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Meu cachorro parou de andar de repente - Causas e o que fazer

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 30 maio 2023
Meu cachorro parou de andar de repente - Causas e o que fazer
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Existem diversas patologias que podem causar paralisia ou imobilidade em cães. Em alguns casos, são processos que evoluem ao longo do tempo até deixar o animal prostrado, sem capacidade de se mover, mas em outras ocasiões, a imobilidade ocorre de forma repentina. Nesses casos, agir com rapidez e diligência pode ser crucial para o animal afetado.

Se você se pergunta “por que meu cachorro parou de andar de repente”, não hesite em nos acompanhar neste artigo do PeritoAnimal, em que explicaremos em detalhes as principais causas que podem provocar esse distúrbio nos cães, como lesões medulares, doenças ortopédicas e distúrbios sistêmicos, entre outras. A maioria das vezes em que um cachorro tem dificuldade de andar, perde o equilíbrio e treme, além de ter problemas para se levantar, está relacionado a problemas nos ossos ou nos músculos.

Índice

  1. Lesões medulares
  2. Doenças ortopédicas
  3. Distúrbios sistêmicos
  4. Processos crônicos

Lesões medulares

Se você está se perguntando "por que meu cachorro parou de andar de repente?" ou por que o cachorro está com fraqueza nas pernas, é importante saber que uma das possibilidades são as lesões medulares. As lesões na medula espinhal causam, entre outras coisas, problemas motores (ou seja, problemas de mobilidade).

Quando um animal sofre uma lesão aguda ou crônica na medula espinhal, pode ocorrer uma paralisia de forma repentina que impeça o animal de caminhar. O número de membros afetados pela paralisia dependerá do segmento medular afetado (cervical, cervicotorácico, toracolombar ou lumbosacral).

Alguns processos agudos que podem fazer com que o cachorro pare de andar de repente, são:

  • Traumatismos graves: seja por atropelamento, quedas ou golpes fortes que afetam a coluna vertebral e/ou a medula espinhal. Esses traumas podem causar luxações, subluxações ou fraturas vertebrais que, por sua vez, podem provocar uma compressão ou uma lesão da medula espinhal.
  • Hérnias de disco: ocorrem quando os discos intervertebrais que separam as vértebras se deslocam para o canal medular, provocando uma compressão da medula. A manifestação clínica de uma hérnia de disco varia muito dependendo do tipo de hérnia, de sua localização e de cada indivíduo. Quando a sintomatologia aparece de forma muito aguda, os animas costumam mostrar uma dor muito intensa e uma incapacidade para andar de forma repentina.
  • Embolia fibrocartilaginosa: ocorre quando os vasos sanguíneos que irrigam a medula espinhal são obstruídos por um material fibrocartilaginoso, o que causa uma necrose aguda da medula espinhal. É uma patologia que costuma afetar a animais adultos, especialmente a cães de raças grandes e aos schnauzer miniatura.

O tratamento dessas doenças medulares pode variar dependendo do processo específico e da gravidade da lesão medular. Por exemplo, no caso das hérnias de disco, quando os pacientes não são ambulatoriais (ou seja, não conseguem andar), é necessário considerar um tratamento cirúrgico. No caso da embolia fribocartilaginosa, não existe tratamento curativo; apenas pode ser considerado um tratamento médico de suporte, orientado à neuroproteção e a uma rotina de fisioterapia para tentar recuperar a função motora.

Você pode se interessar em dar uma olhada no seguinte artigo sobre por que cachorro tremendo não consegue ficar em pé?

Doenças ortopédicas

As doenças ortopédicas ou traumatológicas são outra causa pela qual os tutores levam seus cães ao veterinário alegando que o cachorro parou de andar de repente ou que está com dificuldade para levantar. Todos os processos que afetam de forma direta o sistema musculoesquelético (incluindo os ossos, as articulações, os ligamentos e os tendões) podem comprometer a mobilidade do animal a ponto de impedir que ele caminhe, especialmente quando são processos agudos e muito dolorosos.

Alguns exemplos de doenças traumatológicas que podem fazer com que os cães deixem de andar de repente são:

  • Fraturas ósseas: quando um cão sofre uma fratura articular (que envolve uma articulação) ou uma fratura completa em alguma extremidade, é comum que que ocorra uma dor intensa e uma claudicação associada. Quando a dor é muito forte e/ou quando ocorrem fraturas múltiplas em várias extremidades, é comum que os animais deixem de andar de forma repentina.
  • Rupturas de ligamentos: sem dúvida, a ruptura de ligamentos mais frequente na espécie canina é a ruptura do ligamento cruzado anterior. Geralmente, a ruptura desse ligamento causa um quadro de dor muito intensa que impede o animal de andar. É uma patologia que geralmente afeta cães de raças grandes (como mastins, rottweilers, labradores e boxers), embora também possa se apresentar em raças pequenas como os yorkshire terriers.

Em qualquer caso, a resolução desse tipo de processo requer tratamento cirúrgico.

Meu cachorro parou de andar de repente - Causas e o que fazer - Doenças ortopédicas

Distúrbios sistêmicos

O que acontece se o cachorro estiver com fraqueza e não consegue firmar as patas traseiras? Além dos problemas medulares e ortopédicos, existem outras causas que também podem fazer com que os cães deixem de andar de repente. Em particular, estamos nos referindo a uma série de distúrbios sistêmicos que afetam o organismo de forma geral e que podem fazer com que os animais deixem de andar de forma repentina.

