Polifagia em cães - Sintomas, causas e tratamento
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Cachorro comendo muito ou com fome excessiva? O controle da ingestão de alimentos é possibilitado pela interação de fatores gastrointestinais, nervosos e ambientais que, juntos, funcionam para manter os níveis de energia e o peso corporal dos animais. Entretanto, quando há um desequilíbrio nestes mecanismos de controle, ocorrem alterações relacionadas à ingestão de alimentos, como a polifagia.
Se você quiser saber o que é a polifagia em cães, seus sintomas, causas e tratamento, continue lendo este artigo do PeritoAnimal no qual também explicamos os tipos que existem.
O que é a polifagia em cães?
A polifagia é um sinal clínico de ingestão excessiva de alimentos. Ou seja, se você ve o cachorro comendo muito fora do normal, ele pode sofrer de polifagia. O controle da ingestão de alimentos ocorre devido à interação de vários fatores, como por exemplo:
- Fatores gastrintestinais.
- Fatores nervosos.
- Fatores ambientais.
Entretanto, quando há um desequilíbrio em qualquer um desses fatores, ocorre a compulsão alimentar, fazendo com que os cães consumam mais do que sua quantidade habitual de alimentos.
Alguns tutores racionam a comida dos cães "intuitivamente", levando em conta apenas a quantidade que satisfaz o apetite do cão. Entretanto, esta prática pode ser problemática quando a ração fornecida não corresponde ao seguinte:
- A quantidade de alimentos: que depende da idade, raça/tamanho e nível de atividade.
- A necessidade diária de energia do cão.
Conhecer a quantidade de alimento que um cachorro precisa com base na densidade energética de sua ração é essencial não apenas para atender suas necessidades nutricionais e energéticas, mas também para avaliar a ocorrência de alterações no consumo de alimentos, tais como polifagia.
Sempre que você tiver dúvidas sobre a quantidade de ração que você deve dar a um cachorro, não hesite em consultar um veterinário. Você também deve ter em mente que as necessidades energéticas podem variar ao longo do tempo devido a vários fatores (idade, nível de atividade, temperatura atmosférica, gravidez ou lactação, etc.). Portanto, é importante que você consulte o veterinário com relativa frequência para garantir um gerenciamento ideal da alimentação do pet.
Tipos de polifagia en perros
A polifagia canina sempre se manifesta da mesma maneira: vemos o cachorro com fome excessiva, consumindo muito mais alimentos do que o normal. Entretanto, de forma didática, podemos classificá-la em três tipos diferentes para facilitar sua compreensão:
- Polifagia patológica: esta é a polifagia que aparece em doenças como diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo, insuficiência pancreática exócrina, insulinoma, parasitose gastrointestinal ou patologias neurológicas. Consulte este post sobre como detectar problemas neurológicos em cães para obter mais informações sobre o assunto.
- Polifagia fisiológica: ocorre em certas situações fisiológicas para lidar com um aumento na demanda de energia do corpo, tais como estados de crescimento, gestação ou lactação, e outras situações não patológicas, tais como aumento da atividade física ou uma queda na temperatura ambiente.
- Polifagia iatrogênica: é a produzida por humanos, seja como consequência de um manejo inadequado da alimentação de nossos animais de estimação, seja devido à implementação de um tratamento farmacológico que produz polifagia como efeito colateral.
Alguns autores também classificam as polifagias da seguinte forma:
- Polifagia primária: é consequência da existência de uma patologia que afeta o Sistema Nervoso Central, especificamente, o centro de saciedade localizado no hipotálamo.
- Polifagia secundária: é causada por fatores não neurológicos.
Causas da polifagia em cães
Cachorro comendo muito? A polifagia canina pode ser causada por causas patológicas, fisiológicas ou iatrogênicas. Cada uma das causas que podem dar origem a este sinal clínico em cães é explicada com mais detalhes abaixo:
- Neurológicas: incluem alterações que afetam o centro de saciedade localizado no hipotálamo, tais como tumores hipotalâmicos, traumas cranioencefálicos e processos inflamatórios ou infecciosos no nível do Sistema Nervoso Central.
