Ferida na boca do gato: o que pode causar e como tratar?
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"Observei uma ferida na boca do meu gato, devo me preocupar?" - pode ser uma pergunta que tutores de gatos se fazem ao notar essa lesão na boca de seus felinos. Nossos pequenos companheiros podem apresentar algum tipo de ferida na boca em algum momento, afetando qualquer raça e idade. Essas lesões podem ser devidas a diferentes causas, desde traumas leves até patologias de maior ou menor gravidade, e inclusive podem aparecer por alergias ou infecções virais.
Em qualquer caso, as feridas na boca dos gatos são delicadas, já que se encontram em uma área muito vascularizada, provocando dor e aumenta o risco de infecções. Por isso, a identificação e o tratamento precoces são fundamentais para evitar complicações e devolver ao gato seu bem-estar o mais rápido possível.
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1. Estomatite felina
A estomatite felina é uma das doenças bucais que podem afetar nossos pequenos felinos e que poderia estar por trás da ferida na boca do seu gato. Essa doença consiste em uma inflamação crônica e muito dolorosa, na qual se produz uma reação imunitária exagerada frente à placa bacteriana dental e inclusive contra os próprios tecidos da boca do gato, incluindo as gengivas, a língua, o palato e os cantos da boca.
Essa reação autoimune provoca sangramento, úlceras, mau hálito, letargia e uma dor intensa que dificulta a ingestão de alimento e a higiene de nossos gatos, além de contribuir para a perda de peso ao evitar comer devido à dor.
Tratamento da estomatite felina
O tratamento da estomatite em gatos é multimodal, incluindo o controle da inflamação e da resposta imunitária com corticosteroides como a prednisolona ou imunomoduladores como a ciclosporina e redução da dor com analgésicos e o emprego de antissépticos orais e antibióticos se houver infecção. Nos casos mais graves, o tratamento de escolha inclui a extração total ou parcial dos dentes, reduzindo a inflamação e a estimulação do sistema imune e permite uma melhor cicatrização da mucosa oral.
2. Gengivite
A gengivite é uma das causas que pode provocar que seu gato apresente uma ferida na boca, já que consiste em uma inflamação das gengivas que afeta o tecido que circunda os dentes e representa o passo prévio à doença periodontal felina.
Essa inflamação se produz pela acumulação de placa bacteriana e tártaro, desencadeando uma resposta do sistema imunitário do gato. Em alguns casos, a inflamação pode se estender para além das gengivas, chegando até as bordas do canto dos lábios e gerando feridas como úlceras, fissuras ou crostas dolorosas devido ao atrito durante a alimentação, ou por infecção bacteriana secundária.
Existem vários fatores que predispõem ao desenvolvimento da gengivite nos felinos, como a má higiene dental, o excesso de alimento úmido, doenças virais que afetam a resposta imunitária oral e a predisposição genética. Os sintomas mais habituais incluem:
- Gengivas avermelhadas;
- Mau hálito;
- Baba;
- Sangramento bucal;
- Feridas no canto da boca.
Tratamento da gengivite felina
O tratamento dependerá da gravidade do quadro de gengivite felina. Em casos leves, costuma ser suficiente com uma limpeza dental na clínica e uma adequada higiene bucal em casa para reduzir a placa e, com isso, a inflamação futura. Nos casos mais graves ou avançados, pode ser necessário o uso de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e inclusive antibióticos se houver infecção.
Além disso, recomenda-se uma dieta com mais alimento seco ou específico para a saúde dental, assim como consultas veterinárias periódicas.
3. Problemas dentários
Os problemas dentais em gatos são outra causa possível de feridas na boca, já que compreendem um conjunto de doenças que afetam os dentes e suas estruturas de suporte, como as gengivas e a mucosa oral. Entre as mais importantes se encontram a doença periodontal e a reabsorção dental felina.
- Doença periodontal: se desenvolve a partir do tártaro e da gengivite, quando as bactérias alcançam o tecido de suporte dental, provocando a perda do ligamento periodontal e do osso alveolar. Isso causa mobilidade dental e inclusive a destruição do dente, predispondo a infecções que podem se estender para outras estruturas anatômicas próximas ou distantes, propagando a infecção e colocando em risco a vida do gato;
- Reabsorção dental felina: ocorre quando as células dentais do gato começam a destruir o tecido dental, afetando primeiro a dentina e o cemento, e posteriormente a coroa e a raiz, destruindo completamente o dente e deixando restos dolorosos.
