Posso dar anti-inflamatório para gatos?

Os anti-inflamatórios podem ser divididos em duas grandes classes: os esteroidais (AIEs) e não esteroidais (AINEs). Os AIEs são fármacos que simulam os efeitos do hormônio cortisol, potente na inibição da inflamação. A segunda classe é largamente utilizada com o objetivo de aliviar condições dolorosas e inflamatórias, agudas ou crônicas, não tendo característica hormonal.

É bastante comum tutores de pets medicarem seus animais com fármacos de uso humano, não imaginando que podem prejudicá-los com graves efeitos colaterais. Em qualquer situação, deve-se ter muito cuidado ao se administrar um anti-inflamatório em um gato, pois o bichano pode se intoxicar, ter uma gastrite ulcerativa ou até mesmo morrer.

Existe uma certa dificuldade em se determinar a real incidência de efeitos adversos dos AINEs em animais, pois não existe um controle supervisionado nas vendas, dificultando o monitoramento por parte das autoridades competentes. Mas quais são os anti-inflamatórios que posso dar para o meu gato? Vamos falar sobre alguns medicamentos comprovadamente seguros para uso em felinos, quando utilizados de forma correta:

1. Cetoprofeno: ação analgésica de longa duração, podendo ser administrado a cada 24 horas. Deve ser usado com muita cautela em animais com problemas renais. Nome comercial: Ketojet, Ketoflex, Ketofen, Kenovet.
2. Carprofeno: possui boa ação para edemas e dor, com menos efeitos colaterais no trato gastrointestinal. Nome comercial: Rimadyl, Carprofeno Ibasa, Carprodyl, Carprovet, Carproflan.
3. Meloxicam: excelente ação antipirética e analgésica, sendo utilizados em doenças musculoesqueléticas. Pode ser usado por período prolongado. Nome comercial: Azicox-2, Flamavet, Maxicam, Maxitec, Meloxine, Meloxivet, Vetaflan.

O primeiro ponto a se considerar é: seu gato realmente está com dor? Tem certeza disso? A dor pode ser sentida de formas diferentes, dependendo da espécie envolvida, e, inclusive no mesmo indivíduo, dependendo de sua experiência com processos dolorosos. Alguns fatores como excitação, medo, desconforto, grau de nutrição, entre outros, podem desempenhar papel importante no limiar de dor de cada animal. As manifestações de dor variam bastante, podendo ser: agressividade, timidez, inquietação, vocalização, prostração, carência, falta de higiene, emagrecimento, privação de sono e desinteresse por brincadeiras.

Caso você perceba que seu gato está com dor, o correto é levá-lo ao veterinário, para que seja identificada a sua origem. Não resolverá apenas dar um medicamento para dor sem resolver a causa primária.

Neste outro artigo detalhamos 10 sinais de dor em gatos.

O ibuprofeno não é indicado para gatos, pois é causa frequente de intoxicações. Os felinos são extremamente sensíveis a este fármaco, pois se intoxicam com a metade da dose utilizada em cães, sendo os sinais clínicos mais graves nos gatos em razão da sua baixa capacidade de metabolização do medicamento. Os gatos intoxicados apresentam vômito, diarreia, anorexia, sangue nas fezes, respiração acelerada, tosse, convulsões, tremores, ataxia e colapso.

O acetaminofeno, conhecido como Paracetamol, possui efeito analgésico e antipirético. Não é indicado para gatos, pois ainda não existe uma dosagem segura para essa espécie. Uma pequena dose de 10mg/kg é capaz de gerar toxicidade e até morte em felinos. Esse remédio é responsável por vários casos de intoxicação por ser facilmente adquirido pelos tutores, que tratam seus animais de forma bem-intencionada, porém desconhecem as doses e o potencial tóxico do acetaminofeno.

Neste outro artigo te contamos os sintomas e primeiros socorros em caso de envenenamento em gatos.

A medicação dorflex é composta pela combinação de dipirona, orfenadrina e cafeína anidra. Seu uso é absolutamente contraindicado para gatos.

Apesar da possibilidade de uso da dipirona nos felinos, deve-se ter muita cautela para que não ocorra intoxicação. A orfenadrina e a cafeína são extremamente tóxicas para os gatos, podendo causar convulsões, úlcera gástrica e vômitos.

A dipirona é uma medicação analgésica não-opioide, independente dos anti-inflamatórios não esteroidais, ou seja, não faz parte da classe dos analgésicos opioides e possui atividade anti-inflamatório fraca.

Apesar de ser largamente utilizada em animais de companhia, deve-se ter cautela ou até mesmo não utilizar a dipirona nos gatos, pois faltam estudos sobre a toxicidade nessa espécie. Alguns pequisadores recomendam a dose máxima de 25mg/kg, até duas vezes ao dia. Além disso, a eficácia analgésica dessa medicação nos felinos domésticos ainda necessita de mais estudos, provocando dúvidas quanto à sua segurança e eficácia.

Nos gatos, a dipirona pode causar lesões oxidativas nas glóbulos vermelhos do sangue, causando a morte dessas células e, consequente, anemia. Doses elevadas desse fármaco também podem causar toxicidade hepática. Diante desses efeitos colaterais, a dipirona somente é indicada caso não seja possível utilizar um anti-inflamatório seguro para essa espécie.

Agora que você já sabe quais anti-inflamatórios podemos dar para os gatos, não perca o vídeo a seguir em que explicamos como saber se um gato está doente:

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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