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Gardenal para cachorros - Dosagem, uso e efeitos colaterais

 
Cristina Pascual
Por Cristina Pascual, Veterinária. 11 março 2023
Gardenal para cachorros - Dosagem, uso e efeitos colaterais
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O gardenal é um remédio para epilepsia pertencente ao grupo dos barbitúricos. Devido a sua alta eficácia, que conta como princípio ativo o fenobarbital, é considerado o medicamento de escolha para o tratamento de convulsões epilépticas em cães. Entretanto, sua administração pode causar uma série de reações adversas, razão pela qual é necessário monitorar periodicamente as concentrações sanguíneas para manter os níveis dentro da abrangência terapêutica.

Se você quiser saber mais sobre o gardenal para cachorros, para que serve, dosagem recomendada e possíveis efeitos colaterais, continue lendo o seguinte artigo do PeritoAnimal.

Índice

  1. O que é o gardenal?
  2. Gardenal para cachorros: para que serve?
  3. Dose de gardenal para cachorros
  4. Sobredosagem de gardenal em cachorros
  5. Efeitos colaterais do gardenal para cachorros
  6. Contraindicações do gardenal para cachorros

O que é o gardenal?

O gardenal é um remédio antiepiléptico pertencente à família dos barbitúricos. É a droga antiepiléptica mais antiga utilizada na medicina veterinária e é considerada um remédio de escolha para o tratamento da epilepsia em cachorros devido à sua alta disponibilidade e eficácia.

Está atualmente disponível em forma de comprimidos para administração oral em cães.

Gardenal para cachorros - Dosagem, uso e efeitos colaterais - O que é o gardenal?

Gardenal para cachorros: para que serve?

O gardenal para cachorros é usado na prevenção de convulsões epilépticas. A epilepsia é um distúrbio da função cerebral caracterizado por convulsões periódicas, recorrentes e imprevisíveis. Essas convulsões ocorrem devido à ativação desordenada e rítmica dos neurônios corticais, que dão origem a descargas elétricas sincrônicas.

Todas as drogas anticonvulsivantes, incluindo gardenal, baseiam seu mecanismo de ação na estabilização da membrana neuronal para evitar sua excitação. Em outras palavras, eles suprimem o excesso de atividade elétrica neuronal para evitar convulsões. Em particular, o efeito anticonvulsivo do gardenal se deve ao fato de que ele aumenta a ação do neurotransmissor GABA, o principal neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central.

Deve-se notar que embora os anticonvulsivos sejam usados para tratar a epilepsia, eles são apenas tratamentos sintomáticos. Isto significa que eles não curam a epilepsia, mas apenas atenuam seus sintomas (convulsões).

Quando iniciar o uso do gardenal para cachorros?

Embora não haja consenso na medicina veterinária sobre quando iniciar o tratamento antiepiléptico, a maioria dos estudos recomenda iniciar o tratamento com o gardenal para o cachorro quando um dos seguintes critérios for atendido:

  • Quando 2 convulsões ocorrem dentro de 6 meses.
  • Se houver sinais pós-ictais graves (sinais após a convulsão), tais como agressividade ou cegueira. Também quando esses sinais pós-ictais durarem 24 horas ou mais.
  • Quando ocorrem seguidas convulsões, usualmente conhecidas como "convulsões em grupo". Este critério deve ser considerado mesmo que as crises tenham um intervalo de 2-3 horas.
  • Quando são reduzidos os períodos interituais, ou seja, os períodos entre uma crise e outra.

Dose de gardenal para cachorros

A dose inicial do gardenal deve ser de 2-5 mg por kg de peso corporal por dia. Esta dose deve ser dividida e administrada duas vezes ao dia.

Devido aos efeitos colaterais que veremos ainda neste artigo, é importante medir os níveis séricos da droga a fim de ajustar a dose e mantê-la dentro da faixa terapêutica. Como as concentrações séricas do gardenal não atingem um estado de equilíbrio até 2 semanas após o início do tratamento, a dose não deve ser ajustada durante este período de tempo. Depois disso, os níveis séricos devem ser monitorados a cada 6 meses. Normalmente, as concentrações plasmáticas de fenobarbital no sangue devem variar entre 15 e 40 µg/ml, sendo o ideal cerca de 30 µg/ml.

