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Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária especializada em medicina felina. Atualizado: 1 agosto 2023
Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer
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O espasmo, ou contração abrupta dos músculos, também pode acometer os gatos, principalmente os gatos idosos, e se manifesta através de tremores derivados de diferentes causas, dentre as quais podemos encontrar mudanças na temperatura corporal, doenças que causem epilepsia, alterações nos níveis de açúcar no sangue, intoxicações, dor, pancadas ou hiperestesia felina. A variedade de causas que originam os espasmos em gatos é tamanha que, diante da presença deles, você deverá levar o felino a um centro veterinário para que diagnostiquem corretamente a causa deles e prescrevam um tratamento para evitá-los ou controlá-los.

Continue lendo este artigo do PeritoAnimal para conhecer mais sobre os espasmos em gatos idosos, suas causas e o que fazer quando eles surgirem.

Índice

  1. Hiperestesia felina
  2. Convulsões
  3. Hipoglicemia
  4. Dor
  5. Intoxicação
  6. Dermatite
  7. Hipertermia
  8. Hipotermia

Hiperestesia felina

A hiperestesia é uma doença que consiste em um aumento da sensibilidade da pele de maneira anormal. Não é de forma alguma uma doença frequente, e geralmente aparece nos gatos idosos mais nervosos, ansiosos ou que estejam estressados, de qualquer raça, sexo e idade.

Não se trata de uma doença degenerativa, nem, muito menos, mortal. Mas os gatos afetados por hiperesetesia podem mostrar uma sensibilidade excessiva ao contato de qualquer parte da sua coluna vertebral quando fazemos carinho neles, manifestando-se como espasmos ou ondulações musculares nas costas, com movimentos rápidos e fortes do rabo e com as pupilas dilatadas, assim como mostrar um certo grau de hiperatividade, correndo, pulando, perseguindo o próprio rabo ou algum objeto de sua imaginação, e chegando até a se autolesionar.

A hiperestesia felina pode ser causada por um problema a nível da atividade elétrica do cérebro, que controla o comportamento predador, emocional e de asseio, juntamente com problemas musculares a nível da coluna vertebral, que podem contribuir para a causa e para o incômodo da doença, embora também se considere que ela seja consequência de:

Tratamento da hiperestesia felina

O tratamento da hiperestesia em gatos idosos deve se concentrar em reduzir os estímulos estressantes que impedem a correta calma do gato, assim como mudar o ambiente para reduzir a ansiedade através de:

  • Uso de feromônios felinos e catnip.
  • Tirar mais tempo por dia para brincar com o gato afetado.
  • Colocar arranhadores suficientes e lugares em que ele possa se esconder ou ficar no alto, protegido.

Nos casos mais intensos, o gato deve passar por terapia médica para reduzir seu estado de ansiedade através de corticoides. Se quiser saber mais sobre a Hiperestesia felina, sintomas e tratamento, não deixe de conferir o artigo do PeritoAnimal a seguir.

Convulsões

As convulsões, ou epilepsia, em gatos, são um problema neurológico relativamente frequente nessa espécie, que consiste em convulsões ou ataques convulsivos que se repetem de forma periódica. Esses ataques acontecem quando um grupo neuronal é ativado bruscamente, causando uma agitação e superexcitação de um músculo ou grupo muscular, em caso de epilepsias focais, ou de toda a sua musculatura, nas epilepsias generalizadas.

As causas vão desde:

  • Uma origem indeterminada.
  • Doenças que atacam o cérebro.
  • Intoxicações.
  • Doenças hepáticas ou renais.
  • Deficiência de tiamina.
  • Causas vasculares.

Quando um gato está convulsionando, ele pode ter desde alguns espasmos simples de curta duração, até movimentos bruscos de seu corpo, durante vários minutos, que podem provocar um aumento de temperatura corporal, ou hipertermia, muito perigosos para o felino quando duram mais de dez minutos.

Tratamento das convulsões nos gatos

O tratamento da epilepsia felina em gatos idosos se baseia no uso de medicamentos para reduzir a intensidade e a frequência dos ataques epilépticos, como o fenobarbital. Este medicamento também pode ajudar a prevenir as convulsões graves de mais de dez minutos, mas caso elas estejam acontecendo, isso é motivo de urgência, exigindo o uso de anticonvulsivos intravenosos, ou diazepam por via retal.

Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer - Convulsões

Hipoglicemia

O seu gato idoso também pode ter espasmos como consequência de uma queda de açúcar ou de glicose em seu sangue, o que é conhecido como hipoglicemia. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, e é alimento para o cérebro. Por isso, os gatos começam a ter problemas quando a quantidade de açúcar é reduzida, perdendo a consciência, tremendo e ficando enjoados.

As causas podem ser:

  • Controle inadequado da diabetes em gatos afetados.
  • Tumor pancreático.
  • Insuficiência hepática.
  • Infecção sistêmica.
  • Má absorção intestinal.
  • Jejum.
  • Convulsões prolongadas.
  • Excesso de carboidratos na dieta.

Além de tremores e espasmos, os gatos com hipoglicemia podem manifestar taquicardia, confusão, alteração no apetite, depressão, visão borrada, palpitações do coração, ataxia, debilidade e letargia.

Tratamento da hipoglicemia felina

A hipoglicemia é tratada mediante o uso de dextrose intravenosa, sendo também possível tentar aplicar mel na borda da sua boca para que o açúcar seja absorvido rápido. Quando a hipoglicemia é consequência de doses altas de insulina nos gatos idosos diabéticos, podem ser usados corticoides para combater a ação da insulina. Caso seja causada por uma doença orgânica, esta deve ser tratada.

Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer - Hipoglicemia

Dor

Os gatos idosos também podem ter espasmos que acontecem como consequência de processos dolorosos, como a artrite, a artrose ou traumatismos, que farão com que seu gato relute mais ao se mover, trema e mude de humor. A dor também pode acontecer como consequência de alguma doença orgânica não pouco frequente nos gatos idosos, como pancreatites ou doenças digestivas. Por isso, fique atento aos sintomas para saber se seu gato pode estar sentindo dor ultimamente:

  • Ele se esconde mais.
  • Mudou o seu comportamento.
  • Tem menos vitalidade.
  • Pede menos para brincar ou para de pular de lugares altos.

Tratamento da dor felina

A dor nos gatos é tratada de forma farmacológica mediante o uso de medicamentos analgésicos e/ou anti-inflamatórios, como os anti-inflamatórios não-esteroides, ou "AINES", e, nos casos mais graves, são usados opioides, como a buprenorfina ou a metadona, entre outros. Sempre que a causa tiver solução, o gato deve ser tratado, pois não é bom para a sua saúde que ele passe, de maneira crônica, por esse tipo de tratamento.

Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer - Dor

Intoxicação

Se o gato idoso tiver sido exposto a alguma substância tóxica, ou tiver ingerido alguma planta venenosa, medicamento ou produto químico, ele pode ter espasmos como consequência da toxina em questão. As intoxicações nos gatos podem fazer surgir sinais muito diferentes, a depender da natureza da toxina, mas elas costumam causar:

  • Sinais digestivos: como vômitos e diarreia.
  • Sinais cardiorrespiratórios-nervosos: como tremores.

A intoxicação é derivada de um choque causado quando os tecidos entram em colapso por falta de irrigação sanguínea. Gatos idosos afetados mostram gengivas pálidas, extremidades frias e ritmo cardíaco alterado.

Tratamento das intoxicações em gatos

Dependendo da intoxicação em questão, em alguns casos é possível aplicar o antídoto específico, mas, na maioria dos gatos idosos intoxicados, isso não é possível, e, dependendo do tempo que tenha se passado desde a ingestão da toxina, o que se pode fazer é:

  • Induzir o vômito.
  • Usar substâncias absorventes.
  • Fazer uma lavagem gástrica.

Além de usar terapia de suporte com fluidos, entre outras medidas, dependendo do caso em questão.

Dermatite

Às vezes, nossos gatos idosos podem ter problemas de pele derivados de lesões e coceiras causadas por parasitas externos, como pulgas, piolhos, ácaros e carrapatos, que fazem os gatos tremerem ou contraírem sua musculatura, acarretando espasmos para fazer parar a ação desses organismos. Outros gatos idosos podem sofrer de doenças ou infecções de pele que causem dermatite e lesões cutâneas que lhes causem incômodos, aumento das coceiras ou da autolimpeza, inquietação e espasmos.

