Doenças virais

Gripe de gato pega em humanos?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. Atualizado: 4 julho 2023
Gripe de gato pega em humanos?
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É muito comum encontrarmos gatinhos gripados pela rua, ou mesmo gatos que vivem com tutores, mas que costumam passear pela cidade, tendo contato com outros felinos doentes. A gripe dos gatos possui sintomas muito parecidos com os da gripe humana, como febre, corrimento nasal, falta de apetite e prostração, podendo evoluir, nos casos mais graves, para pneumonia.

Durante a pandemia de H1N1, em 2009, foi registrado o primeiro caso fatal de transmissão de gripe de humanos para um gato. O animal desenvolveu pneumonia decorrente da infecção viral, sendo então identificado que gatos e cachorros poderiam contrair a doença, com sintomas semelhantes.

Já em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, preocupações surgiram quanto à possibilidade de transmissão aos animais de companhia da COVID-19 pelas pessoas. No entanto, estudos concluíram que cães e gatos podem contrair um coronavírus próprio de suas espécies, mas que não tem ligação com a COVID-19 e não é transmitido para o ser humano. Mas afinal, o complexo respiratório felino, mais conhecido como gripe de gato, pega em humanos? As pessoas podem ser infectadas pelos felinos? Se você também tem essa dúvida, continue lendo este artigo do PeritoAnimal!

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Índice

  1. O que é o complexo respiratório felino?
  2. A gripe dos gatos pega em humanos?
  3. Gato pode pegar uma gripe humana?
  4. O que fazer quando o gato estiver gripado?
  5. Existem vacinas para a gripe dos gatos?

O que é o complexo respiratório felino?

O complexo respiratório felino é a apresentação aguda de doença respiratória e ocular contagiosa, que pode ser causada por um ou múltiplos patógenos. Também é conhecido como infecção respiratória do trato superior dos felinos e popularmente é chamada de gripe no gato.

Os sintomas do complexo respiratório felino são semelhantes em gatos filhotes e adultos, independente do patógeno ou patógenos envolvidos. Os sinais clínicos variam de bastante leves a muito graves. Infecções bacterianas secundárias podem levar a complicações graves incluindo infecções no trato respiratório inferior (pneumonia). Infecções virais secundárias simultâneas também são possíveis, especialmente em abrigos de animais. A presença de duas ou mais infecções pode complicar consideravelmente o quadro do animal[1].

Vários agentes estão envolvidos no complexo respiratório felino: calicivírus felino, herpesvírus felino tipo 1 (HVF1), espécies de Mycoplasma, Chlamydophila felis e Bordetella bronchiseptica. Os sinais mais comuns, a depender do agente envolvido, são:

1. Herpesvírus Felino Tipo 1 (HVF-1)

  • Lesões do trato respiratório superior
  • Conjuntivite
  • Ceratite ulcerativa
  • Letargia
  • Espirros
  • Salivação
  • Secreção nasal e ocular
  • Tosse
  • Pneumonia

2. Calicivírus Felino (FCV)

  • Úlceras orais
  • Úlceras pulmonares (alveolite focal)
  • Possíveis lesões articulares na forma sistêmica (artrite)
  • Claudicação

3. Chlamydia felis

  • Conjuntivite
  • Secreção ocular

A gripe dos gatos pega em humanos?

Apesar da convivência próxima entre gatos e pessoas, a gripe dos gatos não pega em humanos. Isso acontece porque os agentes causadores da doença nos felinos são espécie-específico, ou seja, só conseguem infectar esta espécie.

Gato pode pegar uma gripe humana?

Da mesma forma que os vírus que causam gripe nos gatos não conseguem infectar as pessoas, os vírus que causam gripe nas pessoas dificilmente contaminam os gatos. Estudos mostraram que o vírus causador da COVID-19 pode ser encontrado nas vias respiratórias superiores dos animais de estimação de pessoas infectadas, mas não produzem a doença nessas espécies.

Por isso, caso você fique gripado ou gripada, não precisa se preocupar, pois será pouco provável a transmissão da doença para o seu amigo bigodudo. O inverso também se aplica, ou seja, o seu gato não será capaz de transmitir a gripe dele para você. De toda forma, deve-se manter a higiene ao manipular os animais, lavando as mãos antes e depois de pegá-los no colo.

