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Cachorro com convulsão, o que fazer?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. Atualizado: 5 julho 2023
Cachorro com convulsão, o que fazer?
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Quem já presenciou um cachorro tendo uma convulsão certamente ficou bem assustado. Saber o que fazer nessa situação é algo que pode ajudar o cachorro e deixar seu tutor mais tranquilo durante a crise, pois o pânico pode atrapalhar o socorro ao animal. As causas das convulsões em cachorros são variadas, como intoxicações por venenos, epilepsia, traumatismo craniano, problemas metabólicos e até mesmo tumores cerebrais. No entanto, o mecanismo é o mesmo: algum fator altera a função do cérebro, causando disparos elétricos em momentos em que eles não deveriam acontecer.

Além da medicação adequada, alguns cuidados podem ser tomados para que seja evitada outra crise convulsiva, como não colocar o cachorro em situações sabidamente estressantes. Muitos cães convulsionam por causa de fogos de artifício ou até mesmo quando chove muito forte, com vários trovões. Conhecer os gatilhos para as crises convulsivas é muito importante, o que pode proporcionar melhor qualidade de vida para o pet. Se você está diante de um cachorro com convulsão, o que fazer? Continue lendo este artigo do PeritoAnimal, onde explicaremos as causas, os sintomas e possíveis tratamentos para cachorros com convulsão.

Índice
  1. O que causa convulsão em cachorro?
  2. Sintomas de convulsão em cachorros
  3. Convulsão no cachorro deixa sequelas?
  4. Cachorro com convulsão pode morrer?
  5. Convulsão em cachorro tem cura?
  6. O que fazer com um cachorro que está tendo convulsão?
  7. Remédios para epilepsia em cães
  8. Como prevenir convulsões em cachorros?

O que causa convulsão em cachorro?

A convulsão em cães é uma manifestação de hiperatividade neuronal anormal do córtex cerebral que varia de apresentação de acordo com a localização e extensão no cérebro. Também pode ser definida como toda contração involuntária da musculatura corporal, intercalada com relaxamento muscular, resultando em perda da consciência, alteração do tônus muscular e, frequentemente, com micção e defecação involuntária. As convulsões podem ser generalizadas ou focais/parciais, sendo as focais com generalização secundária o tipo mais comum nos cães.

As causas para convulsões em cachorros são múltiplas, e nem sempre podem ser diagnosticadas:

Sintomas de convulsão em cachorros

A convulsão em cachorros pode ter quatro fases: um período inicial, o pródromo, seguido pela aura, ictus e fase pós-ictus.

  1. No pódromo acontecem alterações de comportamento, que precedem o início de uma convulsão em horas ou dias, como se esconder, ficar inquieto ou assustado (esses eventos pré-ictais não fazem parte da convulsão propriamente dita).
  2. A aura é o início da convulsão, que pode demorar minutos a horas, onde o cachorro demonstra comportamentos como andar compulsivamente, lamber, latir, salivação, micção, vômito, aumento da procura pelo tutor ou se esconder.
  3. O ictus é a convulsão propriamente dita, caracterizada por tônus muscular ou movimento muscular involuntário, comportamentos anormais, durando alguns segundos ou minutos.
  4. Na fase pós-ictus ocorre comportamento atípico devido à exaustão cerebral, como inquietação, letargia, cegueira, sede, fome, micção ou defecação. Essa última fase pode durar alguns segundos ou até mesmo várias horas.

Nas convulsões generalizadas, o cachorro pode ficar inconsciente, com membros estendidos rigidamente, acompanhado de movimentos clônicos dos membros na forma de corrida ou pedalagem. Pode também salivar, urinar e defecar.

Cachorro com convulsão, o que fazer? - Sintomas de convulsão em cachorros

Convulsão no cachorro deixa sequelas?

O objetivo principal do tratamento é evitar crises com um cachorro convulsionando de forma recorrente, que podem causar lesões cerebrais irreversíveis nos cães, deixando graves sequelas. Além disso, o controle das crises proporcionará melhor qualidade de vida ao amigo peludo.

Cachorro com convulsão pode morrer?

Como a convulsão não é uma doença, e sim um sintoma, deverão ser pesquisadas as doenças associadas. A depender da causa, o cachorro com convulsão pode morrer se não for socorrido a tempo.

