Doenças cardiovasculares

Trombose em cachorros - Tratamento e sintomas

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 1 novembro 2022
Trombose em cachorros - Tratamento e sintomas
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Em condições normais, o sangue circula de forma ordenada pelo interior dos vasos sanguíneos e mantém um equilíbrio entre os fatores que favorecem e os que impedem a coagulação. No entanto, quando ocorre uma alteração na circulação sanguínea, na parede dos vasos ou na coagulação sanguínea, podem ser gerados trombos no interior dos vasos sanguíneos, os quais ocasionarão uma falta de irrigação naqueles órgãos ou regiões corporais normalmente irrigados por esses vasos.

Se você quer saber mais sobre o que é a trombose em cachorros, seu tratamento e sintomas, nos acompanhe neste artigo do PeritoAnimal em que explicaremos os aspectos mais importantes desta patologia, suas causas e diagnóstico.

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Índice

  1. O que é a trombose em cachorros?
  2. Causas de trombose em cachorros
  3. Sintomas de trombose em cachorros
  4. Diagnóstico de trombose em cachorros
  5. Tratamento de trombose em cachorros

O que é a trombose em cachorros?

A trombose é o processo patológico que se caracteriza pela coagulação do sangue dentro dos vasos sanguíneos ou dentro do coração de um animal vivo. O sangue passa de um estado líquido para formar uma massa, denominada trombo, em que oclui total ou parcialmente o vaso em que se encontra. Isto compromete a circulação neste vaso e dificulta a irrigação sanguínea aos órgãos ou regiões corporais irrigados pelos vasos afetados.

A trombose e a embolia são termos que comumente são confundidos, no entanto, não possuem exatamente o mesmo significado. Os trombos se mantêm sempre aderidos à parede de um vaso, no entanto, os êmbolos são partes de um trombo que se desprendem e viajam pela corrente sanguínea até chegar a um vaso suficientemente pequeno para ocluir o mesmo.

Ainda que os trombos em cachorros podem se localizar em qualquer vaso sanguíneo, é mais frequente serem encontrados:

  • Na circulação pulmonar.
  • Na circulação renal.
  • Na circulação da aorta.
  • De forma generalizada em todo o sistema circulatório (envolvimento de múltiplos órgãos).

Os três mecanismos que podem ocasionar esse processo patológico são conhecidos como "tríade de Virchow", que compreende:

  • Alterações no fluxo sanguíneo: as turbulências, os redemoinhos ou os fenômenos de lentidão (estase sanguínea) desorganizam os fluxos no interior do vaso, o que favorece a formação de trombos.
  • Lesão da parede dos vasos sanguíneos: o sangue circula de maneira ordenada, as plaquetas com carga negativa circulam pela periferia e as células endoteliais do vaso sanguíneo também possuem uma carga negativa, o que faz com que se repilam. No entanto, quando o endotélio do vaso é lesionado, o subendotélio que tem carga positiva é exposto, favorecendo que as plaquetas se agreguem e se unam na parede do vaso.
  • Situações de hipercoagulação: existem certas patologias que desencadeiam um desequilíbrio entre os fatores pró-coagulantes e anticoagulantes, o que favorece a formação de trombos.

Qualquer uma dessas causas, sozinhas ou associadas, podem produzir a formação de da trombose no cachorro de forma direta.

Causas de trombose em cachorros

O que pode causar a trombose em cachorros? Como acabamos de explicar, a trombose ocorre como consequência de alguma das alterações que formar a tríade de Virchow. Assim, as causas que podem favorecer cada uma dessas alterações são:

  • Alterações no fluxo sanguíneo: doença cardíaca (fundamentalmente endocardite e endocardiose), malformações anatômicas, aumento da viscosidade do sangue e decúbito prolongado.
  • Lesão da parede dos vasos sanguíneos: Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), sepse, parasitas cardíacos, neoplasias, trumatismos severos, lesões por injeções ou cateteres venosos, vasculites, choque, aterosclerose.
  • Situações de hipercoagulação: síndrome de Cushing, doença renal, doenças gastrointestinais, pancreatite, coagulação vascular disseminada (CID), neoplasias e doenças cardíacas.

