Doenças infecciosas

Como saber se o gato está curado da esporotricose?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 6 maio 2023
Como saber se o gato está curado da esporotricose?
Imagem: Divulgação/Fapesp
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A esporotricose em gatos é uma doença muito grave e que merece muita atenção, pois pode ser transmitida para outros animais e até mesmo para as pessoas. Portanto, se você é tutor ou tutora de um felino, é bom se informar bem sobre a patologia e tomar todos os cuidados necessários para evitá-la.

Pensando nisso, o PeritoAnimal preparou este artigo especialmente para os tutores de gatos, descrevendo as formas de transmissão da doença, como é realizado seu diagnóstico, como tratar o bichano infectado e, principalmente, como saber se o gato está curado da esporotricose. Boa leitura!

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Índice
  1. O que é a esporotricose em gatos?
  2. O gato com esporotricose deve ser sacrificado?
  3. Sintomas da esporotricose em gatos
  4. Como a esporotricose é transmitida?
  5. Diagnóstico da esporotricose em gatos
  6. Tratamento para a esporotricose em gatos
  7. Como saber se o gato está curado da esporotricose?

O que é a esporotricose em gatos?

A esporotricose é uma micose subaguda ou crônica causada pelos fungos do gênero Sporothrix. A doença acomete pessoas e muitos animais, especialmente os felinos domésticos. A micose pode se apresentar na forma cutânea localizada, linfocutânea, linfática ou disseminada, e raramente evolui para a forma extracutânea. A forma respiratória da esporotricose é mais comum em felinos.

O gato com esporotricose deve ser sacrificado?

Não, o gato com esporotricose deverá ser isolado e tratado da forma correta, para que não transmita a doença às pessoas e a outros animais. A esporotricose em gatos possui tratamento e cura, não sendo indicada a eutanásia por este motivo.

Sintomas da esporotricose em gatos

O gato infectado com esporotricose, após um período de incubação, que pode variar de 3 a 84 dias, com média de 21 dias, desenvolve uma lesão inicial no local da inoculação do fungo. Essa lesão é nodular e firme, tornando-se macia (“gomosa”) com o tempo. Na maioria dos casos, ocorre a ulceração e liberação de sangue e exsudato purulento. Os gatos podem apresentar desde infecções subclínicas ou lesões cutâneas únicas e em mucosas até múltiplas e disseminadas, podendo apresentar também sinais extracutâneos. O fungo pode se disseminar por meio de autoinoculação enquanto o felino se coça ou se lambe, pois coloniza unhas e cavidade oral.

São mais comuns quadros com múltiplas lesões cutâneas com envolvimento de mucosas, principalmente a do sistema respiratório. Espirros, dificuldade respiratória e secreção nasal são sintomas comuns, sendo que os animais com sinais respiratórios apresentam maior risco de falência terapêutica e óbito. Em gatos, os locais mais acometidos são aqueles mais atingidos durante as brigas, como a cabeça, as extremidades dos membros e a cauda, mas qualquer parte do corpo pode ser acometida. Na cabeça, concentram-se geralmente no plano nasal, na orelha e na região ao redor dos olhos. Alguns sintomas inespecíficos podem estar presentes, tais como anorexia, desidratação e perda de peso.

Como saber se o gato está curado da esporotricose? - Sintomas da esporotricose em gatos

Como a esporotricose é transmitida?

A espécie felina é a principal envolvida na transmissão zoonótica da esporotricose. Isso se deve à maior carga fúngica em lesões, ao hábito de arranhar árvores, de percorrer longas distâncias, de envolvimento em brigas, principalmente machos, fazendo com que sejam mais contaminados e transmitam para outros animais.

A forma de transmissão da esporotricose entre animais e humanos se dá por arranhadura, mordedura ou por simples contato com felinos doentes ou portadores assintomáticos. O fungo não tem predileção sexual, racial ou faixa etária, e geralmente a infecção está associada à ocupação profissional do indivíduo, afetando aqueles que atuam em áreas rurais e profissionais que lidam diariamente com gatos, como médicos-veterinários e estudantes de veterinária.

