Problemas intestinais

Gato não faz cocô - Causas e o que fazer

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária em medicina felina. 15 agosto 2024
Gato não faz cocô - Causas e o que fazer
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É normal que, em algum momento de nossa convivência, nos perguntemos "por que meu gato não faz cocô nem come?" ou "por que meu gato bebê não faz cocô?". São dúvidas que podem afligir os tutores de pequenos felinos em algum momento de suas vidas. Trata-se de algo totalmente anormal, pois o trânsito intestinal de nossos gatos dura cerca de 12-24 horas.

Se houver uma retenção do conteúdo alimentar ou fezes, o cólon continuará desidratando as mesmas até formar concreções dolorosas e duras que são cada vez mais difíceis de evacuar, produzindo constipação e, no pior dos casos, megacólon. Este último ocorre quando o depósito fecal crônico gera uma severa dilatação do cólon, produzindo hipomotilidade e maior retenção de fezes.

Convidamos a ler este artigo do PeritoAnimal sobre "Gato não faz cocô - Causas e o que fazer", no qual você poderá conhecer as principais causas de constipação entre os felinos.

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Índice
  1. Estresse
  2. Obstrução ou estenose do cólon
  3. Causas endócrino-metabólicas
  4. Alteração neuromuscular
  5. Megacólon

Estresse

O estresse ou medo que os gatos podem sofrer diante de situações que estimulam a síntese de adrenalina e cortisol é uma das principais causas que podem explicar "por que meu gato não faz cocô". Além disso, o estresse é algo bastante frequente na espécie felina, pois os gatos são muito sensíveis e muitas situações que para nós são habituais são, para eles, extremamente estressantes.

Falamos de situações como:

  • Viagens de carro;
  • Visitas de conhecidos ou familiares;
  • A chegada de um novo integrante ou animal em casa;
  • Reformas;
  • Mudanças;
  • Ruídos;
  • Mudanças de localização;
  • Restauração de móveis ou objetos.

Quando os gatos se encontram tão estressados ou assustados, pode ocorrer que seu trânsito intestinal se desacelere e que as fezes se desidratem demais, dificultando sua expulsão.

Para tratar o estresse em gatos, o ideal é evitar ou reduzir ao máximo possível o(s) estímulo(s) estressante(s) para o gato. Quando isso não puder ser obtido de nenhuma forma, deve-se tentar criar um ambiente mais calmo e apaziguador para nossos pequenos felinos mediante o uso de feromônios sintéticos, além de assegurar medidas adequadas de enriquecimento ambiental, como brinquedos interativos, arranhadores variados, lugares altos para se esconder e observar tudo, assim como lugares para poderem se refugiar e esconder para não serem alcançados nem incomodados.

Nos casos mais graves em que nenhuma dessas medidas funcionar, podem-se empregar fármacos idealmente prescritos e controlados por um especialista em comportamento ou etólogo felino.

Gato não faz cocô - Causas e o que fazer - Estresse

Obstrução ou estenose do cólon

A obstrução do cólon é um problema que pode fazer com que nossos gatos não façam cocô, pois se ocorrer um estreitamento ou estenose, ou diretamente uma obstrução, o cólon não deixa espaço para que as fezes façam seu percurso normal, acumulando-se. Assim, o gato não defeca, pois o bolo fecal não consegue chegar ao reto e ao ânus para ser expelido.

Algumas causas de estenose ou obstrução colônica na espécie felina são as seguintes:

  • Granulomas;
  • Bolas de pelo;
  • Hérnia perineal;
  • Corpo estranho;
  • Malformações;
  • Divertículo retal;
  • Fraturas pélvicas;
  • Tumores ou neoplasias;
  • Doenças da próstata em machos.

Para tratar ou resolver "por que meu gatinho bebê não faz cocô", na grande maioria dos casos, é necessária uma cirurgia para extrair os corpos estranhos, as lesões, bolos fecais ou solucionar as hérnias ou fraturas. Nos tumores, também pode ser conveniente a quimioterapia.

Gato não faz cocô - Causas e o que fazer - Obstrução ou estenose do cólon

Causas endócrino-metabólicas

Quando nossos gatos sofrem alguns transtornos relacionados com hormônios ou metabolismo, entre os sinais clínicos que podem se evidenciar encontramos a constipação ou o intestino preso.

