Doenças cardiovasculares

Hemangiossarcoma em cães - O que é, sintomas e tratamentos

Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. Atualizado: 19 abril 2023
Hemangiossarcoma em cães - O que é, sintomas e tratamentos
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O hemangiossarcoma é um dos tipos de neoplasias de tecido mole (câncer) mais temidos pelos tutores de cães. E não é para menos! Ele é extremamente invasivo e metastático, acometendo qualquer órgão vascularizado. Sua agressividade deve-se à rápida disseminação das células tumorais pela via hematógena, cujo local inicial mais comum é o baço.

A manifestação da doença é inespecífica e varia conforme a localização do sítio primário ou metástases. Acomete principalmente cães idosos, com mais de 8 anos de idade, existindo algumas raças predispostas: pastor alemão, beagle, bulldog, pointer inglês, golden retriever, labrador, boxer e dálmata. O diagnóstico correto é realizado pelo veterinário, assim como a prescrição da terapia mais adequada.

Se você vive com um cachorro com essa faixa etária e quer saber mais sobre o tema, então continue lendo este artigo do PeritoAnimal sobre o hemangiossarcoma em cães, no qual explicamos o que é, sintomas, tratamentos e sobrevida.

Índice
  1. O que é o hemangiossarcoma em cães?
  2. Causas do hemangiossarcoma em cães
  3. Como sei que meu cachorro está com hemangiossarcoma? - Sintomas
  4. Existe tratamento para o hemangiossarcoma nos cães?
  5. Qual a sobrevida dos cães após o diagnósticos de hemangiossarcoma?

O que é o hemangiossarcoma em cães?

O hemangiossarcoma é uma neoplasia mesenquimal originária do endotélio vascular, sendo considerado maligno, agressivo e pode atingir vários órgãos, desenvolvendo metástases regionais ou distantes. Devido ao seu comportamento biológico, com alto índice de disseminação por via hematógena ou linfática, por meio de êmbolos tumorais, cerca de 80% dos animais, no momento do diagnóstico, já apresentam metástase. O cão é o animal doméstico mais frequentemente acometido, vindo a óbito por causa da doença ou sendo motivo de eutanásia.

Geralmente o sítio primário é o baço, mas vários outros órgãos podem ser afetados pela forma visceral da doença, como língua, conjuntiva, fígado, pulmões, mama, pericárdio, átrio direito, aorta, pulmões, rins, músculos, ossos, intestinos, vesícula urinária, próstata, vagina e peritônio. Essa forma de hemangiossarcoma é a mais frequente e, embora sua etiologia seja desconhecida, sabe-se que há influência de diversos fatores, como genética, radiação solar e descontrole da angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos).

Apesar de menos comum, o hemangiossarcoma também pode se manifestar na forma cutânea, como sítio primário ou metastático, podendo acometer a derme e subcutâneo, com predileção da pele abdominal, prepucial e dos membros pélvicos. Cães de pelo curto ou de pele pouco pigmentada estão mais predispostos quando expostos excessivamente aos raios ultravioletas, desencadeando a variante primária da doença. O hemangiossarcoma cutâneo em cães é menos agressiva que a visceral, apresentando menor potencial metastático.

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Causas do hemangiossarcoma em cães

A etiologia dos hemangiossarcomas ainda não foi bem esclarecida, no entanto, diversas causas têm sido consideradas, como a predisposição genética, exposição a substâncias químicas, radiação ionizante, vírus oncogênicos, administração de vacinas ou medicamentos[1].

Alguns estudos sugerem que a exposição prolongada dos cães à fumaça de cigarros pode contribuir para o desenvolvimento da doença, visto que a nicotina aumenta a proliferação de células endoteliais primitivas em vários modelos de angiogênese.

Como sei que meu cachorro está com hemangiossarcoma? - Sintomas

Os sinais clínicos apresentados pelo cachorro com hemangiossarcoma normalmente estão relacionados ao local de origem do tumor primário e se há metástases. No caso de ruptura da neoplasia, o animal pode apresentar quadro grave de hemorragia interna, percebido pelo tutor pela distensão abdominal e manifestações associadas à perda aguda de sangue (mucosas pálidas, taquicardia e taquipneia), além de letargia, depressão, anorexia, perda de peso, massa abdominal palpável, intolerância ao exercício e choque. Pode ocorrer também morte aguda por choque hipovolêmico (perda de grande quantidade de líquidos e sangue).

Os hemangiossarcomas ósseos primários em cães são bastante raros, com incidência menor que 5%, e atingem com maior frequência os ossos longos, como úmero, fêmur, costelas e vértebras, podendo ocorrer fraturas nesses locais[2].

