Sons que os gatos gostam
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No PeritoAnimal, nunca perdemos uma oportunidade de falar sobre a importância do enriquecimento ambiental para a saúde física e mental dos nossos felinos. Se você nos acompanha, sabe muito bem que recomendamos adicionar uma boa variedade de brinquedos e estímulos ao ambiente do seu gato para prevenir os sintomas de estresse e tédio, entre outros problemas de comportamento. Mas sabia que há vários sons que os gatos gostam e que você pode aproveitar para que o seu felino desfrute de uma rotina ainda mais estimulante?
A seguir, contamos quais são os sons que os gatos gostam e que você pode usar para enriquecer o seu lar e melhorar a comunicação com o seu companheiro felino. Continue lendo e descubra!
O clássico psps
Muitos de nós recorremos a este som para chamar a atenção de um gato de rua e tentar nos aproximar para ajudá-lo, e sabemos que de fato funciona. Embora possa parecer simples, o famoso "pspspsps" realmente é um dos sons que os gatos gostam, e a ciência têm várias teorias sobre o porquê.
Péter Pongrácz, professor e especialista em etologia, destaca que o "psps" faz parte dos padrões de comunicação com os gatos que são transmitidos de geração em geração em nossa cultura. Portanto, os gatos podem ter aprendido que usamos esse som para nos comunicar com eles e, muitas vezes, oferecer-lhes algo que lhes é positivo (como comida, abrigo, proteção, carinho, etc.). Assim, responder a esse som de maneira receptiva pode ser uma capacidade adaptativa dos gatos, desenvolvida ao longo dos milhares de anos em que convivem com os humanos.
Além disso, existem hipóteses que afirmam que o verdadeiro motivo pelo qual o "psps" é um dos sons que os gatos gostam é que ele se assemelha aos ruídos emitidos por pequenos animais, como os ratos, ao se moverem. Portanto, quando os gatos ouvem o "pspspsps", tendem a ficar em estado de alerta, pois isso poderia indicar a presença de presas disponíveis em seu ambiente.
Ruídos emitidos por suas presas
Já que falamos de presas, estudos indicam que os sons que mais atraem os gatos estão nas altas frequências, principalmente em torno de 85 kHz. Isso ocorre porque grande parte das presas de pequeno porte que os gatos caçariam em um ambiente natural, como pássaros, ratos e insetos, naturalmente emitem ruídos dentro nessas frequências, que são imperceptíveis para a audição humana.
Na verdade, esta é a razão pela qual muitos tutores pensam que seus gatos estão olhando fixamente para o nada, quando na verdade estão observando ou ouvindo com máxima atenção cada movimento de uma presa em potencial, cuja presença passa completamente despercebida para nós. Descubra mais detalhes em nosso artigo obre "Por que meu gato fica olhando para o nada".
Nesse sentido, um dado curioso é que os gatos não têm uma predileção particular por caçar ratos ou camundongos. O fato de esses roedores despertarem tão intensamente o instinto caçador dos gatos se deve ao fato de emitirem altas frequências ao se moverem e até mesmo ao se comunicarem com seus congêneres. Além disso, embora seja um comportamento instintivo, não é recomendável permitir que seu gato cace livremente, quanto menos que se alimente de outros animais selvagens. Lembre-se de que várias doenças podem ser transmitidas pos ratos para os gatos, por exemplo. Além disso, o comportamento de caça em condições de superpopulação pode ter um impacto muito negativo na biodiversidade dos ecossistemas. Para ler mais sobre esse tema, confira este artigo sobre "Por que os gatos caçam passarinhos?".
Ronronar
Este é um dos sons dos gatos mais satisfatórios para os tutores, pois geralmente ocorre em momentos ou contextos em que o felino se sente confortável e seguro. Esse significado positivo está relacionado à comunicação dos gatos recém-nascidos com sua mãe durante as primeiras semanas de vida. Isso ocorre porque a gata mãe ronrona tanto durante o parto para se acalmar quanto após o parto para localizar, orientar e tranquilizar seus filhotes, principalmente durante o período neonatal, quando os gatinhos ainda não abriram os olhos. E, por sua vez, os gatos recém-nascidos ronronam para comunicar suas necessidades e sentimentos à mãe.
Assim, o ronronar, que é mais uma vibração do que um som real, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento ideal dos gatos. Primeiro, porque lhes permite satisfazer suas necessidades fisiológicas em uma fase em que dependem completamente de sua mãe para sobreviver; e segundo, porque os ajuda a se sentirem seguros em um período de particular vulnerabilidade, quando ainda não são capazes de se virar sozinhos.
Na idade adulta, os significados do ronronar em gatos se tornam muito mais versáteis. Como dissemos, muitas vezes, nossos felinos ronronam quando estão em um estado de relaxamento e desfrute. No entanto, há ocasiões em que os gatos jovens ou adultos ronronam quando se sentem assustados ou inseguros, principalmente se estiverem em um ambiente desconhecido. Isso acontece porque o ronronar também tem um efeito calmante nesta fase da vida deles, sendo um dos sons que naturalmente relaxam os gatos.
