Meu gato não quer comer e está triste: causas e soluções
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Os gatos são animais de hábitos e que não gostam muito de novidades, por isso não se surpreenda que uma mudança numa das suas rotinas possa fazer com que eles deixem de comer e beber. A simples alteração do local do comedouro, a introdução ou perda de um elemento da família ou uma doença podem levar a um gato triste, apático e sem apetite.
Se você afirma “meu gato não quer comer nem beber água” ou que está mais triste, não deve adiar a ida ao veterinário, pois pode se tratar de uma situação grave. Se você quer saber porque é que o seu gato não quer comer e está triste e quais medidas pode tomar para solucionar este problema, continue lendo este artigo do PeritoAnimal.
Meu gato não quer comer: rotina, depressão e estresse
Antes de mais nada, é importante que você conheça a personalidade e os gostos do seu gato para saber quais as situações que são normais e quais não são. Você pode se estar perguntando, mas sim é verdade, os gatos também podem ter problemas emocionais, ficar estressados, tristes e até ter depressão. É comum em certas situações o tutor se questionar: “meu gato não come e só fica deitado, devo me preocupar?”. A resposta é muito simples, qualquer alteração no apetite e comportamento do animal deve ser motivo de preocupação.
O estresse e a depressão são duas condições que afetam não só a saúde mental como a saúde física, causando:
- Inatividade;
- Excesso de horas de sono;
- Falta de apetite;
- Diminuição da interação com os tutores e outros animais;
- Perda de interesse por brinquedos ou guloseimas;
- Alterações do comportamento (mais assustados, fugitivos ou aumento da vocalização).
O veterinário é a única pessoa capaz de diagnosticar e ajudar nestes casos.
Uma outra questão comum é quando o tutor afirma “adotei um gato e ele não quer comer”. O animal pode não comer devido ao estresse que está passando. Por mais cômodo e adequado que seja o novo ambiente, o organismo tem que se acostumar a todas as novidades (nova casa, novos tutores, novos odores, novo alimento, etc.) e isso pode ser muito estressante para o animal.
Quando se tratar de um filhote ou gatinho jovem, a separação da progenitora e/ou dos irmãos ou a transição do leite para ração é difícil e o gatinho pode não quer comer nos primeiros dias. Em qualquer caso é importante que o gato não fique mais de 48h (dois dias) sem comer e para filhotes de gato isso é ainda mais crucial devido ao organismo ainda debilitado que possuem. Continue lendo para saber mais sintomas e o que fazer para ajudar um gato que não quer comer e está triste.
Meu gato não quer comer
Como vimos, o estresse e a depressão são alguns exemplos de condições que podem originar diminuição ou perda de apetite nos gatos, mas existem muitos outros fatores (externos e internos) que podem também originar isso.
Quando um gato deixa de comer ou come menos do que o habitual é quase sempre indicativo de que algo não está bem, podendo ser algo mais ou menos grave. Apesar de a frase “meu gato não come há 3 dias ou mais” ser muito comum na prática clínica, é importante que não o gato não fique sem comer por mais de dois dias. Os órgãos deste animal (especialmente o fígado) são muito sensíveis à falta de alimentação, podendo causar graves consequências a longo prazo.
Existe um transtorno hepático, a lipidose hepática, que surge em gatos obesos e em gatos com jejum prolongado de mais de 48h. Neste processo ocorre um excesso de deposição de gordura no fígado, que fica sobrecarregado e não consegue realizar as suas funções normais. Os principais sintomas deste transtorno são:
- Vômitos;
- Diarreia;
- Salivação;
- Depressão;
- Anorexia;
- Mucosas amarelas (icterícia);
- Anemia.
Por estas razões, a perda de apetite em gatos é um problema que não deve ser ignorado.
Meu gato não quer comer e está triste: causas por fatores externos
As causas de um gato sem apetite por fatores externos (provocados por algo no ambiente do animal), são:
Mudanças no território
A mudança da posição dos móveis, do local da caixa de areia, do comedouro, assim como viagens, festas, morte ou introdução de um novo membro da família (seja animal ou humano) é um fator de estresse e muitos gatos reagem mal a essas alterações deixando de comer e beber. Se a simples mudança de um móvel para um local novo provoca o desagrado do animal, imagine a presença de um animal ou ser humano desconhecidos. Nestas situações, existem difusores e sprays de feromônios felinos que podem ajudar a aliviar o estresse ou a introdução gradual das mudanças com treino de habituação.
Alterações na dieta
Os gatos são conhecidos por serem muito exigentes na sua alimentação e a introdução de uma nova ração pode levar à denominada neofobia alimentar, que se caracteriza pela recusa completa do novo alimento. Assim, não é boa ideia fazer transições repentinas na dieta do animal além de que, pode provocar problemas gastrointestinais.
Só se deve fazer alterações em casos que assim o necessários como o crescimento (desmame e transição para idade adulta) ou em caso de doenças que exijam dietas específicas. Além disso, qualquer transição alimentar deve ser sempre feita durante, no mínimo, sete dias:
- 1º e 2º dia: colocar uma maior porcentagem da ração atual/antiga (75%) com um pouco da nova (25%);
- 3º e 4º dia: igual quantidade de ambas as rações (50-50%);
- 5º e 6º dia: menor quantidade da antiga (25%) e maior da nova (75%);
- 7º dia: apenas a nova ração (100%).
Trauma ou choque
Um trauma ou susto pode causar um nível tão grande de estresse que o animal pode se recusar a comer e mesmo a defecar durante alguns dias.
Solidão, aborrecimento, tédio, ansiedade por separação
Apesar de se achar que os gatos são animais independentes e não precisam da companhia humana, esta afirmação não é propriamente verdade. Os gatos são seres sociais e caçadores natos, gostando de se entreter e interagir com diversos estímulos durante todo o dia com brinquedos, instrumentos de comida interativa, outros animais e com os tutores.
