Cachorros

Perdigueiro de Burgos

 
Equipe editorial do PeritoAnimal
Por Equipe editorial do PeritoAnimal. Atualizado: 27 abril 2023
Perdigueiro de Burgos

Como seu nome já sugere, o perdigueiro de Burgos (ou Burgos Pointer em inglês) é uma raça de cães nativa da província de Burgos, na Espanha, onde foram historicamente treinados para a falcoaria e a caça de menor porte. No entanto, à medida que as sociedades e atividades humanas evoluíram ao longo do tempo, esses perdigueiros passaram por uma série de mudanças morfológicas e comportamentais. E, atualmente, graças a sua personalidade naturalmente calma e dócil, eles podem se tornar excelentes companheiros para pessoas e famílias com personalidades e estilos de vida muito diversos.

Por isso, se você gostaria de compartilhar sua casa com um peludo com essas características, ou se simplesmente adora mergulhar no universo canino, convidamos você a continuar lendo esta ficha do PeritoAnimal, onde descobriremos a história do perdigueiro de Burgos, seu temperamento e os cuidados mais importantes para sua saúde. Vamos começar?

Origem
  • Europa
  • Espanha
Classificação FCI
  • Grupo VII
Altura
  • 15-35
  • 35-45
  • 45-55
  • 55-70
  • 70-80
  • Mais de 80
Peso adulto
  • 1-3
  • 3-10
  • 10-25
  • 25-45
  • 45-100
Esperança de vida
  • 8-10
  • 10-12
  • 12-14
  • 15-20
Atividade física recomendada
  • Baixa
  • Média
  • Alta
Ideal para
Recomendações
  • Arnês
Clima recomendado
Tipo de pelo
Nível de adestramento
Índice
  1. Origem do perdigueiro de Burgos
  2. Características do perdigueiro de Burgos
  3. Personalidade do perdigueiro de Burgos
  4. Cuidados com o perdigueiro de Burgos
  5. Educação do perdigueiro de Burgos
  6. Saúde do perdigueiro de Burgos
  7. Onde adotar um perdigueiro de Burgos?

Origem do perdigueiro de Burgos

Devido à falta de registros escritos precisos, a história do perdigueiro de Burgos é um pouco confusa, dificultando assim saber com exatidão quando os primeiros exemplares da raça surgiram e como se desenvolveram as características morfológicas e comportamentais que a identificam hoje em dia. No entanto, supõe-se que esses peludos compartilham um ancestral com o perdigueiro português, o perdigueiro peninsular, uma antiga raça canina nativa da Península Ibérica, cuja presença nesta região é documentada pelo menos desde o século X. No entanto, suas características mais distintas estariam fortemente influenciadas por cruzamentos posteriores com o pachon navarro, sabujos-espanhóis e cães pointer de constituição corporal mais fina.

Também há um certo consenso de que os primeiros indivíduos considerados representantes dessa raça foram desenvolvidos em toda a região de Castela e Leão, e não apenas na província de Burgos (embora tenham ganhado maior notoriedade lá). A representação mais antiga desses perdigueiros que conhecemos atualmente está em uma pintura de 1765, intitulada "Retrato en traje de caza del Príncipe Carlos", de Rafael Mengs.

Inicialmente, os perdigueiros de Burgos eram conhecidos como cães de aponte e sua criação estava diretamente relacionada - e quase exclusivamente permitida - aos membros da realeza e da nobreza espanhola, que os usavam principalmente como ajudantes na falcoaria. Algumas décadas depois, a raça começou a se popularizar entre as classes menos abastadas e, rapidamente, ganhou popularidade entre os caçadores de aves, especialmente de perdizes (daí o seu nome atual!).

No entanto, estima-se que as características morfológicas que identificam o atual perdigueiro de Burgos começaram a se desenvolver no final do século XIX ou início do século XX, já que é difícil encontrar menções específicas sobre eles ou representações de sua aparência moderna nas antigas obras dedicadas à história dos cães pointer e seus ancestrais. De fato, no famoso livro "O Pointer e seus antecessores" de William Arkwright, lançado no final do século XIX, nada é dito especificamente sobre cães de aponte ou perdigueiros de Burgos, embora seu autor tenha dedicado mais de uma década a viajar por diferentes países da Europa - e muito pela Espanha - para pesquisar as origens do pointer inglês. Embora alguns autores afirmem que isso poderia ser porque a raça estava pouco difundida fora de sua terra natal, também há teorias que afirmam que não era tão fácil, naquela época, diferenciar o perdigueiro de Burgos de outros cães de aponte nativos da Espanha.

