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Cachorro com a pata inchada - Causas e o que fazer

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 30 maio 2022
Cachorro com a pata inchada - Causas e o que fazer
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Patas inchadas em cachorros são um motivo frequente de consulta em clínicas de animais pequenos. As causas que podem produzir esse sintoma são múltiplas e podem estar relacionadas com a alteração de diversos órgãos, aparelhos ou sistemas. Analisar a forma como o inchaço aparece e evolui ajudará a orientar o diagnóstico e a indicar o tratamento mais adequado.

Caso queira conhecer mais sobre as as causas e saber o que fazer no caso de um cachorro com a pata inchada, continue lendo este artigo do PeritoAnimal, em que te explicamos também os sintomas e como prevenir isso.

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Índice

  1. Causas das patas de cachorro inchadas
  2. Sintomas de um cachorro com a pata inchada
  3. Como prevenir a pata de cachorro inchada?
  4. O que fazer se meu cachorro estiver com as patas inchadas?

Causas das patas de cachorro inchadas

As causas que podem originar o inchaço nas extremidade dos cachorros são múltiplas e podem estar relacionadas com diferentes órgãos, aparelhos e sistemas. Nesta primeira seção, recolhemos as principais etiologias das patas de cachorro inchadas.

Edema

O edema consiste no acúmulo patológico de líquido a nível do espaço intersticial e das cavidades orgânicas (como o abdômen e o tórax). Quando o edema se produz a nível das extremidades, o chamamos de edema periférico. Geralmente, o inchaço começa na zona distal da extremidade (ou seja, a zona mais afastada do tronco do animal) e, à medida que vai avançando, se estende em direção ao proximal (a zona mais próxima do tronco do animal).

As causas que podem originar o edema são muito numerosas e podem afetar diversos órgãos. A seguir, recolhemos as mais importantes:

  • Insuficiência cardíaca congestiva direita: pode ser causada em casos de estenose pulmonar, comunicação interventricular, pericardiopatias, etc. Quando o lado direito do coração não funciona corretamente, acontece um acúmulo de sangue no sistema venoso, o que aumenta a pressão hidrostática e favorece a saída de líquido do interior dos vasos sanguíneos até o interstício, aparecendo assim o edema. Além disso, nessa situação, se ativa o eixo renina-angiotensina-aldosterona, o que favorece a retenção de água e sódio, e potencializa o aparecimento de edemas.
  • Insuficiência hepática: quando o fígado não funciona corretamente, não é capaz de sinterizar a quantidade suficiente de albumina, fazendo diminuir os níveis dessa proteína no sangue (hipoalbuminemia). Como consequência, isso causa uma diminuição da pressão oncótica, o que favorece a saída de líquido do interior dos vasos sanguíneos para o espaço intersticial, produzindo-se assim o edema. Se quiser saber mais sobre a Insuficiência hepática em cachorros: sintomas e tratamento, você pode ler esse artigo de PeritoAnimal que te recomendamos.
  • Síndrome nefrótica: quando a permeabilidade dos glomérulos renais é alterada, ocorre a saída de proteínas para o espaço intersticial. O que acontece de fato é a saída da albumina, já que é a menor proteína. Como consequência, acontece a hipoalbuminemia, uma diminuição da pressão oncótica e, por fim, um edema no espaço intersticial.
  • Desnutrição: em cachorros desnutridos ou com dietas carentes que não têm o nível adequado de proteínas, ocorre uma diminuição das proteínas plasmáticas (hipoproteinemia), o que se traduz em diminuição da pressão oncótica e no aparecimento de edema. Não deixe de dar uma olhada nos Cuidados e alimentação de um cachorro desnutrido aqui.
  • Doenças digestivas: tanto as patologias que provocam uma diminuição na absorção de proteínas a nível intestinal (como parasitoses intensas ou tumores malignos) quanto as que dão lugar a uma perda de proteínas através do canal digestivo (como a Doença Inflamatória Intestinal, ou DII) causam a diminuição das proteínas plasmáticas (hipoproteinemia), que dá lugar à diminuição da pressão oncótica e ao aparecimento de edemas.
  • Alteração das paredes vasculares: quando as células endoteliais que formam as paredes dos vasos sanguíneos são lesionadas, ocorre a saída de líquido do interior dos vasos sanguíneos para o interstício, aparecendo o edema. Essa alteração das paredes dos vasos sanguíneos pode ser causada por irritantes químicos, toxinas bacterianas, vírus, veneno de répteis (principalmente de cobras) e anoxia (falta de circulação sanguínea em uma área do corpo).