Sua voz
Sabia que os gatos são capazes de distinguir uma pessoa da outra? Graças aos seus poderosos sentidos, seu gato pode reconhecer seu cheiro, seu tom de voz e até o som dos seus passos devido à sua maneira de andar. E quando existe um vínculo de afeto e confiança mútua, alguns dos sons que mais atraem os gatos, sem dúvida, são aqueles que indicam a presença de seu tutor. Portanto, em momentos em que seu gato fica muito nervoso ou estressado, você pode falar com ele ou cantar uma música para ajudá-lo a se acalmar.
Por outro lado, lembre-se de que seu felino também é capaz de ler sua linguagem corporal e perceber as alterações no seu humor. Consequentemente, quando você se sente triste, ansioso, irritado, ou se tem medo por algum motivo, é muito provável que perceba que seu gato interage com você de maneira diferente. Por exemplo, se seu gato perceber que você está irritado, provavelmente manterá uma distância de segurança para evitar conflitos com você. Por outro lado, se você estiver triste ou sentir alguma dor ou desconforto, é possível que ele se aproxime e se deite ao seu lado para expressar seu afeto. Se você gostaria de aprofundar esse assunto, recomendamos a leitura do artigo "7 coisas que seu gato sabe sobre você".
Música suave
Os gatos gostam de música, mas seu gosto musical pode ser tão seletivo quanto seu paladar. Essa rigorosa selectividade deriva, logicamente, do alcance de sua audição. Como vimos, os gatos são capazes de ouvir frequências que passam despercebidas para os humanos. Consequentemente, todos os ruídos muito altos são extremamente irritantes ou estressantes para o ouvido dos gatos, podendo desencadear comportamentos medrosos e de autopreservação.
Por outro lado, as melodias suaves são sons que relaxam os gatos e até podem ser usadas para tratar certos distúrbios de comportamento. De fato, no campo da musicoterapia para gatos, a adaptação de música clássica para a audição e as vocalizações felinas é uma prática cada vez mais comum e que proporciona excelentes resultados.
Portanto, em contextos ou ocasiões em que se prevê uma exposição excessiva a ruídos intensos (por exemplo, fogos de artifício), uma boa prática é fechar todas as janelas e portas de sua casa e colocar música clássica em volume baixo como som ambiente. Desta forma, você reduz as chances de que o comportamento do seu gato seja afetado por fatores externos, e melhor ainda se puder ficar em casa para lhe fazer companhia e ajudá-lo a relaxar.
Som de comida
Outros sons que atraem os gatos estão associados à preparação dos alimentos ou ao momento de receber sua comida. Por exemplo, muitos felinos mostram-se extremamente interessados pelo barulhinho que vem de uma chapa ou frigideira quando cozinhamos um pedaço de carne, frango ou peixe. E, logicamente, o delicioso cheiro que vem da cocção só aumenta o interesse felino.
Outros gatos reagem imediatamente sempre que ouvem o característico som de suas bolinhas de ração se movendo, ou cada vez que seus tutores abrem um pacote de biscoitos ou qualquer embalagem de alimentos humanos que os gatos adoram (por exemplo, embutidos ou peixe em conserva).
Essas reações são completamente naturais, mas tenha em mente que nem todas as comidas que consumimos habitualmente são benéficas para o organismo dos gatos. Além disso, mesmo no caso dos alimentos humanos que um gato pode comer, eles devem ser oferecidos ocasionalmente e sempre em pequenas quantidades.
Sons da natureza
Na natureza, o sussuro do do vento, o fluxo da água (riachos, rios, etc.), um inseto ou um pássaro batendo suas asas, atrairiam a atenção dos gatos. Apesar de emitidos em baixas frequências, esses sons despertam a curiosidade e o instinto caçador dos felinos. E embora seu gato nunca tenha precisado caçar para se alimentar, esses comportamentos são instintivos e são transmitidos de geração em geração através dos genes.
Portanto, não se assuste se, de vez em quando, seu gato lhe presentear com animais mortos. Embora para nós esse comportamento possa parecer estranho ou repulsivo, na linguagem felina é um bom sinal de que seu gato o ama e se preocupa com seu bem-estar. No entanto, como vimos, é importante tomar medidas preventivas para evitar que seu felino se machuque ou fique doente por ter contato com o sangue ou os fluidos de animais infectados. Para ajudá-lo, no PeritoAnimal compartilhamos vários conselhos úteis neste artigo sobre porque gatos trazem animais mortos.
Se deseja ler mais artigos parecidos a Sons que os gatos gostam, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Cuidados básicos.
- Fanning, C. (2022). Why do cats love the «Pspspsps» noise so much?. Reader’s Digest. Disponible en: https://www.rd.com/article/why-do-cats-love-pspspsps-noise/
- Heffner, R. S.; Heffner, H. E. (1985). Estudio sobre audición de gatos domésticos. Hearing Research. Volume 19, Issue 1, páginas 85-88. Disponible en: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0378595585901005?via%3Dihub
- Parsons MH., Banks PB., Deutsch MA. y Munshi-South J. (2018). Temporal and Space-Use Changes by Rats in Response to Predation by Feral Cats in an Urban Ecosystem. Front. Ecol. Evol. 6:146. doi: 10.3389/fevo.2018.00146