Quais os problemas de saúde mais comuns em cães idosos?
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Sem dúvida, os cães de hoje vivem muito mais do que os de 20 anos atrás. Isso é resultado de uma evolução na Medicina Veterinária, assim como na indústria farmacêutica e de alimentação de pets. Os cachorros não são mais vistos apenas como cães de guarda ou de trabalho, agora são membros da família. Mas, mesmo com todo esse avanço, nossos amigos ainda vivem bem menos que nós, fazendo com que nos deparemos com a velhice de seres tão amados.
A senilidade dos cachorros não deve ser vista como uma doença, mas como uma fase de maior atenção, onde o peludinho precisará de mais cuidados. Se você também tem um amigo de quatro patas idoso ou que esteja chegando lá, não deixe de ler esse artigo do PeritoAnimal no qual te contamos quais os problemas de saúde mais comuns em cães idosos.
Como acontece o envelhecimento nos cães?
O envelhecimento nada mais é do que uma redução na capacidade de reserva, regeneração e compensação dos órgãos. É um processo biológico complexo, que pode resultar em doenças, consideradas características da fase geriátrica.
O envelhecimento impacta em vários sistemas do corpo, como por exemplo:
- Redução da capacidade imunológica;
- Desenvolvimento de autoanticorpos e doenças imunomediadas;
- Maior percentual de gordura corporal;
- Hiperpigmentação e perda da elasticidade da pele;
- Perda de massa muscular;
- Cálculos dentários, problemas periodontais, perda de dentes;
- Fibrose e atrofia da mucosa gástrica;
- Redução da capacidade de funcionamento do fígado;
- Perda da elasticidade pulmonar;
- Perda da capacidade de filtração dos rins;
- Desenvolvimento de incontinência urinária;
- Crescimento da próstata;
- Diminuição da capacidade de funcionamento cardíaco;
- Redução do número de células nervosas.
Se meu cachorro fosse uma pessoa, quantos anos ele teria?
Existe uma crença de que, para os cães, um ano de vida equivale a sete anos de um ser humano. No entanto, o envelhecimento dos nossos amigos não acontece de forma linear.
Segundo alguns pesquisadores, o cachorro envelhece mais rápido nos primeiros anos de vida e, com o passar do tempo, o ritmo desse envelhecimento vai desacelerando. O correto então seria comparar um cão de 1 ano de idade com uma pessoa de 30 anos, e não com uma criança de 7 anos. Além disso, o envelhecimento canino não mantém a mesma velocidade durante toda a vida, e um cão com 4 anos, não equivaleria a uma pessoa de 120 anos, mas sim a uma de 52 anos.
Neste outro artigo te mostramos como calcular a idade humana de um cão.
Doenças mais comuns nos cães idosos
Diversas doenças costumam aparecer com uma frequência maior nos cachorros idosos, algumas vezes devido ao desgaste natural de alguns sistemas orgânicos, outras por mera compensação do corpo, na tentativa de manter o animal vivo. Vamos falar um pouco sobre essas doenças.
1. Problemas cardíacos
A prevalência de problemas cardíacos em cães idosos é considerada alta, sendo os principais sintomas a tosse, cansaço, fraqueza, letargia, síncope e mucosas pálidas (gengivas e conjuntiva ocular). Dentre as doenças que acometem os velhinhos, têm destaque a miocardiopatia dilatada e a doença valvar mitral mixomatosa (degeneração da válvula mitral).
Ao perceber alguns desses sintomas, o tutor deve levar seu pet para uma avaliação com um veterinário especialista no assunto, para que sejam realizados exames diagnósticos (como radiografia, eletrocardiograma e ecocardiograma) e instituído o tratamento correto de imediato. Algumas doenças cardíacas não têm cura, pois são resultado do envelhecimento do corpo do animal, mas podem ter tratamentos que retardem esse processo de desgaste do órgão, prolongando a vida do seu amigo.
2. Catarata
Assim como os seres humanos, os cães também desenvolvem catarata com o avançar da idade, sendo uma das causas mais frequentes da perda de visão nessa espécie. A opacificação progressiva do cristalino interfere na absorção da luz que chegará à retina, prejudicando a visão de maneira significativa.
Os sintomas principais da catarata são: olho esbranquiçado, dificuldade para se locomover e colisões com os móveis da casa (podendo apresentar machucados na cabeça como resultado). O cachorro deve ser levado ao oftalmologista veterinário para avaliação da catarata e sua classificação, de acordo com seu desenvolvimento (incipiente, imatura, madura e hipermatura).
