Gripe em gatos filhotes, o que fazer?
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Gatos filhotes são muito afetados por doenças respiratórias, algumas tão intensas que podem levar o animal ao óbito se não tratadas a tempo. Isso acontece porque os filhotinhos são criaturas sensíveis, com o sistema imune ainda em desenvolvimento, o que os torna alvo fácil para agentes causadores de doenças. Animais que vivem em criatórios ou em abrigos comumente entram em contato com doenças infecciosas de forma frequente. Isso acontece devido à dificuldade de se controlar a disseminação de agentes patogênicos em ambientes com grande número de indivíduos.
Além disso, animais em situação de rua passam por vários estresses cotidianos (como fome, frio, sede), o que os torna mais suscetíveis às doenças. Se você já resgatou um gatinho com remela nos olhos, secreção nasal, conjuntivite, espirrando muito e ficou sem saber o que fazer, continue lendo esse artigo do PeritoAnimal em que falamos sobre a gripe em gatos filhotes.
Por que os gatos ficam gripados?
As doenças do sistema respiratório superior são bem comuns nos gatos, sendo causadas por vários agentes patogênicos. Os sintomas mais graves geralmente ocorrem nos filhotes com menos de 6 meses de idade e em animais não vacinados. A gripe dos gatos, também conhecida por Complexo Respiratório Felino, possui vários patógenos: vírus (herpesvírus, calicivírus, reovírus) ou bactérias (Chlamydia psittaci, Pasteurella multocida, Mycoplasma felis, Bordetella bronchiseptica). Esses agentes patogênicos acometem os olhos e as vias aéreas superiores do gato (nariz, faringe, laringe e traqueia), podendo chegar aos brônquios.
Os gatinhos podem ser infectados por contato direto com a mãe ou com outros gatos doentes ou portadores sadios. Os filhotes são mais susceptíveis porque ainda não estão vacinados, além de possuírem o sistema imune ainda em desenvolvimento.
Quais os sintomas da gripe nos gatos filhotes?
É difícil estabelecer o agente causador da gripe em gatos apenas com um exame clínico realizado pelo veterinário, pois todos os gatinhos gripados espirram, apresentam secreções nasais e oculares. A rinotraqueíte, por exemplo, causada pelo herpesvírus, pode se apresentar apenas da forma ocular (ceratoconjuntivite que evolui para úlcera de córnea) ou da forma com secreções mucopurulentas, geralmente não sendo mortal, mas deixando sequelas (principalmente cicatrizes na córnea).
A calicivirose é menos grave, apresentando infecções na boca, com a presença de estomatites (inflamações na mucosa da boca) e ulcerações na língua. Esses sintomas prejudicam a alimentação do filhote, que sente muita dor ao mamar ou mastigar o alimento. A reovirose, apesar de mais benigna, é muito contagiosa, limitando-se a uma inflamação nasal e conjuntivite. Já a clamidiose manifesta-se predominantemente com sintomas oculares, como conjuntivite unilateral, que evolui para bilateral e rinite.
O que fazer se o gatinho apresentar sintomas de gripe?
O primeiro passo para lidar com a gripe em um gato filhote é limpar os olhos e o nariz do felino, pois a função olfativa é imprescindível para que o gatinho continue se alimentando. Podem ser usados colírios antibióticos e pomadas, lubrificantes oculares, descongestionantes nasais e lavagens com solução fisiológica, proporcionando maior conforto ao animal.
A nebulização com solução fisiológica tem efeito terapêutico muito bom nos casos de gripe em filhotes de gatos. Para que o animal não se estresse com a máscara do nebulizador, é possível colocá-lo em uma caixa organizadora transparente, acoplando a mangueira do aparelho em um furo na tampa. Esse método deixará o gatinho mais tranquilo e confortável, sendo de grande utilidade na expectoração das secreções presentes no sistema respiratório.
Outra dica bastante útil é deixar o gatinho no banheiro enquanto alguém toma um banho quente. Mas não é para molhar o pequeno! Ele ficará aproveitando o vapor produzido pelo chuveiro, que servirá como uma nebulização.
O gato filhote gripado deverá ser avaliado pelo veterinário para se estabelecer a terapia com antibióticos, já que as infecções secundárias são bastante comuns. Os filhotes podem evoluir para pneumonia, necessitando de cuidados intensivos e, muitas vezes, de internação.
Os gatinhos devem ser mantidos em locais aquecidos, recebendo alimentos e hidratação regularmente. Caso existam mais gatos no mesmo ambiente, é ideal que se isole o animal enfermo, para que não ocorra disseminação da doença. As vacinas existentes no mercado (quádrupla e quíntupla felina) contra herpesvirose, calicivirose e clamidiose previnem os sintomas das doenças, mas não o seu contágio.
A primeira dose da vacina deve ser aplicada na 8ª semana de vida, sendo necessária uma dose de reforço após 21 dias, com revacinações anuais. No entanto, em ambientes muito contaminados, a vacinação pode ser iniciada a partir da 5ª semana, com reforços a cada 15 dias, voltando para o esquema vacinal normal após o controle da doença.
Como devo cuidar do ambiente para evitar a disseminação da doença?
Controlar doenças infectocontagiosas em grandes populações de gatos continua sedo um desafio. Alguns vírus podem permanecer no ambiente por vários dias, sendo difícil sua erradicação antes que infecte outro gato. O calicivírus, por exemplo, sobrevive no ambiente por 8 a 10 dias. Já o herpesvírus não dura mais de 24 horas. Os gatos eliminam os agentes causadores da gripe em suas secreções, contaminando o ambiente quando espirram ou entram em contato com os objetos.
Então o que deve ser feito em caso de gripe em um gato filhote é um processo de descontaminação no ambiente, sendo indicada a higienização com hipoclorito de sódio (água sanitária), amônio quaternário e álcool. O local ocupado pelos gatinhos precisará ter boa ventilação e os panos e camas devem ser lavados diariamente.
Para manter uma boa higiene no ambiente, você pode realizar:
- Limpeza diária de comedouros e bebedouros;
- Não deixar acumular fezes e urina nas bacias sanitárias;
- Usar detergentes e deixar agir por 10 minutos, para destruir a matéria orgânica;
- Enxaguar muito bem para retirar todo o excesso;
- Aplicar um produto bactericida, como o hipoclorito de sódio, deixando atuar no ambiente por 10 a 15 minutos, depois enxaguar bem.
E lembre-se: sempre que adotar um gatinho, é bom deixá-lo isolado dos outros gatos da casa por um período de, pelo menos, uma semana. Isso vai ajudar a evitar a disseminação de doenças infectocontagiosas.
Agora que você já sabe os sintomas e o que fazer em caso de gripe em gatos filhotes, não perca o vídeo a seguir em que falamos quando é necessário levar o gato ao veterinário:
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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