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Leucopenia em cães - Causas e tratamento

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. Atualizado: 24 outubro 2022
Leucopenia em cães - Causas e tratamento
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O que provoca a leucopenia em cães? Para entender melhor esta condição, é importante explicar que o sangue é composto por uma parte líquida e outra celular. Essa parte líquida é chamada de plasma e contém o fibrinogênio e o soro. A parte celular é composta pelos eritrócitos (hemácias), leucócitos e plaquetas.

A principal função do sangue é o transporte, tanto de substâncias essenciais para a vida das células do corpo, tais como oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes e hormônios, quanto de produtos oriundos do metabolismo, indesejáveis ao organismo, os quais são levados aos órgãos de excreção[1].

O hemograma é o exame de sangue mais solicitado na rotina laboratorial devido a sua grande utilidade na prática clínica. Este exame está dividido em três partes: eritrograma (avalia os eritrócitos ou hemácias), leucograma (analisa os leucócitos, células de defesa do corpo) e a plaquetometria (avaliação da forma e da quantidade das plaquetas, células responsáveis pela coagulação do sangue). Neste artigo, detalharemos uma alteração muito comum no leucograma: a leucopenia. É grave? Tem tratamento? Se você tem essas e outras dúvidas, então continue lendo este artigo do PeritoAnimal!

Índice

  1. O que é a leucopenia em cães? É grave?
  2. O que pode causar a leucopenia canina?
  3. Sintomas da leucopenia em cães
  4. Como tratar a leucopenia em cães?

O que é a leucopenia em cães? É grave?

Como o sangue é responsável pela homeostasia (equilíbrio) do organismo, o hemograma oferecerá informações que poderão ser utilizadas como ferramentas para auxiliar o médico veterinário a chegar no diagnóstico, em conjunto com os sinais clínicos e outros exames.

Os leucócitos são produzidos na medula óssea a partir de uma célula pluripotencial, também chamada de célula-tronco. O leucograma é a parte do hemograma que avalia os leucócitos, possibilitando a avaliação de processos infecciosos causados por vírus, bactérias, infecções parasitárias, processos alérgicos, dentre outras patologias. Vários tipos de leucócitos são analisados no leucograma: neutrófilos (responsáveis pela proteção contra infecções bacterianas), eosinófilos (defesa contra parasitas e pelo fenômeno da alergia), basófilos (combatem processos alérgicos e parasitários), linfócitos (produção de anticorpos) e monócitos (fagocitose de microrganismos e destruição de células mortas).

A leucopenia em cães ocorre quando a quantidade de leucócitos do peludo está abaixo do indicado, podendo favorecer o desenvolvimento de infecções graves. Doenças bacterianas e virais severas podem causar leucopenia associada com neutropenia (diminuição de neutrófilos) e linfopenia (diminuição de linfócitos), ou ambas, e também podem reduzir o número de outros leucócitos.

O que pode causar a leucopenia canina?

As leucopenias ocorrem principalmente por neutropenias (diminuição do número normal de neutrófilos, um dos tipos de leucócito), que podem ocorrer de quatro formas:

1. Sobrevivência reduzida de neutrófilos maduros

Acontece quando a demanda de neutrófilos nos tecidos do corpo é aguda e maciça, esgotando rapidamente a reserva sanguínea dessas células. Se a necessidade for grande e durar por muito tempo, o estoque de netrófilos pode se esgotar e a produção na medula óssea ficar insuficiente.

2. Produção reduzida na medula óssea

É associada à falência primária da medula óssea. Outras linhas de células podem também ser afetadas. Algumas causas conhecidas são: infecções (parvovirose canina e Ehrlichia sp.) e drogas (trimetoprim, fenilbutazona, estrógeno, agentes quimioterápicos).

3. Produção ineficaz

Pode ocorrer uma diminuição imuno-mediada dos neutrófilos, onde as células produzidas serão destruídas logo em seguida, não exercendo sua função de proteção do corpo.

4. Neutropenia por sequestro

Ocorre com o choque anafilático e a endotoxemia, causando uma agregação e sequestro de neutrófilos e plaquetas nos capilares pulmonares.

