Problemas intestinais

Cachorro regurgitando, o que fazer?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 25 abril 2023
Cachorro regurgitando, o que fazer?
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Tutores de cachorros sabem bem como eles gostam de comer. Na maioria das vezes, os cães comem com voracidade, sem observar muito bem o que estão engolindo. Além de não mastigarem bem o alimento, eles costumam encher o esôfago, resultado em regurgitação, comportamento muito comum nos filhotes. Mas será que o cachorro regurgitou ou vomitou? Tem diferença?

Nem sempre é fácil saber se o cachorro vomitou ou regurgitou. Geralmente, o vômito é mais líquido, com alimento digerido. Já a regurgitação apresenta em seu conteúdo pedaços de alimento não digerido, como grãos de ração. O vômito é composto de conteúdo estomacal, enquanto na regurgitação, o alimento nem chegou a cair no estômago, passando apenas pelo esôfago e sendo posteriormente expulso.

Regurgitações frequentes podem indicar sérios problemas no esôfago, que deverão ser investigados e tratados o mais breve possível. Neste artigo, falaremos sobre as diferenças entre vômito, regurgitação e refluxo, além de várias dicas de como alimentar um cachorro com problemas no esôfago. Está com um cachorro regurgitando e quer saber o que fazer? Continue lendo este artigo do PeritoAnimal.

Índice

  1. Qual a diferença entre regurgitar, vomitar e refluxo?
  2. Como saber se o cachorro está regurgitando?
  3. Causas de regurgitação em cachorros
  4. Cachorro filhote regurgitando é normal?
  5. Cachorro regurgitando, o que fazer?
  6. Remédios caseiros para o cachorro que está regurgitando

Qual a diferença entre regurgitar, vomitar e refluxo?

O esôfago tem como principal função transportar o alimento da boca até o estômago. Para exercer essa tarefa, existem mecanismos reflexos que estimulam o peristaltismo, como contrações nas partes superiores e relaxando as inferiores, o que causa um fluxo unidirecional do alimento. Quando o esôfago elimina o conteúdo ingerido de forma retrógrada (em direção à cavidade oral), ocorre a regurgitação.

Vomitar é expulsar conteúdo estomacal pela cavidade oral, para fora do corpo, é um reflexo de proteção do organismo para remover substâncias potencialmente danosas do trato gastrointestinal. O ato de vomitar é um reflexo complexo que envolve diferentes sistemas e é coordenado pelo centro do vômito, localizado na medula oblonga. No ato de vomitar, o cachorro faz força, utilizando vários músculos. Sempre é bom lembrar que o vômito não é uma doença, e sim um sintoma, um sinal de que algo não está bem no corpo do animal.

O refluxo gastroesofágico, por sua vez, acontece quando conteúdo gastroduodenal é levado para o esôfago, constituindo em um sério problema com graves implicações, como prejuízo na qualidade de vida e necessidade de uso continuado de medicação. Uma grave complicação do refluxo é a pneumonia por aspiração, que pode levar o animal a óbito.

Como saber se o cachorro está regurgitando?

Cachorros com doença esofágica, com a ocorrência de regurgitação, apresentam uma variedade de sintomas, que podem ser facilmente percebidos pelo tutor:

  • Salivação
  • Dificuldade para se alimentar
  • Dor para engolir o alimento
  • Deglutições repetidas
  • Tosse
  • Emagrecimento
  • O material regurgitado possui formato cilíndrico e o alimento encontra-se praticamente inteiro.

Causas de regurgitação em cachorros

Existem três causas principais que levam um cachorro a ficar regurgitando, que são:

  1. Megaesôfago ou fraqueza esofágica: é uma síndrome caracterizada por uma dilatação generalizada e movimentos peristálticos do esôfago diminuídos, que geralmente é grave. Pode ser congênito (o animal nasce com o problema) ou adquirido.
  2. Corpos estranhos esofágicos: são objetos que os cães engolem e vão parar no esôfago, como anzóis de pesca, agulhas de costura, ossos, comidas, petiscos e pedaços de brinquedos. A gravidade do dano causado pelo corpo estranho depende da obstrução gerada, do seu tamanho e do ângulo em que ele se posiciona no esôfago, podendo necrosar a parede esofágica por realizar pressão sobre o órgão.
  3. Anomalias de vasos sanguíneos: as anomalias de vasos sanguíneos, ou anomalias vasculares, são malformações congênitas dos grandes vasos e seus ramos, causando obstrução na parte torácica do esôfago[1]. É como se grandes vasos sanguíneos abraçassem o esôfago, impedindo sua expansão, e essa constrição provoca o megaesôfago secundário (dilatação do esôfago após a constrição).