Particularmente, os trombos em cachorros são especialmente frequentes em casos de sepse, doença renal e doença cardíaca.

Trombose em cachorros - Tratamento e sintomas - Causas de trombose em cachorros

Sintomas de trombose em cachorros

Os sintomas da trombose ocorrem como consequência da falta de irrigação (isquemia) dos órgãos ou regiões corporais normalmente irrigadas pelo vaso afetado. Alguns dos sintomas que são observados com maior frequência nos casos de trombose em cachorros são:

  • Debilidade ou paralisia das extremidades traseiras (em casos de trombose aórtica).
  • Palidez da pele.
  • Falta de pulso.
  • Dor na região corporal afetada.
  • Hipotermia da região corporal afetada.
  • Sinais de insuficiência: de acordo com o órgão afetado, poderão aparecer sinais de insuficiência renal, hepática, respiratória, etc.

Diagnóstico de trombose em cachorros

A sintomatologia clínica do paciente pode fazer com que se suspeite de trombose, no entanto, para chegar ao diagnóstico de doença trombótica é necessário realizar uma série de exames complementares:

  • Análises sanguíneas: deve ser retirada uma amostra de sague do paciente para medir o tempo de coagulação, a contagem de plaquetas, a determinação de fibrinogênio, antitrombina e produtos da degradação da fibrina (PDFs e D-dímeros). No entanto, deve ser considerado que esses exames não são específicos para o diagnóstico da trombose, assim uns resultados normais não devem descartar a doença.
  • Ecografia Doppler colorida: trata-se de um tipo de ecografia que permite avaliar a circulação do sangue dentro dos vasos sanguíneos, ao mostrar a velocidade e a direção do sangue em tempo real.
  • Angiografia: é um tipo de radiografia de contraste em que o material de contraste é introduzido no interior dos vasos sanguíneos.

Mesmo que os exames de imagem permitam diagnosticar a doença trombótica, de forma complementar é necessário realizar uma bateria de exames diagnósticos para discernir a possível causa da trombose. Por isso, nestes animais é recomendável realizar:

  • Análise sanguínea: com hemograma e perfil bioquímico completo.
  • Análise de urina: com relação proteína/creatinina.
  • Ecocardiografia.
  • Ecografia abdominal.
  • Radiografia de tórax.

Somente desta forma conseguiremos determinar a causa primária da trombose e instaurar um tratamento diante da mesma para evitar a formação de novos trombos.

Trombose em cachorros - Tratamento e sintomas - Diagnóstico de trombose em cachorros

Tratamento de trombose em cachorros

Quando os trombos são recentes e pequenos, o organismo é capaz de destrui-los graças à ação da trombolisina. No entanto, em casos crônicos ou trombos de tamanho grande, é imprescindível instaurar um tratamento baseado nos seguintes pontos:

  • Induzir um estado de hipocoagulação: para reduzir a formação de trombos. Isto se consegue mediante o uso de fármacos fibrinolíticos ou antitrombóticos (como heparina e clopidogrel).
  • Cirurgia: quando as condições do paciente permitem, será necessário extrair o trombo mediante uma técnica de trombectomia (cirúrgica ou percutânea por cateterismo), que permite restaurar o fluxo de sangue no vaso afetado.

Além disso, sempre que seja possível, será necessário instaurar um tratamento específico diante da patologia subjacente que gerou o processo trombótico, para evitar a formação de novos trombos.

Agora que você já sabe as causas, sintomas e tratamento da trombose em cachorros, não perca o vídeo a seguir em que citamos as raças de cães mais propensas a doenças cardíacas:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Crespo, V., Mesa, I., Ruiz de Gopegui, R. (2015). Estudio retrospectivo de 19 casos de trombosis; etiología y localización de los trombos. Clínica Veterinaria de Pequeños Animales; 35(3)
  • Serrano, B. Claretti, M., Bussadori, C. (2022). Manejo intervencionista del tromboembolismo aórtico abdominal en tres perros. Axon comunicación
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