  • Intoxicações: existem certas substâncias tóxicas capazes de causar um quadro de paralisia nos cães. Dentro da lista de compostos que podem causar esse quadro de intoxicação estão: inseticidas (como os organofosforados e carbamatos), rodenticidas (como a brometalina), plantas com glicosídeos cianogênicos (como o linho, o louro, a amêndoa, etc.), plantas com andromedotoxina (como as azáleas) ou plantas que produzem latirismo (do gênero Lathyrus). Falaremos, no seguinte artigo, sobre a Intoxicação por raticida em cães: sintomas e tratamento.
  • Doenças infecciosas: existem certos microrganismos (principalmente bactérias e vírus) que também são capazes de ocasionar um quadro de paralisia nos cães. Alguns exemplos são: o botulismo (produzido pela neurotoxina de Clostridium botulinum, que causa uma paralisia flácida), o tétano (produzido pela toxina tetanospasmina, gerada pela bactéria Clostridium tetani) ou a raiva (produzida pelo Lyssavirus RAV-1).
  • Processos muito dolorosos: algumas patologias (como as obstruções intestinais, as pancreatites, as piometras ou as cistites) podem causar um quadro de dor abdominal muito intenso, comumente conhecido como “abdômen agudo”. Nestes casos, é comum observar como os animais ficam imóveis, sem poder andar, por causa da intensa dor abdominal.

Descubra o que é e como usar o carvão ativado para cachorros.

Processos crônicos

Além de todas as patologias que mencionamos ao longo desse artigo, existem outros processos que, embora não apareçam de forma aguda, também podem fazer o cachorro parar de andar. Tratam-se processos crônicos, que causam uma sintomatologia que evolui com o tempo.

Inicialmente, eles geralmente produzem uma sintomatologia leve a moderada (com claudicação, dor, fraqueza nas extremidades ou falta de sensibilidade ou propriocepção), mas com o tempo vão evoluindo progressivamente até deixarem o animal prostrado, sem capacidade para caminhar.

A seguir, mencionamos alguns desses processos crônicos que podem fazer com que seu cão não consiga andar com o tempo, além de tremer e perder o equilíbrio:

  • Miopatia degenerativa: é uma doença degenerativa que afeta a medula espinhal. Sua etiologia não está muito clara, embora pareça que ela intervém em fatores imunológicos, nutricionais, metabólicos e genéticos. Inicialmente, ela apresenta sinais como perda de equilíbrio nas patas traseiras, falta de coordenação ao andar, fraqueza, atrofia muscular, o cão treme e não pode caminhar, etc. mas, com o tempo, o quadro evolui progressivamente para a tetraplegia. Não existe um tratamento específico e nem curativo, embora tenha sido demonstrado que a fisioterapia aumenta a esperança de vida dos animais afetados.
  • Discoespondilite: consiste em uma infecção das vértebras e dos discos intervertebrais que pode ocorrer, ou pela disseminação via sanguínea de uma infecção presente em outra parte do organismo, ou por uma infecção direta da coluna vertebral por feridas penetrantes, corpos estranhos, cirurgias contaminadas, etc. Produzem uma sintomatologia muito similar as hérnias de disco, mas nesses casos o quadro costuma ser mais crônico e progressivo. Seu tratamento requer a instauração de uma terapia antibiótica, repouso absoluto e analgesia.
  • Artrose: também denominada osteoartrite ou doença degenerativa articular (DAD). Consiste em um processo degenerativo das articulações, em que a cartilagem articular vai se desgastando até deixar exposto o osso subjacente. Quando isso ocorre, ocorre uma dor intensa na articulação afetada, que causa claudicação e rigidez. Com o tempo, os sinais podem se agravar, chegando a comprometer por completo a mobilidade do animal.
  • Displasia do quadril: consiste num desenvolvimento anormal da articulação do quadril, que termina produzindo uma luxação ou subluxação da articulação e uma incongruência na mesma. É uma patologia hereditária muito comum em cães grandes e gigantes. À medida que a displasia evolui, a claudicação e a dor vão se agravando, deixando o animal prostrado. Sua resolução é cirúrgica e, como vemos, é outro motivo pelo qual o cão perde o equilíbrio nas patas traseiras.
  • Necrose avascular da cabeça do fêmur ou Doença de Legg-Calvé-Perthes: é uma doença do desenvolvimento que afeta a cães jovens, especialmente de raças pequenas. Nestes animais ocorre uma interrupção do fornecimento de sangue à cabeça e ao colo do fêmur, o que acaba por causar a necrose óssea nesse nível. Inicialmente, não causa sintomatologia clínica mas, com o tempo, vão aparecendo sinais como claudicação e dor intensa na cabeça do fêmur. Se não se operar, os sinais vão se agravando até provocar a imobilidade completa do animal.

Como pudemos comprovar, são muitas as causas que podem fazer com que um cachorro pare de andar de repente. A maioria delas são processos graves que requerem uma intervenção veterinária rápida e contundente. Por isso, se em algum momento perceber que seu cão perde o equilíbrio e treme, além de demonstrar dificuldade para caminhar ou não conseguir se mover, não hesite em procurar seu veterinário(a) de confiança com a maior rapidez possível. Na maioria dos casos, agir com rapidez será crucial para o prognóstico do animal.

Meu cachorro parou de andar de repente - Causas e o que fazer - Processos crônicos

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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