Pontos infeccionados em cachorros - Sintomas e tratamento

Uma ferida cirúrgica normal, que está cicatrizando adequadamente, é aquela em que:

• Pode ser observada uma incisão limpa.
• As bordas da ferida se mantêm perfeitamente em contato.
• As bordas da ferida podem estar ligeiramente engrossadas.
• Pode ter uma ligeira secreção, fluida e transparente.
• A cor da pele ao redor da ferida é rosada ou ligeiramente vermelha.

No entanto, como saber se a ferida do cachorro infeccionou? Quando os pontos no cachorro estão infeccionados, é comum observar os seguintes sintomas:

• Vermelhidão e inchaço ao redor da ferida.
• Febre
• Calor ao redor da ferida.
• Dor ao tato.
• Inflamação dos gânglios linfáticos regionais.
• Secreção anormal: depois da cirurgia, é normal que exista uma ligeira secreção, fluida e transparente. No entanto, quando esta secreção se torna purulenta ou sanguinolenta, é sinônimo de infecção.
• Mal cheiro.
• Retardo na cicatrização: a infecção impede a correta cicatrização dos tecidos, por isso as feridas cirúrgicas infeccionadas demoram mais tempo que o normal para cicatrizar. Caso seu cachorro tenha problemas de cicatrização, independente da ferida que falamos aqui, neste outro post falamos mais em profundidade sobre isso: "Ferida em cachorro que não cicatriza".
• Deiscência da ferida: com a infecção, ocorre um fracasso da sutura e a ferida se abre.

Neste outro artigo falamos sobre a cirurgia em cachorros e gatos - os principais cuidados necessários.

As causas para pontos infeccionados em cães incluem desde uma inadequada prática cirúrgica até cuidados ruins depois da cirurgia:

• Condições inadequadas de assepsia: para evitar infecções pós-cirúrgicas, a cirurgia deve ser realizada mediante condições estritas de assepsia. Para isso, o campo cirúrgico deve ser desinfectado rigorosamente, utilizar material e instrumental estéril e, em algumas cirurgias (como as do sistema digestivo), utilizar material diferente para a abertura e para o fechamento da ferida cirúrgica. Se estas condições de esterilização não são respeitadas, é muito provável que a sutura do cachorro infeccione.
• Existência de espaços mortos: as feridas cirúrgicas devem ser fechadas por planos, de dentro para fora, para evitar que fiquem espaços mortos entre os diferentes planos de tecidos. Do contrário, estes espaços mortos favorecem a aparição de seromas ou infecções.
• Uso de materiais de sutura inadequados: as suturas multifilamentares ou trançadas são melhor manejadas e mais econômicas, mas, ao contrário, geram mais risco de infecção. Por isso, não devem ser utilizadas em feridas infeccionadas, nem quando exista suspeita de infecção.
• Falta de profilaxia antibiótica: embora nem sempre seja necessário, existem certas situações em que se deve instaurar um tratamento antibiótico durante e/ou depois da cirurgia para prevenir infecções. A antibioticoterapia deve ser instaurada naqueles procedimentos que se associam com alta probabilidade de infecção pós-operatória da ferida, por exemplo, em caso de intervenções contaminadas ou sujas (fraturas abertas, atropelamentos, infecções, entrada no trato digestivo ou urinário, etc.), em animais imunodeprimidos ou com doenças metabólicas.
• Curativos inadequados: após a cirurgia, é fundamental realizar curativos diários na ferida para diminuir a carga bacteriana do local e reduzir o risco de infecção. Nos próximos parágrafos explicaremos como devem ser realizados os curativos para prevenir a infecção dos pontos nos cachorros.

Se você suspeita que os pontos do cachorro estão infeccionados e se nota claramente a inflamação, pois a ferida apresenta um ou vários sintomas que descrevemos anteriormente, é importante que você procure o quanto antes o centro veterinário onde foi realizada a cirurgia.

A equipe que te atender realizará avaliação do estado da ferida, o grau de cicatrização e a funcionalidade da sutura. Em função disso, vai propor um tratamento mais ou menos agressivo:

• Tratamento antibiótico: diante de sinais clínicos leves e feridas em que a sutura não abriu, pode ser suficiente a instauração de uma terapia antibiótica por via sistêmica.
• Tratamento cirúrgico: em casos mais graves ou quando a sutura fracassou, é necessário complementar o tratamento antibiótico com uma nova intervenção cirúrgica para limpar com profundidade a ferida e retirar o tecido morto e infectado.

Além de cumprir com o tratamento instaurado pelo veterinário/a, é necessário realizar curativos da ferida infeccionada para reduzir a carga microbiana e favorecer a cicatrização. Para realizar os curativos, deve ser utilizado povidona iodada (betadine) ou clorexidina, sempre diluidos. O betadine deve ser diluído em 10% e a clorexidina em 40% posto que se forem aplicados muito concentrados podem ser irritantes. Em nenhum caso devem ser utilizados produtos como o álcool ou a água oxigenada, já que são muito irritantes e produzem morte celular, retardando a cicatrização da ferida. Neste outro artigo falamos sobre o uso da clorexidina para cachorros, doses e efeitos colaterais.

Com uma gaze impregnada de antisséptico (betadine ou clorexidina) a ferida deve ser limpa com delicadeza, mas retirando o exsudato, crostas ou restos de tecidos mortos. É preferível não usar algodão, posto que pode deixar restos na ferida. A limpeza deve ser repetida 2 ou 3 vezes ao dia.

Após isso, devem ser colocados apósitos e/ou bandagens leves para evitar que o animal possa se lamber ou coce a ferida. Pelo mesmo motivo, é recomendável que permaneçam com uma proteção ou colar elizabetano que impeça que o cachorro toque na ferida.

No período pós-operatório, é importante realizar um cuidado adequado da ferida até que os tecidos cicatrizem. Geralmente, os pontos são retirados entre 7-10 dias da cirurgia, embora o tempo possa variar em função de vários fatores.

Para um manejo adequado da ferida cirúrgica, devem ser contemplados os seguintes pontos:

• Limpeza da ferida: os curativos permitem reduzir a carga microbiana que existe na ferida e ao redor da mesma, na qual pode predispor a aparição de infecções. A limpeza deve ser realizada duas vezes ao dia, com uma gaze impregnada em betadine ou clorexidina diluídos. Se formaram pequenas crostas, é recomendável tirá-las com delicadeza, raspando levemente com uma gaze com antisséptico. Em nenhum caso devem ser utilizados produtos como o álcool ou a água oxigenada, posto que são muito irritantes e produzem morte celular, retardando a cicatrização da ferida. Para limpar os pontos de sutura em cachorros seguiremos os passos mencionados na sessão anterior.
• Colocar curativos e/ou bandagens: os curativos ajudam a manter um grau ótimo de umidade na ferida, o que favorece a cicatrização. Além disso, devemos considerar que os animais vão tentar tocar e lamber a ferida, por isso também é conveniente colocar apósitos ou bandagens leves para evitar que o animal toque a ferida.
• Colocar uma roupa cirúrgica ou colar elisabetano: para evitar que o animal se lamba ou coce a ferida.
• Cumprir com o tratamento antibiótico: sempre que o veterinário/a prescrever um tratamento antibiótico no período pós-operatório.

Agora que você já sabe os sintomas e o tratamento para pontos infeccionados em cachorros, não perca o artigo a seguir no qual respondemos o que fazer se o cachorro arrancar os pontos.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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