Principais causas deas neutropenias em cães

  • Doenças virais
  • Severa infecção bacteriana
  • Anafilaxia
  • Drogas e substâncias químicas tóxicas
  • Neoplasias de medula óssea
  • Toxemias endógenas
  • Uremia
  • Toxoplasmose
  • Erlichiose
  • Leishmaniose

Sintomas da leucopenia em cães

Os sintomas apresentados pelo cão dependerão da causa de base. A leucopenia em si não é uma doença, mas um resultado do corpo lutando contra alguma agressão externa ou uma baixa na produção celular pela medula óssea.

Leucopenia em cães - Causas e tratamento - Sintomas da leucopenia em cães

Como tratar a leucopenia em cães?

O tratamento deverá ser direcionado para a doença causadora da leucopenia. Para tanto, o cachorro deverá ser examinado por um médico veterinário, que solicitará exames complementares para diagnosticar a patologia. Dessa forma, ele poderá prescrever o tratamento mais adequado para o seu amigo peludo.

Em alguns casos, podemos utilizar imunomoduladores, que são substâncias que atuam no sistema imunológico, conferindo aumento da resposta orgânica contra determinados microrganismos, incluindo vírus, bactérias e protozoários. A origem dos imunomoduladores é muito variada, podendo incluir substâncias farmacológicas, produtos microbianos e plantas medicinais. Na medicina veterinária, alguns imunomoduladores utilizados são interferons, interleucinas, Bacilo de Calmett-Guérin (BCG) e seus derivados, Propionibacteriumacnes (Corynebacterium parvum), vacina bacteriana mista, PIND-ORF, Phosprenyl, Quillaja saponis, Bordetella pertussis, avridina e levamizol.

Além dos imunomoduladores, a alimentação é um fator muito importante na manutenção e no aumento da imunidade do cachorro, devendo conter nutrientes de alta qualidade. A nutrição de cães e gatos tem se norteado, igualmente à nutrição humana, à incorporação de substâncias funcionais aos alimentos. Muitas pesquisas têm sido desenvolvidas para avaliar os efeitos das fibras, além dos prebióticos, os probióticos, os antioxidantes naturais, a L-carnitina, a glucosamina e a condroitina, os ácidos graxos poliinsaturados e os minerais quelatados. O manejo nutricional relacionado a várias patologias direcionou a utilização desses nutrientes como nutracêuticos[2].

Outra ferramenta são os ingredientes funcionais, que podem ser definidos como um grupo de compostos que apresentam benefícios à saúde, tais como as alicinas, presentes no alho, os carotenóides e flavonóides, encontrados em frutas e vegetais, os glucosinolatos, encontrados nos vegetais crucíferos os ácidos graxos poli-insaturados, presentes em óleos vegetais e óleo de peixe. Esses ingredientes podem ser consumidos juntamente com os alimentos dos quais são provenientes, sendo alimentos considerados funcionais, ou individualmente, como nutracêuticos

Na alimentação dos cães, os suplementos nutracêuticos são recomendados com o objetivo de favorecer a saúde do sistema digestório, da resposta imunológica, das condições de pele e pelagem, da composição corporal e da prevenção de danos decorrentes do envelhecimento, além de auxiliar nas funções orgânicas dos animais doentes. Cães mal alimentados e sem vacinação ficam mais vulneráveis às doenças.

Agora que você já conhece as causas e tratamento para a leucopenia em cães, também recomendamos a leitura deste outro artigo sobre como interpretar o exame de sangue de um cachorro.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Lopes, S.T.A, Biondo, A.W., Santos, A.P. Manual de Patologia Clínica Veterinária, 2007. Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/sanidade/livros/MANUAL%20DE%20PATOLOGIA%20CLINICA%20VETERINARIA.pdf. Acesso em 19/10/2022.
  2. Borges, L.M.O.N. Uso de nutracêuticos em dietas de cães e gatos. Universidade Federal de Goiás, 2013. Disponível em https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/66/o/12_2013-1_TCC_-_Uso_de_nutraceuticos_em_dietas_de_caes_e_gatos.pdf. Acesso em 19/10/2022.
Bibliografia
  • Appolinário, C.M., Megid, J. Uso de imunomoduladores nas enfermidades infecciosas dos animais domésticos. Seminário Ciências Agrárias, Londrina, v.28, n. 3, p.437-448, 2007. Disponível em https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-481183. Acesso em 19/10/2022.
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