Problemas oculares

Distiquíase em cães - Causas e tratamento

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. Atualizado: 19 abril 2023
Distiquíase em cães - Causas e tratamento
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A distiquíase é uma das alterações congênitas mais comuns das pálpebras dos cães. Consiste no crescimento anormal de cílios a partir das glândulas meibomianas, que podem se direcionar para a córnea e causar lesões oculares com sintomas associados.

Se você deseja saber mais sobre a distiquíase em cães, continue lendo este artigo do PeritoAnimal, no qual explicaremos quais são os sintomas, tratamento e causas dessa alteração ocular.

Índice

  1. O que é a distiquíase em cães?
  2. Sintomas da distiquíase em cães
  3. Causas da distiquíase canina
  4. Diagnóstico de distiquíase em cães
  5. Tratamento da distiquíase em cães
  6. Cirurgia para distiquíase em cães

O que é a distiquíase em cães?

A distiquíase em cães consiste no crescimento anormal de pelos ou cílios a partir das glândulas tarsais ou meibomianas. As glândulas meibomianas são glândulas sebáceas localizadas nas pálpebras superior e inferior, que produzem uma secreção oleosa que faz parte da lágrima e previne a sua evaporação.

A distiquíase não é caracterizada pela presença de pelos no canal lacrimal do olho, mas sim pela presença de pelos na pálpebra do cão, especificamente no bordo livre palpebral. A distiquíase é diferente dos cílios ectópicos, na qual os pelos surgem na face interna da pálpebra, enquanto na distiquíase os pelos emergem do bordo livre palpebral.

Os pelos ou cílios associados à distiquíase podem aparecer isolados ou em grupo, podendo estar presentes na pálpebra superior, inferior ou em ambas. Além disso, pode afetar um ou ambos os olhos, ou seja, podemos encontrar distiquíase unilateral ou bilateral em cães.

A distiquíase é uma alteração congênita (ou seja, presente desde o nascimento) que também é hereditária. Dentro da espécie canina, existem algumas raças especialmente predispostas a apresentar essa anomalia, como:

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Imagem: hospitalveterinariolaarboleda.com

Sintomas da distiquíase em cães

Os sintomas associados à distiquíase são muito variáveis e dependem do número de cílios existentes, sua rigidez e orientação. Em muitas ocasiões, a distiquíase em cães ocorre de forma assintomática (sem sintomas) e não passa de um achado casual que é detectado ao realizar um exame oftalmológico por outro motivo. Isso costuma acontecer quando existem poucos cílios, não muito rígidos e orientados para fora do olho (como os cílios normais). Nestes casos, os cães não desenvolvem sintomas, ou no máximo apresentam leve lacrimejamento (epífora).

No entanto, quando os cílios são muito rígidos ou estão orientados para a córnea, é comum que causem lesões oculares que resultam em sintomas associados. Nestes casos, é comum observar:

  • Lacrimejamento acentuado (epífora);
  • Olho fechado por dor (blefaroespasmo);
  • Conjuntivite crônica;
  • Lesões corneanas: ceratite, úlceras e pigmentação corneana.
Distiquíase em cães - Causas e tratamento - Sintomas da distiquíase em cães

Causas da distiquíase canina

A distiquíase canina é uma condição congênita hereditária, como já mencionado anteriormente. Ou seja, é uma alteração de origem genética.

A forma de herança e os genes envolvidos ainda não foram estudados de forma exaustiva e, portanto, não são conhecidos em detalhes. De qualquer modo, o fato de ser uma condição hereditária deve ser levado em consideração na criação de cães, especialmente em raças predispostas. Lembre-se de que um dos princípios da criação responsável é garantir um estado de saúde ideal dos reprodutores, especialmente no que diz respeito a doenças hereditárias. Nesse sentido, considerando a quantidade de cães que estão em abrigos esperando por uma segunda chance, é importante considerar a esterilização e adotar com responsabilidade.

