Doenças hereditárias

Displasia coxofemural em gatos - Sintomas e tratamento

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária especializada em medicina felina. Atualizado: 19 abril 2023
Displasia coxofemural em gatos - Sintomas e tratamento
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Você observou que o gato está com dor no quadril? Este é um sintoma da displasia coxofemural, uma doença que consiste em uma má união entre as superfícies articulares da articulação do quadril: o acetábulo e a cabeça do fêmur. Quando isto ocorre, os felinos começam com debilidade e luxação da articulação até que se produz uma série de mudanças morfológicas e degenerativas na área que requerem tratamento para que o gato possa ter uma melhor qualidade de vida.

Ocorre com mais frequência em fêmeas de raças puras como em gatos persas, maine coon ou os british shorthairs. Embora esta doença comece a se desenvolver quando ainda são jovens, é com o avanço da idade que ela mais se manifesta, com sintomas mais claros. Afinal, os felinos são mestres em ocultar problemas de saúde. Siga lendo este artigo do PeritoAnimal para saber tudo sobre a displasia coxofemural em gatos, seus sintomas e tratamento.

Índice

  1. O que é a displasia coxofemural em gatos
  2. Sintomas de displasia coxofemural em gatos
  3. Diagnóstico da displasia coxofemural em gatos
  4. Tratamento da displasia coxofemural em gatos

O que é a displasia coxofemural em gatos

A displasia coxofemural consiste em uma má adaptação ou uma incongruência entre a parte articular do quadril (acetábulo) com a parte articular do fêmur (cabeça). Isto resulta numa frouxidão articular, de forma que a cabeça do fêmur pode se movimentar ou deslocar, o que causa inflamação e degenera progressivamente a área articular com erosão da cartilagem, microfraturas e subluxação. Tudo isso leva a uma instabilidade da articulação do quadril que favorecerá o aparecimento de uma série de alterações degenerativas como artrose com desconforto, dor ou claudicação, osteoartrire degenerativa e atrofia dos músculos das extremidades posteriores.

O desenvolvimento desta afecção traumatológica é pela interação de fatores genéticos e ambientais. Mesmo que os pais de um gato com displasia não tenham manifestado a doença, a cria herdou seus genes. Em algumas ocasiões, pode vir acompanhada de uma luxação da patela.

Raças de gatos com maior predisposição a ter displasia coxofemural

Existe uma predisposição racial a sofrer de displasia coxofemural, de forma que as raças com maior tendência são:

Além disso, a displasia coxofemural é mais comum em gatos fêmeas que em machos.

Sintomas de displasia coxofemural em gatos

A sintomatologia da displasia coxofemural felina dependerá do grau de incongruência da articulação. Podem começar entre os 4 e 12 meses de idade com debilidade nas articulações até os sinais degenerativos, quando o gato vai avançando em idade com o problema. Desta forma, podemos encontrar o seguinte conjunto de sinais clínicos:

  • Maior inatividade.
  • Dificuldade para pular, correr ou escalar.
  • Intolerância ao exercício.
  • Patas traseiras mais próximas que o normal.
  • Diminuição da mobilidade das extremidades posteriores e do quadril, de forma que é comum observar que o gato arrasta as patas traseiras.
  • Atrofia muscular da coxa.
  • Aumento dos músculos das extremidades anteriores (para compensar a atrofia dos posteriores).
  • Dificuldade para se levantar.
  • Estalar do quadril ao levantar ou caminhar.
  • O gato tem dor no quadril.
  • Claudicação intermitente ou persistente das patas traseiras.

Algo importante a considerar é que o sobrepeso e a obesidade aumentam ainda mais a progressão e a piora dos sinais clínicos da displasia coxofemural em gatos.

Diferente do que ocorre em cachorros, os gatos por serem especialistas em ocultar suas doenças, manifestam uma sintomatologia muito escassa, o que faz pensar que esta doença pode estar muito subnotificada nesta espécie. Estes felinos com sintomatologia escassa podem não querer subir em locais altos, escalar, serem menos ativos ou dormirem mais, o que pode passar despercebido para o cuidador ou, se tem idade, relaciona-los com o envelhecimento.

Esta escassa sintomatologia pode ser devida às seguintes particularidades dos gatos, em relação aos cachorros:

  • Maior sedentarismo dentro de casa, movimentando-se o mínimo.
  • Maior tamanho e localização dos processos espinhosos e transversos lombares, assim como as diferenças nos fêmures e tuberosidades da pelve podem modificar o grau de sustentação das massas musculares que se inserem na região.
  • Esqueleto mais leve com massa muscular mais forte que poderia explicar que a articulação se mantivesse forte por mais tempo, retardando ou evitando a artrite e a dor consequente.

