Doenças parasitárias

Micoplasmose felina - causas, sintomas e tratamento

Carolina Costa
Por Carolina Costa, Médica Veterinária. 6 agosto 2018
Micoplasmose felina - causas, sintomas e tratamento
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A micoplasmose felina, também designada por anemia infeciosa felina ou doença da pulga do gato, é uma doença causada pela bactéria parasitária Mycoplasma haemofelis que pode, muitas vezes, passar despercebida ou, em casos graves, manifestar-se através de uma anemia grave que, se não detetada a tempo pode levar à morte do animal.

Neste artigo do PeritoAnimal vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre a micoplasmose felina - causas, sintomas e tratamento.

Índice

  1. Micoplasma em gatos
  2. Causas da micoplasmose felina
  3. Micoplasmose felina - como se transmite?
  4. Sintomas de micoplasmose felina
  5. Diagnóstico da micoplasmose felina
  6. Micoplasmose felina - tratamento
  7. Micoplasmose felina tem cura?
  8. Prevenção da micoplasmose felina

Micoplasma em gatos

O micoplasma felino, também conhecido como a doença da pulga em gatos pode ser transmitido através da picada de ectoparasitas (parasitas encontrados no pelo e pele do seu animal) infetados, como é o caso de pulgas e carraças. Por esse motivo, o controlo regular de pulgas e carraças é essencial para proteger o seu gato.

Porém, pode ocorrer também transmissão por via iatrogênica (resultado de um ato médico), através da transfusão de sangue contaminado.

Se o seu gato tem pulgas, se coça muito, está mais parado ou sem vontade de comer, informe-se junto ao seu veterinário qual o produto mais indicado para o seu gato e faça o teste para este parasita.

Causas da micoplasmose felina

Uma vez inseridas na corrente sanguínea pelas pulgas e carraças infetadas, o Mycoplasma haemofelis invade e se adere parcialmente à superfície dos glóbulos vermelhos do sangue (as hemácias), causando a sua hemólise (destruição) e originando anemias.

Estudos afirmam que foram identificadas duas subespécies distintas de Haemobartonella felis: uma forma grande e relativamente patogênica e mais perigosa, que causa a anemia severa, e outra mais pequena e menos virulenta.

Importa salientar, que mesmo tendo estado em contato com a bactéria, existem animais que não desenvolvem a doença e que não manifestam qualquer tipo de sintomas. Neste caso, eles são apenas portadores, não manifestam a doença, mas podem transmiti-la.

Esta doença também pode estar adormecida e manifestar-se quando o animal estiver mais fraco, estressado ou com imunossupressão (em doenças como FELV ou PIF) pois esta bactéria se aproveita da debilidade do animal para se reproduzir.

Micoplasmose felina - como se transmite?

A transmissão por contato ou através da saliva é pouco provável, mas interações que envolvam agressividade, como brigas, mordidas ou arranhões, podem resultar na transmissão, já que, nestes casos, os animais podem estar expostos ao sangue de outro animal contaminado. Qualquer gatinho pode ser afetado, independentemente da idade, raça e sexo.

Segundo estudos, os machos parecem ser mais predispostos que as fêmeas devido às brigas de rua e há que ter cuidados reforçados na primavera e no verão, uma vez que o número de pulgas e carraças nestas épocas aumenta, assim como o risco de infestar o seu animal.

Sintomas de micoplasmose felina

Enquanto uns gatos podem apresentar sinais clínicos óbvios, outros podem não exibir nenhum tipo de sinal (assintomáticos). Este facto é dependente da patogenicidade do agente, isto é capacidade do agente invasor em causar doença, da fragilidade e saúde atual do animal e da quantidade de agente inoculada durante as brigas ou durante a picada da pulga.