A terapia será escolhida conforme o estágio da doença, lembrando que a catarata é uma doença progressiva, sendo a cirurgia o único tratamento definitivo.
3. Artrose
A doença articular degenerativa, também chamada de artrose, é uma enfermidade crônica, de evolução lenta, não infecciosa, que acomete as articulações sinoviais. É classificada como primária quando decorrente do envelhecimento natural do corpo, sem causa definida; e secundária, quando se trata de uma resposta a alguma instabilidade articular, como fraturas ósseas, luxação de patela e ruptura de ligamentos do joelho.
Os principais sintomas são claudicação após o exercício, andar rígido, alteração na postura, dificuldade de locomoção, dor articular, inchaço nas articulações e até mesmo atrofia da musculatura, nos casos mais graves.
O tratamento objetiva aliviar a dor e o desconforto do animal, prevenir ou retardar novas alterações degenerativas e restaurar as articulações afetadas. O repouso e a redução do peso do animal são indicados, sendo de grande valia a prática de caminhadas leves e natação.
4. Doença renal crônica
A doença renal crônica é a patologia degenerativa mais comum em animais idosos, sendo progressiva e irreversível. Alguns animais vivem poucos meses após o diagnóstico, enquanto outros conseguem obter certa qualidade de vida por vários anos. Os sintomas mais comuns são sede, diminuição ou aumento do volume de urina (dependerá da fase da doença), vômito, fraqueza (devido à anemia), febre e mau hálito.
O objetivo do tratamento é retardar a evolução da doença e dar conforto ao cachorro doente, aumentando seu tempo de vida. A mudança da dieta do animal é a peça fundamental da terapia da doença renal, sendo necessária a redução de fósforo, sódio e da quantidade de proteína e a adição de ácidos graxos e vitaminas do complexo B. Várias dietas comerciais específicas para pacientes com problemas nos rins estão disponíveis no mercado, com marcas e preço variados.
Um ponto importante no tratamento do cãozinho é o comprometimento do tutor, que deverá levá-lo ao veterinário com elevada frequência, para acompanhamento do quadro e ajuste da terapia.
5. Problemas dentários
A doença periodontal é a causa mais comum de infecções orais e perdas dentárias em cães idosos. Ocorre a inflamação e destruição dos tecidos periodontais, que sustentam e protegem os dentes. A causa principal é o acúmulo de placas bacterianas (restos de alimento, bactérias, células de defesa do corpo e de descamação da boca), que se mineralizam e formam o cálculo dentário, também conhecido como “tártaro”.
Os sinais clínicos vão depender do estágio da doença, sendo os mais comuns: mau hálito, dor ao mastigar o alimento, gengivas inflamadas e vermelhas, cáries, mancha marrom nos dentes, o animal sente fome e não se alimenta devido à dor e perdas dentárias.
O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, para dar alívio e conforto ao animal. É indicada a escovação dos dentes do cachorro pelo menos uma vez por semana e a limpeza dentária (realizada pelo médico veterinário especializado, sob anestesia geral) sempre que os cálculos dentários começarem a aparecer, assim como a restauração dos dentes afetados ou extração.
O que posso fazer para dar mais conforto ao meu cachorro idoso?
Pequenos gestos do tutor podem fazer grande diferença na vida de um cachorro velhinho. O primeiro, e mais importante de todos, é saber encarar a velhice como um processo natural da vida, e não como uma doença. O amigo peludo, que passou a vida inteira dando amor e companheirismo ao seu tutor, não pode ser abandonado justamente na fase que mais vai precisar de cuidados.
Pensando nisso, aqui vão algumas dicas de como dar mais conforto para seu amigo vovô:
- Fornecer um local quente e seco para ele dormir, de preferência acolchoado;
- Deixar as vasilhas de água e comida o mais próximo possível, para facilitar o acesso àqueles com dificuldades de locomoção;
- Prestar atenção se o cachorro ainda consegue mastigar ração seca, fornecendo comida úmida e tenra;
- Mantê-lo sempre em local limpo e livre de insetos;
- Não fazer grandes caminhadas ou exercícios intensos;
- Retirar móveis ou objetos que possam oferecer perigo aos animais que já não enxergam tão bem;
- Dar amor e permitir que ele desfrute da sua presença, como sempre fez enquanto era jovem.
Agora que você já sabe quais os problemas de saúde mais comuns em cães idosos, não perca o vídeo a seguir em que falamos sobre os problemas de comportamento mais comuns dos peludos velhinhos:
Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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