Doenças neurológicas

Mielopatia degenerativa em cães - Sintomas, diagnóstico e tratamento

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 30 novembro 2022
Mielopatia degenerativa em cães - Sintomas, diagnóstico e tratamento
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A mielopatia degenerativa canina é uma doença neurodegenerativa que afeta a medula espinhal dos cachorros de idade avançada. Trata-se de uma patologia que começa afetando as extremidades traseiras e que, na medida que avança, pode chegar a afetar também as extremidades dianteiras. Infelizmente, é uma doença de prognóstico grave, devido ao seu diagnóstico difícil e à ausência de tratamentos específicos e curativos.

Se você quer conhecer mais sobre a mielopatia degenerativa em cães, seus sintomas, diagnóstico e tratamento, continue lendo este artigo do PeritoAnimal, em que também falaremos do prognóstico.

Índice

  1. O que é a mielopatia degenerativa em cachorros?
  2. Sintomas da mielopatia degenerativa em cães
  3. Causas da mielopatia degenerativa em cães
  4. Diagnóstico da mielopatia degenerativa em cachorros
  5. Como tratar a mielopatia degenerativa em cães
  6. Prognóstico da mielopatia degenerativa canina

O que é a mielopatia degenerativa em cachorros?

A mielopatia degenerativa é, como seu próprio nome indica, uma doença degenerativa que afeta a medula espinhal dos cachorros. Inicialmente era conhecida como “mielopatia degenerativa do pastor alemão” pois foi a primeira raça em que se descreveu a doença.

No entanto, hoje em dia se sabe que pode aparecer em outras raças, especialmente em raças grandes, como:

Trata-se de uma doença crônica, de curso lento e progressivo, que afeta cachorros de idade avançada causando a eles um lento deterioramento da função das extremidades traseiras, que finalmente termina em uma paralisia completa.

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Sintomas da mielopatia degenerativa em cães

A mielopatia degenerativa em cães tem um curso lento e progressivo. Inicialmente, começa como um problema toracolombar (do seguimento medular T3-L3) em que pode ser detectada:

  • Ataxia ou incoordenação: pode se observar o cruzamento dos membros posteriores ao caminhar, oscilação do quadril e problemas para estimar distâncias.
  • Paresia (debilidade das extremidades posteriores): é frequente observar dificuldade para subir ou descer escadas.
  • Perda da propriocepção (capacidade espacial do corpo): os cachorros arrastam os dedos das extremidades traseiras, o que faz com que ocorram desgastes e sangramentos nas juntas.
  • Atrofia muscular: perda de massa muscular nas extremidades traseiras.

É frequente que os sinais sejam assimétricos, ou seja, que não ocorram com o mesmo padrão ou a mesma intensidade nas duas extremidades traseiras.

Com o tempo, o problema neurodegenerativo progride até produzir paraplegia, ou seja, a paralisia completa dos membros posteriores. Se continua avançando, poderia chegar a produzir a tetraplegia, ou seja, a paralisia das extremidades anteriores e posteriores.

Talvez você se interesse em visitar o seguinte post sobre a Paralisia em cães: causas e tratamento.

Causas da mielopatia degenerativa em cães

Desde o seu descobrimento, existiram muitos estudos que tentaram discernir a etiologia da mielopatia degenerativa canina. Estas investigações tentaram associar a doença a possíveis deficiências nutricionais, tóxicos, deficiências imunológicas, etc. No entanto, atualmente seguem sem serem esclarecidas as causas concretas que originam esta patologia.

Os estudos mais recentes identificaram como possível causa da mielopatia degenerativa em cães a mutação do gene SOD1, na qual codifica para a enzima Superóxido dismutase. A alta incidência de mielopatia degenerativa em raças específicas sugere que existe uma base genética da doença, por isso que a descoberta desta mutação pode supor o descobrimento do componente genético da patologia.

Cabe destacar que a mutação no gene SOD1 também está presente nas pessoas que padecem de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), o que converteu a mielopatia degenerativa em um modelo animal para estudar esta doença humana.

