Eclampsia em cadelas

O cálcio é um mineral muito necessário para o bom funcionamento do corpo, pois está envolvido em processos fisiológicos importantes, tais como: transmissão de impulsos nervosos, coagulação sanguínea (está ligado à produção de fibrina), excitabilidade neuromuscular, permeabilidade da membrana celular, ação inotrópica (age na contração cardíaca) e ativação de determinados sistemas enzimáticos.

A eclampsia, ou hipocalcemia puerperal, é um aumento súbito na necessidade de cálcio que acontece no período do parto ou pós-parto, para o processo de calcificação do esqueleto do feto e para a produção do colostro e leite. Na cadela, a maior demanda de cálcio pode ocorrer também em um período mais tardio, cerca de 20 dias após o parto.

Cadelas de raças pequenas e primíparas (primeiro parto) são mais acometidas, principalmente as que costumam ter um número de filhotes maior, como pinscher miniatura, chihuahua, poodle e shit tzu. Mas nada impede que uma cadela de porte grande ou sem raça definida também desenvolva a eclampsia.

A dieta inadequada, com consequente atrofia da glândula paratireoide, é a principal causa da eclampsia em cadelas. Mas como isso funciona? A glândula paratireoide é responsável pela produção do paratormônio, que estimula a reabsorção do cálcio no intestino, nos ossos e diminui a eliminação deste mineral pelos rins, aumentando sua concentração no sangue. Quando a dieta da cadela é suplementada com cálcio durante a gestação, a paratireoide entende que não precisa “trabalhar” tanto e produz menos paratormônio, ficando atrofiada. No entanto, quando chega a hora do parto e da amamentação, ocorre grande demanda de cálcio, e essa glândula, agora atrofiada, não consegue produzir a quantidade ideal de paratormônio para manter cálcio suficiente no sangue, resultando em hipocalcemia.

Dietas pobre em cálcio também podem predispor à eclampsia. Ocorrerá uma produção adequada do paratormônio, mas o corpo não terá cálcio suficiente oriundo da alimentação para a absorção intestinal.

A eclampsia pode ter início com sinais brandos e progredir até a tetania em 8 a 12 horas. Vários são os sintomas de eclampsia em cadelas:

• Fraqueza muscular;
• Respiração ofegante;
• Aumento da ingestão de líquidos;
• Maior produção de urina;
• Tremores;
• Incoordenação motora;
• Desorientação;
• Convulsões;
• Aumento da temperatura corporal;
• Mioclonias (contrações musculares involuntárias);
• Taquicardia;
• Vômitos;
• Mudanças de comportamento (pode ficar mais agressiva).

Neste outro artigo falamos sobre as causas e o que fazer se a cadela prenha estiver com respiração ofegante.

A cadela com eclampsia não pode amamentar seus filhotes por pelo menos 24 horas. Os tutores deverão alimentar a ninhada com mamadeira ou sonda, com uma suplementação adequada de leite (caseira ou comercial). Após esse período, e iniciada a terapia com administração de cálcio via oral, os filhotes podem mamar na mãe. A recorrência da eclampsia na mesma lactação é incomum, mas caso ocorra, os filhotes devem ser definitivamente desmamados.

A eclampsia é considerada uma situação grave que se não for tratada a tempo, pode levar o animal a óbito, devido à depressão respiratória grave ou por hipertermia (aumento da temperatura corporal) associada a edema cerebral.

Por esse motivo, não tente tratar a cadela em casa, é muito perigoso! Os filhotes devem ser afastados da mãe, que deverá ser levada rapidamente aos cuidados de um médico veterinário para que seja instituída a terapia intravenosa com soro, cálcio e demais medicamentos necessários, de acordo com o estágio da doença.

O tratamento da eclampsia deverá ser continuado em casa, após superada a fase grave da doença, com o uso de cálcio via oral com suplementação de vitamina D, para garantir a absorção gastrointestinal. É recomendado que nas primeiras 24 horas os filhotes não sejam amamentados pela mãe, para avaliação da resposta da cadela durante este período. Pode também ser alternada a amamentação dos filhotes com o aleitamento artificial, quando forem muito jovens. Em casos de maior gravidade, poderá ser feito o desmame precoce completo dos recém-nascidos.

A prevenção da eclampsia é um cuidado que o tutor deve ter, utilizando ração de boa qualidade durante toda a gestação. Não é indicado o uso de ração formulada para filhotes durante essa fase, pois ela contém mais cálcio que a ração para cães adultos, podendo alterar a produção do paratormônio. Após o nascimento dos filhotes, a cadela deve passar a se alimentar com ração de filhotes. O uso de suplementação de cálcio durante a gestação também é contraindicado.

Agora que você já sabe as causas e o que fazer em caso de eclampsia em cadelas, talvez possa se interessar por este outro artigo no qual falamos sobre a gestação psicológica em cadelas.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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