No entanto, foi em 1911, quando foi fundada a Real Sociedad Canina, que começaram a ser inscritos os primeiros perdigueiros de Burgos. A partir dos anos 80, começaram a surgir associações de raças nativas da Espanha que contribuíram ativamente na recuperação de muitas raças de cães espanhóis que estiveram à beira da extinção devido aos efeitos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial no continente europeu. Atualmente, o perdigueiro de Burgos é reconhecido pelas principais federações caninas internacionais, inclusive pela FCI, que o inclui no Grupo 7 dos chamados "cães de aponte".

Características do perdigueiro de Burgos

Este é um cão de grande porte e musculatura muito bem desenvolvida, com uma estrutura corporal rústica, mas que preserva a harmonia em suas proporções. Segundo o padrão oficial da FCI, a altura desejada na cernelha é de 62 a 67 cm para machos e de 59 a 64 cm para fêmeas, destacando um alto índice de dimorfismo sexual, já que os machos são notavelmente mais homogêneos e mais corpulentos do que as fêmeas.

A cabeça do perdigueiro de Burgos é grande e forte, com um crânio bem desenvolvido que, visto de cima, é moderadamente retangular com uma diminuição progressiva em direção ao nariz, mas sem formar um focinho pontudo. O "stop" é pouco acentuado. No rosto dos perdigueiros de Burgos, encontramos olhos amendoados de cor avelã ou marrom escuro, com um olhar nobre e doce que, eventualmente, pode ser confundido com um ar de tristeza. O focinho é reto e largo em todo o seu comprimento, com um nariz também largo. Os lábios são caídos, mas não flácidos, e as mucosas exibem uma cor marrom. A mordedura é em tesoura. Finalmente, uma característica muito marcante do perdigueiro de Burgos são suas longas orelhas em formato triangular, que estão acima do nível dos olhos e caem graciosamente em cachos quando o cão está em repouso.

Cores do perdigueiro de Burgos

O pelo do perdigueiro de Burgos é curto, liso e denso, distribuída de forma quase uniforme por todo o corpo, exceto pelas extremidades, cabeça e orelhas, onde observamos pelos mais finos e suaves ao toque. Em relação às cores, as básicas são branco e fígado, que se combinam irregularmente, originando pelagens malhadas em fígado, fígado grisalho, mosqueadas em fígado e muitas outras variações que surgem conforme o nível de predominância da cor fígado e da extensão das manchas brancas. No entanto, o padrão oficial da FCI esclarece que não é permitido o preto nem o vermelho-fogo sobre os olhos e/ou nas extremidades.

Por outro lado, o mesmo padrão define como uma característica "altamente desejável" nos perdigueiros de Burgos a presença de uma mancha branca nítida na testa e nas orelhas, sempre manchadas de cor fígado. Também lembramos que a presença de outras combinações de cores ou manchas no pelo de um cão não determinam sua beleza, nem muito menos sua personalidade e temperamento. Por isso, se você adotou um perdigueiro de Burgos que não é 100% puro, ainda poderá desfrutar de um melhor amigo extremamente dócil e equilibrado.

Como é o filhote de perdigueiro de Burgos

O primeiro passo para garantir que um filhote de perdigueiro de Burgos possa se desenvolver de forma ideal, física, psicológica e emocionalmente, é esperar que ele complete o período de desmame antes de separá-lo de sua mãe e irmãos. Isso ocorre porque a mãe do filhote, enquanto alimenta e cuida de suas crias, também lhes transmite os princípios básicos de comportamento social e comunicação dos cães, assim como os limites das brincadeiras. Desse modo, esse primeiro aprendizado será fundamental para prevenir problemas comportamentais e comportamentos agressivos associados ao brincar que podem se manifestar mesmo na infância ou na idade adulta do cão.

Assim como todo filhote, seu pequeno perdigueiro desenvolverá diversos comportamentos exploratórios e lúdicos que lhe permitirão explorar seu novo ambiente e interagir com estímulos e indivíduos presentes ali. Por exemplo, não é incomum que filhotes em pleno crescimento coloquem quase tudo na boca, latam sem razão específica e mordam levemente as mãos de seus tutores enquanto brincam. Para evitar que esses comportamentos que parecem tão adoráveis em um filhote se tornem perigosos ou desagradáveis na idade adulta, é importante incentivar bons hábitos alimentares desde cedo, acostumar o filhote a ficar sozinho gradualmente e direcionar as mordidas para recursos mais apropriados (como mordedores e brinquedos, por exemplo).