- Endócrinas: incluem acromegalia, diabetes mellitus, síndrome de Cushing (ou hiperadrenocorticismo) e insulinoma. Também ocorre em casos de hipertireoidismo, embora seja um processo muito mais freqüente em gatos do que em cães.
- Causas que levam à perda de nutrientes: como na insuficiência pancreática exócrina, parasitose intestinal maciça ou patologias intestinais como a Doença Inflamatória intestinal.
- Tumorais: como as células neoplásicas têm uma alta demanda de energia.
- Fisiológicas: tais como crescimento, gestação, lactação, frio e intensa atividade física. Todos eles têm em comum que aumentam a demanda energética do corpo, o que por sua vez aumenta o apetite.
- Comportamentais: tédio, estresse ou competição por comida quando vários cães vivem juntos. Deve-se notar que a polifagia é considerada normal em algumas raças, tais como labradores e pugs.
- Alimentares: dietas de baixas calorias ou dietas de má qualidade nutricional causam polifagia porque não atendem às demandas energéticas do animal. Por outro lado, a mudança para dietas mais palatáveis ou saborosas também causa polifagia.
- Farmacológicas: alguns medicamentos como benzodiazepinas, corticosteróides, progestagênios, anti-histamínicos ou anticonvulsivos podem causar polifagia como efeito colateral.
Sintomas da polifagia em cães
A polifagia em si é um sinal clínico que pode se manifestar da seguinte forma:
- Consumo mais frequente de alimentos em cães que ficam com ração disponível o tempo inteiro.
- Consumo de uma quantidade maior de ração do que o normal
- Busca contínua de alimentos em casa ou na rua.
- Demanda contínua de alimentos aos tutores.
- "Roubo" de alimentos: é comum que, nesta fase do cachorro com fome excessiva, ele busque de maneira obsessiva o que comer, seja na despensa de casa ou até no lixo. Também podem comer a comida de outros animais de estimação com os quais vivem.
Se você detectar a polifagia em um cachorro, é importante prestar atenção à presença de outros sinais clínicos que possam ser indicativos de doença e que possam ajudar a orientar o diagnóstico. Alguns dos sinais que podem acompanhar as polifagias são:
- Perda de peso.
- Ganho de peso.
- Poliúria: aumento do volume de urina.
- Polidipsia: aumento da entrada de água.
- Sinais neurológicos.
- Sinais digestivos: tais como vômitos ou diarréia.
Se você quiser saber mais sobre a poliúria e a polidipsia em cães, não hesite em ler este outro artigo do PeritoAnimal que sugerimos.
Diagnóstico da polifagia em cães
O diagnóstico da polifagia em cães deve se concentrar nos seguintes aspectos:
- Avaliação da alimentação: é essencial saber se se trata de uma polifagia iatrogênica causada por um manejo alimentar deficiente. Para isso, deve-se avaliar o tipo de ração consumida pelo animal (ração comercial ou caseira), a quantidade, o número de rações por dia e a energia ou densidade calórica de cada ração. Ao mesmo tempo, as necessidades nutricionais do animal devem ser levadas em consideração, a fim de verificar se a ração recebida está de acordo com suas necessidades.
- Avaliação das mudanças de peso: embora possa parecer contraditório à primeira vista, devemos estar cientes de que a polifagia pode ser acompanhada tanto pelo ganho de peso quanto pela perda de peso. Normalmente, as causas neurológicas, farmacológicas, dietéticas, comportamentais e algumas causas fisiológicas são geralmente acompanhadas de aumento de peso. Por outro lado, algumas causas patológicas como diabetes mellitus ou insuficiência pancreática exócrina são acompanhadas por uma perda da condição corporal.
- Avaliação do estado fisiológico: como já explicamos, existem várias situações fisiológicas que produzem um aumento na demanda de energia e, portanto, dão origem à polifagia. Portanto, durante o diagnóstico desta alteração, deve-se levar em conta se o animal se encontra em alguma destas situações, a fim de descartar que se trate de uma polifagia fisiológica.
- Detecção de outros sinais clínicos: a detecção de outros sinais clínicos pelos cuidadores ou pelo veterinário ajuda a orientar o diagnóstico no caso de polifagia patológica.
