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Doença da Arranhadura do Gato (DAG) - Sintomas e tratamento

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 25 fevereiro 2023
Doença da Arranhadura do Gato (DAG) - Sintomas e tratamento
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A doença da arranhadura do gato (DAG) tem vários nomes: linforreticulose de inoculação, linforreticulose benigna, linfadenite regional bacteriana e, ainda, febre da arranhadura do gato. No entanto, a causa da DAG é uma só: a bactéria Bartonella henselae, sendo a doença uma zoonose de distribuição mundial. Na maioria dos casos, há o envolvimento do gato doméstico, e mesmo cães, embora em uma pequena parcela dos pacientes não haja referência ao contato com animais[1].

Se você vive com um gato em casa, sabe o quanto é difícil não tomar um arranhão de vez em quando, seja brincando ou quando o bichano se estressa. Na maioria dos casos, o arranhão não terá grandes complicações, mas isso pode se tornar um hábito perigoso, principalmente se o gato tiver o hábito de passear pela rua e ter contato com terra, grama e outros animais. Continue lendo este artigo para tirar todas as dúvidas sobre a doença da arranhadura do gato, sintomas e tratamento. Boa leitura!

Índice

  1. Arranhão de gato é perigoso?
  2. O que é a Doença da Arranhadura do Gato (DAG)?
  3. Sintomas da Doença da Arranhadura do Gato
  4. Um gato me arranhou e saiu sangue. É perigoso?
  5. Como fazer o gato parar de me arranhar?
  6. Tratamento da Doença da Arranhadura do Gato

Arranhão de gato é perigoso?

As unhas do gato ajudam na mobilidade do animal e no equilíbrio. Quem já viu um gato escalando uma árvore deve ter percebido o quanto as unhas são importantes para essa espécie. Além disso, os bichanos marcam seu território afiando as garras nos móveis e outros objetos. O problema é quando os arranhões são direcionados aos tutores.

Apesar de retráteis, as unhas dos gatos estão sempre em contato com o chão, ficando contaminadas por microrganismos. Além disso, quando enterram seus dejetos, as unhas podem entrar em contato com fezes e urina. O arranhão, na maioria das vezes, fere a pele da pessoa, rompendo a barreira protetora do corpo. Diante disso, vários microrganismos patogênicos podem ser introduzidos, causando infecções e até mesmo doenças sistêmicas. Por isso, o arranhão pode se tornar algo perigoso, principalmente para gatos que têm contato com outros animais e com ambientes externos, como jardins, terras e areias.

Doença da Arranhadura do Gato (DAG) - Sintomas e tratamento - Arranhão de gato é perigoso?

O que é a Doença da Arranhadura do Gato (DAG)?

A Doença da Arranhadura do Gato (DAG) é causada pelo bacilo gram negativo Bartonella henselae, que tem como porta de entrada o local da arranhadura do felino, espécie que não costuma manifestar sinais da doença. Os sintomas nas pessoas afetadas são variáveis, podendo ser assintomática. O sinal típico da doença é a linfadenite benigna, que é precedida de uma pápula ou vesícula não pruriginosa no local de inoculação do bacilo. Geralmente, a doença é benigna, autolimitada, sendo mais comum em crianças e adolescentes.

Sintomas da Doença da Arranhadura do Gato

No Brasil, a DAG não é uma doença de notificação compulsória, desta forma, torna-se inviável estimar a magnitude da patologia. Todavia, as condições climáticas favoráveis, ampla presença do reservatório animal e tendência à resolução espontânea, favorecem que a doença seja frequente no ambiente onde vivemos[²]. A Doença da Arranhadura do Gato é mais descrita em crianças, mas também pode ocorrer em adultos. Os sintomas são variáveis, podendo também ser assintomática. Normalmente, os sintomas surgem dentro de 3 a 5 dias após a arranhadura ou contato com o gato, e regridem em poucos dias.

