Animais em perigo de extinção

Quantos gorilas existem no mundo?

 
Nick A. Romero H.
Por Nick A. Romero H., Biólogo e educador ambiental. 17 janeiro 2025
Quantos gorilas existem no mundo?
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No mundo, existem duas espécies de gorilas: o gorila-do-ocidente (Gorilla gorilla) e o gorila-do-oriente (Gorilla beringei), ambos considerados os maiores primatas vivos. Essas majestosas criaturas destacam-se por seu tamanho imponente, pelagem escura e comportamento social complexo. Os gorilas habitam principalmente as florestas tropicais da África Central, adaptando-se a diversos ecossistemas, desde densas florestas de terras baixas até montanhas cobertas por neblina.

Apesar de sua força e adaptabilidade, as populações de gorilas enfrentam ameaças significativas, podendo desaparecer para sempre devido às ações humanas. Neste artigo do PeritoAnimal, falaremos sobre quantos gorilas existem no mundo e os esforços para sua conservação.

Índice
  1. Quantos gorilas existem no mundo?
  2. Os gorilas estão em perigo de extinção?
  3. Por que os gorilas estão em perigo de extinção?
  4. O que fazer para evitar a extinção dos gorilas?

Quantos gorilas existem no mundo?

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) é uma organização global dedicada à preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, reunindo governos, organizações não governamentais, cientistas e comunidades locais para trabalhar conjuntamente em projetos de conservação e sustentabilidade ambiental.

Suas contribuições no estudo da biodiversidade são extremamente importantes, pois fornecem dados reais sobre o estado de cada espécie. Os últimos relatórios publicados pela UICN sobre os gorilas foram em 2018 para o gorila-do-ocidente e em 2019 para o gorila-do-oriente.

A seguir, analisamos os dados populacionais para entender quantos gorilas ainda existem no mundo:

Quantos gorilas-do-ocidente existem no mundo?

Para estimar o tamanho populacional dos gorilas, utilizam-se métodos baseados em um índice padrão de abundância, que incluem a contagem de ninhos noturnos e sua distribuição, podendo ser combinados com alguns modelos preditivos.

O gorila-ocidental possui duas subespécies: o gorila-ocidental-das-terras-baixas (Gorilla gorilla gorilla) e o gorila-do-rio-Cross (Gorilla gorilla diehli).

Os estados populacionais dessas subespécies são os seguintes:

  • Gorila-ocidental-das-terras-baixas: essa subespécie é encontrada em quase todas as áreas protegidas, além de áreas madeireiras concedidas, onde, se bem administradas, os gorilas podem prosperar. As primeiras estimativas para essa subespécie, realizadas entre 2005 e 2013, indicavam cerca de 361.919 indivíduos. No entanto, os estudos evidenciaram uma redução populacional de 2,7% ao ano. Para o final de 2018, estimava-se uma população de 316.000 gorilas. Com a continuidade das ameaças, hoje não restariam mais de 150.000 indivíduos dessa subespécie, como também relatado pela organização The Gorilla Organization;
  • Gorila-do-rio-Cross: esta subespécie ocupa cerca de 12.000 km² de áreas florestais. Foram identificadas ao menos 11 localidades distintas onde esses gorilas vivem, mas que já não possuem conexão reprodutiva. Estimativas realizadas entre 1990 e 2005 sugeriram a existência de 250 a 300 indivíduos dessa subespécie, número consideravelmente baixo. Atualmente, o total permanece o mesmo, não ultrapassando 300 indivíduos, o que faz do gorila-do-rio-Cross o símio mais raro do mundo.

Quantos gorilas-do-oriente existem no mundo?

Essa espécie também possui duas subespécies: o gorila-de-Grauer (Gorilla beringei graueri) e o gorila-das-montanhas (Gorilla beringei beringei). Os dados sobre elas são os seguintes:

  • Gorila-de-Grauer: em meados da década de 1990, estimava-se uma população de 16.900 indivíduos dessa subespécie. No entanto, essa cifra caiu drasticamente, e em 2015 os dados apontavam apenas 3.800 gorilas-de-Grauer restantes, indicando uma perda de 77% da população. As estimativas mais recentes continuam preocupantes, com não mais de 6.000 indivíduos;
  • Gorila-das-montanhas: entre 1971 e 1973, estimativas indicavam apenas 274 indivíduos dessa subespécie. Nos anos 1980, a população caiu ainda mais, chegando a 254 gorilas. Entretanto, os esforços de conservação trouxeram resultados positivos, e, em 2018, estimou-se a existência de cerca de 1.000 gorilas-das-montanhas, divididos em duas populações. Dados mais recentes indicam que o total permanece inferior a 1.200 indivíduos.

Como se pode observar, o número total de gorilas no mundo gira em torno de 157.000 exemplares.

Quantos gorilas existem no mundo? - Quantos gorilas existem no mundo?

Os gorilas estão em perigo de extinção?

Sim, tanto o gorila-do-ocidente quanto o gorila-do-oriente estão classificados pela UICN como Criticamente em Perigo de extinção. No caso dos gorilas-do-oriente, que habitam as florestas montanhosas do Congo, Ruanda e Uganda, essas regiões foram altamente impactadas por guerras africanas, o que afetou terrivelmente as populações desses primatas. A UICN relata que as taxas de extinção desses gorilas são quase três vezes maiores do que o limite estabelecido para classificar uma espécie como Criticamente Ameaçada.

