Problemas da pele

Paniculite em cães - Sintomas, causas e tratamento

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 28 janeiro 2022
Paniculite em cães - Sintomas, causas e tratamento
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A paniculite consiste em um processo inflamatório que afeta o panículo adiposo. Pode ocorrer por múltiplas causas, tanto infecciosas como não infecciosas, embora em muitos casos a etiologia específica seja desconhecida. O principal sinal clínico associado à paniculite em cachorros é a presença de nódulos subcutâneos de consistência variável, que podem ulcerar e fistular. O tratamento pode ser cirúrgico ou farmacológico, dependendo do tipo específico de paniculite e do número de nódulos que o animal apresenta.

Não perca o seguinte artigo do PeritoAnimal, no qual explicamos o que é a paniculite em cães, quais são suas causas, sintomas e tratamento.

Índice

  1. O que é a paniculite em cães
  2. Tipos de paniculite em cães
  3. Causas de paniculite em cachorros
  4. Sintomas de paniculite em cães
  5. Diagnóstico de paniculite em cães
  6. Tratamento de paniculite em cachorros

O que é a paniculite em cães

A paniculite consiste em um processo inflamatório localizado à nível do panículo adiposo, ou seja, do tecido adiposo subcutâneo. Em muitos casos, essa inflamação do panículo adiposo é produzida por extensão de uma inflamação ao nível da derme (dermatite), caso em que falamos de celulite.

Se você quer saber mais sobre a dermatite em cachorros, não hesite em ler este outro artigo que recomendamos.

Tipos de paniculite em cães

A paniculite em cachorros pode ser classificada de acordo com o tipo de infiltrado inflamatório, a distribuição da lesão no panículo adiposo e a etiologia.

Tipos de paniculite em função do infiltrado inflamatório:

  • Paniculite piogramulomatosa: predominam os neutrófilos e macrófagos. É a mais frequente.
  • Paniculite neutrofílica: predominam os neutrófilos.
  • Paniculite eosinofílica: predominam os eosinófilos.
  • Paniculite linfocítica: predominam os linfócitos.

Tipos de paniculite em função da distribuição da lesão no panículo:

  • Paniculite lobular: a inflamação está localizada nos lóbulos do tecido adiposo.
  • Paniculite septal: a inflamação está localizada no tecido conjuntivo interlobular.
  • Paniculite difusa: a inflamação afeta ambos os compartimentos (tanto os lóbulos como os septos). É o tipo mais frequente em cachorros.

Tipos de paniculite de acordo com a etiologia:

  • Paniculite infecciosa: produzidas principalmente por bactérias e fungos. Você pode obter mais informações sobre os fungos em cachorros neste outro artigo do PeritoAnimal.
  • Paniculite não infecciosa: causada por traumatismos, queimaduras, deficiência de vitamina E, pancreatite, doenças imunomediadas, reação a corpos estranhos, a vacinas ou a produtos injetáveis.
  • Paniculite estéril: são idiopáticas, ou seja, de origem desconhecida.

Causas de paniculite em cachorros

As principais causas da paniculite em cães são as seguintes:

  • Agentes infecciosos: principalmente bactérias (Staphylococcus pseudointermedius, micobactérias, Pseudomonas, Proteus) e fungos (Microsporum e Trichophyton)
  • Traumatismos e queimaduras extensas: ocasionam um risco sanguíneo deficitário ao tecido subcutâneo, levando à isquemia focal.
  • Doenças imunomediadas: nesses casos, a paniculite geralmente aparece associado a doenças vasculares imunomediadas, como o lúpus eritematoso sistêmico.
  • Pancreatite: ocorre como resultado da necrose por liquefação do tecido subcutâneo. Descubra mais sobre a pancreatite em cachorros neste outro post.
  • Nutricional: por deficiência de vitamina E, embora esta causa seja geralmente mais frequente em gatos com dietas ricas em óleo de peixe.
  • Reação aos corpos estranhos, vacinas ou produtos injetáveis: embora possam causar paniculite em cachorros, tendem a ser mais frequentes em gatos.
  • Idiopáticas: de etiologia desconhecida, como a paniculite nodular estéril ou a paniculite podal estéril do Pastor Alemão.

