Doenças cardiovasculares

Esplenomegalia em cães - O que é, sintomas e tratamentos

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 14 setembro 2022
Esplenomegalia em cães - O que é, sintomas e tratamentos
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O baço é um órgão abdominal de coloração pardo-avermelhada que acumula várias funções, sendo um eficiente reservatório de células vermelhas (hemácias) e plaquetas, usado em momentos de estresse. Além disso, está intimamente envolvido na função imunológica (de defesa) do corpo.

Apesar de muito importante, o baço não é essencial para a vida, e na sua ausência, outros tecidos assumem a maioria de suas funções. Cães que passaram por uma cirurgia de esplenectomia (retirada do baço) podem levar uma vida saudável, exceto animais atletas, que terão uma perda considerável do seu desempenho.

Mas o que é esplenomegalia? Quais as causas dessa alteração no baço? O que meu cachorro vai sentir se tiver uma esplenomegalia? Falaremos sobre tudo isso neste artigo do PeritoAnimal sobre esplenomegalia em cães.

Índice

  1. O que é esplenomegalia em cães?
  2. O que causa a esplenomegalia em cães?
  3. Sintomas da esplenomegalia em cães
  4. Como tratar o baço aumentado em cães
  5. Alimentação de um cachorro com esplenomegalia

O que é esplenomegalia em cães?

A esplenomegalia é o aumento do tamanho do baço, que pode ocorrer de forma fisiológica ou patológica (devido a alguma doença). Também pode ser classificada como focal (aumento localizado do baço, também sendo utilizado o termo “nódulo” ou “massa” para essa anormalidade) ou generalizada (aumento do baço como um todo). Deve-se considerar que nem todo aumento do baço pode ser palpável e, por outro lado, nem todo baço palpável está aumentado.

Mas para que serve o baço? Diversos povos da antiguidade designaram atribuições ao baço, muitas das quais foram recentemente comprovadas pela ciência. Na China, o baço é considerado pela medicina tradicional como importante órgão relacionado com a defesa do organismo, com o fornecimento de energia e com a digestão. Já a cultura hebraica inclui o baço entre os dez órgãos que contêm alma e que produz o riso e a alegria[1].

Atualmente, sabe-se que o baço possui várias funções, destacando-se a hematopoiese (produção de células do sangue), filtração sanguínea, remodelamento de células vermelhas, reservatório de hemácias e plaquetas, envolvimento no metabolismo de ferro e funções imunológicas (defesa contra microrganismos). Vamos detalhar algumas delas:

1. Filtração sanguínea

As células vermelhas do sangue (hemácias) vivem em média 110 a 122 dias no cão saudável, sendo destruídas principalmente no baço, quando ficam velhas. A remoção destas células envelhecidas ou alteradas (por parasitas intracelulares, dentre outras causas) é realizada quando o sangue entra no baço. Durante esse processo, ainda ocorre a reciclagem do ferro contido nas hemácias destruídas.

2. Função de reservatório

O baço representa um importante reservatório de hemácias e plaquetas, armazenando cerca de 10 a 20% do volume sanguíneo total, que podem ser liberados para a corrente sanguínea em situações de estresse ou perda de sangue. O baço possui a capacidade de se contrair e jogar o sangue armazenado no seu interior para a circulação corporal. Além disso, a reserva de plaquetas no baço corresponde a 30% do volume plaquetário total[2].

3. Hematopoiese

O baço assume funções de produção de células sanguíneas em idade pré-natal e neonatal, no entanto, essa atividade será assumida pela medula óssea na idade adulta. Por esse motivo, animais jovens possuem o baço maior que os adultos. Caso ocorra algum problema na produção sanguínea na medula óssea, o baço pode voltar a desempenhar esse papel.

4. Funções imunológicas

O baço é o maior responsável pela eliminação de microrganismos e pela resposta imunológica aos antígenos que circulam no corpo. Como já mencionado, funciona como um filtro do sangue, sendo de grande importância para uma resposta imunitária rápida.

O que causa a esplenomegalia em cães?

