Síndrome de Pandora em gatos - Sintomas, causas e tratamentos
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O termo “Síndrome de Pandora” é utilizado para descrever os casos em que gatos apresentam sintomas de doença do trato urinário inferior, de forma crônica e recorrente. Além desses sintomas, outras desordens ocorrem em conjunto, como alterações comportamentais, dermatológicas, endócrinas e gastrointestinais. O termo faz referência ao mito grego da criação de Pandora, primeira mulher na Terra e a grande responsável por espalhar o mal pelo planeta. No caso da doença que ocorre no gato, não se identifica qual a causa ou órgão específico, sendo um desafio a identificação de tantos problemas.
A Síndrome de Pandora apresenta sintomas que podem ocorrer em várias doenças diferentes, o que dificulta o seu diagnóstico. As alterações ocorridas nessa síndrome possuem caráter crônico ou recidivante, voltando a aparecer com certa frequência, após um intervalo de tempo de normalidade. Para ajudar o tutor a identificar os sintomas da doença e saber o momento exato de procurar ajuda, o PeritoAnimal preparou este artigo com várias informações úteis e dicas sobre a Síndrome de Pandora, seus sintomas, causas e tratamentos. Aproveite e fique por dentro do assunto! Boa leitura!
O que causa a Síndrome da Pandora em gatos?
A Síndrome da Pandora ainda não possui causa definida, mas o estresse ambiental pode ser o grande vilão. A cistite instersticial felina, uma inflamação na bexiga, é uma das patologias presentes nessa síndrome, sendo de caráter crônico, não infeccioso e de causa desconhecida. Seus sintomas aparecem, geralmente, após estresse e dor, que geram um estímulo para que seja liberado cortisol e catecolaminas.
Essa hipótese vincula o estresse a diversas alterações fisiológicas e psicológicas. Fatores geradores de estresse que predispõe a ocorrência da Síndrome de Pandora incluem:
- Conflitos entre gatos que dividem o mesmo recinto, tais como disputas territoriais;
- Mudança de residência ou no ambiente, tipo de caixa de areia;
- Acesso e qualidade da água e lugares de descanso e lazer;
- Odores;
- Relação com o tutor.
Estudos epidemiológicos demonstram que há predisposição para gatos de raça, macho e de diferentes faixas etárias para serem acometidos pela alteração.
Após a coleta do histórico do gato e a realização de vários exames, como hemograma, bioquímico, exames de imagens como radiografia usando cistografia positiva, negativa e de duplo contraste e ultrassom, urinálise, cultura urinária (suspeita de presença de infecção bacteriana secundária), biópsia da vesícula urinária (em caso de investigação de neoplasias) e cistoscopia; e sem a comprovação de uma causa para a doença, o veterinário conclui que se trata de cistite intersticial, sendo iniciado o tratamento adequado.
Sintomas da Síndrome de Pandora em gatos
Os sintomas observados na doença são inespecíficos, pois se manifestam em todas as desordens do sistema urinário, o que dificulta o diagnóstico pelo veterinário. É comum ver o gato com dor ao urinar, micção em pequenas quantidades e várias vezes ao dia, dificuldade para urinar, urina em locais inadequados (fora da caixa de areia sanitária), sangue na urina e miados durante o ato miccional (vocalização). Pode haver obstrução urinária ou não nos animais afetados pela doença. Existem estudos que evidenciam que os gatos acometidos não lidam bem com situações de estresse, resultando em alterações de comportamento e consequentemente o desenvolvimento da síndrome.
Em alguns casos, apenas o ato de mudar a caixa de areia de lugar pode desencadear o estresse, resultando na cistite intersticial. Outras situações estressantes podem ser: visitas de pessoas estranhas, o nascimento de um bebê, a chegada de um novo pet na família, troca da caixa ou da areia sanitária e várias outras ocasiões em que o gato tenha que lidar com uma situação nova para ele.
Outros sintomas relatados são mudança de humor, vômitos, anorexia, diminuição da ingestão de água, diminuição de interações sociais, bem como alopecia (falta de pelos) ventral abdominal e inguinal bilateral pelo excesso de autolimpeza crônica pela dor abdominal. Gatos confinados ficam protegidos de traumas, acidentes, brigas e várias doenças, mas também sofrem alteração de alguns comportamentos naturais para eles, podendo resultar em estresse e doenças em consequência disso.
Tratamento para Síndrome de Pandora em Gatos
O tratamento é direcionado para que ocorra redução da frequência e da gravidade da doença, considerando que a sua causa não é conhecida com exatidão. Na maioria dos casos, a doença é autolimitante, ou seja, resolve-se sozinha dentro de cinco a sete dias, com ou sem tratamento. No entanto, a terapêutica é recomendada devido à dor e ao estresse pelo qual o gato passa ao ficar doente, o que pode facilitar o aparecimento de outras doenças como obstrução uretral, alterações de comportamento e até mesmo autolesões na região perineal.
Em casos de obstrução urinária, o tratamento é emergencial, sendo necessária a hidratação do animal, com reposição de eletrólitos e a imediata desobstrução, para que o fluxo urinário seja reestabelecido. Esse procedimento necessita de anestesia geral, devendo ser realizado somente pelo veterinário. A identificação do fator estressante é muito importante, porém nem sempre possível. A retirada desse fator pode ser fundamental para o sucesso do tratamento.
Além disso, o tratamento consiste também no uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos e na mudança da dieta do gato, que deverá comer alimentos mais úmidos e pastosos, como o objetivo de aumentar a ingestão de água e diluir a urina. O uso de antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, pode ser de grande utilidade em casos graves e recidivantes. O enriquecimento ambiental também ajuda na diminuição do estresse do felino. E uma dica muito importante: caso você perceba alguma alteração no comportamento do gato, como evitar a caixa de areia, urinar em locais inadequados ou sentir dores ao urinar, não espere! Procure ajuda o mais rápido possível, pois ele pode estar com obstrução urinária e essa situação é uma emergência!
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- Lima, G.R.F. et al. Síndrome de Pandora: fisiopatogenia e terapêutica. Research, Society and Development, v.10, n.7, 2021. Disponível em file:///C:/Users/carlamoreira/Downloads/16953-Article-212024-1-10-20210623.pdf. Acesso em 14/01/2024.
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