Diagnóstico da displasia coxofemural em gatos

O diagnóstico da displasia coxofemural em gatos deve ser realizado descartando primeiro outros transtornos ortopédicos com sinais clínicos parecidos. Os testes necessários para completar o diagnóstico desta doença são:

  • Análise de urina e de sangue (hemograma e bioquímica).
  • Palpação de ambas articulações do quadril.
  • Radiografias do quadril em várias projeções para avaliar se existem mudanças características da doença através de uma série de medições, como o ângulo de Norberg para avaliar a luxação/subluxação, o aumento da amplitude acetabular e diminuição de sua profundidade ou o achatamento e deformidade da cabeça do fêmur.

Cabe destacar que a displasia coxofemural em gatos persas é especialmente frequente, sendo importante fazer radiografias a partir de um ano nesta raça, mesmo que não seja perceptível nenhum tipo de dor no quadril no gato.

Displasia coxofemural em gatos - Sintomas e tratamento - Diagnóstico da displasia coxofemural em gatos

Tratamento da displasia coxofemural em gatos

Uma vez detectada a displasia coxofemural felina, deve-se iniciar o tratamento, já que se isso não for feito a doença avançará e o gato ficará cada vez pior, com sinais mais evidentes.

Tratamento sintomático

Inicialmente, o tratamento deve ser sintomático para melhorar a qualidade de vida do gato, frear a evolução das alterações degenerativos e diminuir a inflamação e a dor. Se utilizam os seguintes fármacos:

  • Corticoides: como a dexametasona em dose única no início, seguindo com prednisolona por seu efeito anti-inflamatório, de eleição em casos agudos de inflamação da cápsula articular. Não devem ser usados a longo prazo, já que podem reduzir a formação de colágeno e proteoglicanos, causando danos na cartilagem.
  • Anti-inflamatórios não esteroides: aqueles que têm ação contra ciclooxigenase 1 e 2 (COX-1 e COX-2) para inibir a síntese das prostaglandinas que são as que medem a dor e a inflamação.
  • Glucosaminoglucanos (GAGs): ao formar parte da cartilagem articular, se utilizam como precursores do ácido glucurônico, glucosamina e glutamina, entre outros. Servem para regenerar a cartilagem articular e para reduzir a sintomatologia graças às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias.

Cirurgia

Nos gatos com displasia coxofemural grave ou os que não respondem ao tratamento tradicional, se deve pensar na intervenção cirúrgica, realizando:

  • Excisão da cabeça do fêmur: para formar umas pseudoarticulação fibrosa que pode reduzir a dor.
  • Osteotomia tripla do quadril (OTQ): realizando osteotomia do pubis, ílio e ísquio para liberar o acetábulo e posiciona-lo para melhorar a congruência entre este e a cabeça do fêmur. Assim se pode corrigir a subluxação e aumentar a estabilidade da articulação.
  • Próteses artificiais quando a artrose ou a doença estiver muito avançada, se elimina o acetábulo e a cabeça e colo femural para substituí-los por implantes. Sua grande desvantagem é o custo elevado.

Também pode ser muito útil a fisioterapia nos gatos com displasia coxofemural.

Agora que você já sabe as causas e tratamento da displasia coxofemural em gatos, talvez possa se interessar por este outro artigo sobre as doenças mais comuns no gato persa.

Displasia coxofemural em gatos - Sintomas e tratamento - Tratamento da displasia coxofemural em gatos

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Portal Veterinaria. (2004). Displasia de cadera en el gato: un caso clínico. Disponível em: <https://www.portalveterinaria.com/articoli/articulos/16906/displasia-de-cadera-en-el-gato-un-caso-clinico.html>. Acesso em 8 de fevereiro de 2023.
  • EcuRed. Displasia de cadera felina. Disponível em: <https://www.ecured.cu/Displasia_de_cadera_felina>. Acesso em 8 de fevereiro de 2023.
  • A. I. Raya., P. C. Ruíz. Displasia de cadera. Disponível em: <http://www.uco.es/organiza/departamentos/anatomia-y-anat-patologica/peques/curso01_05/disp_cad.htm>. Acesso em 8 de fevereiro de 2023.
  • Harvey, A., Tasker, S. (Eds). (2014). Manual de Medicina Felina. Ed. Sastre Molina, S.L. L ́Hospitalet de Llobregat, Barcelona, España.
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