Após o início do tratamento com gardenal em cachorros, podem ocorrer as seguintes situações:

  • A epilepsia é controlada, mas o paciente está fortemente sedado: nestes casos, seu veterinário pode reduzir a dose do gardenal ou esperar alguns dias para que os níveis da droga se equilibrem no sangue.
  • A epilepsia não é controlada: se as crises forem persistentes, seu veterinário irá medir os níveis de fenobarbital no sangue para decidir o que fazer em seguida. Se os níveis forem baixos, a dose do gardenal pode ser aumentada. Se os níveis estiverem dentro da faixa normal, o fenobarbital pode ser combinado com outros anticonvulsivos, tais como brometo de potássio ou imepitoína.
  • A epilepsia estava sob controle, mas as convulsões eventualmente se repetem: neste caso, os níveis do gardenal também devem ser medidos para decidir se a dose deve ser aumentada ou combinada com outras drogas anticonvulsivantes.

Sobredosagem de gardenal em cachorros

A overdose de gardenal em cães geralmente ocorre como resultado da ingestão acidental da droga. É um envenenamento grave no qual podem ocorrer os seguintes sintomas:

  • Depressão do sistema nervoso central, variando de sonolência a coma.
  • Problemas respiratórios.
  • Problemas cardiovasculares, hipotensão e choque anafilático, que podem levar à insuficiência renal e à morte do animal.

Dada a gravidade da overdose do gardenal, é essencial que, assim que você detectar ou suspeitar de um possível envenenamento, procure cuidados veterinários de emergência para evitar a absorção do medicamento e para fornecer suporte respiratório e cardiovascular quando necessário. Embora não exista um antídoto específico para este envenenamento, estimulantes do sistema nervoso central como o Doxapram podem ajudar a estimular o centro respiratório.

Em qualquer caso, lembre-se da importância de manter qualquer medicamento longe de seus animais de estimação, pois esta será a forma mais eficaz de evitar intoxicações acidentais por ingestão.

Efeitos colaterais do gardenal para cachorros

A maioria dos efeitos colaterais associados ao gardenal ocorre no início do tratamento ou após um aumento na dose, e geralmente melhoram ou desaparecem após 1-2 semanas. Os principais efeitos adversos do gardenal em cachorros são os seguintes:

  • Poliúria: aumento do volume de urina.
  • Polidipsia: aumento do consumo de água.
  • Polifagia: aumento do consumo de alimentos.
  • Sedação e ataxia.
  • Alterações comportamentais: tais como hiperexcitabilidade paradoxal.
  • Hepatotoxicidade: no tratamento prolongado, os parâmetros hepáticos (enzimas hepáticas e ácidos biliares) devem ser monitorados.
  • Citopenias: redução do número de células sanguíneas.
  • Redução dos níveis de T4 ou tiroxina: em qualquer caso, os níveis se normalizam 4-6 semanas após a interrupção do tratamento com gardenal.

Muito menos frequentemente, outros efeitos adversos, como dermatite necróltica superficial, pancreatite e discinesias (movimentos anormais, involuntários) podem ocorrer.

Contraindicações do gardenal para cachorros

Embora seja uma droga muito eficaz, existem certas situações em que a administração do gardenal pode ser desaconselhável. As principais contra-indicações do gardenal em cães são:

  • Insuficiência hepática.
  • Anemia.
  • Transtornos renais ou cardiovasculares graves.
  • Alergia à substância ativa, a qualquer outro barbitúrico ou a qualquer excipiente da droga.

Além disso, embora seu uso não seja expressamente contraindicado durante a gravidez e lactação, ele deve ser usado com cautela nestas situações fisiológicas:

  • O gardenal é capaz de atravessar a barreira placentária, afetando potencialmente o crescimento de filhotes e promovendo hemorragias neonatais. Entretanto, se o veterinário considerar que os benefícios do tratamento superam os riscos, o medicamento pode ser prescrito para cadelas grávidas.
  • O gardenal é excretado em pequenas quantidades no leite materno e pode causar efeitos sedativos em filhotes de cachorro amamentados. Nesses casos, o desmame prematuro e o aleitamento da ninhada com mamadeira podem ser uma opção.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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  • Ródenas, S., Maeso, C. (2018). Tratamiento de la epilepsia canina. Argos; 199:72-76
  • Universidade Federal de Goiás. Uso seguro do medicamento no âmbito médito veteriário. Fenorbital para cães e gatos com crises epilépticas.
  • Disponivel: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/130/o/Boletim_Fenobarbital.pdf>. Acess em 27 de fevereiro de 2023.
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