Doenças respiratórias

Bronquite em gatos - Sintomas, tratamento e prevenção

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 5 dezembro 2023
Bronquite em gatos - Sintomas, tratamento e prevenção
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O termo “bronquite” é utilizado para descrever a inflamação dos brônquios nos gatos. O processo nos felinos é muito parecido com o que acontece com as pessoas, sendo desencadeado por alérgenos como poeira, perfumes dos granulados sanitários ou de desinfetantes, fumaça de cigarros, lareiras, pólens de plantas, poluentes ambientais, agentes infecciosos e fatores genéticos. A bronquite alérgica nos gatos também é conhecida com asma felina.

Os sintomas variam de acordo com a gravidade da doença (com o comprometimento brônquico), podendo ocorrer tosse, sibilos expiratórios (chiados ao soltar o ar) e dificuldades para respirar. Esses sinais acontecem devido à inflamação do trato respiratório posterior, com estreitamento das vias respiratórias. Essa alteração dos brônquios é reversível, podendo se resolver espontaneamente ou com o uso de medicação.

Alguns cuidados específicos podem ajudar a evitar as crises de bronquite alérgica no bichano, como não utilizar produtos muito perfumados, manter o ambiente sempre livre de poeira e utilizar areia sanitária que não faça poeira. Mas como saber se o gato está com bronquite? Como posso tratar essa doença? Existe remédio caseiro para bronquite de gato? Se você ficou com essas dúvidas, aproveite este artigo que o PeritoAnimal preparou para você, com dicas e informações importantes sobre a bronquite alérgica felina.

Índice

  1. Sintomas de bronquite em gatos
  2. Diagnóstico de bronquite em gatos
  3. Tratamento da bronquite felina
  4. Como prevenir a bronquite em gatos

Sintomas de bronquite em gatos

A bronquite alérgica, ou asma felina, é caracterizada por um quadro alérgico que ocorre em decorrência da resposta inflamatória exacerbada frente a determinados agentes agressores. Quanto maior essa inflamação, mais graves os sintomas, devido à diminuição dos brônquios, dificultando a respiração do animal. Os sintomas mais comuns são: tosse, chiados durante a respiração (sibilos) e dificuldade para respirar, respiração rápida, podendo chegar à angústia respiratória.

Algumas vezes os tutores demoram em levar o gato ao veterinário porque confundem crises de tosse com vômito ou regurgitação, devido à posição ortopneica (decúbito esternal, patas dianteiras abertas, pescoço esticado) adotada pelo animal na busca de conforto respiratório, somado ao esforço abdominal. Outros sintomas são: letargia, intolerância ao exercício, vômito (que pode acontecer devido ao esforço abdominal feito durante as crises de tosse), postura atípica, respiração oral, língua para fora da boca e mucosas arroxeadas (cianose). O tórax pode se apresentar abaulado pelo excesso de ar que se acumula na região.

Diagnóstico de bronquite em gatos

O diagnóstico deverá ser feito pelo veterinário, baseado nos sintomas apresentados, histórico do animal e exames clínicos complementares, pois não há nenhum sintoma característico apenas dessa doença, podendo ser confundida com outras causas.

Exames complementares, como a radiografia, são de extrema importância para se concluir o diagnóstico, além do hemograma. Outros exames podem ser necessários em casos que não respondam ao tratamento: tomografia, lavado traqueal ou broncoalveolar e broncoscopia.

Bronquite em gatos - Sintomas, tratamento e prevenção - Diagnóstico de bronquite em gatos

Tratamento da bronquite felina

O tratamento deverá ser direcionado para a causa da inflamação, dilatar as vias aéreas, aliviando a dificuldade respiratória e melhorando a oxigenação. Quando ocorre a contração dos músculos lisos das vias aéreas, ocorrem tosses e sibilos (chiados ao expirar), sendo necessário o uso de broncodilatadores, que revertem a contração muscular leve causada por alérgenos.

O uso de corticoides é bastante útil, pois são potentes anti-inflamatórios, sendo comumente administrados por via oral. O uso de prednisolona ajuda a suprimir a inflamação das vias aéreas. No entanto, a medicação deverá ser prescrita e acompanhada pelo veterinário, pois os efeitos colaterais do tratamento crônico com altas doses de esteroides orais em gatos incluem pancreatite, diabetes, mudanças comportamentais, grande produção de urina, cistite e micção inadequada.

Outra classe de medicamento utilizada para a bronquite felina são os β2-agonistas adrenérgicos, para aliviar os sintomas associados ao broncoespasmo. Nessa classe, incluem-se o sulfato de terbutalina e o sulfato de albuterol. O uso de inalação também é indicado para a administração de medicamentos, devendo ser feita em ambiente tranquilo em que o gato se sinta confortável. Lembrando que um pequeno estresse poderá ser fatal para um gato com dificuldades respiratórias.

Atualmente, a única terapia potencialmente curativa para alergia é a imunoterapia específica para alérgenos. Esse tratamento é realizado com a aplicação de doses crescentes de alérgeno sensibilizante, para que ocorra a produção de anticorpos bloqueadores de imunoglobulina E (uma das substâncias que desencadeia a alergia).

Infelizmente, não existe remédio caseiro para a bronquite felina. Não é indicado o uso de infusão com ervas ou tratamentos semelhantes, pois podem agravar o quadro alérgico do animal. Na dúvida, sempre busque orientação do veterinário.

Como prevenir a bronquite em gatos

A melhor forma de se evitar a bronquite em gatos é afastar o bichano do alérgeno causador. Mas nem sempre isso é possível, pois é difícil descobrir quem ou o que está causando a alergia. Uma busca por tentativa e erro pode até ser viável em alguns casos, mas na maioria das vezes, o animal tem alergia a mais de um agente, dificultando a sua identificação e o tratamento possível.

Alguns cuidados podem ser tomados para se prevenir a bronquite nos gatos:

  1. Evitar granulados sanitários que produzam muita poeira;
  2. Retirar o gato do ambiente quando for limpar;
  3. Evitar varrer a casa. O ideal é utilizar o aspirador de pó para não levantar poeira;
  4. Não utilizar desinfetantes com o cheiro muito forte;
  5. Dar preferência a desinfetantes formulados especialmente para ambientes com animais;
  6. Não utilizar perfumes fortes perto do gato;
  7. Não utilizar incensos ou fumar perto do animal, principalmente em locais fechados;
  8. Manter a cama ou casinha sempre limpos, sem poeira e pelos.

Com um manejo adequado do ambiente, é possível manter o gato com uma redução do número de crises de bronquite, proporcionando a ele uma melhor qualidade de vida.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
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