Personalidade do perdigueiro de Burgos

Seu temperamento é naturalmente calmo e dócil, favorecendo o estabelecimento de um vínculo de lealdade e devoção com seu tutor e familiares. Embora não seja considerado um dos cães mais fáceis de adestrar, sua versatilidade e grande predisposição ao adestramento fazem com que o perdigueiro de Burgos responda muito bem ao reforço positivo e possa se desenvolver com sucesso em diferentes atividades e esportes caninos.

Além disso, não devemos esquecer que foi uma raça historicamente treinada para a caça de pequeno porte, razão pela qual um adequado processo de socialização será chave para favorecer interações de melhor qualidade com seus congêneres e prevenir acidentes na convivência com outros animais e crianças pequenas, que podem ocorrer quando um cão com um instinto de caça muito desenvolvido não é devidamente educado e socializado desde uma idade precoce.

Os perdigueiros de Burgos também costumam demonstrar muita paciência e autoconfiança, portanto, os problemas de comportamento associados ao medo excessivo e à agressividade geralmente são o resultado de uma má socialização e/ou exposição a métodos educativos contraproducentes (como punições físicas e repreensões, por exemplo) ou outros tipos de maus-tratos aos animais.

Cuidados com o perdigueiro de Burgos

Em geral, criar um perdigueiro de Burgos não requer nenhum esforço extra além dos cuidados essenciais para garantir uma boa qualidade de vida para qualquer cão. Esses cuidados incluem:

  • Cuidado veterinário preventivo: aplicar as vacinas essenciais com a frequência correta, fazer vermifugações periódicas para prevenir infestações de parasitas internos e externos e levar o animal ao veterinário uma ou duas vezes por ano para verificar seu estado de saúde;
  • Alimentação completa e equilibrada que atenda totalmente às necessidades nutricionais de sua idade e tamanho;
  • Atividade física: os perdigueiros são bastante ativos e os passeios diários são fundamentais não só para exercitar seu corpo, mas também para manter sua mente e comportamento equilibrados. Além de caminhar com seu cão pelo menos três vezes ao dia, você pode considerar complementar sua atividade física diária com algum esporte canino, como agility, frisbee, flyball ou canicross, se você também é um amante de corrida e atividades ao ar livre;
  • Estimulação mental: um cão que leva uma rotina sedentária é muito mais propenso a sofrer sintomas de estresse e problemas de comportamento associados à destrutividade e agressividade. Tente apresentar jogos de inteligência ao seu cão regularmente e enriqueça seu ambiente para que ele possa se divertir e exercitar mesmo quando estiver sozinho em casa;
  • Higiene e cuidados com o pelo: a manutenção do pelo do perdigueiro de Burgos é simples, mas você precisará escová-lo uma ou duas vezes por semana para evitar o acúmulo de pelos mortos e impurezas (essa frequência pode aumentar durante as épocas de muda). Por outro lado, os banhos só devem ser dados em ocasiões onde realmente seja necessário fazer uma limpeza profunda do pelo e da pele, já que em excesso podem enfraquecer sua saúde ao remover a camada natural de gordura que cobre e protege seu corpo. E sempre que quiser dar banho em seu cão em casa, lembre-se de usar produtos naturais ou adequados para uso veterinário;
  • Liberdade de expressão: é uma das liberdades básicas do bem-estar animal e significa permitir que seu cão seja o que ele é: um cão. Ou seja, dar a ele a liberdade de se comportar e se expressar como um cão, sem impor práticas de humanização ou repreendê-lo sistematicamente por realizar comportamentos instintivos ou inerentes à natureza canina. Como tutor, é sua responsabilidade ensinar ao seu peludo o significado de "se comportar bem" antes de repreendê-lo por "se comportar mal", e entender que os métodos que você usa para educar seu cão afetam diretamente tanto seu comportamento quanto a qualidade do vínculo estabelecido com você.

Educação do perdigueiro de Burgos

A educação de qualquer cachorro, seja ele de raça pura ou vira-lata, é um processo gradual que deve começar desde a chegada em casa e idealmente a partir dos primeiros meses de vida (embora a mesma regra se aplique se você adotar um cachorro adulto). Se você precisar de ajuda, no PeritoAnimal contamos tudo sobre o que ensinar a um filhote no primeiro ano.

