Problemas de gestação

Remédio para secar leite de cadela

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 1 maio 2024
Remédio para secar leite de cadela
Imagem: ellevetsciences.com
Cachorros

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Cadelas não castradas podem apresentar alterações físicas e comportamentais semelhantes a cadelas grávidas, como a produção de leite e alterações de comportamento. Mas preste atenção em um detalhe: essas cadelas não estão prenhas! É o que chamamos de pseudogestação, falsa gestação ou pseudociese. As cadelas com essa síndrome costumam procurar ninhos, adotar objetos inanimados (como bichinhos de pelúcia), ficam mais irritadas e podem até produzir leite.

Além dessa situação, alguns filhotes recém-nascidos podem morrer e deixar a cadela recém-parida sem ter como amamentar. A produção de leite não aproveitado pode empedrar e causar dores no animal, além de favorecer o aparecimento de mastite, caracterizada por uma inflamação dolorosa das glândulas mamárias. Neste artigo, o PeritoAnimal dá várias dicas e explicações sobre a pseudogestação, para que o tutor saiba como lidar com a situação caso aconteça com sua cadela, além de dicas de remédio para secar leite de cadela.

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Índice
  1. Quanto tempo demora para secar o leite da cadela?
  2. Quando é necessário secar o leite da cadela?
  3. Como secar o leite da cadela depois de parir naturalmente?
  4. Cuidados durante o processo de secar o leite da cadela

Quanto tempo demora para secar o leite da cadela?

Quando os filhotes completam cerca de 30 dias, a mãe inicia a desmame, colocando-se em lugares onde eles não podem alcançá-la, deitando-se sobre as mamas ou interrompendo bruscamente as mamadas. Nessa fase, os cachorrinhos já estão aptos a iniciarem a ingestão de alimentos sólidos, de forma lenta e gradativa, como a papinha de desmame ou até mesmo a ração que a mãe costuma comer.

Cada vez menos a mãe terá estímulos nas mamas, o que diminuirá sua produção de prolactina. Dessa forma, o leite vai secando lentamente, de forma que por volta dos 60 dias após o parto, a cadela provavelmente não terá mais leite, caso os filhotes já estejam aceitando somente a alimentação sólida. Enquanto tiver filhotes mamando, o estímulo para produção de leite continuará, podem prolongar a lactação por mais tempo.

O leite formado na glândula mamária da cadela antes do parto é conhecido como colostro. Quando sua formação acontece ainda antes dos filhotes nascerem, certas substâncias são concentradas durante o processo. Esse leite inicial tem a função de nutrir e de proteger o neonato de forma temporária e passiva contra agentes causadores de doenças. Os anticorpos estão em alta concentração no colostro e, ao consumirem, os filhotes recebem imunidade passiva, permitindo uma rápida proteção.

A grande importância da amamentação, principalmente nessa fase inicial de vida dos filhotes, é a transferência de imunidade da mãe para o filho por meio do leite. Além disso, o colostro é uma fonte rica de nutrientes, especialmente vitamina A, lipídeos (gorduras) e proteínas, incluindo as caseínas e albuminas. Para que a mãe continue produzindo leite, é necessária a ação de um hormônio chamado prolactina, que estimula e mantém a lactação.

Ao mamar, o filhote provoca a transmissão de impulsos sensoriais dos mamilos para a medula espinhal da mãe e daí para o hipotálamo, resultando na secreção do hormônio ocitocina e prolactina. A ocitocina secretada vai para a corrente sanguínea e provoca a contração dos alvéolos mamários, fazendo fluir o leite para os ductos e a saída ou descida do leite.

Quando é necessário secar o leite da cadela?

Existe uma condição em que a cadela apresenta sintomas de gestação, mas não existem fetos em seu útero, sendo chamada de pseudogestação, gravidez psicológica ou lactação nervosa. Isso acontece em cadelas não gestantes, cerca de 6 a 14 semanas após o cio, e caracteriza-se por sintomas semelhantes à gestação verdadeira nos períodos pré, peri e pós-parto.

Na pseudogestação ocorre comportamento materno (fazer ninhos, adotar objetos ou outros animais), desenvolvimento da glândula mamária, produção de leite, irritabilidade, diminuição do apetite e até vômito. Nesses casos, é importante secar o leite da cadela, para que os sintomas regridam o mais rápido possível, evitando o desconforto do animal.

Como secar o leite da cadela depois de parir naturalmente?

Geralmente, assim que o estímulo produzido pelas mamadas cessa, a produção de leite vai diminuindo gradativamente, até parar por completo. Caso seja necessário secar o leite da cadela depois de parir naturalmente, podemos utilizar o medicamento metergolina, vendido com o nome comercial Contralac, do laboratório Virbac. O produto possui preço acessível e é fácil de ser encontrado em lojas de produtos para animais, mas só deve ser utilizado com a indicação do veterinário.

A metergolina é uma droga anti-serotoninérgica não-hormonal disponível para o tratamento da pseudogestação. Ela atua inibindo competitivamente os receptores de serotonina no hipotálamo, o que leva a uma inibição da secreção de prolactina pela hipófise e, consequentemente, a interrupção da produção do leite pelas glândulas mamárias. Pode ser usada em cadelas que pariram normalmente, caso seja indicada pelo veterinário.

Cuidados durante o processo de secar o leite da cadela

Em qualquer caso, o processo de secar o leite da cadela necessita de alguns cuidados básicos. Por exemplo, deve-se evitar que a cadela fique lambendo as mamas, pois esse comportamento estimula a liberação do hormônio prolactina e a consequente produção de leite, atrapalhando a terapia para que o leite seque.

Além disso, a lambedura nas mamas pode introduzir bactérias nos ductos mamários, resultando em mastite e infecções na pele. Uma dica é passar creme com arnica (ou outro produto que possua o cheiro mais forte e não seja tóxico para o animal) na região das mamas, pois assim a cadela não vai mais lamber.

Caso existam animais filhotes convivendo com a cachorra, é interessante observar se não estão mamando nela, para que não haja estímulos nos mamilos. Além disso, o uso da metergolina deverá ser acompanhado pelo veterinário, pois esse medicamento pode causar efeitos adversos como vômitos, diarreia e alteração de comportamento (agitação).

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Bernardo, A.C. Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais: Hipocalcemia Puerperal Canina. Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2010. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/178/o/HIPOCALCEMIA%20PUERPERAL%20CANINA.pdf. Acesso em 16/04/2024.
  • Contralac 5, Virbac Reprodução. Bula do medicamento. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://br.virbac.com/files/live/sites/virbac-br/files/predefined-files/banners/Cattle/textos%20tecnicos%20site/TEXTO%20T%C3%89CNICO%20CONTRALAC%205.pdf. Acesso em 16/04/2024.
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