11 Raças de cachorros brasileiros
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O Brasil se destaca não apenas por suas dimensões continentais e cultura multifacetada, mas também pela enorme diversidade natural. De norte a sul do território brasileiro, encontramos diversos ecossistemas que compõem uma biodiversidade privilegiada.
Embora seja geralmente associado a espécies mais exóticas de animais, como as encontradas na floresta amazônica, algumas raças de cães muito representativas da história e da cultura brasileira também se originaram em seu solo. Neste artigo do Perito Animal, convidamos você a conhecer as raças brasileiras de cachorro e descobrir algumas curiosidades sobre a aparência e comportamentos.
- Raças Brasileiras
- Fila Brasileiro
- Terrier brasileiro
- Buldogue Campeiro
- Rastreador brasileiro
- Buldogue Serrano
- Dogue Brasileiro
- Ovelheiro Gaúcho
- Veadeiro Pampeano
- Raças brasileiras de cachorro não conhecidas
Raças Brasileiras
As raças brasileiras de cachorro que existem são:
- Fila Brasileiro
- Terrier Brasileiro
- Buldogue Campeiro
- Rastreador Brasileiro
- Buldogue Serrano
- Dogue Brasileiro
- Veadeiro Pampeano
- Ovelheiro Gaúcho
- "Boca-Preta Sertanejo" ou "Cão Sertanejo"
- Griffon Barbudo
- Cão-Pastor-da-Mantiqueira
Nos próximos tópicos, vamos descrever mais sobre cada uma delas, como surgiram e suas características.
Fila Brasileiro
O Fila brasileiro é o primeiro entre as raças de cachorro brasileiro. É um cão de grande porte e massa muscular privilegiada, que exibe um aspecto poderoso e imponente. O seu corpo tem um perfil retangular e ligeiramente inclinado, já que a parte traseira é um pouco mais alta que a frente. Sua pele é grossa e tem pouca aderência ao corpo, proporcionando algumas papadas.
Além da sua impressionante textura corporal, uma característica muito peculiar do Fila é a sua maneira de se mover. Eles são um dos poucos cachorros que, ao caminhar, movem simultaneamente a perna dianteira e traseira do mesmo lado. Esta maneira muito particular de caminhar é conhecida como "andar de camelo", devido à semelhança com os movimentos deste animal.
Personalidade do Fila Brasileiro
O Fila brasileiro possui uma personalidade forte e o seu temperamento é um pouco complexo. No núcleo familiar, eles são muito carinhosos e dedicados, demonstrando ainda uma notável paciência para conviver com as crianças. No entanto, eles geralmente são reservados e podem ser hostis e desconfiados com pessoas e animais desconhecidos. Portanto, essa raça de cachorro necessita de cuidadores experientes e pacientes que tenham a dedicação e a capacidade de educá-los com o reforço positivo. Além disso, um Fila deve ser socializado cedo para aprender a se relacionar com as pessoas, outros animais e aos seus próprios brinquedos.
Em relação à sua história, sabemos que o Fila brasileiro resulta de cruzamentos entre cães nativos do Brasil e algumas raças que foram introduzidas pelos colonizadores portugueses, como o Buldogue, o Mastiff e o Bloodhound. Atualmente, ainda existem algumas divergências sobre como esses cruzamentos ocorreram. Alguns historiadores dizem que eles aconteceram naturalmente, enquanto outros afirmam que eles foram feitos intencionalmente para criar uma raça muito forte e resiliente, com habilidades notáveis para caçar e vigiar.
Em princípio, a raça foi usada como um trabalhador rural "multifuncional": proteger as terras dos colonos, pastoreando rebanhos e perseguindo escravos que estavam tentando fugir (a escravidão era legal no Brasil até 1888). Nesta mesma época, os Filas também eram usados para caçar animais grandes (principalmente pumas e outros felinos). Posteriormente, estes animais foram treinados como cão policial e também ganharam o seu lugar entre os melhores cães de guarda, sendo adotados como o animal de estimação preferido e protetor de muitas famílias.
Em 1940, o Fila brasileiro foi reconhecido pelo AKC (American Kennel Club), tornando-se a primeira raça de cães no Brasil oficialmente registrada por sociedades internacionais caninas.