Linfedema

O linfedema se define como o acúmulo de fluidos no espaço intersticial devido ao mal funcionamento do sistema linfático. Pode ser causado por anomalias congênitas que afetam o sistema linfático, ou pode aparecer como consequência de outros processos patológicos, como neoplasias, inflamações, traumatismos e infecções.

O principal sinal clínico associado ao linfedema é o inchaço da área afetada. Assim como o edema, o inchaço começa na zona distal da extremidade e, à medida que avança, vai se estendendo em direção à proximal. Os cachorros, de fato, são afetados com mais frequência nas extremidades posteriores, assim vemos o cachorro com a pata inchada.

Artrite

A artrite consiste num processo inflamatório que afeta as articulações, mais especificamente a cartilagem articular e a membrana sinovial. A artrite pode ser causada por microrganismos patogênicos (como bactérias e micoplasmas) ou ter uma origem não infecciosa, como é o caso da artrite reumatoide e das artrites imunomediadas associadas a inflamações crônicas, leishmaniose e neoplasias.

Diferentemente dos casos de edema e linfedema, em que se observa um inchaço que vai se espalhando progressivamente pela extremidade, no caso da artrite a única coisa que se observa é um engrossamento ou inchaço a nível da articulação afetada. Além disso, nos casos de artrite costumam aparecer outros sinais clínicos, como coceira, diferença no andar, calor e dor ao toque.

Se quiser saber mais sobre a Artrite em cachorros: sinais clínicos e tratamento, não deixe de dar uma olhada nesse outro artigo que te recomendamos.

Reações alérgicas

As reações alérgicas produzidas pela picada de alguns insetos (como abelhas, vespas ou aranhas), assim como as alergias a determinados medicamentos (principalmente vacinas) podem produzir a inflamação e o inchaço da face e do corpo, inclusive das extremidades. Nesses casos, o inchaço costuma vir acompanhado de coceira, vermelhidão na pele e pápulas.

Doenças do desenvolvimento

Existem algumas doenças do desenvolvimento esquelético que podem resultar no engrossamento das extremidades. Uma das mais conhecidas é a osteopatia metafisária, também chamada de osteodistrofia hipertrófica.

Trata-se de uma patologia que afeta principalmente filhotes entre 3 e 7 meses de vida, de raças grandes, como o weimaraner e o dogue alemão. Costuma estar associada a uma alimentação inadequada dos filhotes (por hipernutrição, excesso de proteínas ou de cálcio), embora também pareça estar relacionada à vacinação tetravalente e a infecções pelo vírus da cinomose.

Normalmente os afetados são as metáfises de ossos longos, como o cúbito/rádio ou a tíbia. Além do inchaço a nível das metáfises dos ossos, pode-se observar dor, febre e anorexia.

Deixamos para você mais informações sobre a Anorexia em cachorros: causas, diagnóstico e tratamento neste post de PeritoAnimal.

Tumores ósseos

Quando se trata de cachorros, os tumores ósseos podem ser classificados em dois grandes grupos:

  • Tumores ósseos primários: são aqueles que têm sua origem no próprio osso. Os osteossarcomas são os mais frequentes, embora também seja possível observar fibrossarcomas, condromas e condrossarcomas, entre outros.
  • Tumores ósseos secundários ou metastásicos: são causados pela metástase a partir de tumores malignos presentes em outras áreas do organismo. Nos cachorros, os tumores que provocam a metástase dos ossos com maior frequência são os carcinomas de glândula mamária, fígado, pulmão e próstata.

Seja qual for o tipo concreto de tumor ósseo, será possível observar um inchaço em torno do osso afetado, e um grau variável de coceira.

Nesse ponto, devemos mencionar uma patologia que, apesar de não ter origem tumoral, se manifesta de uma forma muito parecida com a dos tumores. Trata-se da osteopatia hipertrófica, uma doença na qual ocorre uma proliferação da camada mais externa dos ossos (o periósteo). Geralmente, surge como resposta a uma patologia em outra parte do organismo (como tumores pulmonares, granulomas ou dirofilariose), embora sua patogenia não esteja totalmente conhecida. A parte boa é que, uma vez eliminada a causa primária, as lesões no osso desaparecem.

Processos inflamatórios

Os processos inflamatórios a nível dos tecidos brandos das extremidades podem dar lugar a um inchaço focal. Diferentemente de outros processos, em que ocorre um engrossamento mais amplo ou generalizado, nestes casos se observa um inchaço em forma de nódulo, bem delimitado.

