Doença da pulga em gatos - Sintomas e tratamento
Ver fichas de Gatos
O gato é um animal que necessita de várias horas de sono por dia, sendo chamado de preguiçoso devido a esse comportamento. No entanto, nem sempre o gato dorminhoco está apenas com sono, e esse cansaço todo pode ser consequência de uma anemia. Gatos com pulgas podem desenvolver um tipo de anemia infecciosa chamada de micoplasmose felina ou doença da pulga.
É por isso que neste artigo vamos te contar tudo que você precisa saber sobre a doença da pulga em gatos, detalhando seus sintomas, tratamento, prevenção e mais.
O que é a doença da pulga?
A micoplasmose felina, também conhecida como anemia infecciosa felina ou doença da pulga, é caracterizada por uma anemia, que pode variar de suave a severa. Cerca da metade dos gatos diagnosticados estão clinicamente doentes, enquanto os outros casos são detectados em gatos assintomáticos (normais) durante exames de rotina. A variabilidade dos sintomas depende da patogenia do agente, da variação na susceptibilidade do hospedeiro e da quantidade de agente infeccioso inoculada pelo vetor no gato.
A doença é causada por uma bactéria muito pequena, chamada Mycoplasma sp., parasita das células vermelhas (eritrócitos) do sangue do gato. Como não consegue produzir energia, a bactéria fica parcialmente inserida nos eritrócitos, aderindo-se à membrana das células. Isso faz com que as células vermelhas vivam menos, causando a anemia.
Para chegar até a corrente sanguínea do bichano, a bactéria precisa de um vetor, e é nessa hora que a pulga entra em ação! O inseto infectado transmite a bactéria para o gato quando suga seu sangue, havendo uma predisposição em gatos machos, talvez pelo seu comportamento mais errante. O risco é maior na primavera e verão, quando ocorre uma maior proliferação de pulgas. Os gatos mais jovens são mais acometidos do que gatos idosos, e os positivos para FelV (leucemia felina) aparentam ter maior risco de desenvolver os sinais clínicos, por serem gatos imunossuprimidos.
Outra forma de transmissão, mais rara, é o contato do animal sadio com o sangue de um animal infectado. Isso pode acontecer durante brigas, por meio de mordidas e arranhões, pois a bactéria também pode ser encontrada na saliva.
A transmissão via transfusão sanguínea foi relatada quando usado sangue fresco, coletado de um felino infectado por hemoplasmas, o que resultou em um quadro agudo da doença no gato receptor. O risco de transmissão utilizando bolsas de sangue armazenadas depende da viabilidade do micoplasma na amostra. A transmissão vertical de Mycoplasma sp. de uma fêmea gestante com a doença clínica para sua prole foi descrita mesmo na ausência de artrópodes vetores. Devido à falta de estudos científicos, ainda não se sabe se a infecção ocorre dentro do útero, no parto ou durante a lactação.
Sintomas da doença da pulga em gatos
Em sua forma aguda, a doença pode estar associada à intensa parasitemia das células vermelhas do sangue, resultando em anemia grave ou até mesmo fatal. Os sinais clínicos mais comuns são: febre, letargia, mucosas hipocoradas (gengivas e conjuntivas oculares pálidas), anorexia, emagrecimento progressivo, desidratação e anemia. Nesta fase, ao ser examinado por um veterinário, o gato pode apresentar aumento do baço, o que possivelmente reflete a produção de eritrócitos extramedular. Icterícia (o animal fica amarelado) também pode ser observada, devido à morte aguda e severa de eritrócitos. Podem também ser encontrados sinais clínicos como taquicardia (aumento do ritmo cardíaco), taquipneia (respiração acelerada) e ocasionalmente ruídos cardíacos (sopros), síncope (desmaios) e sinais neurológicos.
