Doenças virais

Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 23 fevereiro 2023
Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?
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A leucemia viral felina é uma doença que acomete gatos do mundo todo, de todas as raças e idades. O vírus da leucemia felina (FeLV), agente causador da patologia, pode ser transmitido via saliva, pelo leite, via transplacentária ou por meio de transfusões sanguíneas. O FeLV não sobrevive no meio ambiente, podendo ser facilmente eliminado por meio do uso de detergentes comuns, de uso doméstico.

Uma vez infectado, o gato pode desenvolver vários sintomas, os quais podem ser inespecíficos, como apatia e anorexia, ou mais específicos, como leucemias. Além disso, o vírus gera uma imunossupressão no animal, deixando-o vulnerável a outras doenças. O correto diagnóstico e tratamento são essenciais para que o felino tenha uma melhor qualidade de vida. O diagnóstico de gatos infectados é de extrema importância para evitar a transmissão para outros gatos.

Uma grande dúvida para os criadores de gatos é se um gato com FeLV pode conviver com outros gatos que não estejam infectados pelo vírus. A doença é imunoprevenível, com várias vacinas disponíveis no mercado, mas não se sabe a duração da imunidade proporcionada por elas. Se você tem um bichano FeLV positivo e quer adotar outro gatinho, continue artigo do PeritoAnimal, no qual responderemos várias dúvidas sobre o assunto.

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Índice

  1. O que é FeLV?
  2. Quais os sintomas da FeLV em gatos?
  3. Como ocorre a transmissão de FeLV em gatos?
  4. Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?
  5. Gato com FeLV pode conviver com um cachorro?
  6. Um gato vacinado pode pegar FeLV?

O que é FeLV?

O FeLV, vírus da leucemia felina, faz parte da família dos retrovírus (Retroviridae). As infecções retrovirais são doenças de grande relevância para os gatos, pois estão relacionadas diretamente ao estilo de vida deles, idade e sexo. Felinos infectados por um retrovírus têm o seu bem-estar afetado pelo risco de contraírem outras infecções, devido a sua baixa imunidade, necessitando de maiores cuidados com a sua saúde.

Quais os sintomas da FeLV em gatos?

Os sintomas da doença vão depender dos órgãos atingidos e do tipo de doença que o vírus vai desencadear. Nos animais infectados pelo FeLV, ocorre a imunossupressão, deixando os felinos mais suscetíveis a doenças secundárias. São diversos os sintomas apresentados pelo animal infectado, sendo mais comuns:

  • Linfomas
  • Leucemias
  • Anemias
  • Enterites
  • Supressão da medula óssea
  • Problemas reprodutivos.

São apresentados diversos tipos de anemias nos animais contaminados, sendo a mais comum a anemia não-regenerativa. Os felinos infectados com o FeLV têm maior probabilidade de desenvolver linfoma e leucemia, pois o vírus age diretamente nos genes que geram os tumores.

Gatos imunossuprimidos podem desenvolver:

  • Estomatite, provocada por bactérias ou calicivírus;
  • Diarreia ou vômito por infecções secundárias ou devido ao desenvolvimento de enterite.
  • Icterícia, a qual pode ser devido à eritrofagocitose provocada pelo vírus ou por infecção secundária por M. haemofelis, por linfoma hepático, necrose hepática, lipidose ou linfoma alimentar.

Como ocorre a transmissão de FeLV em gatos?

A principal fonte de infecção desse vírus é o felino persistentemente infectado e que não apresenta sinais clínicos, o qual pode eliminar por mililitro de saliva até um milhão de partículas virais. Dessa forma, o contato íntimo entre os gatos e o compartilhamento de bebedouros e comedouros são as principais formas de contaminação.

Pode ocorrer a transmissão de forma vertical, onde o vírus é transmitido aos filhotes pela via transplacentária e/ou pelo leite. Formas menos comuns incluem aerossóis, urina, fezes e meio ambiente, considerando que o FeLV não sobrevive em tais meios. A transfusão sanguínea também pode ser um meio importante de contaminação, principalmente quando não se tem conhecimento sobre a real situação do gato doador, por isso é importante a realização de testes nesses animais antes da realização da transfusão.

Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?

É comum que tutores de vários felinos, quando descobrem que um deles se contagiou, questionem-se se um gato com FeLV pode conviver com outros gatos. A verdade é que essa será uma decisão muito pessoal do tutor, pois há grandes chances de transmissão, como já explicamos.

Os gatos sadios que entrarem em contato com os gatos infectados com o FeLV podem contrair a doença ao se lamberem, ao comerem nas mesmas vasilhas, além das mordidas durante as brigas e brincadeiras. O isolamento do gato infectado é uma opção difícil de ser manejada quando outros gatos habitam a mesma residência, além de causar sofrimento ao animal.

Uma alternativa viável é a vacinação dos gatos saudáveis. No entanto, a vacina não é capaz de oferecer uma imunização completa, e não se sabe ao certo qual a sua duração, havendo ainda um risco de transmissão.

Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos? - Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?

Gato com FeLV pode conviver com um cachorro?

Sim, um gato com FeLV pode conviver com cachorros porque o vírus não é capaz de infectar cães, não havendo contraindicações para essa convivência. Vale destacar ainda que a doença também não afeta humanos.

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Um gato vacinado pode pegar FeLV?

Infelizmente, sim, mesmo vacinado um gato pode pegar FeLV. A vacina não é capaz de imunizar completamente, devendo o animal vacinado ser testado anualmente. As vacinas podem ser administradas profilaticamente, ou seja, antes da exposição ao patógeno, ou terapeuticamente, após a exposição. O princípio fundamental da vacinação é administrar uma forma morta ou atenuada de um agente infeccioso ou um componente de um microrganismo que não cause a doença, mas provoque resposta imune fornecendo proteção contra a infecção pelo microrganismo patogênico vivo[1].

Nenhuma vacina proporciona 100% de proteção contra a infecção pelo FeLV, e mesmo quando a proteção contra a infecção progressiva ocorre, infecções regressivas ainda podem ocorrer. No entanto, uma vez que os filhotes são mais propensos do que os adultos a se tornarem persistentemente virêmicos, recomenda-se que todos os gatinhos recebam uma série primária de duas doses, começando com 8 semanas de idade e um reforço um ano após completar a série inicial. Não existem estudos publicados que documentem a duração da imunidade para além de 1 ano. Por conseguinte, os adultos considerados em risco sustentado de exposição como, por exemplo, gatos com acesso às ruas, devem ser vacinados anualmente.

Bem, agora que você já sabe que gatos com FeLV podem transmitir o vírus aos outros gatos facilmente por meio de lambidas e compartilhamento de bebedouros e comedouros. Também recomendamos a leitura deste outro artigo no qual respondemos à seguinte pergunta: quanto tempo vive um gato com leucemia felina?

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Gatos com FeLV podem conviver com outros gatos?, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças virais.

Referências
  1. Andrade, J. T. Eficácia da imunização profilática na Leucemia Viral Felina: Revisão sistemática. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2017. Disponível em <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/156720/000901788.pdf;jsessionid=E0729085358EC0E68562EFC407D5A919?sequence=1>. Acesso em 19/02/2023.
Bibliografia
  • Alves, M.C.R., et al. Leucemia viral feline: revisão. Pubvet, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2015. Disponível em <file:///C:/Users/alvar/Downloads/leucemia-viral-felina-revisao.pdf>. Acesso em 20/02/2023.
  • Gonçalves, R.J. Vírus da imunodeficiência felina e vírus da leucemia felina. Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac, 2019. Disponível em <https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/203/1/Rayane_Gon%C3%A7alves_0002586.pdf>. Acesso em 20/02/2023.
  • Biezus, G. Infeção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e imunodeficiência felina (FIV) em gatos do Planalto de Santa Catarina: prevalência, fatores associados, alterações clínicas e hematológicas. Universidade do Estado de Santa Catarina, 2017. Disponível em <https://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/1288/GIOVANA_15671783851512_1288.pdf>. Acesso em 20/02/2023.
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