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Cães-guia - Raças, características e adoção

 
Eduarda Piamore
Por Eduarda Piamore, Técnica em psicologia, educação e adestramento canino e felino. 12 agosto 2023
Cães-guia - Raças, características e adoção
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Todos os cães são dotados de uma capacidade infinita de amar, mas alguns recebem uma missão ainda mais especial: tornar-se os olhos daqueles que não podem ver. Estamos falando, é claro, dos cães-guia, também conhecidos como "cães de guarda", que são treinados especificamente para ajudar pessoas com deficiência visual ou com significativa diminuição da visão.

Se você está procurando informações para escolher o cão de assistência mais adequado para você ou um ente querido, ou se simplesmente fica fascinado em conhecer as habilidades desses peludos, convidamos você a continuar lendo este artigo do PeritoAnimal para descobrir as características dos cães-guia e quais são as raças caninas que se destacam nesse papel tão importante. Vamos começar?

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Índice

  1. O que são cães-guia?
  2. Características dos cães-guia
  3. Raças de cães-guia
  4. Educação de cães-guia
  5. Como e onde adotar um cão-guia?

O que são cães-guia?

Os cães-guia constituem o tipo mais reconhecido de cães de assistência, que, por sua vez, é um conceito muito amplo que abrange todos os cães que são treinados para ajudar pessoas com deficiência física ou intelectual, bem como aquelas que sofrem de certas doenças, facilitando a realização de uma série de tarefas, movimentos ou atividades diárias. Um cão de assistência pode, por exemplo, acompanhar uma pessoa com mobilidade reduzida para alcançar certos objetos ou realizar certos movimentos (por exemplo, abrir gavetas ou ligar e desligar interruptores de luz), bem como pode acompanhar um paciente diabético ou epiléptico para ajudá-lo em caso de uma crise. Nesse sentido, é importante não confundi-los com os chamados “cães de terapia”, que são aqueles que acompanham pacientes e profissionais de saúde em diferentes modalidades de terapia física ou psicológica assistida por animais. Por exemplo, existem cães de terapia que podem ajudar crianças autistas em seu desenvolvimento emocional e social, enquanto outros participam de atividades terapêuticas em hospitais, casas de repouso, escolas, etc.

Portanto, os cães-guia estão entre os cães de assistência e não entre os de terapia, pois são treinados, desde suas primeiras semanas de vida, para guiar e zelar pela segurança e integridade de pessoas cegas ou com deficiência visual, ajudando-as a melhorar sua autonomia pessoal e sua inclusão no mercado de trabalho e outras esferas de uma vida em sociedade.

Embora existam cães-guia de diferentes raças e até mesmo mestiços, uma vez que a linhagem não é uma condição exclusiva para o treinamento de cães-guia, não se considera que existam diferentes tipos de cães-guia, mas é possível personalizar em certo grau o treinamento de um cão-guia de acordo com as necessidades específicas do seu tutor. Da mesma forma, como veremos mais adiante, qualquer cão deve atender a certos requisitos e receber uma educação padronizada em centros especializados para que possa atuar oficialmente como guia.

Características dos cães-guia

Segundo a União Nacional de Usuários de Cães-Guia do Brasil (UNUCG) e também a Fundação ONCE do Cão-Guia (FOCG), que é a responsável por treinar e certificar a grande maioria dos cães-guias na Espanha, um bom cão-guia deve cumprir o seguintes requisitos gerais:

  • Passar por exames clínicos e psicológicos: o objetivo aqui é garantir que seja um cachorro saudável e que possa acompanhar pessoas que precisem dele após o treinamento adequado.
  • Estar muito bem socializado, preferencialmente desde seus primeiros meses de vida quando passam pelo período crítico de socialização, durante o qual ocorre o reconhecimento de espécies amigas. No PeritoAnimal, explicamos como socializar corretamente um filhote.
  • Ser capaz de manter um comportamento estável e previsível em todos os tipos de ambientes e interações com outros indivíduos, sejam pessoas ou outros animais. Qualquer sinal de medo excessivo, insegurança e principalmente de agressividade desabilita um cão de desempenhar funções de assistência, inclusive a de guia.
  • Ter grande predisposição ao treinamento e capacidade de concentração. Para isso, é fundamental que o cão tenha uma baixa sensibilidade a estímulos visuais e sonoros, principalmente, e tenha aprendido a gerenciar suas próprias emoções de forma equilibrada.
  • Demostrar um altíssimo nível de obediência, atendendo e cumprindo prontamente as ordens de seu humano, pois disso depende sua integridade.