Diagnóstico da mielopatia degenerativa em cachorros

O diagnóstico da mielopatia degenerativa canina é complicado. Os exames comumente utilizados para o diagnóstico de doenças medulares (radiografia, ressonância magnética e análise do líquido cefalorraquidiano) não são úteis para detectar esta doença.

Por isso, o diagnóstico deve ser fundamentado em:

  • Exploração neurológica: em função do grau de degeneração medular, podem ser detectados sinais do neurônio motor superior ou sinais do neurônio inferior. É característica que não existe dor à palpação da coluna vertebral.
  • Teste genético: atualmente está disponível um teste genético capaz de detectar a mutação do gene SOD1. No entanto, até que se confirme a verdadeira etiologia da doença, este teste deve ser unicamente indicativo.

Em resumo, em cachorros com sinais compatíveis com a doença, nos que foram descartadas outras doenças medulares e que possuem a mutação do gene SOD1, pode ser realizado um diagnóstico presuntivo de mielopatia degenerativa. No entanto, o diagnóstico definitivo não poderá ser realizado com o animal vivo, pois para a confirmação é necessário realizar uma análise histopatológica após a morte.

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Como tratar a mielopatia degenerativa em cães

Infelizmente, atualmente não existe nenhum tratamento específico nem curativo para a mielopatia degenerativa.

Atualmente, estão sendo desenvolvidos ensaios clínicos utilizando inibidores que previnem a acumulação da mutação do gene SOD1, por isso que se espera que em um futuro próximo se possa dispor de um tratamento comercializado para combater a mielopatia degenerativa canina.

Até então, o único tratamento que parece aumentar a expectativa de vida do animal é a fisioterapia. Dentro do programa de reabilitação devem ser incluídos exercícios de movimentação, alongamentos, massagens e eletroestimulação muscular. Mesmo que esta terapia não consiga evitar a degeneração da medula espinhal, ajuda a:

  • Controlar a dor ocasionada pelas tensões ou más posturas que o animal adquire como consequência da mielopatia degenerativa.
  • Diminuir a aparição de atrofia muscular (perda de massa muscular).
  • Estimular a sensibilidade.
  • Trabalhar a coordenação e equilíbrio.

Além disso, é importante realizar uma série de medidas para garantir uma qualidade de vida aceitável para esses cachorros:

  • Deve ser proporcionado um lugar confortável: suave para evitar as úlceras de decúbito, mas firme para que possa se ajeitar com facilidade.
  • Devem ser protegidos os pés com meias para cachorros: para evitar a aparição de úlceras, em caso de que caminhe arrastando os dedos.
  • Pode ser necessário o uso de arnês: para elevar as extremidades posteriores ou inclusive cadeira de rodas específicas para cachorros, no caso de fases mais avançadas da doença.
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Prognóstico da mielopatia degenerativa canina

O prognóstico da mielopatia degenerativa canina é grave, posto que se trata de uma doença degenerativa que não tem cura. Seu avanço é relativamente rápido, de forma que em um prazo entre 6-12 meses os cachorros ficam paraplégicos.

Isto faz com que, infelizmente, a maioria dos cachorros com mielopatia degenerativa tenham que ser sacrificados em função do bem-estar do animal. Ao contrário, o processo degenerativo pode chegar a afetar o tronco encefálico, agravando o quadro neurológico e ocasionando grande sofrimento ao animal.

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Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Pellegrino, F.C. (2013). Mielopatía degenerativa: estado actual del conocimiento. Revisión bibliográfica. An. Vet (Murcia); 29:63-86
  • Suraniti, A.P., Gilardoni, L.R., Mira, G., Fidanza, M., Guerrero, J., Marina, M.L., Mundo, S., Mercado, M. (2011). Mielopatía degenerativa canina: signos clínicos, diagnóstico y terapéutica. Rev. Electrón. Vet; 12(8):1-10
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