mais sua expectativa de vida, é fundamental promover bons hábitos alimentares desde uma idade precoce e controlar a ingestão diária de alimentos.
Confira este artigo sobre "Doenças mais comuns do São Bernardo".

Boiadeiro-bernês
Também nativa da Suíça, essa raça canina ganhou popularidade em todo o mundo por sua notável beleza, pelo volumoso manto tricolor, o olhar doce e, especialmente, pelo temperamento nobre e gentil. Apesar de suas múltiplas qualidades estéticas e comportamentais, o boiadeiro-bernês também é um dos cães com menor expectativa de vida (de 6 a 8 anos, em média). Além disso, não é raro que eles sejam afetados desde uma idade precoce por diversos problemas de saúde de caráter hereditário.
Em entrevista à National Geographic3, o veterinário do Dog's Aging Project da Universidade de Washington (EUA), Dr. Silvan Urfer, explica que essa alta incidência de doenças em raças grandes ou gigantes, como o boiadeiro-bernês e o são-Bernardo, está relacionada ao fato de que seu corpo libera uma enorme quantidade de moléculas oxidantes como resultado da aceleração da divisão celular que ocorre durante seu processo de crescimento.
Consequentemente, seu organismo se desgasta celularmente muito mais rápido e intensamente do que o das raças pequenas ou médias, danificando até mesmo seu DNA. Isso explicaria por que os cães grandes, e principalmente os gigantes, tendem a sofrer de várias doenças e começam a desenvolver sintomas de velhice de forma muito precoce.

Bulmastife
Essa raça de cães do Reino Unido foi desenvolvida no século XIX, a partir do cruzamento entre o bulldog inglês e o mastim inglês ou mastiff. Inicialmente, o bulmastife foi criado para proteger as propriedades rurais e as florestas britânicas, bem como a fauna local, contra caçadores furtivos. No entanto, com o tempo, sua popularidade como cão de companhia começou a crescer devido à sua aparência imponente e à sua natureza protetora, razão pela qual tende a agir de forma desconfiada com estranhos.
Embora tenha muitos atributos para se tornar o melhor amigo que qualquer pessoa poderia desejar, o bulmastife é mais um dos cães que vivem menos anos (média de 7 a 8 anos). Além disso, nesta raça, há uma alta prevalência de problemas articulares, dérmicos, gástricos, oculares e metabólicos.

Terra-nova
Frequentemente confundido com o são-bernardo, o cão terra-nova é nativo do Canadá, mais precisamente da ilha de Terra Nova. Lá, há séculos, eles são reconhecidos e valorizados como cães de trabalho extremamente versáteis e dedicados, tendo desempenhado árduas funções no mar, como puxar grandes carregamentos (redes, cordas e trenós), tarefas de resgate e salvamento, entre outras. Porém, graças ao caráter bondoso e extremamente paciente com as crianças, o terra-nova se tornou um cão de família muito querido atualmente.
De porte gigante, essa raça de cães canadenses pode medir até 71 cm de altura e pesar mais de 60 kg. Sua estrutura robusta os predispõe a problemas articulares, e o comportamento guloso aumenta o risco de distúrbios digestivos, sobrepeso e obesidade, o que torna fundamental prestar muita atenção à alimentação do cão terra-nova. Com os devidos cuidados, esses gigantões podem viver de 7 a 9 anos.
Além disso, o terra-nova é considerado um dos cães mais inteligentes do mundo! Confira mais detalhes em "Cachorros mais inteligentes do mundo segundo Stanley Coren".

Rottweiller
O rottweiler é um dos cães mais inteligentes, segundo o ranking elaborado por Steve Cohen, e uma das raças caninas da Alemanha mais reconhecidas e admiradas globalmente. Além do corpo musculoso e da pelagem nas cores preta e fogo, esses cães se destacam por seu temperamento alerta e predisposição ao treinamento, sendo muito fáceis de adestrar quando se utiliza corretamente o reforço positivo.
No entanto, seu cuidado exige muita responsabilidade por parte do tutor, tanto pela sua robustez e força física, quanto pela alta necessidade de estimulação mental e socialização precoce. Além disso, antes de adotar um rottweiler, é importante ter em mente que esses cães geralmente não vivem mais de 8 ou 10 anos, sendo menos longevos do que a maioria dos seus congêneres. Também é essencial prevenir as doenças mais comuns em rottweilers, como a displasia de quadril, a ruptura do ligamento cruzado e a síndrome de Von Willebrand, entre outras.

Dogue canário
No estudo mencionado e publicado na revista Nature sobre a longevidade canina, o dogue canário foi a segunda raça avaliada com menor expectativa de vida (7,7 anos, em média). Como o nome sugere, essa raça canina se originou nas Ilhas Canárias (Espanha) e foi adotada como símbolo da ilha de Grã Canária pelo governo local.
Com o corpo bem musculoso e uma presença imponente, esses cães espanhóis possuem um temperamento nobre e sereno, sendo muito carinhosos com seus familiares, mas algo tímidos com estranhos. Apesar de seu porte variar de médio a grande, o dogue canário também está predisposto a sofrer de displasias de quadril e cotovelo, assim como de torção gástrica e epilepsia.

Bulldog inglês
Como você pode ver, começamos e concluímos nosso ranking das raças de cães que vivem menos com duas raças de cães bulldog. Longe de ser uma coincidência, a longevidade desses cães é mais impactada pela estrutura braquicefálica do que pelo porte, já que o bulldog francês é um cão pequeno, enquanto seu ancestral de origem britânica possui porte médio.
Ambas as raças compartilham muitas das patologias que reduzem sua qualidade de vida e expectativa de vida, mas o bulldog inglês tende a ser um pouco mais longevo, por sua composição corporal não ser tão compacta quanto a do bulldog francês, o que reduz a intensidade dos sintomas respiratórios e também a incidência de problemas durante o parto, tanto para a fêmea quanto para os filhotes.
Além disso, a esperança de vida média do bulldog inglês é de 9 a 11 anos, abaixo da média observada em cães de porte médio (de 12 a 15 anos).
Por fim, antes de nos despedirmos, se você deseja conhecer a expectativa de vida das raças caninas de diferentes tamanhos e morfologias, não deixe de conferir esta guia super completa: "Quantos anos vive um cachorro?".
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- Kraus C, Snyder-Mackler N, Promislow DEL. How size and genetic diversity shape lifespan across breeds of purebred dogs.Geroscience. 2023 Apr;45(2):627-643. Doi: 10.1007/s11357-022-00653-w. Epub 2022 Sep 6. PMID: 36066765; PMCID: PMC9886701.
- McMillan, K.M., Bielby, J., Williams, C.L. et al. Longevity of companion dog breeds: those at risk from early death. Sci Rep 14, 531 (2024). https://doi.org/10.1038/s41598-023-50458-w
- RJ Mackenzie for National Geographic. Why do big dogs die young? Disponible en: https://www.nationalgeographic.com/animals/article/why-big-dogs-die-young