A falta de estímulos sociais, ambientais e cognitivos leva a que o gato possa desenvolver aborrecimento e tédio, que mais tarde podem converter em depressão e comportamentos anormais.
Intoxicação ou envenenamento
Existem muitos produtos químicos, fármacos e plantas que são extremamente perigosos para os gatos devido à sua toxicidade. É importante que você saiba quais são as plantas tóxicas e alimentos proibidos para gatos.
Temperaturas elevadas
Os dias de maior calor dão mais moleza ao animal e fazem com que ele durma mais tempo, se mexa pouco e não tenha tanta vontade de comer. É muito importante que você mantenha a hidratação do animal e forneça várias fontes de água fresca em diferentes pontos da casa.
A desidratação pode também levar o gato a não comer, podendo ser uma situação em que você pensa: "meu gato não come e só fica deitado” ou “meu gato não come só bebe água”. Precisamente pelo calor excessivo eles tendem a se movimentar menos e a não comer. Tente colocá-lo num local fresco e abrigado durante as horas e dias de maior calor.
Meu gato não quer comer e está triste: causas por fatores internos
As causas de um gato sem apetite por fatores internos (no próprio organismo do animal), são:
Ingestão de corpos estranhos
Como sabemos, os gatos são animais muito brincalhões e adoram um bom fio ou bola para brincar. Contudo, corpos lineares como fios elétricos ou de tecido ou objectos pontiagudos são muito perigosos quando o animal os ingere, uma vez que provocam irritação na mucosa gastrointestinal e podem causar torção ou perfuração dos órgãos, representando risco de morte.
Bolas de pelo
Os denominados tricobezoares, se formam devido à ingestão e acumulação de pelos mortos e soltos no trato gastrointestinal. Geralmente eles são eliminados nas fezes, mas existem alguns momentos que podem causar problemas, como vômitos de pelo, tosse, diarreia, perda de apetite e obstruções gastrointestinais. Uma boa forma de prevenir e tratar este problema é escovando o pelo do animal, administrar malte e ervas específicas para bolas de pelo.
Parasitas externos e/ou internos
Podem enfraquecer o organismo do animal e ainda provocar obstruções ou tamponamentos no trato gastrointestinal. É extremamente importante seguir o plano de desparasitação
Gato idoso
Com o avanço da idade vêm os problemas de perda de dentes, perda de olfato e de audição. Muitos destes problemas podem diminuir o apetite do animal ou a capacidade de prensar os alimentos.
Dor ou febre
A dor sem dúvida é uma condicionante do apetite dos animais. Um animal que apresente dor não vai conseguir seguir a uma rotina normal e pode chegar a deixar de comer. Casos como “meu gato está fraco e não quer comer” e “meu gato não quer comer e está vomitando” são ainda mais preocupantes, pois são indicativos de doença. Geralmente a perda de apetite pode ser o sinal clínico inicial de uma doença subjacente, no entanto, outros sintomas como vômitos, diarreia, fraqueza, febre e perda de peso são também condições observadas que exigem acompanhamento e tratamento médico.
Meu gato não quer comer e está triste: o que fazer?
Se o gato não quer comer e está triste, há algumas coisas que você pode fazer, como:
- O primeiro passo é descartar possíveis doenças e infeções.
- Respeitar conselhos do veterinário.
- Brincar com ele antes da alimentação, o exercício físico estimula o apetite.
- Em casos de bolas de pelo, ou como prevenção (especialmente em gatos de pelo comprido), administre a pasta de malte para ajudar a eliminar as bolas de pelo.
- Muitos gatos só comem com a presença do tutor, por isso dê atenção enquanto ele come e observe o comportamento.
- Comedouros grandes são mais aconselháveis que os pequenos, uma vez que os gatos preferem comer sem ter de encostar os bigodes (vibrissas) nas bordas, por isso muitas vezes deixam a taça vazia no centro, mas com grãos na periferia.
- Recompense-o por ter comido, certificando-se que só o recompensa no final da refeição.
Meu gato não quer comer e está triste: como estimular que ele coma
Como animais carnívoros que são, os gatos têm o olfato muito apurado, dando mais importância ao aroma do que ao sabor dos alimentos. Por esta razão você deve tentar estimular o apetite do gato através do olfato ou do interesse, por exemplo:
- Adicionar alimentos úmidos à ração;
- Fornecer frango ou peixe cozidos misturados com a ração ou isolados (sem condimentos);
- Esquentar os alimentos úmidos, isso vai aumentar o aroma do alimento chamando mais atenção do gato;
- Umedecer a ração seca com um pouco de água morna;
- Não dar guloseimas ou petiscos para ele não achar que tem alimento alternativo caso não ingira a comida principal;
- Deixar comida à disposição diminui vontade de comer, experimente fazer refeições.
Nos casos em que o “meu gato não quer comer ração seca” e você já tenha experimentado tudo o que foi descrito acima, tente mudar de dieta para uma igualmente equilibrada e completa, sem nunca esquecer de realizar a transição recomendada pelo veterinário.
Confira nosso vídeo no YouTube sobre as 7 frutas que gatos podem comer, quais as quantidades e os benefícios:
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- Case, L. et al (2010) Canine and Feline Nutrition 3rd Edition - A Resource for Companion Animal Professionals, p576;
- Hall, E. J. (2005) BSAVA Manual of Canine and Feline Gastroenterology 2nd Edition (BSAVA British Small Animal Veterinary Association);
- Little, S.E. (2016) August's Consultations in Feline Internal Medicine, Volume 7, 1st edition, Elsevier.