Problemas intestinais

Doença inflamatória intestinal em cães - Sintomas e tratamento

Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária especializada em medicina felina. 29 novembro 2022
Doença inflamatória intestinal em cães - Sintomas e tratamento
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A doença inflamatória intestinal ou DII nos cães consiste em um processo inflamatório crônico que pode afetar diferentes locais do intestino canino, e ocorre devido a uma acumulação de células inflamatórias na mucosa intestinal (linfócitos, células plasmáticas, eosinófilos e macrófagos). Devido a isso, podem ocorrer diferentes tipos de DII, segundo o tipo célula predominante.

Em todos os tipos, o sinal clínico comum é a diarreia crônica. O diagnóstico definitivo se consegue com a histopatologia e o tratamento deve ser constituído por terapia dietética e farmacológica. Se você quer saber mais, siga lendo este artigo do PeritoAnimal para conhecer mais sobre essa patologia digestiva que pode afetar os cachorros, seus sintomas, diagnóstico e tratamento.

Índice

  1. O que é a doença inflamatória intestinal em cães?
  2. Tipos de doença inflamatória intestinal em cães
  3. Como saber se o intestino do cachorro está inflamado?
  4. Diagnóstico da doença inflamatória intestinal em cães
  5. Tratamentos da doença inflamatória intestinal em cães

O que é a doença inflamatória intestinal em cães?

A doença inflamatória intestinal canina ou DII (Inflamatory Bowel Disease - IBD em inglês), consiste em uma enteropatia crônica caracterizada por uma enterite ou inflamação do intestino por infiltrado de células inflamatórias (linfócitos, células plasmáticas, eosinófilos, macrófagos ou combinações dos mesmos) na mucosa do intestino do cachorro.

Causas da doença inflamatória intestinal em cachorros

A origem é incerta, mas se sugere a existência de uma resposta exacerbada a uma série de antígenos, como:

  • Bactérias da microflora intestinal.
  • Alérgenos alimentícios da dieta.
  • Componentes do próprio aparato digestivo em contato com a mucosa do intestino.

Esta resposta exagerada do sistema imune local do intestino do cachorro pode ser causada por uma alteração da permeabilidade intestinal, o que implica em um aumento da exposição dos antígenos existentes. Por sua parte, o infiltrado inflamatório que se forma provoca uma lesão na mucosa que ocasiona maior absorção de antígenos e substâncias inflamatórias que cronificam o processo.

A microbiota intestinal pode sofrer alterações devido às mudanças de absorção e peristaltismo intestinal que causa a doença.

Tipos de doença inflamatória intestinal em cães

Dependendo de que tipo celular predomina no infiltrado inflamatório da lâmina própria da capa da mucosa intestinal, se distinguem os seguintes tipos de enterites:

  • Enterite linfoplasmocitária: infiltrado na lâmina própria intestinal de linfócitos e células plasmáticas. Este tipo de DII é o que mais se diagnostica nos cachorros. As raças caninas que estão mais predispostas basenji, pastor alemão e shar pei.
  • Enterite eosinofílica: infiltrado de eosinófilos na mucosa intestinal. É mais frequente no rottweiler.
  • Enterite granulomatosa: infiltrado de formações granulomatosas de células epiteliais. O tipo celular predominante são os macrófagos.

Em algumas ocasiões, o cólon n pode ser afetado, distingue-se quatro tipos de colite:

  • Colite linfoplasmocitária: infiltrado de linfócitos e células plasmáticas na mucosa do cólon.
  • Colite eosinofílica: infiltrado de eosinófilos na mucosa do cólon.
  • Colite granulomatosa: infiltrado de formações granulomatosas de células epiteliais no cólon.
  • Colite ulcerativa-histiocítico: especialmente frequente no boxer, se caracteriza pela diminuição do calibre da luz do intestino grosso, com uma mucosa muito espessa, irregular, erodida, congestiva e com áreas de sangramento ativo.

A linfagiectasia intestinal, caracterizada pelo edema e dilatação dos vasos linfáticos, pode entrar dentro do complexo de DII por ser comum que muitos desses processos ocorram com essa patologia.

Como saber se o intestino do cachorro está inflamado?

O principal sintoma de cachorros com a doença inflamatória intestinal é a diarreia crônica, diferente dos gatos com DII, que mostram mais frequentemente vômitos e perda de peso. Além da diarreia crônica, os cachorros com enterite ou colite inflamatória podem apresentar:

  • Perda de peso.
  • Alterações no apetite.
  • Má absorção de nutrientes.
  • Desnutrição.
  • Vômitos biliares.
  • Fezes volumosas na enterite.
  • Fezes com sangue ou mucosas na colite.
  • Ruídos intestinais.
  • Flatulência.
  • Dor abdominal.
  • Anemia.
  • Ascite ou edema periférico se foi desenvolvida uma enteropatia por perda de proteínas.
Doença inflamatória intestinal em cães - Sintomas e tratamento - Como saber se o intestino do cachorro está inflamado?

Diagnóstico da doença inflamatória intestinal em cães

O primeiro no diagnóstico da DII é descartar outros diagnósticos diferenciais que possam ocasionar sintomas similares antes de realizar uma biópsia intestinal para estudo anatomopatológico, que é o diagnóstico definitivo desta doença.

Para isso, além de uma boa história clínica e exploração física, devem ser realizados os seguintes exames:

  • Uma análise bioquímica sanguínea.
  • Radiografia.
  • Ecografia.
  • Análise coprológica.
  • Cultura de fezes.

