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Criptorquidismo em cães - Causas e tratamento

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 13 julho 2023
Criptorquidismo em cães - Causas e tratamento
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Algumas pessoas adotam cães de raças puras pensando na reprodução desses animais e posterior venda de suas proles. Outras apenas querem que os pets tenham uma ninhada para ficar com um filhotinho, praticamente um netinho para o tutor. Independentemente do motivo, nem sempre isso é possível, pois alguns animais podem apresentar problemas no sistema reprodutivo, o que acarretará infertilidade do animal.

Dentre os problemas reprodutivos, o criptorquidismo é uma alteração bastante comum em raças pequenas de cães. Mas o que é o criptorquidismo? É a não descida ou ausência de um ou mais testículos na bolsa testicular (escroto). Pode ser que o animal não tenha um ou os dois testículos, mas também pode acontecer de eles não terem descido até o escroto, ficando na cavidade abdominal ou inguinal.

Essa condição pode interferir na capacidade reprodutiva do cão e ser a causa de neoplasias testiculares. O diagnóstico deverá ser realizado por um profissional, sendo indicado o tratamento mais adequado para cada situação. Se você é tutor de um cão e pensa em colocá-lo para a reprodução, não deixe de ler este artigo do PeritoAnimal, onde explicamos detalhadamente as características do criptorquidismo em cães, suas causas e tratamento.

Índice
  1. O que é o criptorquidismo em cães?
  2. Causas de criptorquidismo em cães
  3. Como identificar o criptorquidismo em cães?
  4. Quais os fatores de risco para o criptorquidismo em cães?
  5. Tratamento para o criptorquidismo em cães

O que é o criptorquidismo em cães?

O criptorquidismo é uma alteração muito encontrada em cães de raças puras e pequenas, que pode resultar em vários problemas, como infertilidade e neoplasias. A condição acontece quando não ocorre a descida dos testículos do animal até o escroto, ficando na cavidade abdominal, na região inguinal ou pré-escrotal. Pode acontecer de apenas um testículo ficar retido ou de o cachorro não ter nascido com um ou ambos os órgãos.

O desenvolvimento dos testículos acontece, primeiramente, na cavidade abdominal e se desloca para a bolsa escrotal. Esse deslocamento se dá em três fases: iniciando pela migração intra-abdominal, seguida da intra-inguinal e, por último, o testículo migra para o escroto. Esse processo tem início por volta dos 5 (cinco) dias após o nascimento do animal, sendo concluído em 6 meses de idade com o fechamento do anel inguinal[1]. Qualquer anormalidade que aconteça nessas etapas pode resultar no criptorquidismo nos cães.

Causas de criptorquidismo em cães

A ocorrência do criptorquidismo em cães é mais comum em animais de raça pura, com predisposição em algumas raças específicas. Geralmente acomete cães de pequeno porte, principalmente de um lado só, sendo o testículo direito o mais afetado, localizado na cavidade abdominal. No entanto, a causa exata do criptorquidismo ainda não está totalmente esclarecida.

O criptorquidismo pode estar associado a outras patologias, como displasia coxofemoral, torção testicular, luxação de patela, defeito de prepúcio e pênis, hérnia inguinal, distúrbios metabólicos e anomalias neurológicas. Certas anomalias que levam à deficiência ou ausência total da produção de testosterona podem acarretar falha na descida testicular. Essas alterações podem ser no cromossomo sexual, indivíduos com insensibilidade a andrógenos e portadores da síndrome de persistência do ducto de Müller.

Alguns estudos indicam que fatores na fase embrionária e fetal podem causar a condição, como o desenvolvimento do gubernáculo e o aumento da pressão dentro do abdômen do feto que auxilia na passagem do testículo pelo canal inguinal até o escroto, enquanto o animal ainda se encontra na fase fetal.

Como identificar o criptorquidismo em cães?

Nos cães, a formação do tubérculo urogenital no feto se dá ao redor de 24 dias de idade gestacional, a formação dos testículos com 29 dias e o início da fase de migração transabdominal aos 42 dias. A fase de migração inguino-escrotal se inicia ao redor de 4 a 5 dias após o nascimento. O processo de descida testicular deve completar-se até os seis meses de idade, quando, na maioria dos cães, o anel inguinal se fecha. Porém, os testículos podem ser palpáveis no interior do escroto em períodos que variam de 10 a 42 dias de idade.

Diante disso, o primeiro sintoma de criptorquidismo em cães e, portanto, a primeira alteração que o tutor pode notar é a ausência de um ou ambos os testículos no escroto do cachorro. Mas tenha calma! Pode ser que o testículo ainda não tenha descido para a bolsa escrotal, sendo ideal aguardar até os seis meses de idade. Caso isso não aconteça, deverão ser realizados exames hormonais e de imagem, como a ultrassonografia, para que seja verificada a presença do testículo na cavidade abdominal ou inguinal.

Quais os fatores de risco para o criptorquidismo em cães?

Os testículos precisam estar na temperatura certa para que haja a produção de espermatozoides, por isso encontram-se fora da cavidade abdominal. Caso fiquem internos, a alta temperatura corporal prejudicará essa produção. Além disso, cães com testículos ectópicos (em lugares diferentes da bolsa testicular) possuem maior probabilidade de desenvolvimento neoplásico, sendo que as três neoplasias mais comuns são: sertolioma, seminoma e tumor das células intersticiais.

As neoplasias que afetam os testículos dos cachorros que se encontram no escroto normalmente são benignas, enquanto as que envolvem testículos criptorquídicos geralmente são malignas. As neoplasias malignas podem produzir metástase em linfonodos e órgãos como fígado, pulmão, rins, baço, adrenais, pâncreas, pele, olhos e sistema nervoso central. Embora tumores testiculares tenham uma maior incidência em cães mais velhos, com idade média entre 9 e 11 anos, cães jovens criptorquidas podem desenvolver neoplasias de forma precoce.

Tratamento para o criptorquidismo em cães

Por ser um problema hereditário, não se considera ético realizar o tratamento medicamentoso ou cirúrgico para colocar o testículo no escroto, pois a condição será transmitida para os descendentes do animal com criptorquidismo.

O tratamento deverá ser a orquiectomia, ou seja, a retirada cirúrgica dos testículos (que estão no escroto e na cavidade abdominal ou inguinal), para que o animal não se reproduza. Esse procedimento também evitará que neoplasias se desenvolvam no testículo que não realizou sua descida.

A cirurgia realizada para a retirada do testículo é a mesma da castração. A diferença acontece quando o testículo está na cavidade abdominal, sendo necessária uma cirurgia mais delicada, com acesso pelo abdômen.

Agora que você já sabe as causas e como diagnosticar o criptorquidismo nos cachorros, não perca o vídeo a seguir no qual explicamos por que os cachorros ficam grudados após cruzar:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. 1. Reis, E.L.A. et al. Criptorquidismo em cães: Relato de caso. Brazilian Journal of Development, 2021. Disponível em file:///C:/Users/alvar/Downloads/admin,+Art.114.BJD.pdf. Acesso em 14/07/2023.
Bibliografia
  • Santos, S.E.C., Vannucchi, C.I. Criptorquidismo em cães. SOS Animal, Informativos. Disponível em https://www.sosanimal.com.br/informativo/exibir/?id=91. Acesso em 14/07/2023.
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