Os gatos que se recuperam da forma aguda da doença da pulga podem se tornar portadores, sem sintomas, servindo como reservatório da bactéria, permanecendo nesse estado por meses a anos após o término do tratamento. Caso esses animais passem por alguma situação de estresse que diminua sua imunidade, poderão apresentar sintomatologia novamente.
A micoplasmose felina passa para humanos?
Os micoplasmas são bactérias oportunistas, pois se aproveitam de uma fragilidade do sistema imunológico para se desenvolver. É muito raro um micoplasma de outras espécies provocar infecções em humanos, mas não é impossível. Existe relato de infecção pelo Mycoplasma felis, bactéria de origem felina, causando artrite em uma pessoa que convivia com vários gatos.
Tratamento para a doença da pulga em gatos
Existe tratamento para a doença da pulga? Sim! Alguns antibióticos do grupo das tetraciclinas e fluorquinolonas são eficazes na redução do número de micro-organismos no sangue, mostrando melhora nos sintomas e nas alterações sanguíneas. Se corretamente diagnosticada, o tratamento da infecção pode ser bem-sucedido.
A doxiciclina é um antibiótico do grupo das tetraciclinas, sendo a mais recomendada no tratamento da micoplasmose. Deve ser utilizada por um longo período, de 3 a 8 semanas, dependendo do caso. O uso prolongado desse medicamento pode provocar problemas no esôfago do gato, sendo recomendado sempre oferecer algum alimento ou água (pode ser administrada com uma seringa) após a ingestão do remédio.
A enrofloxacina, da classe das quinolonas, é outro antibiótico que apresenta resultados bem animadores na terapia contra os micoplasmas. Esse fármaco apresenta a vantagem de poder ser administrado apenas uma vez ao dia e por um período menor que o da doxiciclina (cerca de 14 dias), mas deve ser utilizado com cautela, pois pode causar cegueira aguda em felinos.
Os gatos doentes devem receber hidratação intravenosa e a alimentação deve ser estimulada, com alimentos palatáveis, quentes e oferecidos na boca. Pacientes com anemia grave devem receber transfusão sanguínea e, sempre que possível, realizar antes o teste de compatibilidade entre doador e receptor.
Remédios caseiros para a doença da pulga em gatos
Infelizmente, não existem remédios caseiros contra a doença da pulga em gatos. Trata-se de uma doença grave, que deve ser diagnosticada o mais breve possível para que o tratamento adequado seja instituído.
A prevenção ainda é o melhor método de proteção para os bichanos, evitando que tenham acesso à rua para que não briguem por acasalamento e disputa territorial. O controle de ectoparasitas é de extrema importância, assim como a vacinação contra o vírus da leucemia felina, já que animais portadores de viroses, como FIV e FelV (aids e leucemia felina) desenvolvem um quadro clínico mais severo.
Agora que você já sabe os sintomas e tratamentos para a doença da pulga em gatos ou micoplasmose felina, não perca o vídeo a seguir em que listamos as 10 doenças mais comuns em gatos:
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
Se deseja ler mais artigos parecidos a Doença da pulga em gatos - Sintomas e tratamento, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças parasitárias.
- Coelho, P.C.M.S. et al. Micoplasmose em felinos domésticos: Revisão de literatura. Rev. Cient. Eletrônica de Med. Vet., n. 16, 2011. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/xVSGYVN1yT1a0Ll_2013-6-26-11-2-7.pdf>. Acesso em 08/08/2022.
- Rochar, V.A.S. Micoplasmose hemotrópica felina. Trabalho de conclusão de Graduação em Medicina Veterinária, Unesp, Botucatu, 2022. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/216236/rocha_vas_tcc_bot.pdf?sequence=4&isAllowed=y>. Acesso em 08/08/2022.
- Silveira, R.C.B. Micoplasmas estão associados a doenças humanas. Ciência e Tecnologia, n. 4, ano 33, 2000. Disponível em: <http://www.usp.br/aun/antigo/exibir?id=43>. Acesso em 08/08/2022.