Assim, a infeção pode ser assintomática com uma ligeira anemia, ou apresentar sinais clínicos mais comuns que incluem:

  • Anemia
  • Depressão
  • Fraqueza
  • Anorexia
  • Perda de peso
  • Desidratação
  • Palidez das mucosas
  • Febre
  • Aumento do baço
  • Mucosas amareladas que indicam icterícia, em alguns casos.

Diagnóstico da micoplasmose felina

Para identificar e visualizar o parasita o médico veterinário recorre, normalmente, a:

  • Esfregaço sanguíneo
  • Técnica molecular chamada de PCR.

Uma vez que esta técnica de PCR não está totalmente disponível a todas as pessoas e o esfregaço sanguíneo é pouco sensível, os casos de micoplasma em gatos podem facilmente não ser reconhecidos.

Há que ter em atenção que animais positivos à técnica de PCR podem não estar com a doença ativa e por isso não é necessário tratar.

O médico veterinário irá também pedir para realizar análises sanguíneas (hemograma), pois esta análise fornece um resumo do estado geral do animal e pode também ajudar no diagnóstico definitivo.

O diagnóstico desta doença é muito difícil, por isso importa realçar que o mesmo deve ser feito tendo em consideração todos os aspetos da história do animal, sinais clínicos, análises e exames complementares realizados.

Não devem ser considerados suspeitos apenas os gatos com anemia, mas sim todos os que apresentem historial de infestação por pulgas.

Micoplasmose felina - causas, sintomas e tratamento - Diagnóstico da micoplasmose felina

Micoplasmose felina - tratamento

Terapia apropriada e cuidados de suporte são essenciais para garantir o sucesso do tratamento e qualidade de vida para os felinos.

Normalmente, a terapia recomendada envolve antibióticos, corticoides, fluidoterapia (soro) e, em certos casos, transfusão.

Micoplasmose felina tem cura?

Sim, tem cura. O animal fica recuperado e já não apresenta sintomas da doença. Contudo, quando os animais são tratados da infeção, tornam-se portadores assintomáticos por tempo indeterminado, que pode ir de uns meses até à vida toda do animal. Ou seja, apesar de os sintomas e a progressão da doença terem cura, o animal pode ser portador do micoplasma para a vida toda.O diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento.

Prevenção da micoplasmose felina

A principal medida de proteção é o combate dos ectoparasitas através de desparasitações regulares. Apesar da primavera e do verão serem as épocas de maior risco, atualmente, com as alterações climáticas, os cuidados devem ser reforçados durante todas as épocas do ano.

Normalmente, é recomendado também cumprir o plano de vacinação do seu felino, de forma a evitar que certas doenças imunomediadas desencadeiem a micoplasmose.

Recomenda-se também a castração, pois são esses animais que vão mais à rua ou que escapam e têm mais propensão para apanhar pulgas e se envolverem em brigas feias.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Micoplasmose felina - causas, sintomas e tratamento, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças parasitárias.

Bibliografia
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3 comentários
A sua avaliação:
Evelin
A micoplasmose felina pode ser transmitida a humanos?
Josy
A micoplasmose felina pode afetar os cães? Ou são bactérias diferentes?
Carolina Costa
Oi josy!
O micoplasma apresenta várias subespécies e cada uma delas vai afetar determinada espécie animal. Por isso, a probabilidade de um cão contrair micoplasma felina é muito rara. A micoplasmose canina se refere a outra subespécie de micoplasma.

Obrigada pelo seu interesse! Ótima pergunta!
Ede Reis
Meu cachorro começou com diarreia derrepente,não houve troca de ração e depois de três dias comecou a regogitar um líquido espumoso Branco o que será??????
Luísa Savala
Oi Ede! Este artigo pode te ajudar a entender: https://www.peritoanimal.com.br/cachorro-vomitando-espuma-branca-causas-sintomas-e-tratamento-21589.html
No entanto, recomendamos que você busque ajuda de um médico veterinário de confiança.
A equipe do PeritoAnimal deseja rápidas melhoras!
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