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Gato com dificuldade de andar com as patas traseiras

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária em medicina felina. 11 junho 2025
Gato com dificuldade de andar com as patas traseiras
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"Meu gato está andando estranho com as patas traseiras", "meu gato não consegue se sustentar com as patas traseiras" ou "meu gato arrasta as patas traseiras" são frases que tutores de felinos podem dizer quando notam que seu gato apresenta instabilidade ou falta de coordenação no terço posterior do corpo, afetando as patas traseiras.

Isso é conhecido como ataxia, e a ataxia posterior pode ter diversas causas, muitas delas de origem muscular ou neurológica. Gato com dificuldade de andar com as patas traseiras? Descubra os principais motivos lendo este artigo do PeritoAnimal.

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Índice
  1. Ataxia espinocerebelar (SCA)
  2. Tromboembolismo aórtico
  3. Traumatismos
  4. Problemas neuromusculares ou nervosos periféricos
  5. Tumor

1. Ataxia espinocerebelar (SCA)

A ataxia espinocerebelar (SCA) é uma das principais causas pelas quais seu gato pode não andar bem com as patas traseiras. Esse tipo de ataxia em felinos consiste em um distúrbio neurológico que afeta o equilíbrio e a coordenação, devido a danos, compressão, inflamação ou mau funcionamento da medula espinhal. Isso pode ser causado por:

  • Traumatismos;
  • Tumores espinhais;
  • Malformações congênitas;
  • Hérnias de disco;
  • Infecções, como vírus ou toxoplasmose;
  • Doenças degenerativas ou mielite.

Esse problema faz com que os gatos apresentem um cambalear ou falta de coordenação nas patas traseiras, dificuldade para pular, cruzamento das patas traseiras, paraparesia posterior, quedas frequentes, fraqueza e, em alguns casos, arrastamento de uma ou ambas as patas traseiras.

Tratamento

O tratamento da ataxia espinhal em gatos depende da causa. Podem ser usados medicamentos como anti-inflamatórios; vitaminas ou antibióticos; cirurgia, se houver tumores ou hérnias; e fisioterapia para melhorar a mobilidade. Cuidados paliativos serão a opção quando a causa não for tratável.

2. Tromboembolismo aórtico

Uma das causas que podem explicar por que um gato arrasta as patas traseiras é o tromboembolismo aórtico, uma condição perigosa que consiste no aparecimento de um coágulo sanguíneo formado no coração, o qual se desloca até se alojar na bifurcação da artéria aorta. Isso bloqueia o fluxo de sangue para as patas traseiras, fazendo com que os gatos afetados percam repentinamente a funcionalidade desses membros, provocando uma ataxia alarmante e, com mais frequência, incapacidade de movê-los (paralisia).

Além da ataxia ou paralisia, os gatos afetados pelo tromboembolismo aórtico também apresentam dor intensa, ausência de pulso nas patas traseiras (que ficam frias ou adquirem coloração azulada devido à falta de irrigação sanguínea). Entre as causas mais comuns de tromboembolismo aórtico em felinos está a cardiomiopatia hipertrófica (HCM), assim como outras doenças cardíacas que predispõem à formação de trombos.

Tratamento

O tratamento deve focar no manejo da dor com opioides como buprenorfina ou metadona, além do uso de terapia antitrombótica com clopidogrel ou heparina de baixo peso molecular. Também pode ser necessária oxigenoterapia e o manejo da insuficiência cardíaca, se presente.

3. Traumatismos

A ataxia posterior ou falta de coordenação nas patas traseiras pode ser causada por lesões medulares na região toracolombar, traumatismos na coluna vertebral, fraturas ou luxações vertebrais provocadas por golpes, atropelamentos, acidentes ou quedas de grandes alturas. Por exemplo, se o trauma causou dano entre os segmentos T3 e L3 (zona toracolombar), o terço posterior do corpo do gato é afetado, podendo provocar os seguintes sintomas:

  • Tropeços ou quedas;
  • Falta de coordenação ou fraqueza nas patas traseiras;
  • Dor ao tocar a coluna;
  • Arrastamento de uma ou ambas as patas traseiras;
  • Reflexos anormais nos membros posteriores;
  • Incontinência urinária ou fecal (se o trauma for grave).

Tratamento

Se o gato não consegue caminhar com as patas traseiras, o tratamento da ataxia posterior por trauma depende da gravidade do dano. Quando não há fraturas nem compressões significativas, o manejo pode ser conservador, incluindo repouso estrito, suplementos neuroprotetores, anti-inflamatórios (como AINEs ou corticoides) e fisioterapia. Em casos mais graves, como fraturas, compressões severas ou hérnias, pode ser necessária cirurgia descompressiva ou estabilização vertebral.

