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Cachorro sente cólica?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 8 novembro 2022
Cachorro sente cólica?
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A cólica menstrual, ou dismenorreia, é a dor uterina que ocorre nas mulheres no ciclo menstrual. Essa dor pode alcançar a intensidade máxima 24 horas após o início da menstruação e diminuir após 2 a 3 dias. Acomete de 50% a 91% das mulheres em idade reprodutiva, gerando impactos sociais que desestabilizam as relações familiares, reduzem o contato social e intervém nos hábitos e rotinas mensais.

Diferentemente das mulheres e de outros primatas, que apresentam ciclo menstrual, as cadelas possuem ciclo estral, dividido em 4 fases diferentes: proestro, estro, diestro e anestro. A fase em que pode ocorrer um pequeno sangramento vaginal, lembrando o período menstrual da mulher, é o proestro. Mas a cachorra pode sentir cólica quando está sangrando? Ela sente dor? Afinal, cachorro sente cólica? Quais suas causas? Se você tem curiosidade para saber mais sobre o assunto, continue lendo este artigo do PeritoAnimal!

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Índice

  1. Cadela no cio sente cólica?
  2. Causas de cólicas em cachorro
  3. Sintomas de cólica em cachorros
  4. O que dar para cólica em cachorro?
  5. Pode dar luftal para o cachorro?
  6. Tem como prevenir a cólica no pet?
  7. Cachorra tem TPM?

Cadela no cio sente cólica?

Várias características fazem com que o ciclo menstrual da mulher seja diferente do ciclo estral da cadela. Uma delas é o desprendimento do endométrio (tecido localizado no interior do útero) em humanos e primatas na fase da menstruação, podendo causar desconforto (cólicas) em algumas mulheres. Nas cadelas, assim como em vários outros mamíferos, ocorre a reabsorção do endométrio (tecido localizado no interior do útero), havendo pouca ou nenhuma liberação de sangue via vaginal.

Dessa forma, as cadelas não sentem cólicas menstruais, já que não ocorre contração uterina durante a reabsorção do endométrio, situação comum na mulher quando esse tecido se desprende e sai pelo pequeno orifício do colo uterino. Mas se por um lado as cadelas no cio não sentem cólica, os cachorros podem sentir cólica por outros motivos, que explicaremos a seguir.

Causas de cólicas em cachorro

Os cachorros sentem cólica principalmente devido à gastroenterite, definida como a inflamação da mucosa do trato digestivo (estômago e intestinos). Dentre a grande variedade de sintomas, estão as dores abdominais (cólica), classificada como uma dor visceral.

Vários são os agentes causadores das gastroenterites, como vírus, bactérias e parasitas. Como consequência, podemos dizer que as causas de cólicas em cachorros, são:

1. Vírus

  • Parvovírus: causador da parvovirose canina, é um vírus muito estável, resistente a extremos de temperatura e pH e incapaz de ser eliminado pelos desinfetantes de uso doméstico comuns. Afeta principalmente animais de canis, lojas e criadores, além de cães que não cumpriram o calendário vacinal, com faixa etária mais frequente entre 6 semanas e 4 meses.
  • Rotavírus: é um vírus menos frequente, mas capaz de causar gastroenterite leve em animais com menos de 3 meses. Ocorre em locais com más condições sanitárias e de higiene, que propiciam a permanência do vírus no ambiente.
  • Coronavírus: o Coronavírus canino tem distribuição mundial e é altamente contagioso. Pode afetar cães de todas as idades, principalmente animais jovens, de 6 a 12 semanas. Permanece no ambiente por apenas 40 horas à temperatura de 20oC, podendo ser eliminado com o uso de detergentes e desinfetantes comerciais.
  • Vírus da Cinomose: pode afetar cães de qualquer idade, sendo pouco resistente no ambiente, durando cerca de 48 horas à temperatura de 25oC. Esse vírus pode afetar cães de qualquer raça e idade, ocorrendo surtos da doença em aglomerados de animais, onde os filhotes apresentam quadro mais grave.

