Raças de cães farejadores

Por razões históricas e fisiológicas, esta costuma ser considerada a raça de cães farejadores por excelência. Isso se deve ao fato de que os antigos sabujos de São Humberto foram empregados no desenvolvimento de várias raças de cães de caça e rastreamento, precisamente por sua precisão olfativa e seu notável desempenho nas jornadas de caça.

Além disso, estudos comprovaram que o bloodhound ou cão-de-santo-humberto é a raça canina com a maior quantidade de receptores olfativos (cerca de 300 milhões). Também é capaz de seguir rastros por vários dias – ou até mesmo semanas – após a sua ocorrência. Por essa razão, é amplamente empregado na busca de pessoas desaparecidas, auxiliando as forças de segurança nas tarefas de rastreamento.

Embora existam controvérsias sobre suas origens, uma das hipóteses mais aceitas indica que o basset hound está relacionado ao bloodhound. Apesar da diferença radical de tamanho, é possível identificar grandes semelhanças em sua morfologia, principalmente na região craniana e facial. Por exemplo, o formato da cabeça e do focinho, as longas orelhas pendentes e o olhar “tristonho”.

Além disso, as notáveis habilidades do basset hound para seguir rastros podem ter sido herdadas dos antigos sabujos de São Humberto, sendo este um ancestral comum com o bloodhound belga. No entanto, outra hipótese sobre a criação desta raça de cães ingleses de patas curtas aponta que eles descendem de algumas ninhadas de sabujos franceses anões.

De qualquer forma, o basset hound é uma das raças de cães farejadores que fica muito próxima do bloodhound em termos de quantidade de receptores olfativos, posicionando-se no topo do ranking de cães com melhor olfato.

Assim como o basset hound, o beagle é uma raça de cão farejador criada no Reino Unido com o propósito de se tornar um excelente cão de caça.

De fato, as semelhanças entre ambas as raças fazem com que muitas pessoas as confundam, mas o corpo do beagle é visivelmente mais alto, atlético e estilizado do que o do basset hound. Além disso, suas orelhas e o focinho não são tão curtos, enquanto seu olhar não é tristemente, mas simpático e vivaz.

Os beagles também têm uma personalidade bem única, o que contribuiu de maneira significativa para serem um dos cães mais queridos pelas crianças. Alegres, brincalhões, inteligentes e com uma energia quase inesgotável, esses cães farejadores precisam de uma estimulação física e mental constante para manter um comportamento estável.

Quanto às origens do beagle inglês, a hipótese mais aceita diz que a raça de cão farejador que conhecemos hoje começou a se desenvolver a partir do foxhound de tamanho grande. No entanto, registros históricos apontam para a presença de cães sabujos muito parecidos com o beagle em séculos anteriores ao nascimento de Cristo.

Embora não tenha a mesma popularidade, o cão harrier tem uma aparência geral e habilidades olfativas muito semelhantes às do beagle. Isso não é coincidência, já que ambos descendem do foxhound inglês e foram desenvolvidos para se destacarem na caça em matilha. No entanto, podemos diferenciá-los pela composição corporal, já que os cães harrier são mais altos e robustos do que os beagles.

Em termos de temperamento, o harrier também é muito amigável e sociável, mas tende a ser um pouco mais independente do que o beagle. Eles têm bastante facilidade para conviver com outros cães, mas, devido ao acentuado instinto de caça, precisam ser socializados desde filhotes para aprender a se relacionar de forma mais harmoniosa com outros animais, especialmente os de pequeno porte.

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Originalmente, os cães foxhound foram desenvolvidos no Reino Unido durante o século XIII para a caça de raposas. No entanto, atualmente, são reconhecidas duas raças distintas:

• O foxhound inglês;
• O foxhound americano.

Ambos são cães de grande porte, corpo esbelto e bem-proporcionado, alcançando uma altura na cernelha entre 58 cm e 64 cm na idade adulta. Quanto às suas origens, sabe-se que os cães foxhound são descendentes diretos do bloodhound belga e do galgo inglês.