De fato, grande parte do treinamento de um cão-guia concentra-se em reforçar a obediência, que começa a ser trabalhada desde sua educações precoce, assim como grande parte do curso recebido pelos usuários cegos ou com deficiência visual concentra-se em manter a obediência que o cão tenha adquirido e utilizar corretamente as ordens cruciais para o exercício de suas funções como cão-guia.

Raças de cães-guia

Pertencer a uma raça específica de cães não é uma condição excludente no treinamento de cães-guia. Ou seja, não é obrigatório que um cão pertença a uma determinada raça para que possa ser treinado como cão de assistência, pois teoricamente qualquer cão, com ou sem pedigree, é capaz de cumprir os requisitos mencionados anteriormente. Contudo, é importante que o cão-guia tenha tamanho e estrutura física adequados para guiar uma pessoa adulta e se movimentar em todos os tipos de superfícies e ambientes sem limitações relacionadas à sua morfologia.

No entanto, na prática, a maioria dos centros especializados no treinamento de cães-guia escolhe trabalhar com certas raças de cães fáceis de adestrar e que naturalmente têm um temperamento mais amigável com todos os tipos de animais e pessoas de diferentes personalidades. É por isso que a imagem de um cão-guia está intimamente ligada ao labrador retriever, não apenas por seu caráter sociável e amigável, mas também por sua notável vontade de aprender e sua versatilidade.

Apesar disso, nas últimas décadas, outras raças de cães-guia mais populares em todo o mundo, são:

Também estão sendo treinados cada vez mais cães nascidos do cruzamento entre duas raças de cães-guia. Um bom exemplo é o labradoodle, uma mistura de labrador retriever e caniche ou poodle gigante, que se destaca por sua capacidade de aprendizado e por ter um pelo hipoalergênico, sendo ideal para pessoas cegas ou com deficiência visual que são alérgicas.

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Educação de cães-guia

Na grande maioria dos países, existem centros especializados no treinamento de cães-guia que, geralmente, são instituições privadas que doam cães treinados por suas equipes e também capacitam os usuários cegos ou com deficiência visual que os recebem. Apenas para mencionar alguns exemplos, temos a já mencionada FOCG na Espanha, a Escola de Cães Guias Helen Keller no Brasil, a ECGA (Escola de Cães-Guia Argentinos) na Argentina, a ACAC (Associação de Cães de Assistência na Colômbia) e a Escola de Cães-Guia para Cegos I.A.P. no México.

Os cursos de treinamento de cães-guia fornecidos por esses centros devem seguir os padrões internacionais estabelecidos pela International Guide Dog Federation (IGDF) que, de acordo com a Fundação ONCE, visam assegurar que todos os cães de assistência sejam capazes de:

  • Reconhecer e evitar obstáculos, tanto estáticos como em movimento, ao nível do solo ou em altura.
  • Indicar ao seu usuário a chegada em meio-fio, escadas ou desníveis no pavimento.
  • Procurar portas de acesso e assentos livres em transportes públicos.
  • Ter iniciativa para encontrar a melhor rota em situações difíceis.

E, embora possa parecer contraditório, um cão-guia também é treinado para desobedecer uma ordem do usuário, desde que a execução da ordem represente uma ameaça à sua integridade física. Por exemplo, um cão-guia bem treinado deve ser capaz de impedir que seu tutor atravesse uma rua quando há veículos circulando, mesmo que isso signifique desobedecer um comando dado pelo próprio tutor.

Outra diferença marcante em relação ao treinamento de outros cães de trabalho é que a educação dos cães-guia se concentra em minimizar a maioria dos comportamentos instintivos, como os de caça, pois é necessário que o cão se concentre completamente em guiar seu tutor sem se distrair com estímulos ao seu redor.

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Como e onde adotar um cão-guia?

A forma mais segura de adotar um cão-guia que foi devidamente treinado para acompanhar uma pessoa cega ou com deficiência visual é entrar em contato diretamente com as associações ou centros especializados no treinamento de cães-guia. Mencionamos algumas delas na seção anterior, mas você pode pesquisar “centro de treinamento de cães-guia” e “seu estado” (ou “escola de adestramento de cães-guia" + “seu estado”) no Google ou em um mecanismo de busca similar para obter informações mais precisas para a sua região.

Você também pode entrar em contato com a União Nacional de Usuários de Cães-Guia do Brasil (UNUCG).

Por último, mas não menos importante, queremos mencionar que os cães-guia se aposentam após vários anos de serviço e existe a opção de adotá-los para que desfrutem de uma lar amoroso na última fase de suas vidas.

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