Os sintomas dessas afecções incluem sangramento de gengivas, rejeição do alimento duro, dor bucal, hipersalivação, dentes móveis ou destruídos, dentes amarelados e mau hálito.
Tratamento dos problemas dentais em gatos
O tratamento da doença periodontal dependerá da gravidade do quadro. Em casos leves, costuma ser suficiente uma limpeza dental. Já nos casos mais graves, pode ser necessário realizar uma extração dental e inclusive técnicas de regeneração periodontal para retardar a progressão da doença.
Por outro lado, não existe um tratamento que detenha a progressão da reabsorção dental felina, por isso a abordagem é cirúrgica: extração do dente afetado ou, se a raiz estiver completamente reabsorvida, coronectomia ou retirada da coroa dental. Além disso, deve-se controlar a dor com analgésicos e anti-inflamatórios, e empregar antibióticos em caso de infecção secundária.
4. Calicivirose felino
A calicivirose felina é um dos vírus que com maior frequência afetam nossos pequenos felinos. É contagioso através do contato direto com secreções orais, nasais ou conjuntivais, assim como de maneira indireta mediante objetos contaminados.
O vírus ataca principalmente a mucosa oral e o trato respiratório superior, causando úlceras dolorosas na língua, no palato, no nariz e inclusive no canto da boca, devido à ação do vírus sobre as células epiteliais dessa zona, provocando necrose e ulceração.
Em alguns gatos, o vírus também pode afetar as articulações, causando claudicação temporária, e até mesmo gerar uma forma sistêmica grave que compromete os órgãos internos do animal.
Tratamento da calicivirose felina
O tratamento da calicivirose felina é de suporte, já que não existe um antiviral específico que o controle, embora se possa empregar interferon ômega recombinante felino para modular a resposta imune e possivelmente reduzir a duração dos sintomas.
O manejo médico inclui o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor e a inflamação, alimentação úmida ou pastosa em caso de dor bucal, antibióticos para prevenir infecções bacterianas secundárias derivadas das úlceras, e limpeza das feridas na boca com antissépticos como a clorexidina.
A melhor forma de prevenir essa doença é mediante a vacinação de nossos pequenos felinos.
5. Lesões ou brigas
Nossos pequenos felinos que saem ao exterior ou convivem com outros gatos territoriais podem sofrer lesões derivadas de brigas, que provocam arranhões e mordidas, que podem ser superficiais ou profundas, e em ocasiões afetar a boca. Da mesma forma, também podem aparecer feridas nessa zona como consequência de quedas ou golpes.
Tratamento das lesões
O tratamento das feridas na boca devidas a traumatismos consiste em uma limpeza adequada e desinfecção com clorexidina. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de um colar elizabetano para evitar que o gato se coce ou interfira no processo de cicatrização.
6. Alergias
Por fim, as alergias ou reações de hipersensibilidade também podem ser uma causa do aparecimento de feridas no canto da boca de nossos gatos. As causas mais frequentes de alergia em felinos são as hipersensibilidades alimentares, a dermatite alérgica por picada de pulga, as alergias ambientais como ao pó, aos ácaros, ao pólen ou ao mofo, e as alergias por contato com certos produtos ou materiais.
Em alguns casos, essas alergias podem causar uma reação localizada no canto da boca, especialmente em alergias alimentares, ou surgir como resultado de lambidas e coceiras excessivas devido à irritação causada pela alergia.
Tratamento das alergias
O tratamento se baseia em identificar e eliminar o alérgeno responsável pela reação alérgica.
- Alergias ambientais: implica reduzir a exposição ao agente desencadeante;
- Alergias alimentares: é fundamental manter uma dieta sem o alérgeno, optar por uma dieta hipoalergênica ou utilizar proteínas hidrolisadas;
- Dermatite por pulgas: o controle se centra em tratar e prevenir a infestação desses parasitas.
Além disso, em alguns casos nos quais os sintomas não se podem controlar facilmente ou enquanto se aguardam os resultados dos testes de alergia, se podem empregar anti-histamínicos, corticosteroides ou imunomoduladores para reduzir a inflamação e o prurido.
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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