A linfadenite benigna - inflamação do linfonodo, unilateral e solitária - é considerada característica da doença e é precedida de uma pápula ou vesícula não pruriginosa no local de inoculação da bactéria, em um processo que persiste por cerca de 2 a 3 meses. Em cerca de 10% dos casos pode ocorrer supuração do linfonodo comprometido. Febre, quando presente, é de baixa intensidade. Raramente pode evoluir para uma doença severa, sistêmica e recorrente. No entanto, em pessoas imunodeficientes pode ocorrer um quadro grave, resultando em infecção fatal.

Um gato me arranhou e saiu sangue. É perigoso?

A maioria dos arranhões não evolui para algo grave. No entanto, é aconselhável que o local seja higienizado com água corrente e sabão, o que diminuirá a chance de sobrevivência do vírus da raiva, caso o animal não seja vacinado. Além disso, lavar a ferida também ajuda a diminuir a contaminação por microrganismos patogênicos. Após a limpeza, deve ser aplicada uma pomada antibiótica e anti-inflamatória.

Como fazer o gato parar de me arranhar?

Pedir a um gato para não arranhar seria o mesmo que pedir a um pássaro para não voar. Os arranhões fazem parte da personalidade do gato, e alguns o utilizam com uma frequência maior, o que depende também do adestramento involuntário. Mesmo sem perceber, muitos tutores ensinam aos gatos, desde filhotes, a arranharem suas mãos. Isso acontece quando estimulamos que cacem nossas mãos em uma brincadeira, por exemplo. Seu instinto natural é usar as unhas e a boca, e se brincamos assim com eles desde jovens, eles seguirão com tal comportamento quando adultos.

Assim, os arranhões podem acontecer tanto durante brincadeiras como devido a algum estresse. Caso o tutor já conheça as situações em que o bichano costuma usar as garras, deve evitá-las, caso queira ficar livre dos arranhões.

O uso de arranhadores e brinquedos pode ajudar o gatinho a gastar um pouco da energia acumulada, ficando mais dócil durante as brincadeiras e carícias do tutor. Outra opção é cortar as unhas semanalmente, o que pode tirar parte da agilidade do gato, predispondo a um número maior de tombos durante suas acrobacias. Sempre é bom lembrar que a extração das unhas do gato foi proibida pela Resolução número 877/2008 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), não sendo uma opção para o problema.

Tratamento da Doença da Arranhadura do Gato

Na Doença da Arranhadura do Gato com aumento de linfonodo, sua evolução geralmente é autolimitada, com remissão espontânea na maioria dos pacientes, não havendo sequelas. Nesses casos, o uso de antibióticos não é necessário. Quando o linfonodo evolui para supuração, em cerca de 10% dos pacientes, o uso de antibióticos sistêmicos torna-se necessário, como a azitromicina, rifampicina, tetraciclinas, cloranfenicol ou associações de sulfametoxazol com trimetoprima. Todos os casos devem ser acompanhados por um médico especialista.

Agora que você já conhece os perigos dos arranhões de um gato e conheceu os sintomas e tratamento para a Doença da Arranhadura do Gato, não perca o vídeo a seguir no qual explicamos por que um gato morde e chuta a gente:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Hagiwara, M. K., Drummond, M. R., Velho, P.E.N.F. Doença da arranhadura do gato (DAG). Disponível em https://crmvsp.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/DOENCA_DA_ARRANHADURA_DO_GATO_SERIE_ZOONOSES.pdf. Acesso em 20/02/2023.
  2. Novais, D. G. et al. Doença da arranhadura do gato (DAG) e a importância de um diagnóstico preciso: relato de caso. Arch Health Invest, 2017. Disponível em file:///C:/Users/alvar/Downloads/mcrar,+Archi+v6+n5+7+-+2017.pdf. Acesso em 20/02/2023.
Bibliografia
  • Souza, G.F. Doença da arranhadura do gato: relato de caso. Rev Med Minas Gerais, 2011. Disponível em file:///C:/Users/alvar/Downloads/v21n1a14.pdf. Acesso em 20/02/2023.
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