Por outro lado, o foxhound inglês é um ancestral comum de vários sabujos, incluindo os já mencionados cães beagle, harrier e o próprio foxhound americano. Assim, não é surpresa que estejam entre os cães com melhor olfato.

É a mais reconhecida entre todas as raças de cães sabujos de porte médio desenvolvidas na França. A maioria dessas raças tem o termo "basset" em sua nomenclatura oficial, que deriva da palavra "bas", que significa "baixo" em francês. Esta é uma clara referência à baixa estatura que caracteriza esses cães franceses criados para a caça de menor porte.

A aparência geral do basset artesiano normando é muito semelhante à do basset hound. O corpo dessas raças de cães farejadores é igualmente alongado e robusto, com patas curtas, longas orelhas pendentes, olhar triste e pelagem curta bicolor ou tricolor. No entanto, o basset artesiano normando é mais leve, já que seu peso corporal na idade adulta supera dificilmente os 20 kg, enquanto um basset hound pode chegar a pesar até 40 kg.

Esta antiga raça de cães franceses e farejadores é nativa da histórica região de Gasconha, no sudoeste da França. Sua presença em território francês está bem documentada desde o século XIV, quando eram usados para a caça maior em matilha, principalmente de ursos, javalis e até lobos. No entanto, acredita-se que seus ancestrais foram contemporâneos do cão-de-santo-humberto.

O grande azul da Gasconha é um cão farejador de grande porte e aspecto imponente, com um corpo bem musculoso, patas longas e pelagem curta, mas bem densa. De caráter nobre e calmo, esses cães são amplamente valorizados por suas capacidades olfativas, sendo capazes de seguir rastros durante vários dias ou até semanas.

Imagem: Ladridos

Como o próprio nome evidencia, esta raça de cães sabujos de porte médio é nativa da Espanha. Sua presença no território espanhol remonta à baixa Idade Média, e suas qualidades para a caça foram descritas com grande riqueza de detalhes em vários clássicos literários. Entre eles, destaca-se o "Livro de la Montería", escrito pelo Rei Alfonso XI durante o século XIV.

Originalmente, o sabujo-espanhol foi treinado para a caça menor, especializando-se em seguir rastros de sangue de roedores (principalmente lebres). No entanto, há evidências de que também foi utilizado na caça de animais de grande porte, como javalis e corças. E, ao contrário das raças de cães farejadores que mencionamos até aqui, os sabujos-espanhóis costumavam caçar sozinhos (ou seja, apenas na companhia do caçador humano), e não em matilha.

Outro dado interessante é que o sabujo-espanhol foi desenvolvido em dois tamanhos: o pequeno e o grande. Atualmente, apenas o sabujo-espanhol de porte médio está reconhecido pelas federações caninas internacionais, já que a variedade de porte pequeno é considerada extinta.

Esta raça de cães farejadores é nativa da Alemanha. Assim como a maioria dos cães de caça, descendem dos antigos sabujos europeus, mas sua aparência e morfologia atuais resultam de múltiplos cruzamentos com outras raças geneticamente afins realizados no final do século XVIII e início do século XIX.

O sabujo-montanhês-da-baviera é um cão de porte médio, com corpo ligeiramente alongado e bem musculoso. De temperamento equilibrado, esses cães se destacam, segundo o padrão da FCI, por “um olfato muito apurado para buscar rastros, possuindo grande segurança e vontade para o rastreamento”.

Além disso, costumam ser muito leais e afetuosos com seus familiares, mas algo desconfiados na presença de estranhos. Por isso, devem ser socializados desde uma idade precoce.

Segundo a classificação da FCI, o basset alpino é um cão de rastreamento com prova de trabalho. Suas origens não estão totalmente claras, mas sabe-se que, desde a antiguidade, eram usados cães de caça muito parecidos com o atual basset alpino nos territórios montanhosos que hoje pertencem à Áustria.