Tratamento da dermatite felina

O tratamento da inflamação cutânea nos gatos vai depender da causa que a estiver originando:

  • Se for uma parasitose externa: deverão ser usadas pipetas desparasitantes efetivas para acabar com esses organismos incômodos, assim como adotar medidas preventivas antiparasitárias para evitar futuras parasitações.
  • Se o problema dermatológico que causa coceira for uma doença cutânea: esta deve ser diagnosticada e tratada de forma específica por seu veterinário, para evitar que seu gato idoso continue tendo espasmos.

Não deixe de dar uma olhada no seguinte artigo para poder ler mais sobre a Dermatite atópica em gatos: sintomas e tratamento.

Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer - Dermatite

Hipertermia

Os gatos domésticos ficam confortáveis a temperaturas entre os 17 e os 30 ºC, mantendo estável sua temperatura corporal, com gatos com pouco pelo lidando melhor com o calor do que gatos mais peludos. Entretanto, a temperaturas muito altas, nossos gatos podem sofrer um aumento da sua temperatura corporal, que pode subir além dos 39,2 ºC. Isso é conhecido como golpe de calor, ou "hipertermia", e produz sinais clínicos, como:

  • Espasmos ou tremores.
  • Vômitos.
  • Respiração muito ofegante.
  • Batimentos cardíacos acelerados.
  • Falta de oxigênio.
  • Dificuldade para manter a postura corporal.

Tratamento da hipertermia em gatos idosos

Quando um gato idoso tem hipertermia, ele deve ser tratado de forma efetiva buscando o esfriamento corporal, sendo possível refrescar o gato com panos humedecidos e utilizando fluídos para hidratar e resfriar a parte interna de seu organismo. Em alguns casos, serão necessários medicamentos adicionais, como antieméticos, protetores gástricos, entre outros. Nos piores casos, o gato deverá ser hospitalizado.

Hipotermia

Por outro lado, nossos gatos também podem sofrer espasmos como consequência de baixas temperaturas externas, que reduzem sua temperatura corporal para abaixo dos 35 ºC, causando danos graves ao seu organismo. Além de espasmos, os gatos com hipotermia apresentam:

  • Pele seca.
  • Letargia.
  • Respiração e ritmo cardíaco lentos.
  • Movimentos lentos.
  • Hipotensão.
  • Hipoglicemia.
  • Olhar perdido.
  • Colapso.
  • Disfunção multiorgânica.
  • Desfalecimento.

Tratamento da hipotermia felina

A hipotermia felina deve ser tratada o mais rápido possível, tanto para prevenir os espasmos em gatos idosos, quanto para evitar a falência múltipla de órgãos que a queda na temperatura corporal causa. O tratamento consiste em aumentar a temperatura corporal do gato usando aparelhos elétricos, envolvendo-o com mantas, aplicando enemas ou fluídos mornos e aumentando a glicose com medicamentos, caso ele tenha hipoglicemia.

Agora que você já sabe todas as possíveis causas para os espasmos em gatos idosos, não perca o vídeo a seguir em que explicamos quantos anos vive um gato:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Espasmos em gatos idosos - Causas e o que fazer, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Outros problemas de saúde.

Bibliografia
  • Pérez, G. (2018). Primeros auxilios para gatos. Arcopress S.L.
  • R. W. Nelson. (2020). Medicina interna de pequeños animales, 6ª edición. Grupo Asís Biomedia S.L.
  • ALVAREZ, Ignacio; TENDILLO, Fco; BURZACO, Olga. La ventilación artificial en el perro y el gato. Consulta de difusión veterinaria, 2001, vol. 9, no 77, p. 85-95. Disponível em: <http://ciberconta.unizar.es/CIRUGIAVETERINARIA/Mas_Informacion/Temas_anestesia/VENTILAC.PDF>. Acesso em 22 de agosto de 2022.
  • DAZA, Mª; AYUSO, Esther. Intoxicaciones más frecuentes en pequeños animales. Clínica veterinaria de pequeños animales, 2004, vol. 24, no 4, p. 0231-239. Disponível em: <https://ddd.uab.cat/record/68509>. Acesso em 22 de agosto de 2022.
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