2. Bactérias

  • Campylobacter spp.: alguns fatores podem influenciar o desenvolvimento de quadros clínicos mais intensos, como estresse, coinfecções com outros agentes infecciosos, gravidez, cirurgias recentes, quantidade de bactérias ingeridas e a inexistência de contato prévio. São reconhecidas as espécies C. jejuni, C.coli, C. upsaliensis e C.helveticus.
  • Clostridium: duas espécies do gênero Clostridium podem estar envolvidas nas gastroenterites em cães: Clostridium difficile e Clostridium perfringens. Essas bactérias produzem toxinas responsáveis por diarreia, vômito e cólicas intestinais.
  • Escherichia coli: a Escherichia coli é uma bactéria comensal do trato intestinal dos animais, mas que está associada a gastroenterites no cão, principalmente em casos de diminuição da imunidade local ou sistêmica. A E. coli foi classificada em diferentes grupos, considerando suas propriedades de virulência. Os tipos capazes de causar diarreia são a E. coli enteropatogênica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enterotoxigênica, E. coli necrotoxigênica e E. coli enteroinvasiva.
  • Salmonella spp.: essas bactérias possuem a capacidade de infectar várias espécies diferentes de animais. São comensais do trato intestinal, mas possuem a capacidade de causar doença. A Salmonella entérica é o tipo mais encontrado em animais e humanos, com caráter zoonótico, sendo transmitida facilmente pela ingestão de alimentos ou água contaminada.

3. Parasitas gastrointestinais

  • Ascarídeos: os ascarídeos que infectam cães causando gastroenterites são: Toxocara canis e Toxocaris leonina. O T. canis é bem comum em cachorros, que pode se infectar via placenta ou durante a amamentação, podendo ainda ocorrer a ingestão de ovos pelos filhotes ou adultos. A doença apresenta uma fase pulmonar e uma entérica, onde podem ocorrer cólicas muito dolorosas, principalmente nos animais mais jovens. O T. leonina está presente principalmente em animais jovens e adultos, não sendo transmitido da mãe para o filhote.
  • Ancylostoma spp.: as espécies Ancylostoma caninum e Ancylostoma brasiliense, apesar de terem uma distribuição mundial, apresentam uma maior incidência em climas quentes. A infeção ocorre por ingestão de formas larvais, por penetração na pele, em período pré-natal, pela amamentação ou por ingestão de hospedeiros intermediários. O A. caninum é a espécie com maior relevância em canídeos, estando associada a perdas de sangue e à enterite hemorrágica, onde o animal apresenta sangue nas fezes e cólicas intestinais.
  • Strongyloides stercoralis: afeta preferencialmente animais jovens, onde as formas adultas do parasita estão presentes no intestino delgado, causando enterites homorrágicas agudas ou crônicas. O cachorro sente cólica em muitas ocasiões, mas alguns animais podem ser assintomáticos.
  • Coccídeos: os coccídeos mais comuns em cães são o Isospora canis e Cryptosporidium parvum. Parasitam preferencialmente o intestino delgado, sendo a transmissão por via oro-fecal. Na maioria das vezes, os cães permanecem assintomáticos ou desenvolvem quadro agudo autolimitante (principalmente animais jovens e adultos imunossuprimidos).

4. Intolerância alimentar

Pode ser desencadeada por uma reação anormal a um determinado alimento, podendo ser oriunda de uma característica do próprio animal, como deficiência de enzimas digestivas, permeabilidade intestinal, motilidade do intestino, microbiota ou toxicidade do alimento ingerido. O cachorro pode sentir cólica nestas situações eacredita-se que grande parte das intolerâncias alimentares estejam relacionadas com a presença de aditivos nos alimentos.

5. Uso de antibióticos sistêmicos

Os antibióticos podem alterar a microbiota intestinal, composta por bactérias, fungos, protozoários e vírus, que interagem de forma complexa entre si. A microbiota tem um papel ativo na defesa da barreira intestinal contra eventuais organismos patogênicos, no processo digestivo, no fornecimento de nutrientes às células intestinais e na eficiência do sistema imunológico. As alterações nessa microbiota podem levar ao aparecimento de doenças gastrointestinais, de carácter agudo ou crônico, que ocorrem em consequência da colonização intestinal por bactérias, uma vez que a função protetora, conferida à microbiota intestinal, encontra-se reduzida.

