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Febre maculosa em cães - Causas, transmissão e tratamento

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. Atualizado: 23 julho 2023
Febre maculosa em cães - Causas, transmissão e tratamento
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A febre maculosa em cães é uma doença infecciosa transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma, tendo como seu principal agente causador a bactéria Rickettsia rickettsii. No Brasil, é chamada de Febre Maculosa Brasileira, mas os primeiros registros da doença foram nos Estados Unidos, no início do século XX, onde recebeu o nome de Febre Maculosa das Montanhas Rochosas.

Depois dos mosquitos, os carrapatos hematófagos estão em segundo lugar como fonte de transmissão de doenças aos seres humanos, e em primeiro lugar na transmissão para os animais. Para que ocorra a transmissão da febre maculosa, os carrapatos devem permanecer períodos de 6 a 10 horas no animal, para que a bactéria seja reativada na glândula salivar e em seguida inoculada[1]. A doença causa sintomas como febre, falta de apetite, dores no corpo, apatia, dentre outros, podendo ser fatal.

O carrapato A.sculptum tem as capivaras como hospedeiros naturais, havendo grande quantidade desse artrópode onde há a presença desses mamíferos. Esse mesmo carrapato pode parasitar o cachorro e transmitir a febre maculosa para ele. Vários cuidados devem ser tomados para proteger o pet, como o uso de medicamentos carrapaticidas e evitar lugares sabidamente contaminados. Se interessou pelo assunto? Então aproveite para tirar as suas dúvidas neste artigo do PeritoAnimal!

Índice

  1. O que é a febre maculosa e como afeta os cães?
  2. Transmissão da febre maculosa em cães
  3. Sintomas da febre maculosa em cães
  4. Tratamento para a febre maculosa em cães
  5. Remédios caseiros para febre maculosa em cães

O que é a febre maculosa e como afeta os cães?

A febre maculosa brasileira (FMB) possui como agente causador a bactéria Rickettsia rickettsii, cuja patogenicidade é conhecida para seres humanos e cães, e o carrapato Amblyomma sculptum é tido como seu principal vetor. Os cães podem ter um papel significativo na epidemiologia da febre maculosa devido ao contato muito próximo com as pessoas. Apesar de serem susceptíveis à infecção por R. rickettsii, a doença clínica em cães foi relatada apenas recentemente no Brasil.

A febre maculosa é considerada uma zoonose reemergente em nosso país, pois a sua ocorrência já havia sido relatada desde a década de 1920 em vários estados brasileiros, com maior número de casos em Minas Gerais. A doença reemergiu e se tornou importante problema de saúde pública no Brasil a partir da década de 1980. Desde então, observou-se aumento no número de casos, expansão das áreas de transmissão, ocorrência da transmissão em áreas urbanas e, em especial, elevadas taxas de letalidade.

Transmissão da febre maculosa em cães

No Brasil, a transmissão da febre maculosa ocorre pela picada do carrapato do gênero Amblyomma, onde o Amblyomma sculptum (antigo A. cajannense), A. aureolatum e A. ovale são os principais vetores. O A. sculptum é encontrado no Cerrado, Pantanal e em águas degradadas da Mata Atlântica nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, na Bahia, Paraná e Santa Catarina. Esse carrapato alimenta-se de sangue de equídeos, bovinos, caprinos, suínos, aves silvestres, cães, gatos, capivaras e até do homem.

O agente causador da febre maculosa são bactérias do tipo Rickettsia, divididas em três grupos:

  1. O grupo tifo, composto por Rickettsia prowazekii e Rickettsia typhi, associadas com piolhos e pulgas;
  2. O grupo da febre maculosa, que inclui mais de 20 espécies válidas, principalmente associadas aos carrapatos (por exemplo, R. rickettsii, R. parkeri) e pelo menos uma espécie associada com pulgas, a R. felis;
  3. Um grupo mais basal onde estão incluídas R. bellii, R. monteiroi e R. canadenses.

Todos os animais e os seres humanos podem contrair a infecção pela riquétsia. Carrapatos infectados contêm uma grande quantidade de riquétsias em sua hemolinfa e fezes, e a transmissão do agente também pode ocorrer pelo contato do cão com tecidos ou fluidos do vetor infectado, se retirado de seu sítio de fixação erroneamente.

No momento da remoção do carrapato, a pressão excessiva sobre ele pode causar sua ruptura, expondo tanto o cão quanto o homem ao risco de contaminação. Por isso, não é indicado retirar manualmente os carrapatos do cão, sendo recomendado o uso de medicamentos que matem o carrapato ao entrarem em contato com a pele do animal.

Cães que adoeceram e ficaram curados desenvolvem uma imunidade sólida e, prevenindo-os de novas infecções pela mesma bactéria. No entanto, tal fato não pode ser motivo de negligências no controle de carrapatos nos cães, visto que existem outras doenças transmitidas por esses vetores.

Sintomas da febre maculosa em cães

Após a transmissão da bactéria para o cachorro, com a picada do carrapato, pode ocorrer um período de incubação de 2 a 14 dias, para que então apareçam os sintomas da doença. Incialmente, o cão pode apresentar:

  • Febre
  • Letargia
  • Falta de apetite
  • Depressão
  • Sangramento nasal
  • Manchas avermelhadas ou roxas na pele
  • Olhos vermelhos
  • Inflamação das mucosas ocular, oral e genital.

Ainda podem ocorrer tosse, dificuldade respiratória, aumento dos gânglios linfáticos, perda de peso e desidratação, além de edema de extremidades (orelhas, lábios, mucosa peniana e escroto). Outros sintomas da febre maculosa em cães também podem ser observados, a depender da gravidade da doença: dor abdominal, diarreia, dores musculares, dores nas articulações, incoordenação motora e fraqueza.

Tratamento para a febre maculosa em cães

O tratamento para a febre maculosa em cães é realizado com antibióticos. O sucesso da terapia dependerá do diagnóstico precoce da infecção, pois quando a terapia é iniciada tardiamente, os medicamentos não serão capazes de evitar lesões em órgãos e danos neurológicos.

Os antibióticos mais utilizados são as tetraciclinas, doxiciclina e cloranfenicol. Mas cuidado! Não tente medicar seu amigo peludo sozinho! Pode ser perigoso para ele! Procure orientação de um médico veterinário. Cães em estado mais avançado da doença podem necessitar de tratamento de suporte, como soro intravenoso e alimentação especial.

Remédios caseiros para febre maculosa em cães

Não existem remédios caseiros para tratar a febre maculosa em cães. O tratamento é medicamentoso (alopático) e deve ser instituído o mais breve possível para aumentar as chances de cura do animal.

Agora que você já sabe as causas, sintomas e tratamentos para a febre maculosa nos cachorros, não perca o vídeo a seguir no qual te mostramos como medir a temperatura de um cachorro com o termômetro:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. 1. Cordeiro, M.D. Ecologia da Febre Maculosa. ICMBIO. Disponível em https://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/images/stories/o-que-fazemos/Animal_business_-_Febre_Maculosa.pdf. Acesso em 20/07/2023.
Bibliografia
  • Fortes, F.S., Biondo, A.W., Molento, M.B. Febre maculosa brasileira em cães. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.32, n.1, p.339-354, 2011. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/4457/445744100037.pdf. Acesso em 20/07/2023.
  • Moraes-Filho, J. Febre Maculosa Brasileira. Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo. Disponível em https://crmvsp.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/FEBRE_MACULOSA_SERIE_ZOONOSES.pdf. Acesso em 20/07/2023.
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