Primeiros socorros

Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento

 
Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento
Cachorros

Ver fichas de  Cachorros

A hipertermia em cães é considerada uma emergência veterinária grave, pois pode colocar em risco a vida do animal. Geralmente aparece no verão, quando a temperatura do ambiente é muito elevada, no entanto, também pode ocorrer em situações de confinamento, se deixarmos o animal dentro de um carro ou quando indivíduo não tem acesso a água limpa e fresca em todos os momentos. Em alguns casos, a hipertermia pode causar a morte se não for tratada a tempo e de forma adequada.

Por tudo isso, neste artigo do PeritoAnimal falaremos, detalhadamente, da hipertermia em cães, explicando quais são os sintomas mais comuns, o que fazer em caso de hipertermia e o tratamento que o veterinário de urgências poderá aplicar, já na clínica veterinária.

Índice

  1. O que é a hipertermia em cães?
  2. Fatores de risco para a hipertermia em cães
  3. Sintomas de hipertermia em cães
  4. Como agir diante de uma hipertermia em cães?
  5. Diagnóstico de hipertermia em cães
  6. Tratamento de hipertermia em cães
  7. Como evitar a hipertermia em cães?

O que é a hipertermia em cães?

Para começar, devemos conhecer o termo "hipertermia", que se refere a uma temperatura corporal elevada, acima dos valores normais. Pode ter diferentes causas, como a que estamos tratando neste artigo, o golpe de calor, mas também pode ser considerada a sintomatologia secundária das mais variadas patologias, como doenças virais ou processos infecciosos.

A hipertermia como resposta a uma doença, denominada tecnicamente como hipertermia pirogênica, é considerada um mecanismo de defesa do organismo e é comumente conhecida como "febre em cães". É importante observar que, nesses casos, nunca devemos automedicar ou reduzir a temperatura sem prescrição veterinária.

No caso do golpe de calor, falamos de hipertermia não pirogênica. Nesse caso, é necessário realizar um resfriamento ativo do animal, sem as consequências para o organismo que poderíamos causar no caso anterior.

Mas, como saber se nosso cão está com hipertermia? A temperatura corporal do cão varia entre os 38 ºC e os 39 ºC, superado esse intervalo, acima dos 41 ºC, consideramos que o cão está com hipertermia e estamos diante de uma emergência veterinária. Lembre-se de que a única forma eficaz de medir a temperatura de um cão é utilizando um termômetro, nunca através de seu nariz ou com outros "truques" caseiros.

Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento - O que é a hipertermia em cães?

Fatores de risco para a hipertermia em cães

Embora qualquer cão seja suscetível de sofrer de hipertermia, existem alguns fatores de risco que valem a pena conhecer, especialmente entre os tutores ou as tutoras de cães, com o objetivo de poder prevenir na medida do possível:

  • Síndrome do cão braquicefálico: é uma condição comum em diversas raças caninas, como o buldogue inglês, o shar pei ou o boxer, entre outros. Causa dificuldade para respirar, obstrução das vias respiratórias e inclusive pode provocar um colapso.
  • Doenças cardíacas: a insuficiência cardíaca ou o sopro cardíaco são algumas das doenças cardíacas que podem provocar a aparição de sintomas graves diante do calor ou do exercício intenso, tais como tosse, cansaço e desmaios.
  • Sobrepeso e obesidade: o excesso de peso impacta negativamente na saúde dos cães que o sofrem, favorecendo a degeneração das articulações ou a aparição de hipertermia, entre outros.
  • Paralisia da laringe: esta patologia, que pode ser hereditária e que afeta em sua maioria a cães idosos, pode ser muito grave, impactando na sua qualidade de vida e podendo até causar dificuldade respiratória grave. Pode ser observada tosse, intolerância ao exercício e mudanças no latido. Pode ser controlada com medicação em casos leves, mas em outros caso é necessária cirurgia para permitir uma boa qualidade de vida ao cão.
  • Colapso de traqueia: falamos de uma doença crônica e irreversível, que consiste em um estreitamento da traqueia, que causa tosse, dificuldade para respirar, desmaios e sons assobiados. Pode ser feito um controle cirúrgico, embora as principais medidas sejam a perda de peso, o uso de medicação e até a sedação.