Cachorro sente cólica? -

Sintomas de cólica em cachorros

O sintoma mais comum de um cachorro com cólica é quando ele sente dor quando tocado na região abdominal. Podem estar presentes, ainda, apatia, falta de apetite, vocalizações (choros), inquietação, flatulência e borborigmos audíveis (barulhos dos movimentos intestinais aumentados).

O que dar para cólica em cachorro?

O ideal é tratar a causa da cólica, utilizando antibióticos em caso de infecções bacterianas e antiparasitários em casos de parasitas intestinais. Mas alguns procedimentos podem ajudar o amigo peludo a se recuperar mais rápido, como o uso de analgésicos e medicação para alívio do desconforto causado por excesso de gases.

Outra coisa que você pode fazer para aliviar o desconforto de um cachorro com cólica é colocar uma compressa morna em sua barriga.

Cachorro sente cólica? - O que dar para cólica em cachorro?

Pode dar luftal para o cachorro?

A simeticona, cujo nome comercial é Luftal, é um medicamento indicado para o alívio dos sintomas do excesso de gases no trato gastrointestinal, resultando em incômodo, dores ou cólicas intestinais. Sua ação ocorre alterando a tensão superficial dos líquidos digestivos e impedindo a formação de bolhas. Também atua rompendo as bolhas formadas previamente e facilitando a liberação de gases que estão presos nas partículas dentro do trato gastrointestinal.

O medicamento é de uso humano, porém com literatura técnica que baseia seu uso na medicina veterinária, ou seja, seu uso em cães é seguro. Portanto, pode dar luftal para o cachorro, desde que o veterinário seja consultado para definir a dose adequada de acordo com o tamanho e raça do animal.

Tem como prevenir a cólica no pet?

A prevenção da cólica em cachorros baseia-se em evitar as doenças causadoras de cólicas. Grande parte dessas patologias podem ser prevenidas com o uso de vacinas, como as doenças virais. Outra medida é não dar alimentos crus ou malcozidos para o cãozinho, evitando contaminações bacterianas. O uso de vermífugos também é muito importante, podendo ser administrado a cada 6 meses ou conforme a recomendação do médico veterinário.

Cachorra tem TPM?

A tensão pré-menstrual ou TPM é representada por um conjunto de sintomas físicos, emocionais e comportamentais, que apresentam caráter cíclico e recorrente, iniciando-se na semana anterior à menstruação e que aliviam com o início do fluxo menstrual[1].

Como as cadelas não possuem ciclo menstrual, e sim ciclo estral, um tanto quanto diferente das mulheres, ocorrem apenas algumas alterações de comportamento, mas nada ligado à parte emocional. Por exemplo, durante o estro (cio), as cadelas tendem a ficar mais amistosas com os machos da espécie. Em compensação, durante o proestro, quando a fêmea ainda não está na fase ideal para o acasalamento, pode ficar mais agressiva caso algum cachorro se aproxime com essa intenção.

Agora que você já sabe que os cachorros sentem cólicas, mas não devido ao cio, assista ao vídeo a seguir para conhecer melhor os sintomas dos gatos no cio e o que fazer:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Arruda, C.G., Fernandes, A., Cezarino, P.Y.A., Simões R. Tensão Pré-Menstrual. Projeto Diretrizes, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2011. Disponível em https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/tensao_pre_menstrual.pdf. Acesso em 07/11/2022.
Bibliografia
  • Silva, M.S.M. Etiologia de Gastroenterites Primitivas Agudas em Cães: Estudo Retrospectivo de 158 Casos Clínicos. Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, 2019. Disponível em https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/17884/1/Etiologia%20de%20gastroenterites%20primitivas%20agudas%20em%20c%C3%A3es_estudo%20retrospetivo%20de%20158%20casos%20cl%C3%ADnicos.pdf. Acesso em 07/11/2022.
  • Barni, B. S. Hiperplasia Endometrial Cística em Cadelas e Gatas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, 2012. Disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/69821/000873232.pdf?sequence=1. Acesso em 07/11/2022.
  • Silva, F.B.P. et al. Prevalência da dismenorreia e sua influência na vida de trabalhadoras brasileiras. Revista Saúde e Desenvolvimento, v.13, n. 14, 2019. Disponível em file:///C:/Users/carlamoreira/Downloads/1017-Texto%20do%20artigo-3506-1-10-20190226.pdf. Acesso em 07/11/2022.
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