Terrier brasileiro
O Terrier brasileiro, mais conhecido popularmente como Fox Paulistinha, "compete" de igual para igual com o Fila quando o critério é a popularidade da raça. Entretanto, diferente do seu conterrâneo, o Fox Paulistinha é um cachorro de porte pequeno a médio, cujo tamanho exato é determinado pela sua herança genética. O corpo tem um perfil quadrado e exibe linhas suaves, que dão uma aparência muito elegante a este representante encantador da família do Terrier.
Uma das características físicas mais destacadas desta raça são os pelos curtos e lisos, tão colados uns aos outros e aderidos ao corpo do cão, que não mostram a pele. Este tipo de pelagem muito densa e atraente é chamada de "pelagem de rato".
O Terrier brasileiro é um cão hiperativo, inteligente e curioso, com um temperamento muito alegre e perspicaz. Quando recebem uma boa educação, estes peludos podem facilmente aprender muitas funções, truques e esportes caninos. Apesar de ser muito carinhoso e leal com a sua família, o Fox Paulistinha é um cão independente, demonstra uma personalidade forte e pode se tornar teimoso e territorial quando os seus donos não têm a experiência certa para treiná-lo e socializá-lo desde filhote.
Terrier Brasileiro: origem
Alguns especialistas dizem que o fox paulistinha nasceu dos cruzamentos entre os cães nativos do Brasil com espécimes de Fox Terrier e Jack Russel Terrier que teriam chegado ao litoral brasileiro em navios portugueses e holandeses. Diz-se que os colonos costumavam viajar com pequenos cães Terrier para evitar a proliferação de ratos em seus navios. No entanto, estima-se que a aparência e o comportamento do atual Terrier brasileiro poderiam ter sido influenciados por alguns cruzamentos posteriores com Pinschers e Chihuahuas.
Antes de ser adotado como animal de estimação de muitas famílias, o fox paulistinha era usado com cão de caça de pequenos roedores e cão de guarda.
Buldogue Campeiro
Esta raça de cachorro nasceu durante o século XIX na região sul do Brasil, a partir de cruzamentos entre o Buldogue Inglês e o Bull Terrier. Como é possível presumir, é um cachorro de porte médio com músculos fortes e uma grande vocação para o trabalho. Apesar de não ter "cruzado fronteiras", o Buldogue Campeiro (também conhecido como Bordoga) foi muito popular no Brasil até os anos 70.
Em princípio, estes cães foram usados para vigiar e controlar o gado na região sul do Brasil, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Por causa da sua força, resistência, velocidade e disposição para trabalhar, eles foram levados para a região central do país onde costumavam ser usados para abater porcos e outros animais criados para consumo humano.
Quando as medidas sanitárias nos matadouros foram regulamentadas e reforçadas, durante a década de 70, o Buldogue Campeiro quase se extinguiu do Brasil. No entanto, alguns criadores se dedicaram a "resgatar" a raça, gerar novas linhagens "puras" e criar um padrão estético melhor definido para obter reconhecimento oficial.
Em 2001, a Confederação Brasileira de Cinologia reconheceu oficialmente o Buldogue Campeiro. No entanto, os admiradores dessa raça brasileira continuam dedicados a obter o reconhecimento internacional da FCI (Federação Cinológica Internacional).
Rastreador brasileiro
Enquanto o Fila foi o primeiro cachorro brasileiro a ser reconhecida por uma sociedade canina internacional, o Rastreador Brasileiro foi a primeira raça de cães do Brasil a ser oficialmente registrada pela FCI em 1967. Infelizmente, o Rastreador Brasileiro foi declarado extinto alguns anos depois, em 1973, tanto pela FCI como pela CBKC. O uso crescente de pesticidas em plantações rurais, somado ao surto de algumas doenças erradicou praticamente toda a população de rastreadores brasileiros durante os anos 70.
O Rastreador Brasileiro, também conhecido como americano urrador, era um cão de caça tipo sabujo. Um cão de porte médio, cuja altura na cernelha costumava variar entre 62 centímetros e 67 centímetros, com um temperamento enérgico e sociável, mas podia se tornar "teimoso" ao não receber uma educação adequada por seus cuidadores. Atualmente, alguns criadores brasileiros tentam "recriar" a raça original, no entanto, ainda não tiveram um sucesso significativo.
Veja também: As raças mais caras de cachorro no Brasil
Buldogue Serrano
A história do Buldogue Serrano é misturada e confusa, em muitas ocasiões, com a biografia do buldogue campeiro. A Confederação Brasileira de Cinofilia afirma que, de fato, ambas raças sempre existiram, mas suas semelhanças físicas e o fato de compartilharem alguns ancestrais geraram certas confusões.