- Testes adicionais: Sempre que forem descartadas causas fisiológicas e iatrogênicas da polifagia ou forem detectados sinais de doença, testes adicionais devem ser realizados para se chegar a um diagnóstico definitivo da doença causadora da polifagia. Em geral, devem ser realizados exames de sangue, exames de urina e outros exames laboratoriais para doenças endócrinas, exames coprológicos para parasitose digestiva, exames de imagem (tais como radiografia, ultra-som e ressonância magnética), etc.
Prevenção da polifagia em cães
Antes de falar de prevenção, devemos saber que nem todos os casos de polifagia são evitáveis. Obviamente, as causas iatrogênicas, ou seja, aquelas que nós causamos por meio de uma má administração alimentar ou da administração de certos remédios, são perfeitamente evitáveis. Entretanto, há muitas causas patológicas de polifagia canina que não podem ser evitadas.
Nesta seção, vamos nos concentrar nas principais causas da polifagia que podem ser evitadas com as medidas preventivas corretas:
- Dieta adequada: uma dieta equilibrada de acordo com as necessidades do animal será essencial para evitar as causas alimentares da polifagia canina. Da mesma forma, o ajuste da densidade calórica da ração em animais com maior demanda de energia (por exemplo, fêmeas grávidas ou lactantes) evitará as causas fisiológicas da polifagia.
- Cumprir o programa de vacinação e desparasitação: Como mencionado acima, existem causas infecciosas e parasitárias de polifagia. Portanto, é de vital importância cumprir o cronograma de vacinação e desparasitação para evitar o aparecimento de polifagia devido a essas causas.
- Prevenir alterações de comportamento: o estresse, o tédio causado pela solidão ou pela falta de atividade física e mental pode levar a polifagia psicogênica em cães. Portanto, é importante dar aos animais de estimação o tempo e a atenção de que necessitam para evitar o aparecimento deste tipo de alteração de comportamento. Além disso, se você vive com vários cães, lembre-se da importância de alimentar cada um deles com a quantidade de ração que precisa, em tigelas separadas e, sempre que considerar apropriado, em locais separados, a fim de evitar problemas de competição entre eles.
Tratamento para a polifagia em cães
O tratamento ou correção da polifagia em cães pode variar de acordo com a causa. Portanto, nesta seção abordaremos o tratamento da polifagia canina, dependendo da causa subjacente:
- Polifagia patológica: Para reverter a polifagia patológica, é necessário um tratamento específico para a doença subjacente. Dependendo da patologia, o tratamento pode ser farmacológico, cirúrgico e/ou alimentar.
- Polifagia fisiológica: a polifagia fisiológica ocorre em estados que produzem um aumento na demanda de energia do corpo. Para evitar sua ocorrência, uma ração mais densa de energia deve ser fornecida para atender às necessidades do animal.
- Polifagia iatrogênica: quando a polifagia é causada por manejo inadequado da alimentação, os erros dietéticos devem ser corrigidos ajustando a quantidade e a composição da ração às necessidades do animal. Quando a polifagia ocorre como um efeito colateral da administração de medicamentos, geralmente não é necessário interromper o tratamento, pois a polifagia não é um efeito adverso grave. Entretanto, é importante informar o veterinário que prescreveu o tratamento sobre a ocorrência deste efeito colateral e, mesmo se for detectado um aumento do apetite no animal, não aumentar o volume da ração. Quando a causa da polifagia é comportamental, o elemento desencadeante deve ser eliminado ou corrigido através de terapia comportamental.
Agora que você já sabe o que pode ser quando o cachoror está comendo muito e com fome excessiva, talvez seja interessante para você este vídeo do PeritoAnimal que explica quantas vezes um cachorro deve comer por dia:
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- Ettinger, S., Feldman, E. (1997). Capítulo 34: polifagia. En Tratado de medicina interna veterinaria: enfermedades del perro y el gato. Elsevier; 120-123
- Gough, A., Murphy, K. (2015). Polyphagia. En Differential diagnosis in small animal medicine. Wiley Blackwell; 10-11
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