Outros problemas de saúde

Doenças que deixam o gato descadeirado

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 2 junho 2025
Doenças que deixam o gato descadeirado
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Se tem uma característica que chama a atenção nos gatos é o charme ao caminhar. Além disso, os bichanos são precisos em seus movimentos, saltando em locais onde os cães nunca se arriscariam. Por isso, ver um gato com dificuldades para se locomover pode ser um tanto assustador. Além disso, esse sintoma pode indicar sérios problemas de saúde, como lesões na medula espinhal e doenças infecciosas graves.

Lesões na medula espinhal, por exemplo, são uma causa comum de disfunção neurológica em gatos, podendo ocorrer devido a vários tipos de acidentes, como atropelamentos, quedas e até mesmo brigas. Em alguns casos, o socorro imediato do bichano pode fazer a diferença no seu prognóstico. E como nenhum tutor deseja passar por isso, o PeritoAnimal elaborou este artigo sobre doenças que deixam o gato descadeirado, para que você fique por dentro do assunto. Boa leitura!

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Índice
  1. Lesão medular/traumas
  2. Síndrome Vestibular
  3. Doenças infecciosas
  4. Artrose

1.Lesão medular/traumas

Lesões traumáticas à coluna vertebral e medula espinhal ocorrem com grande frequência em cães e gatos, gerando sequelas muito graves nos animais, como perda parcial ou completa das funções motoras, sensoriais e viscerais. A causa mais comum é o atropelamento, principalmente de gatos que têm acesso à rua. Machos não castrados sofrem mais traumas, pois permanecem na rua por mais tempo em busca de fêmeas no cio, aumentando o risco de atropelamentos, brigas e até mesmo maus tratos.

A medula espinhal e raízes associadas a ela, na maior parte dos casos, são comprometidas após trauma às vértebras, devido à compressão ou contusão do tecido neural. Entretanto, devido a fatores anatômicos das vértebras, ligamentos, segmento medular, localização dos corpos celulares dos neurônios e diâmetro do canal vertebral, pode ser observado grande deslocamento vertebral com pouca lesão ao tecido nervoso, bem como grande lesão ao tecido nervoso sem grande comprometimento das vértebras. As consequências desses traumas medulares em gatos, dependendo do segmento lesionado e podem levar à incapacidade permanente de se locomover, morte ou eutanásia.

2. Síndrome Vestibular

A síndrome vestibular é um conjunto de sinais clínicos que surgem devido a alterações no sistema vestibular. O sistema vestibular é um sistema sensorial que permite o controle do equilíbrio corporal do animal, sendo responsável por manter o corpo num posicionamento correto em relação à gravidade. Ele está envolvido na manutenção da posição da cabeça no espaço e na manutenção do posicionamento dos olhos, pescoço, tronco e membros em relação a ela.

O gato com síndrome vestibular apresenta perda de equilíbrio, tropeções, quedas, inclinação do corpo e da cabeça, andar em círculos para o lado afetado e pode adotar uma postura de sustentação de base larga, com uma postura anormal, parecendo que está descadeirado. Também é frequente a presença de nistagmo patológico (os olhos ficam se mexendo rapidamente) e estrabismo.

3. Doenças infecciosas

Toxoplasmose

Uma das principais doenças que pode ser transmitida dos animais para o ser humano é a toxoplasmose. É uma doença parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, onde o gato é o hospedeiro definitivo da infecção. Gatos infectados raramente apresentam sintomas, mas podem ter enterite, pneumonia, febre, tosse, falta de ar, letargia, anorexia, vômito, diarreia, dores musculares, alterações neurológicas (como dificuldade em caminhar e incoordenação motora) e oculares.

Leucemia Felina

A leucemia viral felina é uma doença infecciosa comum entre os gatos, causada pelo vírus da leucemia felina (FeLV). A principal fonte de infecção desse vírus é o felino persistentemente infectado e que não apresenta sinais clínicos, o qual pode eliminar por mililitro de saliva até um milhão de partículas virais. O contato íntimo entre os gatos e o compartilhamento de bebedouros e comedouros são as principais formas de contaminação; o vírus pode ser transmitido aos filhotes via transplacentária, pelo leite e pelos cuidados da mãe.

Os sintomas da doença vão depender dos órgãos atingidos e do tipo de doença que o vírus vai desencadear. Eles podem ser inespecíficos (como perda de peso, depressão e falta de apetite) ou específicos, causados pelo próprio vírus ou resultantes de infecções secundárias. O sistema nervoso e o oftálmico também podem ser atingidos. No primeiro, devido à ocorrência de linfoma, podem ser apresentados sintomas como mudanças de comportamento, fraqueza, paresia de membros e pupilas de tamanhos diferentes.

Peritonite Infecciosa Felina

A doença é causada pelo coronavírus felino, muito contagioso e que infecta quase todos os gatos que o encontrem. A maior fonte de infecção são as fezes de gatos infectados, e os gatos não infectados contaminam-se por partilhar caixas de areia com gatos transmissores. Os sintomas podem ser inespecíficos, como falta de apetite, perda de peso, inatividade, diarreia e desidratação. A íris pode mudar de cor, sendo um sintoma que chama a atenção dos tutores. Sinais neurológicos podem acontecer, principalmente na forma da doença conhecida como PIF seca, com dificuldades de locomoção e incoordenação motora.

4. Artrose

É a degeneração das articulações, que ocorre de forma gradual e progressiva, resultando em desgaste e atrito entre os ossos, o que causa muita dor. Gatos com esse problema sentem muita dor e apresentam dificuldades de locomoção.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia

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