Ceratite pigmentar em cães: causas e tratamento

A córnea é a parte frontal e transparente do olho, que cobre a íris, a pupila e a câmara anterior. Essa estrutura transparente permite a passagem da luz para o interior do olho. Os raios de luz penetram na córnea, passam pela pupila e atravessam o cristalino, chegando finalmente à retina.

Quando ocorre a pigmentação da córnea, fala-se em "ceratite pigmentar" ou "melanose primária adquirida". Essa pigmentação geralmente acontece como resposta a uma inflamação crônica da córnea. Quando a córnea sofre um processo inflamatório crônico, os melanócitos invadem essa estrutura e começam a produzir melanina, um pigmento de cor marrom. Geralmente, esse pigmento se deposita na camada mais superficial da córnea (especificamente no epitélio e no estroma superficial).

Independentemente da causa de origem da pigmentação, a perda de transparência da córnea impede que os raios de luz penetrem adequadamente no interior do olho, ocasionando perda de visão.

Os sintomas da ceratite pigmentar em cães podem variar dependendo da causa que a desencadeia, mas os mais comuns são:

• Manchas escuras na superfície do olho;
• Perda de visão;
• Hiperemia conjuntival (olho vermelho);
• Neovascularização corneal: formação de vasos sanguíneos superficiais e profundos na córnea;
• Secreção mucosa.

Imagem: micarlino.es

A ceratite pigmentar em cães pode ter diversas causas, entre elas:

• Infecções virais ou bacterianas;
• Causas autoimunes: a ceratite pigmentar autoimune é especialmente frequente em raças braquicefálicas, como o pug, o bulldog francês e o shih tzu. Trata-se de uma doença multifatorial causada por fatores como a conformação anatômica dessas raças, a menor produção de lágrima, entre outros. Também parece haver um componente hereditário. Pode surgir em cães jovens, mas é mais comum a partir dos 4-5 anos;
• Causas traumáticas: como distiquíase (cílios que nascem nas glândulas de Meibomius e saem pelo próprio orifício da glândula), cílios ectópicos (que nascem nas glândulas de Meibomius, mas emergem através da conjuntiva da pálpebra, em vez do orifício da glândula), entrópio (rotação interna da borda da pálpebra) ou tumores palpebrais;
• Alteração da produção de lágrima, como ocorre na ceratoconjuntivite seca.

O diagnóstico da ceratite pigmentar requer uma avaliação oftalmológica completa, que inclua:

• Exame por visualização direta e com lâmpada de fenda para analisar a córnea e a conjuntiva;
• Exame dos anexos oculares (pálpebras, cílios, etc.) para descartar distiquíase, cílios ectópicos, entrópio, tumores palpebrais, entre outros;
• Teste de Schirmer para avaliar a produção de lágrima e descartar ceratoconjuntivite seca;
• Teste de fluoresceína para descartar a presença de úlceras da córnea.

É importante saber que a ceratite pigmentar nem sempre tem cura. Quando a doença é adquirida (como nos casos de origem infecciosa, traumática, etc.), a implementação de um tratamento temporário pode ser suficiente para resolver o problema. No entanto, quando a origem é genética (como na ceratite autoimune), o tratamento não será curativo, mas poderá melhorar os sintomas e permitir que o animal leve uma vida normal.

Tratamento da ceratite pigmentar em cães

O tratamento da ceratite pigmentar em cães dependerá da causa que origina a condição e do estágio do processo. As opções incluem:

• Tratamento farmacológico: com antibióticos em casos de ceratites infecciosas, corticoides (como a dexametasona) e imunomoduladores (como o tacrolimo ou a ciclosporina) nos casos de ceratites autoimunes;
• Tratamento cirúrgico: como a ceratectomia superficial em casos avançados, nos quais toda a córnea se encontra pigmentada, ou cirurgias específicas nos casos de ceratites traumáticas (para remoção de cílios ectópicos, tumores palpebrais ou correção do entrópio).

Como mencionamos, o tratamento da ceratite pigmentar em cães nem sempre consegue curar o processo de forma definitiva. Nas doenças adquiridas (como as ceratites de origem traumática, infecciosa, etc.), o tratamento costuma ser temporário (entre uma e duas semanas). No entanto, no caso de doenças genéticas, como a ceratite autoimune, é necessário estabelecer um tratamento contínuo para controlar os sintomas e evitar a progressão da doença.

A ceratite pigmentar é uma alteração que não deve ser subestimada, pois indica a presença de um problema ocular crônico e pode comprometer a visão do animal. Por isso, diante de qualquer sintoma compatível com a doença, é fundamental procurar um veterinário para identificar a causa da pigmentação e iniciar o tratamento mais adequado em cada caso.

Como vimos, a cura da ceratite pigmentar em cães requer a administração de tratamentos veterinários específicos, que devem ser sempre prescritos por um profissional qualificado. Recomendamos evitar qualquer tipo de tratamento ou remédio caseiro, pois muitos produtos, em vez de resolver o problema, podem causar irritação ocular e agravar ainda mais o quadro.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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