Mas como já mencionamos, apesar de existirem fatores de risco, qualquer cão pode ter hipertermia diante do exercício intenso, da falta de hidratação ou do calor excessivo. As visitas à praia ou à piscina, assim como os passeios durante as horas mais quentes do dia, podem favorecer a aparição da hipertermia no cão.

Sintomas de hipertermia em cães

Como você viu, são diversos os motivos que podem provocar um aumento excessivo da temperatura corporal do cão, no entanto, é provável que você queira saber como detectar a hipertermia nos cães, com o objetivo de atuar de forma rápida. Isso te ajudará a prevenir algumas das consequências mais graves, como os danos irreversíveis aos órgãos e até mesmo a morte do animal.

Assim, os sintomas mais comuns de hipertermia em cães, são:

  • Respiração acelerada
  • Ofegância constante
  • Temperatura elevada
  • Ritmo cardíaco elevado
  • Língua azul
  • Língua vermelha
  • Descoordenação
  • Tontura
  • Fraqueza
  • Salivação abundante
  • Enjoo
  • Perda da consciência
  • Choque
  • Incapacidade de se mover
  • Morte

Agora que você já sabe o que é a hipertermia em cães e seus sintomas, é importante aprender quais são os primeiros socorros em caso de hipertermia em um cão, continue lendo.

Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento - Sintomas de hipertermia em cães

Como agir diante de uma hipertermia em cães?

Você deve saber que é relativamente fácil ocorrer a morte por hipertermia em cães, por isso, é fundamental que ao mínimo sinal de hipertermia saibamos o que fazer. Abaixo, te mostramos o passo a passo a seguir:

  1. Transportaremos o cão para um lugar fresco, longe do sol. Podemos, inclusive, colocar um ventilador em baixa potência para refrescá-lo gradualmente.
  2. Aplicaremos panos de água fresca (não fria ou gelada) no abdômen, cabeça, pescoço, patas e peito. Em nenhum caso se deve cobrir o animal ou lhe dar banho.
  3. Umedeceremos sua boca com um spray regularmente.
  4. Iremos monitorar sua temperatura até que abaixe para cerca de 39ºC ou até que o cão mostre uma leve melhora.
  5. Visitaremos o veterinário para assegurar um bom estado de saúde e descartar qualquer dano grave em seu organismo.

Diante da aparição de hipertermia no peludo, agora você já sabe como agir. No entanto, será fundamental que você consulte um veterinário, mesmo que os sintomas tenham diminuído, explicamos por que nos próximos tópicos.

Diagnóstico de hipertermia em cães

Já na clínica veterinária, o especialista observará o estado de saúde do cão para realizar um diagnóstico. Para isso, ele prestará atenção aos sinais clínicos, que incluem choque, colapso, taquipneia e sinais de coagulopatia. Também é frequente a taquicardia, a hiperemia e a insuficiência aórtica.

Quanto aos sinais do SNC encontramos ataxia leve, convulsões e até mesmo um possível coma. Mas, além disso, é possível que ocorram também graves danos ao sistema intestinal, como diarreia severa e sanguinolenta.

Tratamento de hipertermia em cães

O especialista nos explicará sobre a hipertermia em cães e o seu tratamento, baseado, principalmente, no esfriamento do cão. Começará realizando um esfriamento ativo, evitando o uso de gelo, uma vez que pode machucar a pele, além de causar stress e ansiedade no cão. Também não é recomendada a lavagem gástrica, posto que pode existir um elevado risco de aspiração, piorando o quadro.

Pode ser necessário desobstruir as vias respiratórias do cão, mediante uma intubação, e, inclusive, realizar uma traqueostomia de emergência. Outro aspecto importante é a terapia de fluídos, já que com a administração de líquidos intravenosos ocorre uma melhora do fluxo sanguíneo e ajuda a equilibrar as perdas organismo.