No entanto, a raça só foi oficialmente reconhecida em 1932 pela Federação Cinológica da Áustria, começando a ser considerada a terceira raça de cães sabujos nativa deste país.

De porte médio e constituição robusta, esses cães desempenhavam o papel de rastreadores na busca de corças feridas e de sabujos na caça de lebres e raposas. Seu comportamento tende a se tornar algo destemido durante as jornadas de caça, mas, em seu núcleo familiar, o basset alpino se revela um cão amável, calmo e muito leal ao seu tutor.

A FCI inclui mais de 60 raças caninas dentro do grupo 6, que, como vimos, é dedicado aos cães farejadores, sabujos e raças semelhantes. Para não nos estendermos muito, destacamos apenas dez delas nas seções anteriores, mas não queremos deixar de mencionar os outros cães com o melhor olfato.

Por isso, a seguir, vamos apenas os mencionar, mantendo a divisão original feita pela FCI. Confira:

Cão tipo sabujo

Entre as raças de cão tipo sabujo encontramos:

Rastreador brasileiro (Brasil);

• Cão preto e castanho para caça ao guaxinim (Estados Unidos);
• Billy (França);
• Gascão saintongeois (França);
• Grande grifo da Vendeia (França);
• Grande cão anglo-francês branco e laranja (França);
• Grande cão anglo-francês branco e preto (França);
• Grande cão anglo-francês tricolor (França);
• Cão francês branco e laranja (França);
• Cão francês branco e preto (França);
• Cão francês tricolor (França);
• Cão polaco (Polônia);
• Cão de lontra (Reino Unido);
• Sabujo austríaco preto e castanho (Áustria);
• Sabujo do Tirol (Áustria);
• Sabujo da Estíria de pelo áspero (Áustria);
• Sabujo da Bósnia de pelo cerdoso (Bósnia e Herzegovina);
• Sabujo da Ístria de pelo curto (Croácia);
• Sabujo da Ístria de pelo duro (Croácia);
• Sabujo do Vale do Save (Croácia);
• Sabujo eslovaco (Eslováquia);
• Sabujo finlandês (Finlândia);
• Beagle-Harrier (França);
• Briquet grifo da Vendeia (França);
• Grifo azul da Gasconha (França);
• Grifo de Nivernais (França);
• Grifo fulvo da Bretanha (França);
• Pequeno sabujo azul da Gasconha (França);
• Porcelana (França);
• Cão anglo-francês de porte médio (França);
• Sabujo artesiano (França);
• Sabujo do Ariège (França);
• Sabujo poitevino (França);
• Sabujo helênico (Grécia);
• Sabujo da Transilvânia (Hungria);
• Sabujo italiano de pelo duro (Itália);
• Sabujo italiano de pelo liso (Itália);
• Sabujo de montanha de Montenegro (Montenegro);
• Sabujo de Hygen (Noruega);
• Sabujo de Halden (Noruega);
• Sabujo norueguês (Noruega);
• Sabujo sérvio (Sérvia);
• Sabujo tricolor sérvio (Sérvia);
• Sabujo de Småland (Suécia);
• Sabujo de Hamilton (Suécia);
• Sabujo schiller (Suécia);
• Sabujo suíço (Suíça);
• Cão texoneiro da Westfália (Alemanha);
• Sabujo alemão (Alemanha);
• Basset azul da Gasconha (França);
• Basset fulvo da Bretanha (França);
• Grande basset grifo da Vendeia (França);
• Pequeno basset grifo da Vendeia (França);
• Cão texoneiro sueco (Suécia);
• Pequeno sabujo suíço (Suíça).

Cães de rastreamento

Outras raças de cães farejadores são:

• Rastreador de Hannover (Alemanha).

Raças de cães semelhantes

Se focarmos em raças de cães semelhantes, temos:

• Dálmata (Croácia);
• Leão da rodésia (África do Sul).

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