Devido as suas características anatômicas e fisiológicas, o baço torna-se alvo de múltiplas desordens relacionadas a doenças inflamatórias, circulatórias, hematológicas, infecciosas e processos neoplásicos, como abscessos, infarto, esplenite (inflamação do baço), torção, hematoma e hiperplasias (aumentos de volume). Várias são as doenças que podem resultar em esplenomegalia:

  • Hemangioma;
  • Hemangiossarcoma;
  • Linfoma;
  • Neoplasias metastáticas;
  • Infecções virais, bacterianas ou parasitárias;
  • Anemia hemolítica (causada por doenças como erlichiose, babesiose, dirofilariose);
  • Leishmaniose;
  • Cirrose;
  • Hepatite;
  • Intoxicação
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Imagem: Reprodução/Flávio Castro de Andrade

Sintomas da esplenomegalia em cães

Cães com alterações no baço, generalizadas ou focais, geralmente manifestam sintomatologia inespecífica, como apatia, anorexia, perda de peso, aumento do volume abdominal, vômito, grande ingestão de água, produção aumentada de urina, hemorragia espontânea, palidez e febre.

A esplenomegalia nos cachorros, em geral, é detectada radiograficamente, porém a presença de líquido no abdome pode tornar difícil a visualização e localização do órgão. A ultrassonografia é mais precisa na identificação de anormalidades esplênicas.

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Como tratar o baço aumentado em cães

O tratamento deverá ser direcionado para a causa primária do aumento do baço no cão. Para isso, será imprescindível uma avaliação completa do animal pelo veterinário, com a realização de exames de sangue, radiografias e ultrassonografia. Assim que a causa de base for tratada, o baço provavelmente voltará ao seu estado normal.

Exemplos: se o órgão estiver aumentado devido a uma infecção, o uso de antibióticos resolverá o quadro, reduzindo a sobrecarga do baço; caso a esplenomegalia seja decorrente de uma torção, o tratamento será cirúrgico; tumores poderão ser tratados com cirurgia e quimioterapia, quando viável.

Alimentação de um cachorro com esplenomegalia

A alimentação, assim como o tratamento, deverá considerar a causa da esplenomegalia. Em casos de sobrecarga esplênica por hepatopatia (doença no fígado), por exemplo, a dieta deverá ser direcionada para essa doença.

De qualquer forma, recomenda-se sempre utilizar uma dieta balanceada, com ingredientes de qualidade e pouco gordurosos, facilitando a digestão e um melhor aproveitamento dos nutrientes. Animais com anorexia podem necessitar de uma atenção a mais, como por exemplo, oferecer dieta terapêutica com o auxílio de uma seringa e, para esses casos, sugerimos a dieta a/d Urgente Care, da Hill´s e Recovery, da Royal Canin.

Agora que você já sabe o que é, as causas e os tratamentos para a esplenomegalia em cães, também recomendamos a leitura deste outro artigo sobre as doenças mais comuns em cachorros.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Campos, A.G. Esplenomegalia em cães: estudo retrospectivo e análise imuno-histoquímica do Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, 2010. Disponível em https://teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10137/tde-01022012-111310/publico/Andressa_Gianotti_Campos.pdf. Acesso em 14/09/2022.
  2. Campos, S.M.F. Estudo retrospectivo de 107 casos de esplenectomia em cães e gatos. Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, 2017. Disponível em https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/13151/1/Estudo%20Retrospetivo%20de%20107%20Casos%20de%20Esplenectomia%20em%20C%C3%A3es%20e%20Gatos.pdf. Acesso em 14/09/2022.
Bibliografia
  • Figueiredo, R.S. Lesões em 224 baços de cães esplenectomizados e avaliação de técnicas alternativas para diagnóstico microscópico prévio. Universidade Federal da Bahia, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31785/1/F475l.pdf. Acesso em 14/09/2022.
  • Andrade, A.C. Esplenectomia em cão com hemangioma esplênico e hemangiossarcoma cutâneo. Relato de Caso. Universidade Federal de Santa Catarina, 2017. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/182525/tcc%20relato%20de%20caso%20Ana%20Cristina%20de%20Andrade.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 14/09/2022.
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