Em função da cronicidade do processo inflamatório, podemos diferenciar:

  • Abscessos: em casos de inflamação aguda por infecção bacteriana.
  • Piogranulomas: em inflamações subagudas causadas por corpos estranhos.
  • Granulomas: em processos inflamatórios crônicos causados por fungos ou parasitas.

Da mesma forma, os traumatismos por quedas, pancadas, atropelamentos ou brigas entre cachorros também podem dar lugar à pata de cachorro inchada devido ao processo inflamatório que se produz como consequência do trauma. Além disso, quando esses traumatismos dão lugar a uma fratura, a inflamação dos tecidos brandos que rodeiam o osso fraturado é ainda mais visível.

Cachorro com a pata inchada - Causas e o que fazer - Causas das patas de cachorro inchadas

Sintomas de um cachorro com a pata inchada

Na primeira parte deste artigo, falamos de maneira geral sobre as diferentes causas que podem ocasionar o inchaço nas patas dos cachorros. Mesmo assim, em cada processo, o inchaço aparece e evolui de maneira diferente. Sendo assim:

  • No caso de edema ou linfedema: o comum é que mais de uma extremidade seja afetada. Nesses casos, o inchaço começa na zona distal das extremidades (parte mais distante do tronco), e vai avançando até a proximal (parte mais próxima do tronco). Além disso, é característico que, ao pressionar com firmeza o tecido afetado usando o dedo, ele fica afundado (algo conhecido como fóvea) por alguns segundos depois de ter tirado o dedo.
  • No caso de tumores ósseos, traumatismos e fraturas: observa-se apenas inchaço na extremidade afetada.
  • No caso da artrite: o inchaço fica circunscrito apenas à articulação afetada. Do mesmo modo, em doenças do desenvolvimento, como a osteopatia metafisária, o inchaço se observa apenas a nível das metáfises afetadas.
  • No caso de processos inflamatórios locais: como abscessos, granulomas ou piogranulomas, se observa um inchaço localizado, parecido com um nódulo.

Além disso, dependendo da causa que origine o inchaço, poderão ser observados sintomas muito diferentes e associados a órgãos e sistemas distintos. Será fundamental levar em consideração o conjunto de sinais clínicos que o sinal apresenta para orientar o diagnóstico e instaurar o tratamento mais adequado.

Como prevenir a pata de cachorro inchada?

Infelizmente, muitas das causas que podem originar o inchaço nas patas dos cachorros, como os tumores e as alergias a processos imunomediados, não podem ser prevenidas. Porém, existem outras patologias que se manifestam da mesma forma que essas causas e que podem ser evitadas se levarmos em consideração uma série de medidas preventivas:

  • Cumprir com o calendário de vacinação e desparasitação: com essa simples medida preventiva, poderão ser evitadas todas as causas infecciosas e parasitárias que possam ser associadas ao aparecimento de patas de cachorro inchadas. Consulte aqui o Calendário de vacinas para cachorros.
  • Oferecer uma dieta adequada: como explicamos, a desnutrição pode causar edema e, portanto, inchaço das extremidades. No outro extremo, a hipernutrição de cachorros pode originar doenças de desenvolvimento que também se manifestam com inchaço nas extremidades. Por isso, é fundamental para eles ter uma dieta equilibrada e de acordo com as necessidades de cada animal.
  • Visitas rotineiras ao veterinário: através das visitas rotineiras é possível detectar cedo algumas patologias que descrevemos neste artigo, antes mesmo que elas cheguem a produzir o inchaço das extremidades. Realizar um diagnóstico precoce dessas patologias permitirá instaurar um tratamento adequado e prevenir o aparecimento desse e de outros sinais clínicos.

O que fazer se meu cachorro estiver com as patas inchadas?

Como explicamos ao longo do artigo, são múltiplas as causas que podem originar o inchaço nas patas dos cachorros. Algumas delas são associadas a processos leves e transitórios, que se resolvem de forma espontânea ou com um tratamento sintomático.

Contudo, outros processos podem chegar a ser mais graves e comprometer a vida do animal. Por isso, sempre que identificar que o seu cachorro está com as patas inchadas, é importante que vá ao veterinário. Com um protocolo diagnóstico correto, será possível determinar a causa dessa alteração e instaurar um tratamento para as patas inchadas de acordo com a causa.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Nelson, R.W., Couto, C.G. (2010). Medicina interna de pequeños animales. Barcelona Elsevier/Mosby.
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