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Vacina antirrábica para gatos - Guia completo

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 25 julho 2022
Vacina antirrábica para gatos - Guia completo
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A raiva é uma das doenças mais antigas reconhecidas pelos homens, muitas vezes se misturando com crenças religiosas e dando origem a mitos e lendas. Provavelmente, todas as espécies de sangue quente podem ser infectadas pelo vírus da raiva, no entanto, a maioria morre quando contaminada, não dando tempo de transmitir a doença a outros animais. Para garantir sua perpetuação na natureza, o vírus da raiva se adaptou a determinadas espécies, como o morcego hematófago, chamados de “hospedeiros naturais”.

Assim como o homem, o cão e o gato entram no ciclo do vírus de forma acidental, tornando-se hospedeiros finais. Ocasionalmente, espécies de hospedeiros não naturais do vírus podem atuar como vetores da infecção, que é justamente o que acontece quando uma pessoa é mordida por um pet. Mas como prevenir a raiva? Se meu gato sair para A rua pode pegar raiva? Quais as vacinas meu gato deve tomar? Se você tem curiosidade para saber as respostas e tirar outras dúvidas, continue lendo este artigo do PeritoAnimal em que apresentamos um guia completo sobre a vacina antirrábica para gatos.

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Índice

  1. O que é a raiva em gatos?
  2. Para que serve a vacina antirrábica em gatos?
  3. Com quantos meses o gato pode tomar vacina antirrábica?
  4. Quantas doses de vacina antirrábica o gato deve tomar?
  5. O que é a vacina polivalente para gatos?

O que é a raiva em gatos?

A raiva é uma doença infecciosa aguda e fatal, causada pelo Lyssavirus, vírus da família Rhabdoviridae. Esse vírus percorre todo o sistema nervoso central, apresentando-se em grande quantidade na saliva. A doença é transmitida para o homem com maior relevância pela mordedura, quando o vírus é inoculado por meio da saliva do animal infectado, tratando-se de uma zoonose. A arranhadura por unha de gato, que tem o hábito de se lamber, pode ser muito profunda, introduzindo o vírus.

O vírus presente na saliva de um animal infectado pode ser inoculado na pele ferida ou nas mucosas (intactas ou não). A pele íntegra funciona como uma barreira ao vírus, mas se lesionada, perde essa capacidade e pode ser facilmente contaminada. Já as mucosas são permeáveis mesmo quando intactas. Após penetrar no organismo, o vírus se multiplica no ponto de inserção, alcançando o sistema nervoso periférico, a partir do qual migra até o sistema nervoso central, causando encefalite. Em seguida, migra para vários órgãos. Nesse momento, as glândulas salivares são atingidas e esse hospedeiro começa a transmitir o vírus.

A população felina, devido às baixas coberturas vacinais e ao seu instinto de predação, é mais vulnerável a se infectar com o vírus rábico pelo contato com morcegos hematófagos ou não hematófagos. Esses animais, uma vez infectados, podem transmitir a doença para o homem. No mundo, o primeiro registro de infecção pelo ciclo quiróptero/felino/homem ocorreu em área urbana, no interior do município de São Paulo, em 2001. Uma mulher foi a óbito por raiva após ser agredida por sua gata infectada, que havia anteriormente capturado um quiróptero com o vírus da raiva.

Sintomas da raiva em gatos

Nos gatos, assim como nos cães, os sintomas incluem agressividade, paralisia do nervo faríngeo, fazendo com que o bichano pare de se alimentar e beber água, com produção excessiva de saliva. Ainda podem apresentar febre, incoordenação motora, contrações musculares involuntárias, convulsões, paralisia, retenção urinária, constipação, fotofobia e alterações no padrão respiratório e nos batimentos cardíacos. Não existe tratamento para a doença, sendo realizado apenas suporte, chegando a 100% de óbitos. Por isso a vacina antirrábica para gatos é tão importante.

Para que serve a vacina antirrábica em gatos?