Se estas doenças são descartadas, o diagnóstico deve ser comprovado mediante biópsia. Esta biópsia consiste em obter um fragmento do intestino do cachorro para ser posteriormente estudado. As biópsias devem ser obtidas por meio de endoscopia ou laparotomia (cirurgia exploratória). Segundo o tipo ou tipos celulares predominantes na histopatologia, será diagnosticada o tipo de doença inflamatória intestinal que o cachorro sofre.

Tratamentos da doença inflamatória intestinal em cães

O tratamento da doença inflamatória intestinal em cães nunca é curativo, mas sim pode-se chegar a controlar a sintomatologia do animal, mesmo que a inflamação persista.

O tratamento dependerá da gravidade da doença inflamatória intestinal e da presença de hipocobalamina (baixa vitamina B12), diferenciando-se assim quatro índices de atividade clínica com tratamento específico por critério:

Tratamento da DII canina com índice de atividade clínica baixa

A histopatologia não mostra alterações, assim a DII é questionável. Além disso, a concentração de albumina é normal. Nesses casos, o tratamento empírico deve incluir:

  • Fenbendazol (50 mg/kg durante 5 dias): para controle possível de Giardia e outros parasitas internos.
  • Dieta hipoalergênica com proteína hidrolisada ou nova: se os sinais diminuírem, indica que é uma enteropatia que responde à dieta ou uma hipersensibilidade alimentar, não uma DII.
  • Antibióticos: como a tilosina ou o metronidazol. Se ocorre boa resposta, é uma enteropatia que responde a antibióticos.

Tratamento da DII canina com índice de atividade clínica leve-moderada

Existem alterações indicativas de DII na histopatologia mas a concentração de albumina é superior a 2g/l. O tratamento nesse caso será:

  • Fenbendazol (50 mg/kg durante 5 dias): para o possível controle de Giardia e outros parasitas internos.
  • Dieta hipoalergênica com proteína hidrolisada ou nova: durante no mínimo duas semanas.
  • Antibióticos: como a tilosina ou o metronidazol durante duas semanas. Se tem boa resposta, durante um mês.
  • Glucocorticoides em doses imunossupressoras: prednisona (2 mg/kg/24h) durante 2-4 semanas até que a clínica melhore, reduzindo posteriormente a dose de forma gradual até a mínima efetiva.

Se a resposta não é adequada, devem incluir outros imunossupressores, como:

  • Azatioprina (2 mg/kg/24 h durante 5 dias e depois 2 mg/kg a cada 2 dias).
  • Ciclosporina (5 mg/kg/24 h).

Tratamento da DII canina com índice de atividade clínica moderada-severa

As mudanças na histologia são bastante avançadas e a concentração de albumina é inferior a 2g/l. O tratamento da DII grave é o seguinte:

  • Fenbendazol (50 mg/kg durante 5 dias): para o possível controle de Giardia e outros parasitas internos.
  • Dieta hipoalergênica com proteína hidrolisada.
  • Antibióticos: como a tilosina ou o metronidazol durante duas semanas. Se tem boa resposta, durante um mês.
  • Glucocorticoides em doses imunossupressoras: se não é efetivo, outros imunossupressores (azatioprina (2 mg/kg/24 h durante 5 dias e depois 2 mg/kg cada 2 dias) ou ciclosporina (5 mg/kg/24 h). Se não é efetivo ou se suspita-se de uma baixa absorção em nível intestinal, podem ser utilizados corticoides injetáveis.
  • Antitrombóticos: se desenvolveu enteropatia por perda de proteínas, deve ser considerado incluir antitrombóticos como a aspirina ou o clopidogrel, devido a estes cachorros possuírem um risco superior de desenvolver doença tromboembólica pela perda de antitrombina em nível intestinal.
  • Cobalamina: administrar cobalamina (vitamina B12) 1 vez na semana durante um mês, e posteriormente 1 vez ao mês durante 3 meses. Depois, repetir a medicação para ver se é necessário seguir suplementando ou não.

Nos cachorros com colite ulcerativa-histiocítica, o uso de enrofloxacina durante longos períodos é o tratamento indicado, já que esta doença está associada a cepas de Escherichia coli que invadem capas profundas do intestino grosso.

Agora que você conheceu os três melhores tratamentos para a doença inflamatória intestinal em cães, talvez possa se interessar por este outro artigo sobre vermes intestinais em cachorros.

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Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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  • A. Sainz. Enfermedad inflamatoria intestinal y diarrea que responde a antibióticos. Universidad Complutense de Madrid. Disponível em: <https://www.yumpu.com/es/document/read/37818346/enfermedad-inflamatoria-intestinal-avepa>. Acesso em 22 de novembro de 2022.
  • J.A. Ramos. (2019). Enfermedad Inflamatoria Intestinal en perros - IBD. Disponível em: <https://soyunperro.com/enfermedad-inflamatoria-intestinal-perros-ibd/>. Acesso em 22 de novembro de 2022.
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Silvana Artoni
Oi boa noite, Gostaria de saber, tenho uma shiatsu femia não é castrada ainda, tem 2 anos e meio, antes ela fazia o coco 2 vezes no dia estou em processo de mudança e o local que estou indo morar é praia e estamos construindo mas sempre estou limpando mas percebi que ela anda faze do as fezes 1 vez só e ela morde as patas dianteiras e o que incomoda é algo que ela vem tendo já algum Tempo é mencionei a veterinária ela fica como se estivesse mastigado e engolindo a saliva e isso me preocupa já fez exames e não dá nada é ela virá que mexe a cada 6 meses tem problemas intestinais e sempre cuido da alimentação dela bem natural feita sempre na hora o que será? Estou preocupada.
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