Sintomas de paniculite em cães

Os sinais clínicos que podem ser observados em cachorros com paniculite são os seguintes:

  • Presença de um ou vários nódulos subcutâneos: podem ser profundos e flutuantes e dolorosos ou indolores. Os nódulos podem ser firmes e estar bem circunscritos, ou ser macios e estar mal definidos. Frequentemente, esses nódulos ulceram e fistulam para o exterior, secretando um líquido gorduroso e sanguinolento. Normalmente os nódulos são geralmente encontrados no tronco do animal, embora possam aparecer em outras áreas como o abdômen, o peito ou a cabeça.
  • Sinais gerais: como anorexia, letargia ou depressão, principalmente em animais com lesões múltiplas. Se você quer saber mais informações sobre a anorexia em cachorros: suas causas, diagnóstico e tratamento, consulte este outro artigo do PeritoAnimal que recomendamos.

Diagnóstico de paniculite em cães

Para abordar o diagnóstico de paniculite em cães, outros diagnósticos diferenciais podem originar sinais clínicos similares devem ser levados em consideração. Entre outros, neoplasias subcutâneas, os abscessos, os cistos e os granulomas devem ser considerados como diagnósticos diferenciais.

O diagnóstico de paniculite deve ser baseado nos seguintes pontos:

  • Exame geral: nódulos subcutâneos profundos, frequentemente ulcerados ou fistulados, podem ser apalpados durante o exame. Embora toda a superfície do animal deva ser apalpada, é importante prestar atenção à região do tronco, pois os nódulos geralmente se concentram nessa área.
  • Exame de sangue (hemograma e perfil bioquímico): em caso de infecção será comum encontrar leucocitose (aumento de glóbulos brancos) e em caso de pancreatite encontraremos um aumento da lipase pancreática (PLI).
  • Punção com Agulha Fina (PAF) para citologia: uma vez que a paniculite piogranulomatosa é a mais frequente em cachorros, nas citologias geralmente são observados vacúolos lipídicos junto com macrófagos que contêm gotículas de gordura em seu interior. Além disso, no caso de paniculite séptica, poderemos observar bactérias ou fungos. No entanto, há estudos que sugerem que as citologias podem levar ao erro diagnóstico de classificar esses nódulos como neoplasias, principalmente quando se trata de nódulos firmes. Por isso é importante realizar uma biópsia para obter um diagnóstico definitivo e preciso.
  • Biópsia: permite analisar o tecido pela anatomia patológica e obter o diagnóstico definitivo.
  • Cultura e antibiograma: no caso de paniculite infecciosa, será importante realizar uma cultura in vitro para identificar o agente causador. Posteriormente, deve ser realizado um antibiograma a fim de determinar quais antibióticos são eficazes diante do agente etiológico da paniculite.

Tratamento de paniculite em cachorros

O tratamento da paniculite em cães dependerá do tipo de paniculite e do número de nódulos que o animal apresenta:

  • Cirurgia: a remoção cirúrgica dos nódulos costuma ser o tratamento escolhido quando se trata de nódulos solitários, pois costuma oferecer bons resultados.
  • Tratamento imunossupressor: quando o animal apresenta múltiplos nódulos, costuma-se optar por realizar um tratamento com glicocorticoides em doses imunossupressoras, como a dexametasona ou a prednisona. Os glicocorticoides podem ser administrados via oral, tópica ou intralesional. Alguns cachorros também podem responder a outros medicamentos imunossupressores, como a ciclosporina.
  • Tratamento antibiótico: em caso de paniculite infecciosa, será necessário recorrer a tratamentos com antibacterianos ou antifúngicos. A fim de evitar resistência aos antibióticos, deve-se instaurar uma terapia antibiótica com um antibiótico eficaz diante do microrganismo causador da paniculite. Para isso, é fundamental incluir uma cultura e um antibiograma como parte do protocolo de diagnóstico.

A maioria dos animais conseguem uma remissão prolongada ou permanente do processo inflamatório. No entanto, em alguns casos as lesões podem reaparecer, sendo necessária uma terapia com glicocorticoides a longo prazo.

Agora que você já sabe as causas, sintomas e tratamento para a paniculite em cães, recomendamos que assista ao vídeo a seguir sobre vacinas para cachorros filhotes e adultos:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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  • Harvey, R.G., Mckeever, P.J. (2001). Manual ilustrado de enfermedades de la piel en perro y gato. Grass Edicions.
  • Machicote, G. (2014). Atlas de dermatología canina y felina. Servet.
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