Em alguns casos, também será administrada medicação, como antibióticos, antieméticos, protetores intestinais, diuréticos osmóticos e outros fármacos que o especialista considerar adequados, levando em consideração o quadro que o cão apresenta. Nos casos mais graves, quando ocorrem arritmias ventriculares, será realizada uma assistência cardíaca com lidocaína.

Uma vez que o veterinário tenha explicado como tratar a hipertermia em cães e tenha realizado as medidas necessárias, é provável que sugira a hospitalização do cão. Durante esse tempo será feita uma vigilância constante para garantir que as constantes vitais do cão estão corretas, mas também se analisará sua pressão sanguínea.

Quando o cão chega em estado muito grave e tem diversos órgãos comprometidos, pode ocorrer uma síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SFMO), conhecida também como falência múltipla de órgãos, que pode chegar a ser mortal.

Dependendo do estado do cão e de sua evolução, o prognóstico pode ser favorável ou reservado. Mas, além disso, devemos lembrar que a hipertermia em cães pode causar sequelas, como danos cerebrais ou alterações no SNC. O veterinário nos ajudará a perceber esses possíveis danos e nos explicará quais cuidados serão necessários para o cão.

Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento - Tratamento de hipertermia em cães

Como evitar a hipertermia em cães?

Agora que você já conhece a hipertermia canina e suas consequências, é fundamental revisar as medidas de prevenção que podemos aplicar em nosso dia a dia, especialmente no verão ou quando as temperaturas estiverem muito elevadas.

Como evitar a hipertermia em cães? Anote:

  • Asseguraremos que, em todo momento, seu cão disponha de água fresca e limpa.
  • Evitaremos deixar o cão em um transportador ou carro sem supervisão. Lembre-se de que neste tipo de espaços as temperaturas podem subir de forma alarmante e repentina.
  • Seguiremos nossa rotina ativa durante as horas mais frescas do dia, em termos de esportes, mas também em passeios, especialmente com cães idosos, filhotes, doentes ou durante a gravidez da cadela. Lembre-se de que nessas fases eles são mais vulneráveis.
  • Podemos avaliar comprar uma cama ou pano refrigerante, muito útil durante o verão e em excursões, respectivamente, mas também nos assegurarmos sempre que o cão possa se refugiar em uma área de sombra, independentemente de onde estejamos.

Esses são alguns conselhos sobre a hipertermia em cães e sua prevenção, no entanto, pode ser necessário consultar o veterinário no caso de ter um filhote de cachorro, um cão idoso ou com algum problema de saúde específico. O especialista oferecerá orientações para garantir uma boa qualidade de vida ao nosso cão, bem como truques extras para o dia a dia.

Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento - Como evitar a hipertermia em cães?

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Primeiros socorros.

Bibliografia
  • Johnson, S. I., McMichael, M., & White, G. (2006). Heatstroke in small animal medicine: a clinical practice review. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, 16(2), 112-119.
  • Hemmelgarn, C., & Gannon, K. (2013). Heatstroke: thermoregulation, pathophysiology, and predisposing factors. Compendium (Yardley, PA), 35(7), E4-E4.
  • Flournoy, W. S., Wohl, J. S., & Macintire, D. K. (2003). Heatstroke in dogs: pathophysiology and predisposing factors. Compendium, 25(6), 410-418.
  • Epstein, Y., & Roberts, W. O. (2011). The pathopysiology of heat stroke: an integrative view of the final common pathway. Scandinavian journal of medicine & science in sports, 21(6), 742-748.
  • Bruchim, Y., Loeb, E., Saragusty, J., & Aroch, I. (2009). Pathological findings in dogs with fatal heatstroke. Journal of comparative pathology, 140(2-3), 97-104.
  • Bruchim, Y., Klement, E., Saragusty, J., Finkeilstein, E., Kass, P., & Aroch, I. (2006). Heat stroke in dogs: a retrospective study of 54 cases (1999–2004) and analysis of risk factors for death. Journal of veterinary internal medicine, 20(1), 38-46.
Escrever comentário
Adicione uma imagen
Clique para adicionar uma foto relacionada com o comentário
O que lhe pareceu o artigo?
1 de 5
Hipertermia em cães - Sintomas, o que fazer e tratamento