A esporotricose é comum em colônias de gatos, onde os animais compartilham o ambiente, camas e brigas são muito comuns, devido ao estresse da superlotação. O fungo cresce de acordo com a umidade, e os locais com 92 a 100% de umidade propiciam condições perfeitas para seu crescimento. Além disso, seus esporos podem ser veiculados por corrente de ar com umidade adequada entre 26 e 28°C. A esporotricose é uma doença de alto poder zoonótico, sendo, na atualidade, um problema de saúde pública.

Diagnóstico da esporotricose em gatos

Gatos com lesões sugestivas de esporotricose devem ser avaliados por um médico veterinário o mais breve possível, devido ao potencial zoonótico da doença. Durante o atendimento, o médico veterinário coletará com um swab (uma espécie de cotonete) material da lesão para realizar o exame citopatológico (análise por meio de microscópio dos tecidos e células lesionados).

Outro exame que poderá ser realizado é o cultivo micológico, onde secreções são coletadas da lesão ou do nariz e colocadas em meio de cultura, para que cresçam os possíveis agentes causadores da doença. Esses exames poderão ser realizados de forma gratuita em alguns laboratórios das Divisões de Controle de Zoonoses dos estados brasileiros, assim como o tratamento será fornecido gratuitamente em caso confirmação da doença.

Tratamento para a esporotricose em gatos

O tratamento da esporotricose em felinos é um desafio, pois exige muita dedicação do tutor. Existem alguns fatores que podem dificultar a cura da esporotricose em gatos, como a necessidade de tratamento prolongado e regular, a dificuldade na administração de remédios por via oral em gatos por parte dos tutores, o custo elevado, além da ocorrência de recidivas.

Os remédios e outras opções terapêuticas disponíveis para o tratamento da esporotricose felina são:

  • Itraconazol
  • Cetoconazol
  • Posaconazol
  • Fluconazol
  • Iodetos de sódio e potássio
  • Terbinafina
  • Anfotericina B
  • Remoção cirúrgica das lesões
  • Termoterapia local
  • Criocirurgia.

O itraconazol é o medicamento de escolha para gatos e pessoas, devido ao seu menor potencial de lesionar o fígado. Mas como saber se o gato está curado da esporotricose? É sobre isso que falaremos a seguir.

Como saber se o gato está curado da esporotricose?

Independentemente da medicação utilizada, o tratamento se estende por semanas, sendo aconselhável o uso do medicamento por dois a três meses após a cicatrização completa das feridas. A decisão de parar ou continuar a terapia após a cicatrização das lesões deverá ser tomada por um médico veterinário, que saberá o período adequado de tratamento do gato e só ele poderá dizer se o gato está curado da esporotricose a partir de exames clínicos e exames em laboratório. A interrupção precoce do tratamento poderá facilitar a recidiva e a resistência do fungo aos medicamentos.

Agora que você viu como saber se o gato está curado da esporotricose, não perca o vídeo a seguir no qual listamos as doenças mais comuns em gatos:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Santos, A.F. et al. Guia prático para enfrentamento da Esporotricose Felina em Minas Gerais. Revista VeZ em Minas Gerais, 2018. Disponível em http://www.crmvmg.gov.br/arquivos/ascom/esporo.pdf. Acesso em 26/04/2023.
  • Pires, C. Revisão de Literatura: Esporotricose Felina. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CFMV de SP, 2017. Disponível em file:///C:/Users/alvar/Downloads/36758-Texto%20do%20artigo-84614-1-10-20170515.pdf. Acesso em 26/04/2023.
  • Balda, A. C. et al. Esporotricose Felina e Canina: Manual Técnico. Universidade de São Paulo. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5550920/mod_resource/content/1/ManualEsporotricoseSP.pdf. Acesso em 26/04/2023.
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