Alguns desses problemas são os seguintes:

  • Obesidade: quando o gato tem excesso de peso, a gordura acumulada e o esforço que o corpo e os tecidos fazem para suportar o peso do animal podem predispor a que nossos gatos tenham dificuldades para defecar ou defequem menos do que o normal;
  • Desidratação: quando um gato bebe pouca água ou se encontra desidratado, é normal que as fezes endureçam mais do que o normal, pois o organismo tenta recuperar água, extraindo-a, nesse caso, das fezes;
  • Hipotireoidismo: quando nossos pequenos felinos apresentam hipotireoidismo, é normal que, entre outros sintomas, esteja a dificuldade de defecar, pois ocorre uma redução no metabolismo geral de todo o organismo;
  • Hipercalcemia: a concentração elevada de cálcio pode causar constipação, especialmente quando é superior a 15 mg/dl. Algumas causas de hipercalcemia em gatos são tumores, doença renal, hiperparatireoidismo primário ou urolitíase.

O tratamento desses problemas é específico, de tal maneira que reduzir e controlar o peso é a terapia para a constipação, hidratar o gato é o tratamento da desidratação, a reposição do hormônio tireóideo é o tratamento do hipotireoidismo e reduzir os níveis de cálcio é o tratamento para a hipercalcemia.

Alteração neuromuscular

Se o seu gato não faz cocô ou tem problemas para isso, pode ser devido a uma alteração neuromuscular, seja por algum tipo de traumatismo ou alterações nervosas.

Por exemplo, os traumatismos do sacro ou sacro-coccígeos podem ocasionar danos ou lesões que dificultem ou impeçam a correta defecação, assim como alguma alteração nos nervos relacionados com a defecação e o reflexo para defecar, ou seja, o nervo pélvico ou o hipogástrico.

Essas alterações podem ser consequência também de traumatismos ou de disautonomia, já que esta última pode ocasionar uma denervação do esfíncter anal externo ou dos músculos sacro-coccígeos e esfíncter anal externo. Basicamente, define-se como uma disfunção do sistema nervoso autônomo felino com degeneração dos neurônios desse sistema que não tem origem conhecida.

O tratamento desses problemas costuma ser cirúrgico, com diferentes técnicas dependendo do caso em questão.

Megacólon

Por último, o megacólon é outra causa importante que explica "por que meu gato não faz cocô há dois dias ou mais", já que também pode ocorrer como consequência de uma constipação crônica nos pequenos felinos. O megacólon consiste em uma dilatação colônica grave e irreversível com hipomotilidade e retenção de fezes. Em 62% dos gatos, o megacólon não tem origem conhecida, em 24% dos casos a causa é uma obstrução do cólon e em 11% a origem é um dano neurológico.

Sinais clínicos que podem indicar que seu pequeno felino tem megacólon, além da constipação, são:

  • Vômitos;
  • Anorexia;
  • Ptialismo;
  • Desidratação;
  • Massa tubular dura à palpação abdominal;
  • Desequilíbrios nos eletrólitos.

O tratamento do megacólon felino consiste em aumentar o conteúdo de água na dieta mediante alimentação úmida e alimentos complementares como sopa ou leite para gatos, assegurar água à disposição do gato ou utilizar fontes de água em movimento para incentivar seu consumo.

Por outro lado, podem ser utilizadas fibras insolúveis ou Psyllium que aumentam a quantidade de água nas fezes, ajudando na defecação, mas devem ser empregadas nas fases mais iniciais da constipação ou megacólon, pois ao aumentar o volume, podem prejudicar o cólon dilatado e danificado. Podem ser adicionados laxantes como a Lactulose ou o PEG 3350 quando a modificação na dieta não é suficiente. O Bisacodil pode ser empregado para estimular a secreção da mucosa e a contratilidade colônica.

Os enemas também são utilizados no tratamento, seguidos ou não de uma extração manual mediante manipulação das fezes pela parede abdominal, ou pelo reto nos casos severos, e sempre com anestesia geral e antibióticos profiláticos.

Quando o megacólon no gato é algo recorrente ou muito grave, deve ser tratado mediante uma cirurgia em que se extirpa entre 85 e 95% do cólon, chamada colectomia subtotal, sendo o prognóstico geralmente bom.

O tratamento desses problemas costuma ser cirúrgico, com diferentes técnicas cirúrgicas dependendo do caso em questão.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • García, L. (2022). Mecagolon gatos - Causas, síntomas y tratamiento. Disponible en: https://www.expertoanimal.com/megacolon-en-gatos-causas-sintomas-y-tratamiento-25862.html
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