Os primeiros Buldogues Serranos surgiram de cruzamentos entre cães nativos do sul do Brasil, com alguns exemplares de Buldogue Inglês e o old english bulldog (velho buldogue inglês, que já foi extinto), que acompanhou os primeiros imigrantes europeus que se instalaram na região sul do Brasil. No entanto, estima-se que a aparência e o comportamento do Buldogue Serrano atual também foram determinados por alguns cruzamentos com o alano espanhol e o "cão de fila da terceira" (uma raça de origem portuguesa que também está extinta).
Historicamente, o Buldogue tem sido usado para proteger os campos produtivos do sul do Brasil e para pastorear o rebanho bovino. Atualmente, a raça é reconhecida pela Confederação Brasileira de Cinofilia, mas não pelas sociedades caninas internacionais.
Dogue Brasileiro
O Dogue Brasileiro se origina do cruzamento feito entre um Bull Terrier macho e uma Boxer fêmea. A sua criação é atribuída a Pedro Pessoa Ribeiro Danta, um renomado criador brasileiro da raça bull terrier entre as décadas de 60 e 80. No entanto, a história popular conta que, na verdade, foi um vizinho de Danta que pediu para cruzar um dos seus machos de bull terrier com um boxer fêmea do bairro. Assim, em 1978, nasceram os primeiros cães de Dogue brasileiro, a primeira raça de cães do Brasil criada em área urbana.
Por curiosidade, Danta ficou com um dos filhotes nascidos desse cruzamento. Percebendo que o filhote crescia bastante saudável, ganhava um corpo forte, ágil e, ao mesmo tempo, elegante, e também, se mostrou obediente e predispostos ao adestramento, Danta decidiu dar continuidade a esta nova raça brasileira. Inicialmente, o criador batizou a raça com o nome de "Bull Boxer", em homenagem a seus progenitores.
Durante o século XX, o Dogue Brasileiro foi reconhecido pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Atualmente, a raça está cada vez mais perto de ser reconhecida pela FCI, falta apenas verificar a existência de 8 linhagens homogêneas que não compartilham pais, avós ou bisavós e tenham sido originados de, pelo menos, 2 machos e 6 fêmeas.
Ovelheiro Gaúcho
O Ovelheiro Gaúcho é outra raça de cães do Brasil que foi registrada pela Confederação Brasileira de Cinofilia, contudo, aguarda o reconhecimento de sociedades caninas internacionais. É um cão de porte médio, com grande inteligência, agilidade e um temperamento ativo, alerta e leal. À primeira vista, podemos reconhecer a sua semelhança com os cães Border Collie, entretanto, ainda não se sabe quantas raças intervieram para o nascimento do Ovelheiro Gaúcho. Como todo cão ovelheiro, esta raça tem sido usada principalmente para pastorear o gado e proteger as terras dos seus tutores.
Veadeiro Pampeano
Os Veadeiros Pampeanos são cães de porte médio, com corpo retangular e aparência rústica. Como um bom cão de caça, o veadeiro possui sentidos muito aguçados e está sempre alerta aos estímulos do seu ambiente. Seu temperamento é equilibrado e obediente, o que facilita o seu adestramento. No núcleo familiar, os Veadeiros são extremamente leais aos seus donos e muito pacientes com as crianças. No entanto, eles podem ser desconfiados ou hostis na presença de estranhos. Portanto, essa é uma raça que requer atenção especial a sua socialização primária.
Segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia, os Veadeiros já estavam presentes na região Sul do Brasil desde o século XIX, mas a raça ainda não tinha conquistado o reconhecimento da FCI.
Raças brasileiras de cachorro não conhecidas
Existem outras raças brasileiras de cachorro, além das já mencionadas, que ainda não foram reconhecidas pela Confederação Brasileira de Cinofilia nem pelas sociedades caninas internacionais. Apesar de não ter um reconhecimento oficial, esses cães acompanham o povo brasileiro durante séculos e são considerados como patrimônio histórico-cultural de algumas regiões do Brasil.
Não podemos deixar de mencionar as seguintes raças:
- "Boca-Preta Sertanejo" ou "Cão Sertanejo"
- Griffon Barbudo
- Cão-Pastor-da-Mantiqueira
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