Nesse mesmo período, e de preferência antes de seu terceiro ou quarto mês de vida, é altamente recomendável começar a socializar o filhote de perdigueiro de Burgos para permitir que ele reconheça uma maior diversidade de espécies amigáveis e mais recursos para gerenciar suas próprias emoções. Por segurança, não é recomendado levar filhotes para passear sem vacinas, mas podemos começar a socializá-los apresentando-os a outros cães e animais que sabemos que estão saudáveis, vacinados e vermifugados dentro de nossa casa ou em um ambiente seguro, assim como pessoas que não pertencem ao seu núcleo familiar. Uma vez concluído o calendário vacinal para filhotes e feitas as primeiras vermifugações internas e externas, você pode começar a passear com seu companheiro em praças, parques e outros locais ao ar livre para que ele possa interagir com uma maior diversidade de ambientes, estímulos e indivíduos.

Este também será o momento perfeito para ensinar seu filhote a fazer suas necessidades na rua e começar a apresentar alguns comandos básicas de obediência para estimular sua inteligência e promover um comportamento mais estável dentro e fora de casa. Aqui já entramos mais propriamente no terreno do adestramento canino, que não é o mesmo que educação, mas é igualmente benéfico para o desenvolvimento físico e cognitivo do perdigueiro de Burgos. E se você gostaria de adestrar seu cão em casa (e recomendamos fortemente que faça isso), lembre-se de seguir uma lógica progressiva, começando sempre com comandos mais simples e trabalhando um a um até que seu peludo seja capaz de reproduzi-los de forma fluida. Nesse sentido, também é importante prestar atenção à duração das sessões de adestramento, que devem durar de 10 a 15 minutos para não serem muito cansativas, além do ambiente onde você escolhe realizá-las, pois um excesso de estímulos pode facilmente distrair seu cão. Para mais dicas, não deixe de ler nosso artigo "como deve ser uma sessão de adestramento canino".

Por último, mas não menos importante, se você decidiu adotar um perdigueiro de Burgos adulto, no PeritoAnimal oferecemos uma série de conselhos práticos para ensinar um cão adulto a passear com guia e também contamos como socializar um cachorro adulto corretamente.

Saúde do perdigueiro de Burgos

Quando tem acesso a todos os cuidados detalhados anteriormente, os perdigueiros de Burgos se tornam cães saudáveis e fortes, com uma expectativa de vida de aproximadamente de 12 a 13 anos, podendo alcançar os 15 anos em condições ótimas.

No entanto, eles têm uma predisposição genética significativa para doenças comuns em cães de grande porte, como displasia de quadril e displasia de cotovelo. Além disso, suas adoráveis orelhas caídas infelizmente os tornam mais propensos a infecções de ouvido, e também há uma incidência moderada de epilepsia em perdigueiros de Burgos.

Onde adotar um perdigueiro de Burgos?

No PeritoAnimal, não apoiamos a compra e venda de animais de estimação, pois entendemos que o abandono é uma realidade que afeta fortemente quase todos os países, gerando sérias complicações para o bem-estar animal e a saúde pública. Por isso, se você estiver interessado em adotar um perdigueiro de Burgos ou um mestiço com características similares, recomendamos que entre em contato com ONGs protetoras ou abrigos para animais localizados onde mora para agendar uma visita e conhecer os cães disponíveis para adoção. Lá você terá grandes chances de encontrar um melhor amigo compatível com sua personalidade e que, além disso, será um companheiro extremamente leal e agradecido. E se você ainda tiver dúvidas sobre o processo básico de adoção, recomendamos a seguinte leitura: "Como adotar um cachorro?".

No mais, se você ainda optar por ir a um canil em busca de um filhote de perdigueiro de Burgos, certifique-se de que o estabelecimento está registrado devidamente junto às autoridades e que cumpre com as normas sanitárias, higiênicas e éticas para a criação responsável de cães.

Bibliografia
  • American Pointer Club. Pointers Through the Years. Disponível em: https://www.americanpointerclub.org/
  • Asociación Española del Perro Perdiguero de Burgos. El Perdiguero en la historia. Disponível em: https://www.perdiguerodeburgos.es/
  • FCI – Federation Cynologique Internationale: Estándar Nº. 90, Perdiguero de Burgos. Disponível em: https://www.fci.be/Nomenclature/Standards/090g07-es.pdf
  • Ibañez, A.M. (2008). El perdiguero de Burgos: historia, características y futuro. Editorial: Autor-Editor. ISBN: 84-8353-198-4

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