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Insuficiência pancreática exócrina em cães - Sintomas e tratamento

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária especializada em medicina felina. 5 fevereiro 2021
Insuficiência pancreática exócrina em cães - Sintomas e tratamento
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Os transtornos do pâncreas exócrino consistem, principalmente, na perda de massa funcional do pâncreas na insuficiência pancreática exócrina, ou por inflamação ou pancreatite. Os sinais clínicos em casos de insuficiência pancreática ocorrem quando há uma perda de pelo menos 90% da massa do pâncreas exócrino. Esse dano pode ser devido à atrofia ou inflamação crônica e resulta em uma diminuição nas enzimas pancreáticas no intestino, o que causa má absorção e má digestão dos nutrientes, particularmente gorduras, proteínas e carboidratos.

O tratamento consiste na administração de enzimas pancreáticas que cumprem a função daquelas que um pâncreas saudável normalmente produziria. Continue lendo este artigo do PeritoAnimal para conhecer tudo sobre a insuficiência pancreática exócrina em cães - sintomas e tratamento.

Índice

  1. O que é a insuficiência pancreática exócrina
  2. Sintomas da insuficiência pancreática exócrina
  3. Causas da insuficiência pancreática exócrina em cães
  4. Diagnóstico da insuficiência pancreática exócrina
  5. Tratamento da insuficiência pancreática exócrina

O que é a insuficiência pancreática exócrina

É denominada insuficiência pancreática exócrina a produção e secreção inadequadas de enzimas digestivas no pâncreas exócrino, ou seja, o pâncreas não tem a capacidade de separar as enzimas em sua quantidade adequada para que a digestão seja realizada corretamente.

Isso leva à uma má absorção e má assimilação de nutrientes do intestino, causando um acúmulo de carboidratos e gorduras no mesmo. A partir desse ponto, pode ocorrer uma fermentação bacteriana, hidroxilação dos ácidos graxos e precipitação de ácidos biliares, o que torna o meio mais ácido e provoca um supercrescimento de bactérias.

Sintomas da insuficiência pancreática exócrina

Os sinais clínicos ocorrem quando há um dano superior a 90% do tecido pancreático exócrino. Assim, os sintomas mais frequentemente encontrados nos casos de insuficiência pancreática exócrina em cães são:

  • Fezes volumosas e frequentes.
  • Diarreia.
  • Flatulência.
  • Esteatorreia (gordura nas fezes).
  • Mais apetite (polifagia), mas perda de peso.
  • Vômitos.
  • Aspecto ruim do pelo.
  • Coprofagia (ingestão das fezes).

Durante a palpação, pode-se notar que as alças do intestino estão dilatadas, com borborigmos.

Insuficiência pancreática exócrina em cães - Sintomas e tratamento - Sintomas da insuficiência pancreática exócrina

Causas da insuficiência pancreática exócrina em cães

A causa mais comum de insuficiência pancreática exócrina nos cães é a atrofia acinar crônica e, em segundo lugar estaria a pancreatite crônica. No caso dos gatos, essa última é mais comum. Outras causas de insuficiência pancreática exócrina em cães são tumores no pâncreas ou fora dele que causam uma obstrução no duto pancreático.

Predisposição genética da doença

Essa doença é hereditária nas seguintes raças de cães:

Por outro lado, é mais frequente nas raças:

A idade de maior risco de sofrer disso é entre 1 e 3 anos de idade, enquanto nos Setter ingleses, particularmente, é aos 5 meses.

Na foto abaixo observamos um Pastor Alemão com atrofia acinar pancreática, em que é possível notar caquexia e atrofia de musculatura:

Insuficiência pancreática exócrina em cães - Sintomas e tratamento - Causas da insuficiência pancreática exócrina em cães

Diagnóstico da insuficiência pancreática exócrina

No diagnóstico, além de levar em consideração a sintomatologia do cão, devem ser realizados testes inespecíficos ou gerais e outros mais específicos.