Convulsão em cachorro tem cura?

Para que um cachorro não tenha mais convulsões, tudo dependerá da causa que as provocam. Em casos de intoxicação, por exemplo, ao retirar o agente agressor, a tendência é que as crises convulsivas acabem. No entanto, em casos hereditários ou congênitos, alguns animais terão apenas a diminuição das crises ou seu controle por meio de medicação.

O que fazer com um cachorro que está tendo convulsão?

Inicialmente, o tutor precisa manter a calma. Uma crise convulsiva no cachorro dura cerca de 2 a 3 minutos.

  1. Durante a crise, o animal deve ser mantido deitado de lado e sua cabeça deve ser acolchoada, para evitar que ele tenha algum trauma durante as contrações musculares.
  2. Em nenhuma hipótese tente puxar a língua do cachorro, pois ele pode morder involuntariamente. E não se preocupe! Ele não vai engolir a língua!
  3. O que o tutor precisa garantir é que ele fique de lado, para que a saliva escorra e não seja aspirada, evitando engasgos.
  4. Quando a crise terminar, tente acalmar o cachorro, conversando com ele.
  5. Para evitar que outra crise ocorra, o pet deverá ser levado o mais rápido possível ao médico veterinário para acompanhamento.
Cachorro com convulsão, o que fazer? - O que fazer com um cachorro que está tendo convulsão?

Remédios para epilepsia em cães

Vários medicamentos são utilizados para o controle das convulsões em cachorros em paciente epilépticos. Aqui listamos os principais remédios utilizados para a epilepsia em cães.

  • Fenobarbital: tem elevada eficácia, é bem tolerado, pode ser usado sozinho ou em combinação com outros medicamentos e tem baixo custo.
  • Brometo de Potássio: não provoca toxicidade hepática, apresenta elevada eficácia, pode ser associado ao fenobarbital e tem baixo custo.
  • Benzodiazepínicos: não são muito utilizados como anticonvulsivantes de manutenção, desenvolvem tolerância, usados para convulsões agudas.
  • Gabapentina: utilizado com adjuvante na terapia com fenobarbital e/ou brometo de potássio.
  • Primidona: pode causar lesões hepáticas, tem maior custo que o fenobarbital.
  • Fenitoína: não causa sedação, tem efeito potente e efeito com curta duração.
  • Topiramato: tem um preço mais elevado, ainda não foram feitos estudos sobre sua toxicidade nos cachorros.

Destacamos que o uso e posologia devem ser estabelecidos por um médico veterinário.

Como prevenir convulsões em cachorros?

Uma causa comum de convulsões é a cinomose, doença infectocontagiosa que atinge o sistema nervoso central. No entanto, existe vacina para prevenir a patologia. Manter o animal sempre com as vacinas em dia é a melhor forma de prevenir as sequelas dessa doença. Outro fator que pode ser evitado são os traumas. Deve-se ter o cuidado de não deixar o cãozinho cair do colo, pular de lugares muito altos ou bater com a cabeça durante as brincadeiras. Também é aconselhável evitar o contato com produtos de limpeza, inseticidas, agrotóxicos e outros que possam causar intoxicação nos pets.

Além disso, os animais acometidos por epilepsia devem receber dieta balanceada, fazer exercício regularmente, ser expostos ao menor nível de estresse ambiental possível – as situações que parecem desencadear ataques devem ser evitadas ao máximo -, dispor de períodos de repouso e ter rotina o mais regular possível.

Agora que você já sabe o que fazer em caso de convulsão em cães, não perca nosso artigo em que explicamos quantas vacinas um cachorro tem que tomar na vida.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Cachorro com convulsão, o que fazer?, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Primeiros socorros.

Bibliografia
  • Estanislau, C.A. Tratamento farmacológico da epilepsia em cães. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade “Júlio Mesquita Filho”, Campus Jaboticabal, 2009. Disponível em https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/118947/estanislau_ca_tcc_bot.pdf?sequence=1. Acesso em 09/03/2023.
  • Bing, R.S. Epilepsia em cães. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. Disponível em https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/152925/000917528.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 09/03/2023.
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