Já o desenvolvimento do hemangiossarcoma cutâneo em cães é mais comum na região abdominal ventral, no dorso, na cabeça, pescoço e nas regiões escapulares, axilares, inguinais e medial do fêmur (parte interna da coxa). Ocorre o surgimento de tumores com aspecto nodular ou de massas com colorações avermelhadas e de consistência firme.

A identificação da doença é realizada pelo veterinário, que fará exames laboratoriais e de imagem. O diagnóstico definitivo de hemangiossarcoma só é estabelecido a partir do exame histopatológico (biópsia ou excisão do tumor).

Geralmente o diagnóstico do paciente com hemangiossarcoma é tardio, quando o tumor já alcançou um tamanho razoável, pois os sinais clínicos são inespecíficos[1].

A seguir deixamos uma foto de hemangiossarcoma cutâneo em um cão:

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Imagem: Joel Mills

Existe tratamento para o hemangiossarcoma nos cães?

O tratamento do hemangiossarcoma é baseado no seu estadiamento, ou seja, na fase de desenvolvimento do tumor, no envolvimento de linfonodos e na ocorrência de metástases.

A retirada total do tumor primário é a principal meta do tratamento, com o objetivo de possibilitar um maior índice de cura. No entanto, é necessário, inicialmente, que o animal seja estabilizado do estado de choque, uma avaliação cuidadosa dos exames de sangue e a correção das anormalidades de coagulação. A cirurgia deve ser realizada de modo a remover todo o tecido afetado, em especial nos casos de hemangiossarcomas cutâneos.

Infelizmente, em razão do rápido desenvolvimento de metástases, geralmente o procedimento cirúrgico não interfere no tempo de sobrevida do animal, devendo-se recorrer à quimioterapia e imunoterapia.

A quimioterapia pode prolongar a sobrevida dos cães, sendo uma terapia paliativa, visando a remissão e/ou conforto para o animal, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo os sintomas de metástases ou tumores que não podem mais ser operados.

A acupuntura, associada a outras técnicas de tratamento, tem evidenciado resultados satisfatórios, melhorando o bem-estar do animal, retardando a evolução do câncer e aumentando a expectativa de vida, além de promover o reequilíbrio do organismo[2].

Neste outro artigo falamos sobre os diferentes tipos de câncer em cachorros.

Qual a sobrevida dos cães após o diagnósticos de hemangiossarcoma?

O tempo de vida do cachorro acometido de hemangiossarcoma é muito variável e dependerá de fatores como: características do cachorro, tamanho do tumor, se é operável, se há metástases e quais órgãos foram afetados. Quanto mais cedo for diagnosticado, melhores chances de tratamento e maior sobrevida para o amigo peludo.

Agora que você conheceu melhor o hemangiossarcoma em cães, talvez você possa se interessar pelo vídeo a seguir em que falamos sobre os problemas de comportamento mais comuns nos cães idosos:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Martins, K.P., Almeida, C.B, Gomes, D.E. Hemangiossarcoma Canino. Revista Científica, v.1, n.1, 2019. Disponível em: https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/202. Acesso em: 09/09/2022.
  2. Pinto, M.P.R. Hemangiossarcoma multicêntrico canino: relato de caso. Universidade Federal da Bahia, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/19608/1/Hemangiossarcoma%20Multic%C3%AAntrico%20Canino%20-%20Relato%20de%20caso%20-%20Marcela%20Pr%C3%B3spero%20Rodrigues%20Pinto.pdf. Acesso em 09/09/2022.
Bibliografia
  • Freitas, J., Yi, L.C., Forlani, G.S. Hemangiossarcoma canino: revisão. PubVet, v.13, n.8, 2019. Disponível em: file:///C:/Users/carlamoreira/Downloads/hemangiossarcoma-canino-revisatildeo.pdf. Acesso em: 09/09/2022.
  • Soares, N.P. et al. Hemangiomas e hemangiossarcomas em cães: estudo retrospectivo de 192 casos (2002-2014). Cienc. Anim. Bras., v.18, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cab/a/hcqtgbm5LrTyFTyHb7CtRRj/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 09/09/2022.
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FÁBIO LUIS GONZALEZ
Boa noite, resgatei um cachorro há 06 anos. Hoje está apresentando Hemangiossarcoma no pênis. Pode ser que tenha de retirar o pênis. Este tumor é muito agressivo e a metástase pode ocorrer.
Imagem: Joel Mills
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