Como não existe tratamento específico para a raiva, o pulo do gato está na prevenção da doença. A vacina antirrábica para gatos e cães é indicada para animais sadios, a partir do sexto mês de vida. A vacina é preparada com vírus cultivado em linhagem celular, inativado quimicamente e tendo o hidróxido de alumínio como adjuvante. A cepa é altamente imunogênica, sendo uma amostra fixa do vírus rábico, proveniente do isolado original de Louis Pasteur, em 18821.

A imunização contra a raiva é comprovadamente eficaz em animais sadios, contudo, uma resposta imunológica adequada poderá não ocorrer se os animais estiverem parasitados, malnutridos, incubando alguma doença infecciosa ou ainda estressados ou se a vacina não for estocada ou manuseada de acordo com as orientações da bula. Por isso, é aconselhável que o animal seja vacinado sempre por um médico veterinário, pois ele fará um exame clínico antes de aplicar a vacina, descartando doenças e outras condições que possam interferir na imunização desejável do pet.

Caso algum gato suspeito de portar o vírus da raiva ou que esteja sem vacinação morda ou arranhe alguém, é recomendado fazer uma limpeza na ferida da mordedura ou da arranhadura com sabão ou detergente e água corrente, já que o vírus é muito sensível a esses agentes. O animal deverá ficar em observação durante 10 dias e a pessoa que foi mordida ou arranhada deverá procurar o posto de saúde mais próximo para receber a vacina antirrábica e o tratamento adequado.

Neste outro artigo mostramos como aplicar vacina em gatos corretamente.

Vacina antirrábica para gatos - Guia completo - Para que serve a vacina antirrábica em gatos?

Com quantos meses o gato pode tomar vacina antirrábica?

O ideal é que o gatinho tome sua primeira vacina antirrábica aos 6 meses de idade. Fêmeas gestantes não devem ser vacinadas, pois há risco de aborto. Algumas situações podem exigir que a vacinação seja antecipada, como por exemplo, casos de raiva detectados na região.

Quantas doses de vacina antirrábica o gato deve tomar?

A vacina antirrábica possui um calendário bem enxuto: uma dose aos 6 meses de idade e reforços anuais, até o final da vida do bichano. Lembrando que animais idosos não possuem mais o sistema imune tão eficiente como os jovens e, ao contrário do que muita gente acredita, também devem ser vacinados anualmente apesar da idade avançada.

O que é a vacina polivalente para gatos?

Geralmente, as vacinas disponíveis para gatos no Brasil são as quádruplas e as quíntuplas, também chamadas de polivalentes. A quádrupla auxilia na prevenção da rinotraqueíte, calicivirose, panleucopenia e clamidiose. Já a vacina quíntupla, além das doenças incluídas na quádrupla, também imuniza contra a leucemia felina.

Para a aplicação da quíntupla, o gato deve ser, inicialmente, testado para aids e leucemia felina (FIV/FelV). Gatos com exames positivos para leucemia felina não podem receber a imunização contra essa doença, pois correm o risco de se acelerar o desenvolvimento dos sintomas. Tanto a quíntupla quanto a quádrupla devem ser aplicadas em gatinhos com 60 dias de idade, sendo necessária uma dose de reforço após 21 dias e reforços anuais.

Agora que você já sabe o que é e quando aplicar a vacina antirrábica em gatos, não perca o vídeo a seguir em que listamos quais são as doenças mais comuns nos felinos:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Vacina antirrábica para gatos - Guia completo, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Vacinação.

Bibliografia
  • Bula da vacina Defensor. Disponível em https://www.zoetis.com.br/global-assets/private/defensor_1.pdf. Acesso em 25/07/2022.
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  • Kotait I, Carrieri ML, Takaoka NY. Raiva - Aspectos gerais e clínica. São Paulo, Instituto Pasteur, 2009 (Manuais, 8). Disponível em http://nhe.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2017/04/aspectos-gerais-clinica-raiva.pdf. Acesso em 25/07/2022.
  • Moraes, J.E.C. et al. Raiva Felina no Município de Jaguariúna, Estado de São Paulo, em 2010. 2011. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/ses-sp/2011/ses-28012/ses-28012-4674.pdf. Acesso em 25/07/2022.
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