Análises gerais

Dentro das análises gerais, serão realizados:

  • Análise de sangue e bioquímica: geralmente não aparecem alterações significativas, e se aparecem são anemia leve, colesterol e proteínas baixas.
  • Exame de fezes: deve ser realizado em série e com fezes frescas para detectar a presença de gordura, grânulos de amido não digeridos e fibras musculares.

Testes específicos

Os testes específicos incluem:

  • Medição da tripsina imunorreativa em soro (TLI): que mede o tripsinogênio e a tripsina que entra na circulação diretamente do pâncreas. Desta maneira, o tecido pancreático exócrino que é funcional é avaliado indiretamente. Testes específicos são utilizados para a espécie canina. Os valores inferiores a 2,5 mg/mL são diagnósticos de insuficiência pancreática exócrina em cães.
  • Absorção de gorduras: será feita medindo a lipemia (gordura no sangue) antes e durante três horas após administrar óleo vegetal. Se a lipemia não aparecer, o teste é repetido, mas incubando o óleo com enzima pancreática por até uma hora. Se aparecer lipemia, indica uma má digestão e, se não, má absorção.
  • Absorção da vitamina A: será realizada por administração de 200000 UI dessa vitamina e é medida no sangue entre 6 e 8 horas depois. Se houver uma absorção menor a três vezes o valor normal dessa vitamina, indica má absorção ou má digestão.

Sempre que houver suspeita dessa doença, a vitamina B12 e o folato devem ser medidos. Níveis altos de folato e baixos de vitamina B12 confirmam um supercrescimento de bactérias no intestino delgado possivelmente relacionado com essa doença.

Insuficiência pancreática exócrina em cães - Sintomas e tratamento - Diagnóstico da insuficiência pancreática exócrina

Tratamento da insuficiência pancreática exócrina

O tratamento da insuficiência pancreática exócrina consiste na administração de enzimas digestivas durante toda a vida do cachorro. Elas podem vir em pó, cápsulas ou comprimidos. No entanto, assim que melhorarem, a dose pode ser reduzida.

Em algumas ocasiões, apesar da administração dessas enzimas, a absorção de gorduras não é realizada corretamente devido ao pH do estômago que as destrói antes de agir. Se isso acontecer, um protetor de estômago, como o omeprazol, deve ser administrado uma vez ao dia.

Se há deficiência de vitamina B12, ela deve ser suplementada adequadamente de acordo com o peso do cão. Enquanto em um cão de menos de 10 kg necessitaria de até 400 mcg. Se pesa entre 40 e 50kg, a dose subirá para 1200 mcg de vitamina B12.

Antes, era recomendada uma dieta baixa em gordura, altamente digerível e baixa em fibra, mas hoje em dia, basta que seja uma dieta digestível. Apenas se recomendaria baixa em gordura se as enzimas não forem suficientes. O arroz, como fonte de amido facilmente digerível é o cereal escolhido para o cão com insuficiência pancreática exócrina.

Agora que você já saber o que é e como tratar a insuficiência pancreática exocrina cães, talvez possa se interessar por este vídeo que mostra como cuidar de um cachorro para que ele viva mais:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • UranoVet. (2019). I.P.E. (insuficiencia pancreática exocrina). Disponível em: <https://www.uranovet.com/es/uranolab/fichas-clinicas-veterinarias/ipe-insuficiencia-pancreatica-exocrina>. Acesso em 3 de fevereiro de 2021.
  • J. Cerón, M.J. Fernández, C. García, M. Hervera, S. M. Angulo, D. Pérez, C. Pérez, G. Santamarina. (2016). Manual clínico de medicina interna en pequeños animales I. ESVPS, Ed. SM Publishing Ltd. Sheffield, UK.
  • CONCEIÇÃO, Nayara da Fonseca. Insuficiência pancreática exócrina em cães: métodos diagnósticos e alternativas terapêuticas - revisão de literatura. Disponível em: <https://bdm.unb.br/handle/10483/5942>. Acesso em 3 de fevereiro de 2021.
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