Gato com dificuldade de andar com as patas traseiras - 3. Traumatismos

4. Problemas neuromusculares ou nervosos periféricos

Quando um gato anda de forma estranha com as patas traseiras, mas não há evidência de danos na medula espinhal, devem ser considerados distúrbios neuromusculares ou dos nervos periféricos que vão desde a medula até as patas traseiras, assim como alterações nas junções neuromusculares ou no músculo esquelético. Os sinais clínicos que podem indicar um problema neuromuscular ou dos nervos periféricos causando ataxia posterior incluem fraqueza, falta de coordenação e perda de reflexos nas patas traseiras, às vezes acompanhadas de dor ou atrofia muscular. Alguns dos distúrbios mais comuns dos nervos periféricos ou neuromusculares são:

  • Neuropatia diabética em gatos com diabete mal controlada, que se manifesta com plantigradismo e fraqueza nas patas traseiras;
  • Deficiência de tiamina (vitamina B1);
  • Intoxicações (por metronidazol ou outros medicamentos, ou por chumbo);
  • Miopatias inflamatórias, hereditárias, parasitárias (toxoplasma) ou associadas à hipocalemia;
  • Síndrome de Eaton-Lambert ou Miastenia Gravis, que envolvem falha na junção neuromuscular com fadiga progressiva, presença de megaesôfago e fraqueza;
  • Exposição a toxinas como organofosforados, piretroides ou metais pesados.

Tratamento

O tratamento de um gato com esses problemas dependerá da causa neuromuscular ou nervosa apresentada. Por exemplo, no caso de neuropatia diabética, será necessário controlar a diabete através da administração de insulina e controle glicêmico; se houver hipocalemia, deverá ser suplementado potássio; e no caso de toxoplasmose, será tratada com clindamicina. Além disso, fisioterapia, reabilitação e o uso de suplementos neuromusculares como L-carnitina ou vitamina B12 podem desempenhar um papel fundamental na recuperação.

5. Tumor

A falha nas patas traseiras em gatos também pode ser causada por tumores que afetam o sistema nervoso, especialmente em gatos idosos. Alguns dos tumores que podem provocar fraqueza ou falta de coordenação nas patas traseiras são:

  • Linfoma da medula espinhal: afeta a medula espinhal na região toracolombar e é o tumor mais comum em gatos. Provoca sintomas como paralisia ou paresia parcial, ataxia nas patas traseiras e perda de controle dos esfíncteres;
  • Tumores ósseos: como osteossarcoma, mieloma múltiplo ou condrossarcoma, que afetam os ossos da coluna vertebral. Esses tumores podem causar ataxia posterior ao invadir ou comprimir a medula espinhal;
  • Hemangiossarcoma ou hemangioblastoma: tumores dos vasos sanguíneos que podem crescer perto da medula espinhal e invadi-la, provocando compressões medulares e sintomas como ataxia posterior;
  • Meningioma: tumor benigno extramedular frequente em gatos mais velhos. Quando afeta a zona toracolombar, pode causar ataxia nas patas posteriores;
  • Tumores metastáticos: não se originam na medula ou coluna, mas provêm de outros órgãos e alcançam essas estruturas, provocando metástases, invasão de vértebras ou da medula espinhal, e alterações neurológicas como a ataxia posterior.

Tratamento

O tratamento dependerá do tipo de tumor:

  • Linfoma espinal: a quimioterapia é a melhor opção;
  • Tumores ósseos: a cirurgia é o tratamento mais indicado se for viável, enquanto a radioterapia pode ajudar a controlar o crescimento e a dor;
  • Osteossarcoma ou mieloma múltiplo: também pode ser utilizada quimioterapia;
  • Tumores vasculares: opta-se por quimioterapia se houver disseminação, cirurgia se o tumor for acessível e localizado, ou radioterapia como medida paliativa;
  • Meningioma: o ideal é a cirurgia de remoção combinada com radioterapia se o tumor for acessível;
  • Tumores metastáticos: o tratamento dependerá do tipo de tumor primário, embora geralmente, por se encontrarem em fase avançada, opte-se por uma abordagem paliativa baseada no manejo da dor e uso de corticoides para reduzir a inflamação.

Como você pode ver, se seu gato está andando de forma estranha com as patas traseiras, arrastando as patas ou com elas paralisadas, não deixe de visitar o veterinário.

Gato com dificuldade de andar com as patas traseiras - 5. Tumor

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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