Gripe de gato pega em humanos? - Gato pode pegar uma gripe humana?

O que fazer quando o gato estiver gripado?

Muitos tutores se perguntam quanto tempo dura a gripe de um gato. Destacamos que a infecção pelo herpesvírus felino pode exigir duas ou mais semanas de cuidados e tratamento, como reposição de líquidos (para evitar a desidratação) e o uso de alimentos altamente palatáveis (muitos gatos param de comer por causa da perda de olfato ou por úlceras na cavidade oral).

Os alimentos podem ser aquecidos para exalar mais o cheiro e aumentar o sabor. Estimulantes de apetite podem ser uma opção viável nesses casos. Animais que não aceitam a alimentação podem precisar de sonda por um período, até que o apetite seja normalizado.

O corrimento nasal deve ser retirado com soro fisiológico, sendo indicada a aplicação de pomada no nariz do bichano (pode usar Bepantol nesse caso), favorecendo a umidificação e dando conforto. Colírios e pomadas oftálmicas podem ser administradas várias vezes ao dia, garantindo uma proteção aos olhos. A nebulização também é indicada para propiciar hidratação das vias aéreas, além de ajudar na eliminação do muco.

O gatinho gripado deve permanecer em ambiente aquecido e protegido de ventos, pois o herpesvírus felino encontra dificuldade para se replicar em temperaturas mais elevadas. Filhotes e gatos adultos não vacinados podem apresentar um quadro mais grave, evoluindo para a pneumonia. Nesses casos, será necessário o uso de antibióticos, prescritos pelo médico veterinário.

Neste outro artigo falamos o que fazer se o gato estiver com o nariz entupido. Neste outro, contamos as causas e tratamentos para termos um gato tossindo.

Existem vacinas para a gripe dos gatos?

Sim! Existem vacinas para a gripe dos gatos e elas proporcionam uma excelente imunidade aos bichanos! As vacinas contra gripe para gatos incluem: Herpesvírus felino tipo 1 (contra o agente causador da rinotraqueíte felina), calicivírus felino e Chlamydia felis. Geralmente a vacinação para esses agentes é agrupada em apenas uma vacina.

Os filhotes devem iniciar a vacinação com 60 dias de idade, necessitando de uma dose de reforço com 3 a 4 semanas após a primeira dose. Reforços anuais serão necessários para que o animal mantenha-se protegido.

Alguns animais podem desenvolver o estado de portador assintomático da gripe, havendo reativação do vírus em períodos de estresse. Ainda assim, as vacinas são eficazes em reduzir sinais clínicos associados aos agentes e auxiliam na redução da excreção viral.

Agora que você já sabe que gripe de gato não pega em humanos, é importante ressaltar que os felinos são mestres em esconder os sinais de que estão com algum problema de saúde. Por isso, recomendamos o vídeo a seguir no qual indicamos 9 sintomas para identificar que o gato está doente:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Se deseja ler mais artigos parecidos a Gripe de gato pega em humanos?, recomendamos-lhe que entre na nossa seção de Doenças virais.

Referências
  1. Lopes, L.R. Manejo das doenças infecciosas em gatos de abrigo. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013. Disponível em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/95096/000917526.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 19/10/2022.
Bibliografia
  • Marasciulo, M. 4 problemas de saúde que humanos podem causar em animais. Revista Digital Galileu, 2020. Disponível em https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/04/4-problemas-de-saude-que-humanos-podem-causar-em-animais.html. Acesso em 19/10/2022.
  • Serrano, A. Aumento de casos de gripe e COVID preocupa tutores de cães e gatos. Estado de Minas, Saúde e Bem Viver, 2022. Disponível em https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2022/01/10/interna_bem_viver,1336620/aumento-de-casos-de-gripe-e-covid-preocupa-tutores-de-caes-e-gatos.shtml. Acesso em 19/10/2022.
  • Becker, A.S. Detecção molecular de Alphaherpesvirus felídeo 1 e Calicivirus felino em gatos domésticos. Universidade Federal de Pelotas, 2019. Disponível em https://wp.ufpel.edu.br/ppgveterinaria/files/2020/09/Alice-Silveira-Becker.pdf. Acesso em 19/10/2022.
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