Cachorro filhote regurgitando é normal?

Os cachorros costumam ser muito afoitos no momento da alimentação, principalmente os filhotes. Alguns comem muito rápido e em grande quantidade, regurgitando logo em seguida. Nesses casos, não há problemas com o animal, e o alimento deverá ser dividido em várias refeições durante o dia. Filhotes devem comer, pelo menos, 3 vezes ao dia, evitando que fiquem com muita fome e comam muito e depressa.

Se esse não for o caso, um cachorro filhote regurgitando não é normal. Regurgitar é um sinal de que algo não está bem com o cãozinho e a causa deverá ser investigada o mais rápido possível.

Cachorro regurgitando, o que fazer?

Inicialmente, e muito importante, a causa da regurgitação canina deverá ser esclarecida, para que o tratamento seja direcionado para ela. Corpos estranhos e anomalias vasculares geralmente são resolvidas com procedimentos cirúrgicos, dependendo da gravidade do quadro e do comprometimento do esôfago. Já o megaesôfago deverá ser tratado alimentando-se o cachorro com a cabeça em posição elevada, mantendo-o por 10 a 15 minutos nessa posição após a alimentação.

O uso de alimentos pastosos, como papinhas, reduz a regurgitação no cachorro, obtendo bons resultados[2]. O uso de metoclopramida também pode ser útil no controle da regurgitação, mas seu uso deverá ser avaliado pelo médico veterinário.

Remédios caseiros para o cachorro que está regurgitando

Infelizmente, não existe remédio caseiro para o cachorro que está regurgitando constantemente. No entanto, alguns procedimentos realizados em casa podem ajudar na redução da regurgitação:

  1. Alimentar o cachorro com comida pastosa (aqui vale comida caseira ou ração molhada e amassada);
  2. Manter a cabeça do cachorro levantada durante a alimentação e cerca de 10 a 15 minutos após a refeição;
  3. Fornecer o alimento em pequenas quantidades e várias vezes ao dia, para evitar que o esôfago fique repleto;
  4. Não deixar o cachorro que tem megaesôfago beber muita água de uma só vez, sendo ideal oferecer água várias vezes ao dia, em pequenas porções, mantendo-o hidratado.

Agora que você já sabe o que fazer com o cachorro que está regurgitando, não perca o vídeo a seguir

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Referências
  1. Souza, R.C.L. Incidência de doenças esofágicas em cães e gatos atendidos no setor de radiologia do hospital veterinário da Universidade Estadual de Londrina nos anos de 2006 a 2016. Londrina, 2018. Disponível em http://www.uel.br/pos/mestradoclinicasveterinarias/pages/arquivos/disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20RUBIANE%20CAROLINE%20LOPES%20DE%20SOUZA.pdf. Acesso em 24/04/2023.
  2. Souza, M.G., Zilio, B.S., Costa, J.L.O. Megaesôfago em cães – revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, 2007. Disponível em http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/wuD6kj8MAEjYqeH_2013-5-22-17-9-14.pdf. Acesso em 24/04/2023.
Bibliografia
  • Pimentel, Y.L. et al. Megaesôfago secundário adquirido em cão – Relato de caso. Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24498/3/Megaes%C3%B4fagoSecund%C3%A1rioAdquirido.pdf. Acesso em 24/04/2023.
  • Tabanez, P. Êmese em cães. Vets Info for Vets, 2020. Disponível em https://vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/19135374958bcc0541c97ea0ab7b8c4f_vetsmart_admin_pdf_file.pdf. Acesso em 24/04/2023.
  • H.F. Hartmann et al. Refluxo gastroesofágico em cadelas submetidas à ovariohisterectomia convencional ou videoassistida. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 2018. Disponível em https://www.scielo.br/j/abmvz/a/xmk6456wgXN3jPqvqgdCRVL/?lang=pt. Acesso em 24/04/2023.
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