Insulinoma em cães - Sintomas, causas e tratamento

Antes de definir o que é um insulinoma, é importante que expliquemos a estrutura e a função do órgão que é afetado por esta patologia: o pâncreas. O pâncreas é uma glândula que é composta por duas partes, cada uma com sua função determinada:

• O pâncreas exócrino: se relaciona com o sistema digestivo, pois secreta o suco pancreático, necessário para a digestão dos alimentos.
• O pâncreas endócrino: contém as chamadas ilhotas de Langerhans, que são formadas por células alfa (secretoras de glucagon), células beta (secretoras de insulina) e células delta (secretoras de somatostatina). Ou seja, está relacionado com o sistema endócrino, especificamente, com o sistema hormonal que regula os níveis de glicose no sangue.

Conhecidas a estrutura e a função do pâncreas, podemos explicar em que consiste esta doença. O insulinoma canino é um tumor das células beta pancreáticas, ou seja, das células encarregadas da produção de insulina. A insulina é um hormônio que é liberado como resposta à presença de glicose no sangue e que permite que a glicose penetre nas células para ser utilizada como fonte de energia. No insulinoma, as células tumorais produzem uma secreção excessiva e permanente de insulina, o que o que leva os animais a se manterem continuamente em estado de hipoglicemia (baixos níveis de glicose no sangue).

Dentro do insulinoma, podemos encontrar proliferações benignas (adenoma) e malignas (carcinoma). Os carcinomas pancreáticos tem uma taxa de mortalidade alta e podem ter metástase com frequência no mesentério, fígado, baço e nódulos linfáticos regionais, mesmo que felizmente se trata de tumores pouco frequentes na espécie canina.

O insulinoma canino pode aparecer em cachorros de idades entre os 3 e os 14 anos, mesmo que sejam mais frequentes em idades avançadas (a partir dos 9 anos). Não existe uma predisposição sexual, mas sim racial, com uma maior incidência no pastor alemão, no golden retriever, no poodle, no setter irlandês, no fox terrier e no boxer.

Os sinais clínicos associados ao insulinoma canino são produzidos como consequência da hipoglicemia mantida e da estimulação do sistema simpático adrenal. De fato, nos cachorros com insulinoma pode-se observar:

• Debilidade e letargia: pelo déficit de glicose do sistema nervoso central.
• Comportamentos anormais, nervosismo.
• Fraqueza do terço superior, cãibras e fasciculações musculares.
• Colapso.
• Ataxia (incoordenação).
• Crises convulsivas.

Outros sinais clínicos menos frequentes que podem ser detectados nestes pacientes são: poliúria e/ou polidipsia, polifagia, anorexia, aumento de peso, diarreia, síncope, inclinação da cabeça, incontinência urinária e cegueira.

A etiologia exata do insulinoma em cães é desconhecida. Como todas as neoplasias, o insulinoma é produzido por uma alteração genética que da lugar a uma proliferação celular desorganizada. No entanto, a causa concreta que desencadeia esta alteração genética é desconhecida.

O diagnóstico do insulinoma canino deve se basear nos seguintes pontos:

• História clínica e exploração física: como já mencionamos, os cachorros com esta patologia apresentam sinais clínicos associados principalmente à hipoglicemia sustentada.
• Exames sanguíneos (hemograma e bioquímica): o parâmetro mais indicativo do insulinoma canino é a detecção de um estado de hipoglicemia em jejum (valores inferiores a 60 mg/dl), na qual se deve à produção excessiva de insulina pelas células tumorais. No entanto, para confirmar a hipoglicemia não basta uma determinação isolada, mas é necessário realizar uma curva com medições a cada hora, ao longo de um período de jejum de 8 horas.
• Análise histopatológica: é realizada quando o tumor é retirado e permite confirmar o diagnóstico. Microscopicamente, as neoplasias de células pancreáticas são formadas por células bem diferenciadas, com escassas mitoses mas com grade facilidade para metástases.

O insulinoma em cães tem cura? Em alguns casos, sim, é possível removê-lo por completo. No entanto, em outros o resultado não é o desejado. Existem dois possíveis tratamentos do insulinoma em cachorros, que são estabelecidos segundo a idade e o estado geral do paciente.

Tratamento cirúrgico para o insulinoma canino

O objetivo da cirurgia é retirar o tumor pancreático (totalmente ou, quando não seja possível, parcialmente) e retirar as possíveis metástases presentes no mesentério, no fígado ou nódulos linfáticos.

O tratamento cirúrgico é recomendável, já que mesmo que somente seja possível realizar uma retirada parcial, os sintomas melhoram durante um período de tempo variável (de meses a um pouco mais de um ano) e ajudará o êxito do tratamento. No entanto, a cirurgia é desaconselhada em pacientes em estado crítico, devido aos riscos anestésicos.

Mesmo que a cirurgia seja o tratamento de escolha em todos os pacientes estáveis, deve-se considerar que podem aparecer uma série de complicações pós-operatórias:

• Pancreatite: devido ao manuseio do pâncreas durante a cirurgia. Para prevenir sua aparição, se deve manusear o pâncreas suavemente durante a cirurgia, instaurar uma fluidoterapia adequada antes, durante e depois da operação, e administrar uma alimentação adequada no pós operatório.
• Diabetes mellitus: ao retirar o tumor, pode ser que o pâncreas não seja capaz de sintetizar a quantidade suficiente de insulina porque o restante das células beta ficaram atrofiadas. Nestes casos, deve ser administrada insulina exógena até que o pâncreas recupere sua capacidade funcional de produzir insulina.
• Hipoglicemia sustentada: é produzida quando existem metástases que continuam produzindo insulina. Nestes casos, se requer um tratamento médico adicional.

Tratamento médico para o insulinoma em cães

O tratamento médico será necessário tanto em cães em que a cirurgia está contraindicada, como em cães em que foi realizada uma retirada completa do tumor. Por sua vez, dentro do tratamento médico distinguimos duas situações:

• Tratamento de crise hipoglicêmica aguda: é uma situação de urgência em que os animais sofrem crises convulsivas. Nestes casos, os cuidadores devem estar prevenidos e atuar com rapidez, colocando uma solução açucarada (como geleia ou mel) na cavidade oral. A mucosa oral tem a capacidade de absorver com rapidez a glicose contida nesses alimentos, resolvendo assim a crise em uns 30-120 segundos.
• Tratamento da hipoglicemia crônica ou sustentada: o objetivo desta parte do tratamento é melhorar os sintomas derivados da hipoglicemia e prevenir a aparição de crises agudas. Não devem ser iniciados protocolos quimioterápicos, já que todos provocam graves efeitos secundários. Por isso, o tratamento médico unicamente deve ter o objetivo de melhorar a absorção de glicose pelo intestino e diminuir a secreção de insulina. De fato, deve ser realizado um tratamento dietético com comida frequentemente, evitando os períodos de jejum prolongado. Se recomenda uma combinação de alimento seco e úmido, junto com a prática de exercícios leves. O tratamento dietético deve ser associado a um tratamento farmacológico, com glucocorticóides ou diazóxido.

Infelizmente o prognóstico do insulinoma canino costuma ser ruim, já que a maioria dos tumores são malignos.

A expectativa de vida de cachorros com insulinoma depende do tratamento instaurado:

• Em cães que recebem somente tratamento médico: a expectativa de vida média é de 12 meses.
• Em cães que se submetem a um tratamento cirúrgico: um terço falece por complicações intra ou pós operatórias, outro terço vive menos de 6 meses e o terço restante pode ter uma expectativa de vida de 12 a 14 meses.

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Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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