Entre as duas subespécies, a mais impactada é o gorila-de-Grauer, que continua a apresentar declínios significativos, ao contrário dos gorilas-das-montanhas, que apresentam uma recuperação lenta, mas estável. Estima-se que, se a situação dos gorilas-orientais não for controlada, até 2054 restarão apenas 14% de toda a população, motivo pelo qual a espécie é classificada como Criticamente em Perigo.

Os gorilas-do-ocidente possuem uma distribuição ampla, entretanto, há diferenças populacionais entre as subespécies, como vimos anteriormente. O gorila-ocidental-das-terras-baixas está, do ponto de vista populacional, em melhor situação do que o gorila-do-rio-Cross. O critério usado para a classificação da espécie é a redução de mais de 80% da população em apenas três gerações, o que equivale a cerca de 66 anos.

Você pode se interessar em saber quais são os "Macacos com maior risco de extinção".

Por que os gorilas estão em perigo de extinção?

Agora que você já sabe quantos gorilas existem no mundo, vejamos as razões pelas quais eles estão em perigo de extinção:

Caça furtiva

A caça furtiva é a principal razão pela qual os gorilas estão ameaçados de extinção. Apesar de ser ilegal capturar esses animais, a matança brutal continua, mesmo em áreas protegidas.

As causas de morte de gorilas incluem:

  • Consumo de sua carne;
  • Ferimentos acidentais causados por armadilhas destinadas a outros animais.

Anteriormente, as áreas de distribuição dos gorilas eram inacessíveis. No entanto, nas últimas décadas, as florestas foram concedidas para exploração madeireira, tornando-as acessíveis, assim como os próprios gorilas. Além disso, o desenvolvimento da mineração e a aplicação deficiente das leis contribuem para o problema.

Doenças

O segundo fator que ameaça os gorilas, especialmente os ocidentais, é a propagação do vírus Ebola, que matou três quartos dos gorilas em áreas não intervencionadas. Esta doença tem rápida transmissão e causa danos letais nesses animais. Eles também são vulneráveis a outros vírus transmitidos por humanos, como vírus respiratórios e o vírus do herpes simples.

Perda e degradação do habitat

Atividades agrícolas e pecuárias causam a perda de grandes extensões de florestas, reduzindo o habitat dos gorilas. Embora a extração de madeira em algumas áreas tenha diminuído, a exploração de recursos continua causando impactos significativos. A produção de madeira, carvão e agricultura ameaça diretamente o habitat dos gorilas. Além disso, como a Ásia atinge seus limites para o cultivo de óleo de palma, a África se torna a nova fronteira para essa atividade.

Mudanças climáticas

As estimativas indicam que o aquecimento global alterará as condições das florestas, fundamentais para a sobrevivência dos gorilas. Mudanças nas temperaturas e nos padrões de chuva podem reduzir significativamente a disponibilidade de alimentos para esses primatas.

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O que fazer para evitar a extinção dos gorilas?

Há anos vêm sendo realizadas ações para a conservação dos gorilas, e, embora seja possível afirmar que tiveram efeitos benéficos, elas ainda não foram suficientes para conter o declínio populacional desses primatas.

Estas são as ações que devem ser mantidas ou aprofundadas para evitar a extinção dos gorilas:

  • Manter a proteção dos gorilas sob o Apêndice I da CITES e a Classe A da Convenção Africana;
  • Abordar os problemas de pobreza e insegurança econômica na região;
  • Promover vontade política e capacidade para implementar e fazer cumprir as leis;
  • Trabalhar com as autoridades governamentais para apoiar áreas protegidas e reforçar programas de conservação;
  • Resolver os conflitos armados;
  • Declarar novas reservas protegidas;
  • Aumentar o monitoramento ativo e restringir ações ilegais nas áreas dos gorilas;
  • Realizar avaliações de impacto ambiental sobre projetos de infraestrutura, agricultura e indústria que ameaçam áreas críticas para os gorilas;
  • Aplicar efetivamente as leis em áreas protegidas e concessões madeireiras;
  • Planejar de forma coordenada o uso da terra para evitar a destruição do habitat;
  • Sensibilizar setores como forças de segurança, indústrias e comunidades locais;
  • Pesquisar vacinas contra o vírus Ebola e mitigar seu impacto sobre os grandes símios;
  • Desenvolver diagnósticos não invasivos para monitorar a saúde dos gorilas;
  • Medir a eficácia das ações de conservação e monitorar a população e saúde dos gorilas;
  • Manter e restaurar a conectividade do habitat dos gorilas;
  • Continuar os esforços internacionais de conservação para garantir a sobrevivência dos gorilas.

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Bibliografia

Maisels, F., Bergl, RA y Williamson, EA (2018). Gorilla (versión modificada de la evaluación de 2016). Lista Roja de Especies Amenazadas de la UICN 2018. Disponible en: https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T9404A136250858.en

The Gorilla Organization (2024). Disponible en: https://gorillas.org/

Plumptre, A., Robbins, MM y Williamson, EA (2019). Gorila beringei . Lista Roja de Especies Amenazadas de la UICN 2019. Disponible en: https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-1.RLTS.T39994A115576640.en

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