Diagnóstico de distiquíase em cães

O diagnóstico da distiquíase em cães é simples. Uma simples avaliação oftalmológica será suficiente para identificar a presença desses cílios anormais. No entanto, em alguns casos pode ser necessário usar um dispositivo de aumento para detectá-los, especialmente quando são muito pequenos.

Tratamento da distiquíase em cães

O tratamento da distiquíase em cachorros depende da sintomatologia que a causa:

  • Quando os cães com cílios anormais não apresentam nenhuma sintomatologia associada, não é necessário estabelecer nenhum tratamento específico;
  • No entanto, quando os cílios causam lesões oculares, é imprescindível eliminá-los para evitar complicações. O tratamento mais econômico e simples consiste na depilação manual, mas a taxa de recorrência com essa técnica é muito alta. Além disso, em caso de recorrência, os novos pelos costumam crescer mais curtos e ser menos flexíveis, o que geralmente causa uma distiquíase mais grave. Por esse motivo, essa técnica só é recomendada em casos leves ou como técnica diagnóstica para confirmar ou descartar que os pelos são a verdadeira causa do problema ocular do paciente. Nos demais casos, outras técnicas mais eficazes devem ser utilizadas, que serão explicadas em profundidade na seguir.

Cirurgia para distiquíase em cães

No passado, desenvolveram-se uma série de técnicas cirúrgicas destinadas a eliminar os folículos dos quais se originam os cílios da distiquíase. Essas técnicas incluíam excisão palpebral ou plastias destinadas a modificar a direção dos cílios. No entanto, esses métodos produziam uma grande alteração anatômica e funcional da pálpebra, o que levou ao seu abandono e ao início da substituição por novas técnicas terapêuticas.

Atualmente, as técnicas mais utilizadas para o tratamento da distiquíase em cães são:

  • Criodepilação: é uma das técnicas mais difundidas. Consiste na aplicação de óxido nitroso ou nitrogênio líquido na área em que se suspeita que está o folículo do pelo ectópico. O percentual de recorrência com essa técnica não é muito elevado e, se surgirem novos pelos, geralmente são mais finos e menos problemáticos. No entanto, deve-se ter em mente que este tratamento causa inflamação das pálpebras, o que obriga a instituir um tratamento com anti-inflamatórios, tanto sistêmico quanto local;
  • Electrodepilação: neste caso, a depilação é realizada utilizando corrente contínua (a utilização de corrente alternada não é recomendada, pois pode causar necrose e reações cicatriciais graves). A técnica consiste em introduzir o eletrodo cátodo em forma de agulha na pálpebra e administrar uma corrente de 2-5 mA até que o pelo se solte. Com este método, as recorrências são frequentes, por isso geralmente é necessário repetir a intervenção;
  • Fotodepilação: consiste na aplicação de um feixe de luz monocromática que interage com o pelo e produz a destruição do bulbo piloso. Geralmente, várias sessões são necessárias para que seja eficaz. O principal problema associado é a variabilidade de sua eficácia em função da pigmentação dos cílios, já que o laser atua apenas em áreas ricas em melanina, não costumando ser eficaz em pelos muito claros;
  • Electrólise: trata-se de uma técnica amplamente utilizada na medicina humana, mas novidade na medicina veterinária. Consiste na aplicação de uma corrente contínua através de uma agulha de acupuntura inserida em cada bulbo piloso que provoca uma reação eletroquímica no folículo, facilitando sua degeneração e, posteriormente, sua reabsorção.

Agora que você já sabe as causas e os tratamentos para distiquíase em cães, não perca o vídeo a seguir no qual explicamos como tirar a mancha de lágrima de cachorro:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Alonso, A.; Sánchez, J.; Serrantes, A. E.; García, M. B.; Bobis, D.; Sánchez, J. M. (2019). Distiquiasis canina. Tratamiento con la técnica EPI. Consulta de difusión veterinaria; 27(261):43-49
  • Rico, S.; Jaenes, J. C.; Cartagena, J. C. (2020) Enfermedades palpebrales en el perro y el gato. Argos, 221:38-43
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